segunda-feira, 29 de dezembro de 2008

UM MUNDO PERFEITO – A PERFECT WORLD


NOTA: 9.

Um mundo perfeito é o filme que Eastwood dirigiu logo após se consolidar como diretor de primeira linha com “Os Intocáveis” no ano anterior. Apesar de não ser tão bom quanto, é um ótimo filme. Muito bom mesmo.

Clint conta a história de Butch Haynes (Kevin Costner), gênio que escapou da prisão com seu companheiro de cela. Quando este invade uma casa, arma uma confusão e eles precisam de um refém, então eles levam Phillip Perry, um menino de oito anos em sua fuga pelo Texas em direção ao Alasca. Butch e Phillip se identificam um com o outro. Nenhum dos dois tem (ou teve) uma figura paterna ao lado. Enquanto isso, Red Garnett (Eastwood), é o responsável pela caça do criminoso junto de Sally Gerber (Laura Dern).

O elenco, para a época, é excepcional. Kevin Costner estava ainda no auge e nos anos 90 (este filme é de 1993) e já tinha estrelado: O Guarda-Costas, JFK, Robin Hood, Dança com Lobos e Wyatt Earp. Isso até 1994, quando, infelizmente, ele começou a afundar sua carreira com Waterworld (1995) e O Mensageiro (1997). Aqui, ele entrega uma de suas melhores atuações e comanda o filme. Apesar de estar sendo perseguido por uma lenda do cinema, ele não deixa a peteca cair e faz todos torcerem por ele. Uma pena que divida tão pouco em cena com o diretor.

Não é um filme de ação. O diretor desenvolve o filme com o ritmo ideal. E não pense que com isso quero dizer que o filme é lento e chato. Pelo contrário. Ao final do filme, você nem percebe que passou pouco mais de duas horas assistindo. Mais um filme de Eastwood que com certeza ainda sobreviverá ao tempo.

QUEIME DEPOIS DE LER – BURN AFTER READING


NOTA: 8.

Trata-se de uma nova comédia dos irmãos Coen. Só isso já deve ser o suficiente para atrair muita gente. Aqui, os irmãos se despem (mas não totalmente) da violência do anterior (Onde os fracos não têm vez) para contar uma história mais engraçada do que dramática. E acertam em cheio.

Brad Pitt é o funcionário da academia que encontra um CD com informações da CIA, informações que pertencem ao personagem de John Malkovich que foi mandado embora por conta de seu problema com bebida. Pitt se associa a Frances McDormand que tem um caso com George Clooney que também tem um caso com a mulher de Malkovich (Tilda Swinton). Só essa teia de confusões já diferencia o filme da maioria das comédias habituais e o deixa um patamar acima.

Como a dupla se habituou a criar personagens estranhos e memoráveis, não espere nada diferente aqui. Brad Pitt é o dono do filme no papel do personal trainer atrapalhado. É impossível não morrer de rir com a sua atuação mesmo quando se encontra em perigo. Outro hilário é George Clooney. Os dois mostram uma desenvoltura nos diálogos e dão uma dinâmica impressionante ao filme. Só não leva uma nota maior porque o ritmo é irregular em alguns momentos.

sábado, 27 de dezembro de 2008

O FANTASMA DA ÓPERA – THE PHANTOM OF THE OPERA (2004)


NOTA: 3.

A nota vai toda pra produção do filme. Figurinos e cenários são ótimos e funcionam perfeitamente. O resto do filme não. O diretor Joel Schumacher entrega um filme estéril e nem consegue arrancar qualquer coisa do elenco que se pareça com qualquer tipo de amoção. Uma tristeza para uma produção tão linda.

E olhe que o elenco não é ruim. Como o fantasma temos o “Leônidas” Gerald Butler e Raol aqui é interpretado por Patrick Wilson, e nenhum dos dois aqui apresenta nem metade do que realmente podem render. Pra terminar, Emmy Rossum, que interpreta Christine, faz o pior papel de todos. Uma atuação pífia que destoa mais ainda do resto do elenco já irregular.

Aqui, o filme é baseado no musical de Andrew Lloyd Webber e não acrescenta nada ao universo já criado do mítico personagem. A única vantagem desse filme, são as músicas que são lindas. O problema está nas seqüências musicais. Schumacher esquece que está fazendo um musical e entrega um filme com câmera imóvel e personagem estáticos apesar da fotografia linda.

Um ponto pra arte do filme, outro para a fotografia e o terceiro para as músicas. É tudo que, infelizmente, esse musical tem a oferecer. Schumacher teve a chance de fazer o filme definitivo sobre O Fantasma da Ópera, mas infelizmente ele opera sobre uma matemática simples: Schumacher + Dinheiro = filme ruim. Por isso que ele é capaz de pequenos sucessos e grandes fracassos. Se tivessem dado a ele 50 mil pra fazer o filme, provavelmente teria entregue um filme de primeira linha, mas infelizmente deram 60 milhões. Totalmente esquecível.

quarta-feira, 24 de dezembro de 2008

O FANTASMA DA ÓPERA – THE PHANTOM OF THE OPERA (1943)



NOTA: 8.

Um épico da era de ouro do cinema. Aqui o fantasma ganha uma nova roupagem numa adaptação menos fiel porém mais interessante, ainda que o horror seja amenizado. A começar pela humanização do personagem. Se no anterior ele já existia desde o início do filme, quase como uma lenda do teatro, aqui ele ganha uma origem e uma motivação.

Acompanhamos Erique Claudin (que no anterior era Erik), um violinista da casa de ópera de Paris que é dispensado por não mais poder tocar o violino com perfeição. Apesar de ter tocado lá por vinte anos, ao contrário do que todos pensam, ele está falido porque secretamente paga as aulas de canto para Christine. Fora da ópera ele não pode mais pagar e o professor a dispensará das aulas. Decidido a vender seu Concerto, ele vai a uma editora para publicarem e ao ouvir que estão tocando sua obra, ele enlouquece e mata o editor. A assistente para se defender joga ácido em sua cara e ele para fugir da polícia se esconde nos esgotos e passa a entrar desapercebido pelas dependências da ópera. Esses fatos o enlouquecem e ele passa a matar pessoas até que Christine seja posta como cantora principal. Filmado nos mesmo estúdios que o anterior (que até hoje existe), a cena da queda do lustre foi refeita, mas desta vez leva ao ápice do filme. Logo em seguida há a caçada que culmina no soterramento do fantasma.

