sexta-feira, 30 de outubro de 2009

100ª POSTAGEM: NÃO SOMOS ANJOS


NOTA: 9.
- Viemos aqui para roubá-los e é isso que vamos fazer. Bater a cabeça deles, arrancar os olhos fora e cortar suas gargantas. Assim que acabarmos de lavar a louça deles.

A postagem de hoje, é para comemorar a 100ª postagem nesse blog. Como todas as séries americanas comemoram esse número como se fosse grande coisa eu resolvi fazer mesmo.
Eu queria que a escolha fosse diferente. Que apresentasse algo especial em um filme que poucas pessoas conhecem. Para o algo especial, escolhi então Humphrey Bogart. Ele não é desconhecido de muitos, mas a maior parte lembra-se mais dele em Casablanca e em menor escala Relíquia Macabra. Ambos ótimos filmes, mas há outros 75 filmes que ele participou que muitas pessoas não conhecem. Escolhi um deles.
Não confunda com o filme de mesmo nome com Robert DeNiro e Sean Penn. A premissa é a mesma, mas a história é bem diferente. Esse filme é baseado em uma peça da Broadway de 1953 chamada My Three Angels, que por sua vez era baseada em uma peça francesa La cousine des Anges.
O filme se passa em uma pequena ilha chamada Ilha do Diabo, onde um trio de condenados fugitivos vão parar. Os “anjos” em questão são interpretados por Bogart em companhia de Aldo Ray e Peter Ustinov. O plano deles é fingir que trabalham ajudando em uma pequena loja para depois poder roubá-la. Com o dinheiro, entrariam num barco rumo a França. Para isso, eles fingem estar consertando o telhado. Um plano bem simples: eles roubam a loja, algumas roupas e pegam um barco para fugir da ilha.
O problema é que a loja é gerenciada pela família Ducotel e a situação financeira deles não é nada boa. A loja não dá lucro o suficiente e ainda por cima eles são duramente explorados pelo dono da loja, Andre Tochard.
Eles começam aos poucos a ajudar a família. Joseph (Bogart), se mostra um vendedor habilidoso e vende até mesmo um conjunto de pentes de cabelo para um careca. Além disso, ele é um falsificador habilidoso, que pode ajudar a mascarar os prejuízos da loja para o Sr. Ducotel não pareça incompetente. Depois de passar a noite de natal com a família, eles não mais tem interesse em roubá-los. “Pessoas assim. Como se corta a garganta delas?” Pergunta Joseph.
Assim eles procuram ajudar em todas as situações. Financeiras e até mesmo amorosas da filha do casal. Não é fácil matar quem é tão generoso com você. Até mesmo o monstro de Frankstein já nos tinha mostrado isso.
O filme diverte muito e em grande parte por conta do elenco. Em especial um Bogart bem inspirado que arranca risadas com a mesma facilidade que fazia seus personagens durões, mas um destaque especial para Peter Ustinov com seu timing perfeito. Claro que não se trata de um filme perfeito. O diretor Michael Curtiz, o mesmo de Casablanca, podia ter aproveitado melhor o uso de cores (técnica ainda rudimentar na época de lançamento do filme) em cenários e figurino do filme. Fica também claro a influência da peça original, com todos os personagens entrando e saindo de cena e sendo a maior parte do filme em lugares fechados. Detalhes menores. Quem já assistiu pode gostar de rever. Quem nunca assistiu pode se surpreender.

quarta-feira, 28 de outubro de 2009

BASTARDOS INGLÓRIOS


NOTA: 8.

“Meu nome é Tenente Aldo Raine e estou montando uma equipe especial. Preciso de 8 soldados. Oito soldados judeu americanos. Vamos soltar na França, vestidos de civis, e uma vez que estivermos em território inimigo vamos fazer apenas uma coisa: matar nazistas.” Tenente Aldo Raine

Ao final do filme fica uma certeza: Tarantino é dono de um estilo único. Poucos diretores conseguem ser identicados tão facilmente por seu estilo. Menos ainda em atividade. Então só por isso já dá pra dizer que ele é muito bom mesmo. E seu novo filme não vai passar despercebido por ninguém. Gostem ou não do filme. E acredito que existirá quem não goste.

