quarta-feira, 28 de julho de 2010

O MUNDO IMAGINÁRIO DO DOUTOR PARNASSUS


NOTA: 7.
"Nada é permanente. Nem mesmo a morte." Tony

Terry Gilliam (o diretor) fez uma façanha muito interessante, transformou um filme incompleto e que estava prestes a ser abandonado em um filme coerente e até mesmo interessante. Na verdade, um dos melhores trabalhos do diretor em muitos anos. A trágica morte de Heath Ledger ocorreu antes do final das filmagens, mas empurrado por sua equipe e contando com os talentos de Jude Law, Colin Farrel e Johnny Depp o filme foi (bem) finalizado.
Gilliam volta ao mundo que sabe explorar bem: o fantástico e inexplicável. Alguns podem falar até mesmo louco. O doutor Parnassus do título é um homem de muitos séculos de vida que gosta de fazer apostas com um homem estranho, que aparentemente parece ser o diabo. Ele vence a primeira aposta o que lhe concede essa longa vida que ele tem. Na segunda aposta ele deve entregar sua filha quando esta completar 16 anos. Para consertar esse fato, ele realiza uma terceira aposta, que deve decidir o destino dele e de sua filha.
Parnassus é uma espécie de Xamã que anda pela Inglaterra dentro de uma carroça. Ele faz apresentações que parecem um show fajuto de mágica misturado com teatro. O centro do show consiste num espelho mágico, onde quem entra vai parar dentro de um outro mundo, onde qualquer coisa pode acontecer. Em umas dessas andanças, eles salvam a vida de Tony (Ledger), um homem que estava sendo enforcado debaixo de uma ponte. E sabe-se lá porquê. Fato que só será explicado na conclusão do filme.
Para a sorte de Gilliam, Ledger filmou todas as cenas fora do espelho e uma cena dentro dele. Dessa forma, as únicas cenas que faltavam eram 3 cenas dentro do espelho. Como o mundo dentro do espelho é mágico, nas outras vezes que Tony entra, é substituído por outro ator. Os 3 mencionados no primeiro parágrafo. Pode parecer estranho, mas vendo o resultado final parece que o filme foi escrito para ser desse jeito. Então a história segue seu curso normal e ainda somos agraciados com as perfomances de outros três bons atores.
As cenas dentro do espelho são loucas e visualmente espetaculares como se espera de um filme de terry Gilliam, que tem em seu currículo filmes como Brazil e Os 12 macacos. Talvez, meu único problema com o filme é a falta de uma sequência lógica. Uma estrutura. Não que eu queira um filme com as estruturas iguais as de todos os outros filmes, mas que pelo menos tenha uma estrutura própria do filme, não um filme onde qualquer coisa possa acontecer.

OBS.: Um dos integrantes da trupe é Andrew Garfield, que interpreta Anton. Andrew Garfield assinou um contrato para ser o Homem Aranha nos próximos filmes da franquia.

segunda-feira, 19 de julho de 2010

O LIVRO DE ELI


NOTA: 6.
"As pessoas tinham mais do que precisavam. Não tínhamos idéia do que era precioso e do que não era. Jogamos fora coisas que as pessoas se matam para ter agora." Eli

A história desse filme lembra muito a premissa de A estrada, filme com Viggo Mortensen. Em um futuro não muito distante, algo aconteceu que deixou o mundo quase inabitável. São mundos pós-apocalípticos em que a única lei é a lei dos mais fortes. Estes sobrevivem levando vantagem em cima dos outros. Claro que em todo filme de desgraças, o lado ruim das pessoas sempre passa por cima do lado bom. E não dá pra falar de instinto de sobrevivência, é a maldade das pessoas mesmo. Eles não roubam as pessoas, eles roubam e torturam e estupram e matam.
Nesse mundo, as pessoas devem usar sempre óculos escuros. Não sei porquê e ninguém parece interessado em me contar. Eli (Denzel Washington) caminha pelos EUA em direção ao mar. Há 30 anos que ele está andando até achar o que deve achar. Eu nunca andei uma distância tão grande assim, mas tenho quase certeza que não levaria esse tempo todo. E lembre-se que Forrest Gump chegava de uma ponta a outra várias vezes em um período muito mais curto.
Como disse, os fortes sobrevivem. Eli, porém, é um mestre de artes marciais especialista em facas, espadas assim como pistolas, metralhadoras e até mesmo um arco. E para mostrar todas essas habilidades, ninguém tenta atirar nele. Isso só acontece posteriormente no filme. Só com a chegada de Carnegie (Gary Oldman), que quer desesperadamente o livro que Eli carrega consigo e lê todos os dias. Claro que Eli não entregará o livro, afinal o livro é a missão dele. E se ele entregar o filme não terá tiroteios e perseguições. Mesmo que depois iremos descobrir que ele não precisava guardar o livro, mas isso não importa. Esse é um filme de ação.
Os irmãos Hughes fazem um trabalho bem decente em contar a história. Primeiro constroem bem personagem e cenário. A fotografia ajuda bastante, dando tons bem sombrios e deixando o filme bem seco. Em algumas vezes lembra um filme de faroeste, incluindo uma cena onde o herói fica cercado por dezenas de bandidos. Pena que os diretores ficam muito preocupados em inserir cenas de ação para agradar os adolescente e a terceira parte da história fica arrastada e chata.
O filme só não tem nota pior por conta do seu final. Apesar de deixar todo o resto do filme com falhas absurdas de roteiro, os diretores acrescentam uma virada na história que é muito interessante. Evita que o filme seja previsível (pelo menos eu não esperava) e é tão boa que se torna independente do resto do filme. Um filme à parte do resto que valha a pena ser visto. Que faz com que o filme seja "assistível".