Aqui o fantasma é interpretado por Claude Rains (o policial de Casablanca), mas não é de longe o personagem mais interessante da trama. Aqui ele divide a cena com Anatole Garron (interpretado por Nelson Eddy) e Raol D’Aubert (Edgar Barrier), que são donos das melhores cenas do filme com o cinismo pela disputa do amor de Christine. Aqui Raol é um oficial de polícia que investiga os crimes e Garron é o barítono do teatro. Há três cenas deles com Christine que são impagáveis, e, inclusive, são eles que fecham o filme.

Esse filme dá um salto à frente em relação ao filme anterior com uma história mais complexa e melhor trabalhado. Apesar de ter um clima muito mais ameno e divertido (apesar de também ter sido vendido como um terror), vale muito a pena. Apesar de agora as pessoas cantarem (em francês) nas óperas apresentadas, este filme não é um musical e é ótimo.

O FANTASMA DA ÓPERA – THE PHANTOM OF THE OPERA (1925)


NOTA: 6,5.

A primeira versão pro cinema e a considerada a mais fiel ao livro de Gaston Leroux e foi produzida ainda durante a época do cinema mudo, estrelada por Lon Chaney no papel título. Este, ficou famoso no cinema mudo por seus personagens deformados em filmes de terror. Tanto que seus papéis mais conhecidos são justamente o Fantasma deste filme e Quasímodo de O Corcunda de Notre Dame (ele somente realizou um filme falado). Com o rosto coberto a maior parte do filme (e mesmo quando está sem a máscara, seu rosto está coberto por uma horrenda maquiagem), Chaney, provindo do teatro, faz uso de pantomima para compor seu personagem. Ele “fala” com todo seu corpo, e sem palavras, expressa toda a dor de seu personagem. O fantasma, é um homem apaixonado e sofre com isso. Como um homem deformado pode ter o amor de uma mulher tão bonita?

O filme conta a história de um homem (Erik, o Fantasma) que fugiu do sanatório e se refugiou sob uma parte esquecida da casa de ópera de Paris. Apaixonado por Christine, ele faz ameaças e “amaldiçoa” o teatro para que ela se torne a cantora principal da ópera, chegando ao ápice de derrubar o lustre do teatro em cima da platéia. Ele se revela para ela como seu mestre, e pede pra quando ela estiver pronta, para procurar por ele, e quando ela o faz, ele a leva para seu esconderijo, com um único pedido: de não mexer na máscara dele. Ela não resiste e retira a máscara revelando a face horrenda do fantasma. Como prova de amor, ele permite que ela volte para o teatro, contanto que não procure Raol, seu amor. Ele deve ser somente dele. Novamente (!) ela não resiste e vai procurar Raol e eles planejam a fuga dela depois da peça, porém o Fantasma ouve todo o plano, e na apresentação, ele a rapta. Raol vai atrás dela e acaba sendo salvo pelo Fantasma, com a condição de que Christine deve se casar com ele. Mas uma turba enfurecida avança em direção a ele, no que culmina no seu espancamento e seu corpo sendo jogado no rio.

Esse filme, aposta mais no suspense que em romance. O personagem do Fantasma, porém, é mal construído. Uma hora ele é apenas apaixonado, na outra mau e em uma hora posterior, completamente insano. Ainda assim Lon Chaney é o dono do filme. Ele é o único realmente interessante no filme, e ele segura o suspense do filme. A cena onde ele é desmacarado, é impressionante (e dizem que na época as pessoas pulavam da cadeira de medo). Há ainda uma outra cena memorável, quando Christine e Raol combinam a fuga, o fantasma ouve a tudo por cima deles com uma fantasia com uma capa esvoaçante. Há uma versão restaurada (foi a que eu assisti) em Technicolor, que pintaram a capa de vermelho dando um visual ainda melhor. A cena do espancamento, terminava com Christine velando pelo corpo do Fantasma, demonstrando seu amor, mas a cena foi cortada para dar maior impacto e realmente funciona de maneira mais fluída, deixando o filme mais ágil em seu clímax. Se não se incomodar em assistir filmes mudos, essa é uma boa pedida. Está com uma boa trilha sonora que encaixa perfeitamente no filme, ainda que seja um tanto estranho assistir um filme sobre ópera sem som...

terça-feira, 23 de dezembro de 2008

O ESCAFANDRO E A BORBOLETA – LE SCAPHANDRE ET LE PAPILLON

NOTA : 8,5.

Esse não podia mesmo ser um filme americano. Imagine um cinema que preza a ação fazer um filme sobre um homem que somente move o olho esquerdo? Parece improvável, né? E olhe que eu mesmo tinha preconceito com esse filme por conta disso.

O filme começa com a câmera em primeira pessoa com médicos indo e vindo explicando para o paciente a situação dele: sofreu um derrame seríssimo e acabou de acordar do coma. Somente com quinze minutos de filme, associamos a voz a um rosto: Mathieu Amalric, mostrando porque foi escolhido para ser o vilão de 007 com uma atuação fantástica, interpretando melhor com um olho que a maioria dos atores com o corpo inteiro. Além da atuação impecável de Amalric, não posso deixar de dar um destaque especial para Max Von Sydow, que dá uma dimensão impressionante ao pai de Jean mesmo com pouco tempo em cena.

Incapaz de fazer qualquer coisa, ele começa a se comunicar quando a terapeuta cita o alfabeto para ele piscar na letra que deseja. Isso logo com um homem que é editor da revista ELLE e que se mostra sempre apaixonado pela vida. Passado o desespero da imobilidade (inclusive o tradicional pedido para morrer), Jean-Do aceita sua condição e vai além: resolve escrever um livro. E assim o filme segue, mostrando a odisséia que foi escrever o livro durante o dia a dia de Jean-Do, que viveu 10 dias além do lançamento do livro. Uma força de vontade de viver que pode inspirar muita gente. Afinal, se ele escreveu um livro, isso mostra que podemos fazer muita coisa...