O filme apresenta basicamente três personagens e vertentes diferentes, interpretados por Brad Pitt, Mélanie Laurent e Christoph Waltz. Cada um lidera um núcleo da história do filme. Um caçador de nazistas, um caçador de judeus e uma judia. Bem díspares.

Tentente Aldo Raine (Pitt) monta um esquadrão que ficam andando pela Europa caçando a matando nazistas. Eles não fazem prisioneiros e cada soldado promete entregar para Raine cem escalpos (Raine tem uma herança apache) ou morrer tentando. Eles sobrevivem de forma improvável por anos nas áreas então ocupadas por nazistas fazendo suas matanças.

O vilão é Hans Landa (Waltz) cuja capacidade de encontrar judeus o faz ser apelidado como o “Caçador de Judeus”. Landa é provavelmente a pessoa mais inteligente, e inclusive fala com perfeição inglês, alemão, francês e italiano. Logo na primeira cena do filme (ótima por sinal), ele descobre onde estão escondidas uma família de judeus. No massacre, escapa apenas a menina Shosanna.

Shosanna (Laurent) cresce após o massacre de sua família com documentos falsos. Muda seu nome e cuida de um cinema, onde é assediada por um soldado alemão, que é na verdade um herói nazista por ter matado sozinho 300 inimigos. O caso do soldado serve de inspiração para os desejos nazistas e acaba se tornando um filme feito por Goebbels e sua estréia será feita no cinema da moça.

Aí que as histórias se encontram: Shosanna planeja incendiar o cinema, Raine quer invadir para explodir tudo e Landa é responsável pela segurança do lugar, que receberá além de Goebbels, o próprio führer.

Aqui vale lembrar que essa não é a verdadeira Segunda Guerra Mundial, essa é a Segunda Guerra Mundial do Tarantino. Não espere uma aula de história, Tarantino não está interessado em o quê realmente aconteceu ou como aconteceu, ele está interessado em contar uma história. E acredite, o final do filme choca e consegue ser mais feliz do que na verdade aconteceu. Não me surpreenderia se eles conseguissem resgatar Anne frank. Por isso Raine fazendo caretas o filme inteiro é totalmente aceitável. É um filme deslocado da realidade.

Por esses apstectos o filme de Tarantino é um espetáculo. Não fosse ele tão apaixonado pelo seu roteiro, poderia ter entregue um dos melhores filmes sobre a guerra, ao invés disso entrega um filme bom com momentos de brilhantismo. Um pouco mais curto e com mais espaço para a matança dos Bastardos, (afinal, o filme deveria ser sobre eles, não?), seria um filme memorável, mas ainda assim não será facilmente esquecido. Principalmente, o personagem Hans Landa não será esquecido. O filme pode não ser o melhor, mas não consigo recordar um nazista mais memóravel que esse.

segunda-feira, 19 de outubro de 2009

17 OUTRA VEZ


NOTA: 7.

“É a clássica história da transformação. Você é ou já foi: um deus nórdico, um vampiro ou um ciborgue que viaja no tempo?” Ned Freedman

A própria frase acima dá um breve resumo dos que é esse filme. A premissa é tão batida que já se tornou uma espécie de subgênero. Ou é uma troca de corpos para que cada parte entenda a vida da outra ou uma mudança na vida da pessoa para ela valorizar a vida que tem.

Aqui é o segundo caso. Mike O'Donnell (Efron quando adolescente e Mathew “Chandler Bing” Perry na fase adulta) está insatisfeito com sua vida. Sua mulher quer o divórcio e seus filhos não dão a mínima para ele. Para completar, ao invés de ganhar a promoção que esperava, ele perde seu emprego. Ele desistiu da chance que tinha de ir para a Universidade para ficar com sua namorada e reclama do que sua vida se tornou. Por isso recebe a chance de voltar a época “mágica”: os 17 anos.