quarta-feira, 14 de julho de 2010

O LOBISOMEM


NOTA: 7.
"Você fez coisas terríveis, Lawrence. Coisas Terríveis. " Sir John Talbot

O diretor do filme, Joe Johnston, evita a pior das armadilhas que tem acontecido nos filmes refilmados ultimamente: ele não atualiza a história. Nada de passar a história para a moderna Inglaterra (ou mesmo os EUA moderno) e nada de mudar a história para agradar platéias mais novas. The wolfman (no original) é um terror à moda antiga, com maquiagem (claro que ajudada por CGI) e muito sangue.
O ano é 1891. Lawrence Talbot (Benicio Del Toro) recebe a noiva de seu irmão (Emily Blunt), que pede para ajudá-la a encontrar seu noivo desaparecido. Ele volta para a sinistra cidade de Blackmoor, uma dessas cidades do interior, onde ele encontra com, o também sinistro, Sir John Talbot (Anthony Hopkins), seu pai. Tudo que resta é a carcaça mutilada. Nada humano, ou mesmo um animal, poderia ter feito aquele trabalho horrível. A única coisa que resta a ser feita é achar a fera que fez isso.
Gwen (Blunt) quer saber o que pode ter acontecido. Lawrence fica para tentar descobrir assim como chega um agente da Scotland Yard (Hugo Weaving, acostumado a caçar pessoas em filmes). Seu irmão tinha negócios com os ciganos, então Lawrence vai investigar se algum deles poderia ter feito a carnificina. É no acampamento que Lawrence encontra a fera e é mordida por ela. O resto do filme nem precisa ser contado.
Na verdade a história é simples e bem contada. Nada de reviravoltas mirabolantes. Apenas o filme como ele deve ser e pronto. Bem fiel aos filmes de terror de antigamente. O último que lembro de ter visto de lobisomens foi aquele com Jack Nicholson que caía em todas as ciladas que este evitou. Um trabalho inspirado do diretor, da diretora de fotografia (Shelly Johnson) e de Danny Elfman, que pontua as cenas de terror com uma música que dá um clima maravilhoso. Não é um ótimo filme, tem suas falhas, mas vale a pena ser visto. Nem que seja pelo ótimo elenco inspirado.

terça-feira, 6 de julho de 2010

NOSTALGIA: UMA RAJADA DE BALAS (1967)


NOTA: 100.
"Nós somos a gangue Barrow e nós estamos aqui para roubar o banco." Clyde Barrow