Não posso esquecer de dar o crédito a outro coadjuvante importantíssimo: o diretor de fotografia Janusz Kaminski (esse, colaborador dos (pelo menos) dez últimos filmes de Steven Spielberg). A fotografia do filme é uma das melhores da história do cinegrafista e torna o filme muito mais belo visualmente. A câmera é viva e uma personagem (muito) importante para contar essa história que merecia ser contada...

segunda-feira, 22 de dezembro de 2008

O MENINO DO PIJAMA LISTRADO – THE BOY IN THE STRIPED PYJAMAS


NOTA: 9.
- Por que vocês usam pijamas todos os dias?
- Os soldados tiraram nossas roupas.
- Meu pai é um soldado, mas não do tipo que tira roupas das pessoas.

Filmes sobre o holocausto são complicados, pois, como tratam de um tema muito delicado, acabam gerando filmes que se transformam em pérolas, ou que acabam odiados e esquecidos (esses, infelizmente, são maioria). Sobre ele, temos os inesquecíveis: A Lista de Schindler, O Pianista e O Grande Ditador. Então qual o grande atrativo desse filme? O ponto de vista de uma criança inocente. É a inocência que permeia o enredo do filme e se torna a sua maior arma.
Bruno mora no que considera a casa perfeita, vai à escola, tem amigos e tudo que pode pedir. Seu pai é um oficial da SS que é promovido, e com isso, a família deve se mudar, o que não estava nos planejamentos do garoto que pretende ser explorador. O lugar não tem nada para fazer. A única coisa que ele vê é uma “fazenda” pela janela de seu quarto. Bruno pergunta à mãe sobre as pessoas estranhas da fazenda, que andam sempre de “pijamas listrados” e é proibido de ir lá, mas seu instinto explorador fala mais alto e o garoto “descobre” um caminho. E lá ele conhece Shmuel e forma uma improvável amizade com o menino judeu.
Bruno não sabe o porquê do garoto estar lá. Durante o filme, ele começa a aprender sobre a ameaça que os judeus “representam”. Como são destruidores e um mal para a nação. Até assiste um vídeo sobre quão bela é a vida dos judeus nos campos de concentração e se confunde com a situação. Ele sabe que deve se manter longe do menino judeu, mas seu tutor diz que se encontrar um judeu bom, o menino seria o melhor explorador do mundo, o que só incentiva Bruno.
Cada conversa entre os dois meninos é de apertar o coração. A diferença entre eles e a forma como o judeu é maltratado incomodam na alma. Mas este não é um filme de choro fácil. O diretor acerta em cheio e não entrega um filme melodramático que busca o choro. Este, quando vem, vem de forma natural, o que torna tudo mais doloroso.
Vera Farmiga (Os Infiltrados) tem um destaque especial como a mãe. Sua personagem é a melhor do filme e a atriz entrega uma personagem memorável que luta para educar os filhos longe do pensamento nazista e cruel. E os elementos dos filmes que mostram os nazistas estão lá. O soldado cruel existe, mas são todos humanos e sempre sob a ótica de Bruno, que nunca consegue entender a magnitude da situação que está vivendo. Até o pai amoroso permanece impassível durante um espancamento de um judeu em frente de toda a família (afinal, como ele mesmo diz, “Judeus não são pessoas de verdade”). Apesar de toda a crueldade, o menino se torna fiel ao seu único amigo, o que leva o filme a um final dramático, que poderia ser mais choroso se não fosse anti-climático. Mas como disse, esse filme não é um filme para se derramar em lágrimas.
Um filme que incomoda e fica gravado na memória...

terça-feira, 16 de dezembro de 2008

HAIRSPRAY

NOTA: 8,5.

O filme mostra a história de uma adolescente que sonha em dançar num programa de televisão, apresentado pelo eterno Ciclope: James Marsden. A adolescente, Nikki Blonsky, é um pouco acima do peso para os padrões (seja de TV ou qualquer outro), mas ela não desiste (hey, ela mora na América, terra das oportunidades). Por motivos que não quer explicar, uma integrante do show tem que se ausentar por nove meses (!), e assim, abre-se uma vaga para o show. Dançando, ela ganha a chance de participar do show como integrante do elenco.

O filme se passa durante a época de integração e a ameaça comunista se mostrava presente, e a gordinha faz o quê com a oportunidade de fama? Uma passeata para integração na TV como tinha acontecido nos colégios, botando em risco toda sua carreira na TV. Ela simplesmente o faz porque é a coisa certa a se fazer. O filme é um tiro certeiro contra o racismo. Esqueça os estereótipos e curta esse filme.

Nikki é um achado. Estreando no cinema, ela é dona de uma das personagens mais adoráveis do cinema e consegue manter a aura de protagonista mesmo concorrendo com um elenco de pesos-pesados. John Travolta é a surpresa do filme interpretando a mãe (também) gordinha. Ele entrega um ótimo personagem e a cena da dança é impagável (ainda mais do que ele em cena vestido de mulher). O pai é Christopher Walken, outro que apresenta uma cena de dança de morrer de rir. Este entrega um personagem estranho, que parece-lhe familiar nesse ponto da carreira. Completam o elenco Amanda Bynes, Zac Efron, Michelle Pfeiffer, James Marsden e Queen Latifah (todos ótimos).

Boas músicas, um roteiro esperto, ótimas interpretações (de um ótimo elenco), muitas risadas e uma história edificante. Um musical emocionante de primeira linha.

O DIA QUE A TERRA PAROU – THE DAY EARTH STOOD STILL

NOTA: 8.
Esse é um clássico da ficção científica que envelheceu bem pelo simples fato de não ser um filme calcado em efeitos especiais.
Não que eles não existam, mas não são a base do filme.

O filme começa com o pouso de uma nave espacial. Os EUA se preparam para guerra (o que já parece ser de praxe). O piloto, Klaatu, desce da nave e anuncia sua missão de paz, porém um soldado atira contra ele. Ferido, o piloto dá uma ordem ao robô que elimina todas as armas ao redor, sem ferir ninguém. Tudo que ele quer, é explicar às potências mundiais o caminho que a humanidade está tomando, mas sua mensagem não vai ser facilmente ouvida. Curado, ele resolve andar entre os humanos para entender porquê eles são tão diferentes, e ao invés de conversar com líderes mundiais, resolve conversar com grandes cientistas. A essa hora, porém, o clima no país já é de extrema paranóia, e eles não querem mais se preocupar de capturá-lo vivo, e assim ele é alvejado e morto. Gort, seu robô, rouba seu cadáver e o leva para a nave onde ressuscita bem a tempo de enviar sua mensagem aos cientistas do mundo. Uma mensagem que devemos entrar em paz. Ou a terra será aniquilada.