Dizem que devemos ter cuidado com o que desejamos porque podemos conseguir. Por isso ele deveria ter tomado cuidado e ter pedido pra voltar no tempo, ao invés disso ele fica preso no corpo de 17 anos mas todo o resto continua o mesmo. Incluindo sua família e seus problemas. Então, ajudado por seu amigo Ned, (um nerd milionário) ele volta para o colégio.

A história lembra um pouco uma versão ao contrário de Quero ser grande, com Tom Hanks, se bem que o final me lembre um pouco mais Felicidade não se compra. Principalmente em sua primeira metade. É então que ele ganha força em sua segunda metade. Com tons meio shakespearianos, o filme se torna mais complexo que a maioria. Mike ainda está apaixonado por sua esposa. O que para ele é normal, é visto pelos outros como se ele quisesse ter um caso com a mãe de seu amigo. Para completar, seus esforços para que a filha termine seu namoro com o valentão do colégio faz com que ela se sinta atraída por ele. Tudo isso enquanto seu processo de divórcio continua e ele não tem como comparecer.

Para dar mais graça ao filme, Ned se apaixona pela diretora do colégio (encontro de outras estrelas da TV, ela faz The Office e ele Reno 911), não vou nem descrever o jantar entre os dois, mas eu achei genial. São duas coisas que levantam o filme, a relação dos dois e ótimo timing de Zac Efron para a comédia. Apesar do resto do elenco, o show é todo dele. Pode ser uma boa promessa para o futuro. Um filme inofensivo, principalmente para adolescentes.

sexta-feira, 16 de outubro de 2009

O LEITOR


NOTA: 8.

“Não importa o que eu sinta. Não importa o que eu pense. Os mortos continuam mortos.” Hanna Schmitz

O diretor Stephen Daldry tem uma filmografia curta, mas de uma sensibilidade inacreditável. Ele ficou mundialmente conhecido logo com seu primeiro longa, Billy Eliot, que lhe valeu uma indicação ao Oscar. Depois, chegou com mais força na premiação com As Horas, mas novamente ficou só na indicação. Na premiação desse ano, ele foi novamente ignorado com esse filme. Ainda que não tenha vencido, fica a marca impressionante de ter sido indicado por melhor direção em todos os seus filmes.

Aqui ele conta a história de Michael. Começa com ele adulto (Fiennes) e passa para contar a história da sua adolescência (Kross). Quando tinha 15 anos e conheceu Hanna (Winslet). Um dia, voltando para casa, Hanna percebe que ele está doente e cuida dele, o leva até em casa. Ele volta para agradecer e os dois acabam se envolvendo sexualmente.

Hanna é bem mais velha que ele. E essa não é a única diferença, as situações financeiras, culturais e tudo o mais são diferentes. Ele ganha a primeira experiência da sua vida. Ela ganha histórias. “Primeiro leia, depois sexo”, ela diz para ele. E ele traz todo tipo de livros para ler para ela. Até que um dia, ela some e despedaça o coração do garoto.

Pulamos 8 anos. Ele está agora na faculdade de direito, parte de uma aula bem restrita, com apenas 6 alunos. O professor (Ganz) os leva para um julgamento. Mulheres estão sendo julgadas por terem trabalhado em um campo de concentração. Entre elas, está Hanna.

Muitos podem pensar que o conflito está em Hanna. Por ela ter trabalhado no campo de concentração, mas eu não creio. Claro que há uma discussão sobre o fato de ela estar “apenas fazendo o seu trabalho”. Ela precisava de um emprego. Essa discussão eu deixo para cada um. Eu não consigo imaginar o que eu teria feito. Por sorte nem preciso, mas cada um pode dizer com certeza que não teria participado? Uma questão complicada de ser respondida.