Esse não é apenas um ótimo filme (e eu realmente o acho um filme magnifíco), esse é o filme que deu o início da era moderna do cinema americano. Tendência que ainda acompanhamos nos filmes atuais. Então não posso deixar de destacar a importância que o filme teve em seu lançamento e nas produções que se seguiram. Filme que se inspirava no então muito badalado cinema francês. Dizem que o filme teria sido oferecido a Truffaut e este o recomendou a Warren Beatty, que se tornaria pela primeira vez na história um ator que também produzia o filme.
Acompanhamos a história de um dos casais criminosos mais famosos dos EUA. Logo de cara, Bonnie (Faye Dunaway) flagra Clyde tentando roubar o carro da sua mãe. Ela sabe que ele é criminoso e ele lhe diz isso, mas ainda assim ele é a chance dela de sair daquele marasmo onde ela vive. Ela quer a emoção, ele quer a notoriedade. Não é por acaso que eles não usam máscaras ou o que quer seja. Clyde se anuncia antes de cada assalto. Ele quer os créditos. E desde o início do filme a platéia sabe que os dois estão condenados. Não pode haver um final feliz para os dois.
O final, na verdade, é o que redefiniu o cinema. Bonnie e Clyde são encurralados pelos policiais. Muitos deles. Eles não tem intenção em se entregar e a polícia também não parece muito interessada em capturá-los com vida. O que se segue não é um tiroteio, é um pelotão de fuzilamento executando o casal. A cena é a violência crua, com muito sangue espirrando e partes do corpo voando na direção da câmera. Um tipo de violência como NUNCA tinha sido mostrado no cinema americano, que na época chocou muita gente.
O filme foi um sucesso mesmo contra as expectativas. O filme era desprezado pela Warner e de baixo orçamento. Tinha uma única estrela: Warren Beatty. Faye Dunaway, Gene Hackman e Gene Wilder só vieram a ser conhecidos depois do sucesso do filme. Dizem que Beatty se ajoelhou na frente de Warner implorando pra que ele financiasse o filme, que não se interessava em nada pela história. Beatty nega que isso tenha acontecido, mas outras testemunhas afirmam que isso realmente aconteceu.
O que é verdade ou não agora não importa. O que importa é que o filme hoje é um dos melhores filmes de todos os tempos. Feitos nos EUA ou em qualquer parte do mundo. Claro que a violência hoje foi banalizada e o final possa perder um pouco de sua força hoje, mas é importante lembrar que apesar de violento, o final apenas dá força ao filme. Ao contrário da violência gratuita que hoje existe no cinema onde se chega a ver cenas de tortura. Estamos diante de um filme de arte. Imperdível e obrigatório para qualquer um que goste de cinema.

sábado, 3 de julho de 2010

ALICE NO PAÍS DAS MARAVILHAS


NOTA: 7.
"Você ficou completamente maluco, mas vou te contar um segredo: todas as melhores pessoas também são." Alice

Em uma primeira vista, o clássico livro de Lewis Carrol parece perfeito para ser adaptado pelo diretor Tim Burton. Uma história lisérgica de uma menina que, seguindo um coelho de colete, cai num buraco que a leva para um mundo completamente mágico. Claro que a experiência não parece ser totalmente agradável, além dos perigos que aquele lugar apresenta, cada personagem de lá parece ter sido criado para ser irritante. O que, na verdade, torna a história menos infantil e mais ainda com a cara de Burton. Parece ideal mas o diretor optou por não adaptar o livro e criar uma história nova levemente baseada na história dos livros (além de ...No país das maravilhas também Através do espelho).
Num rápido começo, vemos uma pequena Alice que conta pro seu pai sobre seu pesadelo com coelhos e Chapeleiros Loucos. Depois ela já aparece perto de seus 20 anos de idade. Indo para uma festa, que posteriormente ela descobre ser uma festa onde seu pretendente lhe pedirá em casamento, ela conta a sua mãe que ainda tem os mesmo sonhos. Todo santo dia. Claro que quando conhecemos o pretendente de Alice logo percebemos que aquele casamento não pode acontecer. E Alice acaba seguindo um coelho branco vestindo um colete.
Na primeira parte, a história se desenvolve bem parecida com a do livro. Ela descobre uma porta muito pequena para passar, aí ela encolhe, depois cresce e por aí vai. As semelhanças acabam rapidamente e o mundo que ela visita agora é bem diferente do mundo do livro, e também dos seus sonhos. Aqui, a rainha de Copas domina o mundo de forma tirana e Alice logo se vê como a esperança dos residentes para libertá-los.
A grande habilidade de Burton costuma ser em criar mundos fantásticos e envolver a história e os persongens também de forma fantástico. Assim como tem acontecido com seus últimos trabalhos. Bem, o mundo de Alice está fantástico, já a história e personagens não envolvem tanto a platéia. A primeira metade da trama é bem chatinha e se desenvolve de forma muito lenta. Na segunda a história acelera um pouco mas fica um pouco confusa. Não sei porquê ele decidiu não contar a história para as platéias mais novas. Só lembrando que o desenho da Disney é de 1951, o que faz com que tempo suficiente tenha se passado para a história ser recontada.
No final, parece que a Alice desse filme tinha que ser adulta para participar de uma grande batalha. A grande batalha que parece ter se tornado obrigatória em todo final de filme. Já cheguei a comentar isso antes, o filme vai se desenvolvendo bem até ter que chegar em um cena de batalha (carregada em CGI, o que a torna ainda mais monótona) para encerrar o filme. O Chapeleiro Louco se torna um exímio esgrimista no campo de batalha e Alice tem que derrotar o Jaberwocky. A história de Alice não se parece com a de O senhor dos anéis, não precisa de batalha. Será que se fizessem Casablanca hoje, o filme terminaria com Rick acabando com a guerra?

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