O filme foi lançado em 1951. A segunda guerra mundial havia acabado há pouco e era o início da guerra fria. Tanto que durante o filme, as pessoas comentam que o homem do espaço pode ser na verdade a tal da “ameaça vermelha”. Assim como aconteceu após o 11 de setembro, os americanos mostravam uma paranóia em relação aos russos. Tanto que já nessa época, o cinema operava sobre o medo do Marcarthismo. Lembrando que era 1951, e em 1952, Chaplin teve seu visto cassado e foi impedido de voltar ao país.

O diretor é Robert Wise. Este escreveu muito bem seu nome na história do cinema. Antes de virar diretor, era editor, e montou nada menos que Cidadão Kane. Como diretor, também dirigiu: Amor sublime amor (West side story) e A noviça rebelde (The sound of music). Ele conduz o filme muito bem, mantém o clima da paranóia durante todo o filme e ainda uma boa dose de suspense.

Para se ter idéia da referência que o filme criou: O personagem Klaatu foi comparado a Jesus. Quando ele precisa usar um nome para se registrar numa pousada, usa o nome Carpenter (Carpinteiro). Ele menciona sempre um “espírito todo poderoso”. Morre e ressuscita. Tenta passar uma mensagem de paz. Além disso. Klaatu Barada Nikto, frase usada no filme para dar ordens ao robô, foi também usada nos filmes Contatos imediatos de terceiro grau e Tron. Já em Guerra nas estrelas, forma o nome dos três guardas de Jabba, The Hutt.

A refilmagem estreou essa semana com críticas negativas, mas este é um bom filme. Não é excepcional, mas um bom filme. Sem se descuidar do roteiro em momento nenhum e apelando pouco para efeitos especiais (e olha que fazem a terra parar, o que é muito mais genial que qualquer efeito especial), o que é ótimo para a longevidade do filme. Afinal, ver o robô andando é muito esquisito, mas o roteiro compensa tudo e o elenco, é muito afiado. O filme em si envelheceu um pouco, mas de forma impressionante, sua história continua atual. Paranóia? Confere. Ameaça nuclear? Confere. Um bom filme que merece ser visto ou revisto, com uma mensagem de paz que precisamos mais do que nunca.

segunda-feira, 8 de dezembro de 2008

O CAVALEIRO DAS TREVAS – THE DARK NIGHT


NOTA: 10.
Quando assisti no cinema pensei que era um dos melhores filmes do ano.
Agora que revi, confirmei minha opinião.

O filme é um deleite pra qualquer espectador.
Tem um dos melhores e mais perturbadores personagens do cinema, magnificamente interpretado por Ledger. É um triller policial de fazer se segurar na poltrona. Tem um bom roteiro. Cenas de ação espetaculares. Elenco impecável. Humor. Não falta nada no filme.

Acompanhamos a cruzada de Batman, ainda tentando livrar a cidade de Gothan do crime e corrupção. Desta vez ele conta com um aliado que pode fazer com que ele possa finalmente se aposentar: Harvey Dent. Ao contrário de Batman, ele seria o cavaleiro branco de Ghotan. O herói da cidade que não precisa usar máscara.

O problema no caminho dos dois é o psicótico Coringa. Atualmente, está virando modismo pessoas normais que fazem atos cruéis Só porque podem. Nolan volta aos tempos em que vilões eram psicóticos e o Coringa é o pior de todos. Ele não quer dinheiro ou fama. Ele quer caos. Só isso.

O elenco de apoio não é menos fabuloso. Eckhart brilha com seu Dent, que faz qualquer um esquecer o personagem de Lee Jones (assim como Ledger consegue apagar até a memória do monstro Nicholson). Ao seu lado estão um elenco de primeira linha, com coadjuvantes como Michael Caine, Gary Oldman e Morgan Freeman. Isso é outro acerto de Nolan. Cada peça do filme é fundamental, e sendo assim, ele se cerca dos melhores atores disponíveis.

Nolan tem um quê Hitchcockiano. Ele mostra controle absoluto do filme. Do roteiro á trilha sonora, tudo funciona muito bem. O roteiro então é outro caso à parte. É excelente. E mesmo sendo violento, passa uma idéia boa, que ainda há bondade no coração das pessoas. Em tempos de filmes onde só há violência sem sentido, O Cavaleiro das Trevas é um alento no cinema.
Se for indicado aos oscars de melhor filme, diretor e ator coadjuvante (ou mesmo de principal) para Ledger, não seria nenhuma surpresa.

Imperdível.

quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

DIÁRIO DE UM PAIXÃO – THE NOTEBOOK


NOTA: 7,5.
Esse filme me surpreendeu. Não pela história principal, entre os jovens, mas é Gena Rowlands e James Garner que me surpreenderam.

O filme mostra um homem que visita uma mulher num asilo todos os dias, para ler para ela. Ele sempre lê a mesma história. A história sobre um casal que se apaixona. Ela é rica e ele é pobre, os pais não aprovam e a partir daí já sabe o resto, né? Pois é óbvio assim. Essa não é a beleza do filme.

A beleza é descobrir que o homem que lê é o personagem da história, e a mulher pra quem ele lê é a mocinha (em suas fases adolescentes, intrepretados por Rachel McAdams e Ryan Gosling). Ela tem uma doença que acaba com sua memória. Então ele lê para ela todo dia pra que ela possa se lembrar dele no final do dia.

Se isso não é romantismo, eu não sei mais o que pode ser. James Garner está simplesmente perfeito. Filme bem água com açúcar. Não é espetacular, mas vale a pena dar uma olhada...

quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

ADAPTAÇÃO – ADAPTATION


NOTA: 8,5.
É um roteiro baseado num livro que não é uma adaptação do livro.
Deu pra entender? Não?
Bem. Vamos lá.

O filme conta a história do próprio roteirista que é contratado para adaptar o livro “The Orchild Thief”, de Susan Orlean. Kauffman nem ao menos usa um pseudônimo, usa seu próprio nome, porém, cria para seu “personagem”, um irmão gêmeo. O roteirista encontra muitas dificuldades em adaptar o livro para cinema, e suas indas e vindas nas idéias de como estruturar o roteiro estão sempre presentes no filme.