Como eu disse, porém, não acredito que a questão do filme seja essa. Acredito que o problema maior do filme seja a vergonha. Michael sente vergonha da relação que teve com aquela mulher. Ele sabe um segredo sobre ela que pode livrá-la da condenação dela, mas ainda assim se cala. Talvez o sentimento de Michael, seja uma metáfora para o sentimento de todo o povo alemão. É mais fácil ignorar que aconteceu, do que realmente aceitar o fato. Que faz parte do seu passado.

Não apenas isso. Aquela mulher que o largou, acabou com sua vida. A pessoa que ele se tornou foi baseada em cima daquele rompimento. Ele mantém todos a um certo distanciamento de todo o mundo. Incluindo sua filha. Ele não quer passar por aquilo de novo.

Fato é que não podemos negar o que aconteceu em nossas vidas e Michael vai aprender isso. Da maneira mais dolorosa. Então que se aprenda com o passado. Essa é a função da história. E do filme.

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

A TROCA


NOTA: 7.
Três garotos tentaram escapar naquela noite e se um conseguiu, talvez outro também tenha conseguido. Talvez ele esteja lá em algum lugar, com medo de dizer a verdade ou do que pode acontecer comigo ou com ele.” Christine Collins
A troca tem uma história tão improvável, que chega a ser difícil de acreditar que ela tenha realmente acontecido. Talvez por isso que ainda não tivesse sido levado para as telas. Deixe-me explicar.
Angelina Jolie interpreta Christine Collins. Uma mulher que cria sozinha um filho de 9 anos. Ela trabalha para a empresa de telefone e mora numa bela casa. O problema surge quando ela deve ter que trabalhar em um sábado e seu filho desaparece. A polícia é criticada por muitos pela sua corrupção e incompetência, então eles tratam de divulgar amplamente que acharam o filho da mulher.
O problema todo é que assim que vê a criança, ela percebe que não se trata de seu filho. Quanto mais certeza ela tem que ele não é seu filho, mais o Capitão da polícia tenta a convencer de que é. Se ele admitir que aquele não é o filho de Collins, ele estará admitindo a incompetência da polícia. Ao invés disso ele prefere colocá-la em um sanatório até que ela assine um documento dizendo que aquele era realmente seu filho.
Christine porém, é obstinada. Ela não vai desistir enquanto houver uma esperança de encontrar seu filho. Para sua sorte, ela não está só. Um Pastor (John Malkovich) a ajuda em sua odisséia. Ele está há tempos gritando sobre a corrupção da polícia, o caso de Collins é uma oportunidade de escancarar de vez tudo que há de errado na polícia.
Mesmo quando um policial encontra um sítio onde foram mortas mais de 20 crianças, ela não desiste da busca. Não podem afirmar com certeza que o filho dela estava no meio da ossada encontrada. Seu processo contra a cidade garante a reformulação da polícia, e as próprias leis que permitiam que policiais fizessem o que fizeram com ela.
Eastwood exibe sua costumeira competência na direção. Este filme, estreou ano passado, no mesmo do ótimo Gran Torino, também dele. Mas se havia mais vitalidade em seu outro filme, aqui temos uma versão mais comportada dele. Ainda assim, uma história interessante. Mais interessante ainda analisando que o roteiro foi escrito por um quadrinista (Homen-Aranha, entre outras) que estreou muito bem na sua transposição para o cinema (ao contrário de Frank Miller).