Nicolas Cage se despe de seu jeito canastrão habitual para compor dois personagens interessantes. Enquanto Charlie é introvertido e inteligente, seu irmão é mais extrovertido e menos inteligente. Brilhantemente, Kauffman coloca seu irmão estudando para ser um roteirista também, e ele escreve um roteiro de um filme policial onde o policial é o assasino. Um caso de dupla personalidade assim como o próprio roteirista. Interessante, não?

Entre as indas e vindas você acompanha a história do livro, que é muito curta e pouco interessante pra compor um filme por si só. Um filme sobre flores? Realmente parace muito do chato. Escrevendo o roteiro como escreveu, o filme fica muito mais emocionante ao mesmo tempo que se mantém fiel a história do livro. Na verdade, ele vai além e amplia a história do livro tornando o final muito melhor. Brilhante.

Kauffman realmente é um roteirista não convencional. E ele fez mais um belo trabalho aqui. Nos EUA, estreou um filme com sua marca também na direção. Mesmo que não se torne um ótimo diretor, sabemos que pelo menos o roteiro vai ser mais uma pérola.

terça-feira, 2 de dezembro de 2008

PERSEGUIDOR IMPLACÁVEL – DIRTY HARRY


NOTA: 8,5.
Harry Callahan é um policial á moda antiga que não se encaixaria nos dias de hoje. E simplesmente porque ele não segue as regras que deve seguir. Ele não está preocupado com regras, está preocupado com justiça. E é isso que ele faz, o trabalho sujo que nenhum outro policial quer fazer. Por isso todos os chamam de Dirty (sujo) Harry. Policial que patrulha as ruas de São Francisco. Se fosse filmado hoje, Harry seria expulso da polícia nos primeiros 15 minutos, ou então o personagem teria que ser psicologicamente perturbado. Então devo supor que o filme foi realizado quando deveria ter sido realizado.

Mas não se engane, se trata de um dos melhores filmes policiais. O filme conta a história de um psicopata que mata pessoas até que o prefeito pague o dinheiro que ele pede. Em seu encalço: Harry. Harry arromba portas, bate em pessoas e até tortura o prisioneiro para conseguir o que quer. E consegue. E quando tudo o mais falha, ele vai fazer justiça nas horas vagas.

Ao final, ele ignora seus superiores e vai atrás do psicopata por conta própria. Com o caso resolvido, ele joga fora seu distintivo. Ele tentou fazer pelas regras, mas tudo lhe virou as costas. Ao final, você deve pensar, Clint realmente é um cara durão. Já imaginou outra pessoa pra apontar um Magnun pra você e dizer: “Eu sei o que você está pensando: ‘Ele atirou 6 vezes? Ou só 5?’. Pra te dizer a verdade, no meio de toda essa emoção, eu acabei perdendo a conta. Mas sendo isso uma Magnum 44, o mais poderoso revólver do mundo, que pode arrancar sua cabeça fora, você tem que se fazer uma pergunta: ‘Eu me sinto com sorte?’ Bem. Se sente com sorte, punk?”. Não deve dar pra fingir esse tipo de coisa...

segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

ROMANCE


NOTA: 8.
Romance é um bom filme.
Na verdade, me deparei com uma complexidade que não esperava e explico o porquê: apesar do título, o filme não fala de um amor de fácil digestão. Não é sobre um casal que se apaixona e vive "felizes para sempre". Se espera muita água com açúcar, procure outro filme.

O filme conta a história de um casal que vai fazer uma peça de teatro. Eles se apaixonam e vivem um bom romance. O problema é quando um produtor de novela assiste a peça e convida a moça pra trabalhar na televisão. Com o problema de conciliar TV e teatro, o casal se separa. Anos depois, com a carreira consolidada, ela quer fazer uma coisa diferente de novela, e convence o produtor a chamar seu antigo amor para escrever e dirigir um especial de fim de ano. Se dá então o reencontro, que já aviso, não é um reencontro apaixonado, todos os pensamentos são postos em confrontos. Não há um certo ou errado. A história pode acontecer com qualquer um, o que torna um pouco assustador.

O filme se baseia na história de “Tristão e Isolda”. É a peça que os atores vão montar, e é a história que volta para dar o tom do filme. A história de amor dos personagens da peça, conta a história de um amor sofrido. Uma tragédia de amor que definiu o amor como ele é contado até hoje e inclusive, inspirou as tragédias de Shakespeare. Um amor sofrido que não pode terminar feliz para todos. Então assista o filme e prepare-se para sofrer com os personagens do filme e seus amores igualmente sofridos. Aqui está toda a complexidade do filme: É um amor sofrido (desculpem a repetição, mas é pra enfatizar) e ainda assim, não é triste. O filme é agradável de se ver.

E por falar em personagens, o elenco está impecável. Nos papéis principais, Wagner Moura e Letícia Sabatella estão perfeitos. Eles fazem o sofrimento passar para o espectador. Estão amparados ainda por um elenco não menos formidável. José Wilker, Andrea Beltrão, Marco Nanini e Vladimir Brichta completam brilhantemente o elenco. Altamente recomendável.

segunda-feira, 24 de novembro de 2008

PAYBACK STRAIGHT UP: THE DIRECTOR'S CUT


NOTA: 6.
Não vou re-comentar sobre o filme, vou apenas ressaltar algumas diferenças.

O acerto do diretor foi tirar a narração de Gibson, que explicava o óbvio. Isso dá uma melhorada no filme, mas só na parte em que os filmes são iguais. E as melhorias param por aí. O filme na versão do cinema, é muito melhor que essa versão do diretor. É um filme mais ágil e mantém um suspense. Essa versão, termina num óbvio tiroteio.

Outro grande erro é tentar humanizar o personagem de Mel Gibson. Neste tipo de filme, quanto mais escroto melhor. E nessa versão ele fica se justificando e tentando parecer mais bom moço do que realmente é. Onde Godard tinha acertado com seu “Acossado”, Helgeland aqui erra, nesse sentido. Ele dilui o personagem Porter em muita emoção, e enfraquece o personagem. Fiquem com a versão original, vão se divertir mais do que com essa...

domingo, 23 de novembro de 2008

O TROCO - PAYBACK


NOTA: 6,5.
O troco foi o filme de estréia na direção de Brian Helgeland. O roteirista tem uma carreira um tanto quanto eclética e irregular. De seus roteiros saíram filmes memoráveis, bons, esquecíveis e alguns tenebrosos. No terreno do terror, ele começou escrevendo o roteiro do quarto filme do Fred Krueger, continuou escrevendo roteiros para uma série baseada no filme “Sexta feira 13”, depois do (esquecível, e não lembro de ter visto nado sobre ele antes), “Highway to Hell”, ele dirigiu na TV um roteiro seu para “Os contos da cripta”.