segunda-feira, 12 de outubro de 2009

MATADORES DE VAMPIRAS LÉSBICAS


NOTA: 6.
“Que azar. Mesmo as mulheres mortas não querem transar comigo.” Fletch
Não via um filme tão Tosco como esse desde Serpentes a Bordo, com Samuel L. Jackson. É uma mistura de humor com uma situação improvável para que o filme tenha um diferencial. No caso do filme de Jackson, foi um erro colocá-lo à bordo com milhares de serpentes. Aqui, são Vampiras Lésbicas.
Fletcher e Jimmy são dois amigos fracassados. O primeiro acabaou de ser demitido do emprego de palhaço por ter acabado de bater em uma criança. Jimmy foi chutado pela centésima vez pela namorada que faz gato e sapato dele. Os dois resolvem viajar de forma barata, e escolhem por acaso um vilarejo chamado Craigswich.
O que eles não sabem é que a cidade é amaldiçoada por uma vampira rainha que é lésbica. Toda mulher de lá que alcança os 18 anos, se transforma em uma vampira lésbica. Para aplacar a sede de sangue das vampiras, os moradores mandam os viajantes para uma cabana para terem o sangue chupado por elas. É nessa que entram os dois.
Eles encontram com um grupo de mulheres que pretendem estudar a lenda local. Um grupo formado por 4 mulheres. Elas querem estudar a lenda, e eles (em especial Fletcher) querem transar. Tudo dá errado quando eles descobrem que a lenda é real. Pra piorar, Jimmy, é o descendente do homem que matou a vampira rainha, e seu sangue pode trazê-la de volta.
O visual do filme, lembra muito os filmes de antigamente sobre vampiros. Cor desaturada, movimentos estilizados de personagens e um cenário quase medieval. Quase uma homenagem aos filmes da “falecida” produtora Hammer.
Isso tudo é um prato cheio para muitas piadas sobre o gênero. Incluindo o fato de nenhum dos dois protagonistas (novamente em especial Fletcher) terem a intenção de serem heróis. Aí o filme entrega tudo o que o nome promete. Inclusive cenas de lesbianismo entre as vampiras (que são poucas na verdade).
Tosco sim, porque é pra ser tosco, mas bem divertido pra quem se deixar levar para a história. Vale uma espiada.

domingo, 11 de outubro de 2009

A PROPOSTA


NOTA: 7,5.
“Como devo chamá-la: Margaret ou amante do diabo? Porque eu já ouvi todo o tipo de coisa.” Gammie
No começo eu comecei odiando a personagem de Sandra Bullock, mas com o passar do filme, ela consegue me fazer gostar dela. É mais ou menos isso que acontece com o filme. No início, ele não a suporta, depois eles acabam se apaixonando. Se fez comigo, por que não com o personagem de Reynolds?
No início, ela lembra um pouco o papel de O Diabo Veste Prada. Ela é Margaret, uma tirana disfarçada de editora de livros odiada e temida por todos. Ela não pensa duas vezes antes de despedir um homem que claramente quer seu emprego. Assim como ela não hesita muito para ordenar que Andrew se case com ela.
Isso acontece porque ela é uma canadense em vias de ser deportada já que ignorou a lei do país. Para não ser deportada, ela arranja esse casamento para conseguir o Green Card e poder manter seu emprego, que é tudo que ela tem na vida. Assim ela manipula Andrew para casar com ela, já que ela se for, ele dificilmente conseguirá manter seu emprego. Ele aproveita a oportunidade para conseguir a promoção para editor. Afinal, forjar casamento é um crime punível com uma multa de U$ 250 mil e cinco anos de prisão. Parece um acordo justo. No setor de imigração, ela descobre que haverá uma investigação para confirmar a relação dos dois, então para facilitar, ela vai com ele para o Alaska para conhecer a família dele.
Aí todos sabem o que vai acontecer. Eles vão se apaixonar de forma gradual. Ela vai se apaixonar pela família dele, que com exceção do pai, fazem quem ela se familiarize. Tudo com situações engraçadas. E aos montes para nossa sorte.
Claro que tudo é mais do mesmo, mas é tão bem feito, que faz com fiquemos interessados no filme. Bullock pode começar como megera, mas todos sabemos a facilidade que ela tem de ser adorável. E a dupla que faz com Reynolds é ótima. Veja essa reciclagem do que já viu antes e saiba que mesmo adivinhando tudo que vai acontecer, vai se divertir bastante. Destaque especial para Oscar Nuñez (The Office), que faz um personagem impagável no filme.