Então sua fase terror acabou, e a policial começou com o irregular “Assassinos”, de Richard Donner. Ainda que fraco e irregular, ele começava a mostrar pra quê veio. Então Curtis Hanson o chamou pra escrever um roteiro baseado num livro. Do roteiro, saiu nada menos que “Los Angeles, cidade proibida”, que elevou a astro o ator Russel Crowel além de lhe dar o Oscar de melhor roteiro adaptado (concorreu também a melhor filme). No mesmo ano, repetiu a dobradinha com Donner em “Teoria da conspiração”, e dessa vez se saiu muito melhor e entregaram um bom filme de ação.

Aí veio a queda. Com seu trabalho ganhando status, o roteirista deve ter exagerado no caldo, o que “cometeu” o roteiro de “O mensageiro”, filme estrelado e dirigido por Kevin Costner (que com esse filme colocava o último prego no seu caixão como diretor). Escreveu e dirigiu “Coração de Cavaleiro”, um “épico pop” (existe isso?) com Heath Ledger. Apesar de ser bobo, continuou mostrando ser um roteirista muito além da média. Então ele voltou aos eixos. Seu próximo roteiro foi de “Dívida de sangue”, dirigido por Clint Eastwood. Um bom filme policial. Em 2003, dois trabalhos seus foram as telas. Escreveu e dirigiu o devorador de pecados (filme de “terror” esquecível) e (novamente) Eastwood dirigiu um roteiro seu em “Sobre menino e Lobos”. Aqui, o ponto mais alto de sua carreira (que lhe valeu outro Oscar e que comentarei em outra ocasião). Em 2004, escreveu o regular “Chamas da Vingança”.

Esse “O Troco” se encontra entre “O mensageiro” e “Coração de cavaleiro”. O problema que o filme dá impressão, é que poderia ser mais e melhor (dirigido, principalmente). E por aí vai.

Sendo assim, o classifico como um filme mediano. O roteiro está além de muita coisa que se vê no mercado. Se estivesse entregue nas mãos de um diretor competente (ou com mais nome, afinal ele lançou a versão do diretor que de repente pode ser melhor que o material que foi pro cinema) poderia ter sido um filmaço. Infelizmente, não foi. Querendo fazer uma homenagem aos policiais noir, a fotografia é escura e toda puxado pro azul, porém seus enquadramentos óbvios e pouco criativos subaproveitam a linda fotografia do filme. Junta-se isso a falta de suspense em certas e vê-se um subaproveitamento do roteiro.

Mel Gibson faz o que pode. Sabe que é um ator limitado, mas a construção de seus personagens são sempre boas (é difícil dizer que certo papel não é pra ele, não?). A combinação dos dois se saiu mediana, mas será que Eastwood ou Donner não poderiam fazer melhor? Ainda bem que ele não tentou dirigir “Sobre meninos e lobos”...

terça-feira, 18 de novembro de 2008

CLOVERFIELD


NOTA: 2.
Filmes de monstros são complicados. Nunca se sabe o que se esperar exatamente. Pode ser muito ruins, como Godzilla (melhor nem começar a falar sobre Roland Emerich), ou pode ser um filme um pouco mais caprichado como King Kong. Pode até mesmo uma surpresa como o ótimo “O Hospedeiro” (coreano). Uma coisa nesses filmes todos porém, não muda: você vê os monstros.

Esse é o primeiro problema de “Cloverfield”. Você passa o filme inteiro (por sorte é bem curto) vendo relances do monstro. Bem lá no final do filme, você consegue ver bem o monstro, numa longa tomada de uns 30 segundos (isso mesmo! 30 segundos inteiros!). Isso pra mim já problema suficiente num filme sobre um monstro.

Problema número dois: Eu não gosto desses pretensos “filmes reais” onde uma pessoa envolvida no evento filma tudo, mesmo que com isso tenha que ter morrido umas 5 vezes, e quando isso acontece, você simplesmente não dá a mínima para ele, já que você sequer viu seu rosto direito.
O filme começa com uma festa chata de despedida de alguém chato, que está envolvido num problema nada interessante. E Quando o monstro aparece, começamos a acompanhar um grupo pequeno dessas pessoas da festa. Então é uma câmera que se movimenta muito e sempre (e não de uma maneira legal e estética como nos dois últimos “Bourne”). Então eles são atacados umas duas vezes por monstros menores, filmam o monstro (partes dele, pelo menos) quando assiste pelo noticiário. E não esquece que ele filma mesmo quando está pra morrer (e só não morre porque tem que continuar filmando). E antes mesmo de 1h14, o filme acaba. E os créditos aparecem lentamente por 10 minutos (talvez, a maior cena do filme).

Não recomendo a ninguém. Se quer um bom filme desse gênero, veja o já citado “O Hospedeiro”. Ou reveja King Kong. Ou até mesmo Hulk. Porque esse filme é uma farsa. Puro golpe publicitário. E pelo menos nisso tenho que admitir, um golpe muito bem feito (pela publicidade, não pelo filme)...

300


NOTA: 7
Um gladiador modernoso?

Re-assisti a esse filme hoje, pois antes só o tinha assistido na telona. Não me impressionou tanto quanto eu havia ficado no cinema. O filme perde muito do seu impacto na telinha, e deixa fácil identificar o porquê. 300 é um filme de visual puro. A história por outro lado...

A culpa não é do diretor. Na verdade, seu esforço foi louvável. Fiquei lembrando dos quadrinhos e lembro que nunca achei a história realmente boa. Na verdade é um arremedo de história e muito da mal contada. Ou seja, os quadrinhos também apresentam um enredo fraco e visual impressionante. Só tem esse ar todo de grande coisa por se tratar de uma obra do (em minha opinião, irregular e superstimado) Frank Miller. E só.

Snyder ainda se defende como pode. Começa não cometendo o mesmo que Rodriguez fez com seu “Sin City”: 300 é um filme, não uma animação dos quadrinhos do autor. Então a história não é exatamente igual à dos quadrinhos. Está melhorada com subtramas acrescentadas e outras subtraídas. A personagem da rainha tem papel mais importante e por aí vai. E mesmo com todo o esforço do diretor com os roteiristas, a história continua sendo fraca...

O quê fazer então?
Exatamente o que ele fez. Todas as tomadas de 300 são visualmente lindas. Filmado todo em Chroma, o diretor se faz valer de cenários impressionantes e dá uma cor e textura ao filme que o deixa muito mais bonito e impressiona ainda mais que os quadrinhos de Miller. Ainda flerta com Gladiador (as cenas no campo de trigo...). As lutas coreografadas completam o espetáculo.

Outros poréns? Além do roteiro, há uma ou outra coisa que me incomodou.
O excesso de câmera lenta foi um deles. Há uma cena mais lenta pelo menos de cinco em cinco minutos, mas não atrapalha tanto a trama, só dá impressão de que o filme poderia ser mais curto. O que mais me incomodou mesmo foi a narração. Eu não gosto de filmes que sejam muito narrados. Apesar de ainda ter diminuído, ainda ficou muita coisa, muito blá-blá-blá desnecessário (imaginem o efeito que Sin City causou em mim tendo 5 minutos de narração ininterrupta!).

O balanço do filme porém, é bem positivo. O diretor fez um belo trabalho com o material que tinha. É um bom diretor que pode se consagrar agora com a estréia de seu próximo trabalho: a adaptação da bíblia dos quadrinhos, Watchmen. Estou curioso pra saber se ele vai conseguir reduzir a complexa trama, pra caber em um filme, de modo a não diluir a história. Até agora já comprovou que tem talento e eu fico na torcida. Porque esse sim é um material de primeira, e se não conseguir ultrapassar “O cavaleiro das trevas” (já que, esse sim é muito surpreendente e disparado o melhor filme já baseado num quadrinho), que passe muito perto...

segunda-feira, 17 de novembro de 2008

ESCRITO NAS ESTRELAS - SERENDIPITY


NOTA: 7

Não é um dos melhores filmes do mundo, mas é bem bonito de se ver. Tudo que você precisa para curtir esse filme, é entrar no espírito dele. Isso por um motivo bem simples: o filme trabalha em cima do improvável. Sabe aqueles filmes que chegam no final e de repente uma grande coincidência acontece para levar o filme a uma conclusão? Aqui você pode esquecer isso. Não vai ter uma coincidência no final do filme. As coincidências (ou destino, como a personagem de Kate Beckinsale gosta de falar) acontecem do primeiro minuto até a hora de subirem os créditos. Como diz o cartaz: "Pode o apenas uma vez acontecer duas vezes?".
Beckinsale e Cusack estão na loja pra comprar a mesma luva. Ambos estão se relacionando com outras pessoas, mas se conhecem e rola uma química entre eles. Como não podem trair seus pares, eles resolvem deixar o destino agir: ele escreve o número dele numa nota de cinco dólares e a passa adiante, assim como ela escreve seu número num livro e o vende. E se separam para deixar o destino agir com uma pequena ajuda dos próprios.

Se não gosta do tipo, passe longe, porém, se conseguir entrar no clima do filme, pode se divertir bastante. Ele tem um bom casal de atores nos papéis principais, coadjuvantes que roubam a cena (com destaque para Jeremy Piven) e uma história que segue de forma ágil. Bons momentos engraçados. Dois personagens lutando contra o destino para ficarem juntos.Isso é muita coisa pra se interessar num filme.

Ótimo para assistir em casal. Principalmente no conforto da sua casa, abraçadinhos.

sábado, 15 de novembro de 2008

QUANTUM OF SOLACE


NOTA: 7
Esse é um filme que merece ser visto no cinema.
Não por ser o melhor filme de Bond (esse título eu deixo pra refilmagem de "Cassino Royale"), mas por ter cenas expetaculares de ação.
Não é um filme excelente, mas é um bom filme de ação e espionagem. Dessa vez, o filme continua de onde o outro parou, fato inédito numa longa franquia. E Bond tem uma missão pessoal: Vingança. E não restam corpos em seu caminho pra cumprir o objetivo.
O roteiro com colaboração de Haggis, faz que o filme tenha bons diálogos. As cenas de ação, como dito, são expetaculares, o único porém, é que em determinadas cenas, a câmera treme tanto que não consegue nem se ver o que está acontecendo. E apesar disso, esse filme ainda está bem acima da média, principalmente pela ausência dos gadgets que tornaram a franquia famosa. Que continue assim...
O melhor ainda é ver Daniel Craig como Bond. O ator acaba com o Bond fanfarrão e entrega um personagem humano. Que sofre. Outra novidade. Esse Bond aprende da pior maneira que seus atos têm conseqüências. Ás vezes, terríveis. Bond não mais é um super-espião. É um personagem de carne e osso. Um Bond de verdade para novos tempos. E que belo recomeço...

WALL.E


NOTA: 10
O melhor desenho animado desse ano.
Na verdade de muitos outros anos.

Ao contrário dos filmes, que foram grandes prejudicados com a greve de roteiristas, os desenhos se saíram melhor esse ano (já que levam anos pra serem concluídos). E Wall.e é maravilhoso tanto visualmente quanto pela história emocionante. E não precisa de diálogos pra isso, o que o torna uma pérola ainda mais rara.

Talvez os pequenos possam não gostar pelos momentos de silêncio, mas acho difícil não se interessarem pelo visual fantástico ou não se emocionarem com a história do pequeno robô. O início sem diálogos (com exceção de um filme que ele gosta de assistir, Alô, Dolly), vemos a rotina de Wall.e, cuja missão é melhorar o planeta terra que foi deixado pra trás por ter se tornado inóspito. E vemos que todos os modelos da linha dele que possuem a mesma missão, estão quebrados... Wall.e é o último da sua espécie.

É um triste planeta de se ver, mas é ótimo ver nosso herói vagando por ele (que me parece ainda mais agradável por parecer o E.T. do filme do Spielberg). Até que tudo muda. Uma nave pousa e um robô fica na terra procurando vida. Então Wall.e se apaixona. Você pode se perguntar: "mas um robô se apaixonando?". Pois saiba que Wall.e vai atrás de seu amor e passa por muitos humanos. E nenhum deles é tão humano quanto o intrépido robozinho. E por falar dos humanos, estes assustam. Se nosso futuro for esse, temos muito o que temer. Ninguém anda nem se comunica, todos ficam com a cara enfiada em máquinas.