sábado, 10 de outubro de 2009

DISTRITO 9


NOTA: 9.
“Tira essas porras de tentáculos da minha cara!” Wikus Van De Merwe
O maior mérito desse filme é trazer uma nova perspectiva aos filmes de alienígenas, coisa que não acontecia há muito tempo. Esqueça os alienígenas bonzinhos ou os dominadores, eles aqui são os “meio perdidos”.
Uma nave pousa na Terra, e dessa vez não é nos EUA, mas sim em Johannesburgo. Como não há atividade na nave, os humanos resolvem invadir a nave. Lá não há luzes piscantes nem nenhum efeito piro cinético. O que eles encontram são milhões de alienígenas acuados, desnutridos e sem saber direito o que fazer. Estudiosos acreditam que os líderes devem ter morrido por algum motivo, e essa é uma raça que precisa de um líder. Sem nenhum, eles não sabem o que fazer.
Assim, os humanos prendem todos numa espécie de favela onde eles devem ficar. A espécie é usada para realizar uma série de experimentos, por esse motivo eles não são autorizados a deixarem o planeta. São apenas controlados enquanto tentam descobrir um modo de usar as armas que não funcionam com humanos.
Como a população está insatisfeita com a situação, já que os intrusos se misturam com a população e há ataques e até assassinatos, o governo decide deslocá-los até uma espécie de campo de concentração. Então começa o processo de deslocamento, sendo liderado pelo burocrata chamado Wikus.
Wikus e o resto da população tratam os “camarões”, como são pejorativamente chamados, como todas as minorias foram tratadas ao longo da nossa história. Ninguém parece se interessar de onde eles vieram ou qualquer outra coisa sobre eles que não tenha motivos bélicos. Eles só se interessam em expressar que não gostam deles e que eles não são bem vindos. Numa cena, Wikus demonstra prazer em fazer um “aborto” numa casa cheia de ovos.
A vida de Wikus se complica quando ele encontra com um alienígena chamado Christopher Johnson (você não leu errado). Wikus entra em contato com uma matéria que começa a transformá-lo numa misto de alienígena com humano. Ele se torna interesse para o exercito, já que as armas deles só podem usadas por eles mesmos, e agora também por Wikus.
Ele se une então a Christopher (lembre-se que ele não é humano) para recuperar o objeto que o infectou. Para Christopher, é o trabalho de 20 anos para voltar para casa. Para Wikus, é a maneira de ser transformado ao normal.
É quando o filme se perde um pouco rumo ao final feliz, que nem chega a ser tão feliz assim. Mas nada que estrague o filme. Ele veio para revolucionar os filmes do gênero e conseguiu. O faz ainda como uma espécie de falso documentário que o torna bem interessante e perto do real, apesar do CGI, que nos faz identificarmos melhor com a situação. Ás vezes nojento, outras violento, e me fez em uma parte do filme ficar torcendo: “Mata os humanos desgraçados...”.