Um dos filmes mais bonitos do ano. Impossível não se apaixonar pelo robozinho ou pela sua jornada, o que o torna recomendado para adultos e crianças. Se fosse na época do cinema sem som, poderia muito bem ser uma animação muda (será que a pixar iniciou uma nova era de desenhos feito para adultos?). Emociona, tem uma ótima história e um ótimo alerta pras crianças. Dá uma pena quando acaba...
Mais um acerto de enormes proporções na carreira muito bem sucedida da Pixar.

quinta-feira, 13 de novembro de 2008

O AMOR NÃO TEM REGRAS - THE LEATHERHEADS


NOTA: 4
Na verdade, hoje assisti a dois filmes.
Hitman, porém, não merece ter uma resenha inteira escrita. Vamos apenas dizer que é um filme fraco, e quem não assistiu, na verdade não perdeu nada.

Então vamos ao “evento principal”. “O amor não tem regras” é mais um trabalho com a mão de George Clooney. Depois dos ótimos “Confissões de uma mente perigosa” e “Boa noite, Boa sorte”, Clooney embarca numa história mais sobre romance do que sobre a profissionalização do futebol.

Sobre o futebol.
Os jogos são toscos. Não são nem pertos de interessantes, e tirando algumas partes engraçadas, poderiam ser mais curtos do que são. Se espera ver bons jogos, seu lugar não é aqui.

Sobre o romance.
Bem. É sempre ótimo ver Clooney em ação, mas Renée Zellweger está cada vez mais chata (ou será que é impressão minha?). Então pelo menos metade do casal vale a pena.

Quanto ao filme em geral? Bem. O filme lembra os antigos filmes que eram exibidos em matinês. Não vão incomodar ninguém, e quase tudo remete àquela época. Então quem gosta disso, aproveite. Vai ser um prato cheio.Trata-se de um filme legal (não vamos dizer que é melhor do que realmente é), mas deixa um gostinho de podia ser melhor. Principalmente quando se trata de um filme de Clooney.

APENAS UMA VEZ - ONCE


NOTA: 8,5.
Once é um filme surpreendente.

Pensei que ia assistir a um musical, por isso acho melhor deixar isso claro: Once é um filme sobre música, não um musical. Aqui ninguém inexplicavelmente começa a cantar e dançar. Não que eu tenha nada contra musicais.

Tendo disto isso, digo que não é de todo errado dizer que a frase escrita no cartaz não é uma mentira deslavada. Once pode ser sim um dos melhores filmes de música do cinema moderno.

Vagamos por um pouco menos de uma hora e meia seguindo esse casal adorável. Ele trabalha numa loja de consertos de aspirador de pó com seu pai e toca violão na rua pra ganhar mais trocados. Ela é uma imigrante que vende revistas e flores na rua e fica feliz quando arruma emprego para arrumar um casa e toca piano numa loja de venda de instrumentos para poder praticar.

Sabe quais são seus nomes? Eu também não. E isso não importa em momento nenhum. Mesmo nos créditos finais, lê-se apenas: Man, Woman. De um começo de relação meio estranho, começa-se a formar uma amizade improvável. E melhor que isso, uma dupla musical adorável. E que maravilha é quando eles começar a fazer um dueto na loja pela primeira vez.

Na verdade, a dupla me lembra um pouco o disco de Damien Rice (que canta a música tema de closer). Um homem como lead singer enquanto uma mulher faz um contraponto maravilhoso.

Bons diálogos. Bom desenvolvimento do roteiro. Parte musical de primeira linha. Então o que falta nesse filme? Ser mais longo. É tão fácil e bom de assistir, que meu único porém seria esse. Por que não ter mais dele? Eu gostaria de assistir mais de Once. Minha sugestão está aí. Decidam vocês.

SPEED RACER



NOTA: 6,5.
Você acha que vai pilotar um carro e mudar o mundo? Não funciona dessa maneira.

Speed Racer é um filme apenas ok e se acrescenta à lista de filmes dos irmão diretores que não consegue ao menos se equiparar ao grande sucesso da dupla. Talvez o problema é que o sucesso de Matrix veio cedo demais.
Atraídas pelo desejo foi um in[icio promissor. O filme é um bom suspense policial com um visual elegante e esteticamente bonito. Seu segundo filme já seria o primeiro Matrix, que revolucionou a história do cinema. E talvez esse seja o problema. O primeiro filme da trilogia é uma jóia rara, e nem mesmo voltar ao tema funcionou para eles, e os dois filmes seguintes foram experiências fracassadas.

Pelo menos essa é uma teoria. A outra teoria, é que muito dinheiro gera continuações ruins. É fácil as pessoas dizerem que as continuações são inferiores aos produtos originais, especialmente em filmes de ação. Os filmes originais com menos dinheiro, tendem a ser criativos, e com mais atenção à história, enquanto as continuações não atentam a esses detalhes e visam mais as bilheterias que qualquer outra coisa. Além de Matrix, poderia citar: A Múmia, Piratas do caribe, a nova trilogia de Star Wars e nem mesmo Spielberg escapou com seu parque jurássico.

O roteiro nem é o grande problema de Speed Racer, já que a história chegar a ser um pouco interessante. Os problemas são seus grandes atrativos. Primeiro o visual do filme. Se em Matrix, a dupla acertou com seus tons sóbrios e preto predominante, aqui tudo brilha em mil cores e logo na primeira corrida, eu já estava enjoando de todo esse visual fantástico. Parece que usar as milhões de opções de cores do photoshop não é tão atraente assim para mim.
As corridas são apenas ok. As pistas são bem desenvolvidas, oferecem alguns obstáculos interessantes e poderiam ser boas. Se os carros corressem nela. Ao invés disso, eles pulam de um lado para o outro e giram mais do que correm, e na segunda corrida uma pergunta veio à minha cabeça: "pra quê carros?". As rodas dos carros nesse filme, são itens dispensáveis.

Por isso meu balanço é ok. Um pouco acima da média comparando com os demais filmes do gênero, mas está longe de ser excepcional. Será que Matrix foi um acidente?
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