sexta-feira, 9 de outubro de 2009

OS VIGARISTAS


NOTA: 7.
“O truque de ser enganado é aprender como enganar.” Penelope Stamp
Tem uma coisa de muito interessante neste filme. De alguma forma, ele me fez sentir como o personagem de Adrien Brody. Eu sei parte do plano, mas nunca por completo. Então conforme os acontecimentos vão ocorrendo, fico imaginando o que pode ser real ou não.
Acompanhamos os irmão desde crianças. Stephen sempre teve uma facilidade de criar grandes histórias para ganhar dinheiro em cima das outras pessoas. E personagens que seu irmão, Bloom, pudesse representar. Eles são órfãos, e vão passando por muitos lares. Sempre fazem alguma coisa de forma que os pais adotivos os devolvam. Como nesse primeiro golpe. Eles tiram dinheiro das crianças em uma caçada e ainda ganha dinheiro as sujando completamente (fez um acordo com o dono da lavanderia).
Esse truque, porém, teve um efeito negativo em Bloom. Ele acabou acreditando na história inventada pelo irmão e ficou extremamente desapontado no final. Quando adultos, eles continuam fazendo os mesmo tipos de golpes, e acompanhados de bang Bang, que quase nunca diz alguma coisa.
Para Stephen a vida é um golpe a ser escrito e para Bloom o golpe já deu o que tinha que dar. E Bang Bang é diferente, difícil saber o que pensa uma personagem que não se expressa. Eles se juntam para um suposto “último trabalho”. O alvo é Penelope Stamp, uma milionária entediada que aparentemente consegue fazer qualquer coisa (karatê, monociclo, arremessar motoserras para o alto...), menos dirigir um carro. Eles convencem Penolope a ir em busca de um livro raro. Uma aventura para ela, que ela nunca teve.
Com habilidade, o filme vai confundindo o espectador. Uma hora parece que sabemos o que está acontecendo. Em outra percebemos o quanto estamos realmente perdidos. O problema está num sintoma do cinema moderno. Para confundir o espectador, o filme apresenta reviravolta atrás de reviravolta, o que deixa o filme mais cansativo que interessante.
Para sorte do diretor, o filme conta com um elenco de primeira. As atuações são muito inspiradas e melhoram o filme em muito. Em especial para Rachel Weisz. Ela entrega um personagem que é difícil de descrever. Estranha, solitária e provavelmente insana. E por várias vezes parece uma criança. Seu personagem rivaliza com a enigmática Bang Bang, que chama atenção apesar da falta de falas. Ruffalo e Brody completam o elenco com maestria.
No geral, o filme merece uma assistida. E prova ainda que ninguém sabe que filmes podem chegar aos cinemas brasileiros ou não. Esse é um filme por vezes engraçado, outras divertidos e com um elenco de peso. Então por quê será que não foi exibido por aqui?

quinta-feira, 8 de outubro de 2009

MONSTROS VS. ALIENÍGENAS


NOTA: 6.
“Mais uma vez, um OVNI pousa nos EUA, o único país que os OVNIs parecem pousar.” Repórter
Não é à toa que a Pixar continua absoluta no posto de melhor produtora de animações. A diferença de qualidade entre seus filmes e dos concorrentes ainda é enorme. Com esse filme não é diferente. Monstros Vs. Aliens é um filme divertido para crianças. Apenas isso.
Acompanhamos o casamento de Susan (Reese Whiterspoon), onde ela é atingida por um meteorito e fica com 15 metros de altura. Aprisionada pelo exército, ela é encarcerada com outros monstros: um cientista que numa experiência ficou com a aparência de uma barata, uma “ameba” e o “elo perdido”. Eles são aprisionados até que surge um ataque alienígena, e eles são chamados para combatê-los.
A experiência muda sua vida não apenas pelos motivos óbvios. Seu noivo não quer mais casar com ela pelo fato dela ofuscá-lo. Ele deveria ser o sucesso da dupla. E dizer todos seus feitos dizendo “nós” ao invés de “eu” não encoberta suas verdadeiras ambições. Como ele poderia aceitar uma esposa mais notória que ele?
Seguindo a linha dos recentes sucessos de animação, o filme entrega cenas de ação impressionantes, pena que os personagens não tenham grande profundidade. Justamente a única personagem com mais profundidade, é Susan. Justamente a menos interessante de todas. Tivesem investido mais nas personalidades dos outros personagens e centrados mais nos monstros, já que são mais interessantes, o filme poderia ser um pouco melhor.
Do mais, é um filme divertido ainda que não seja extremamente engraçado também. Mais divertido pelas cenas de ação do que por qualquer outra coisa. Nem mesmo o elenco de primeiríssima que incluiu o Hugh "Dr. House" Laurie, Kiefer "Jack Bauer" Sutherland e a dupla de comediantes Seth Rogen e Paul Rudd salvam o filme. Uma pena, já que a premissa parecia muito interessante.

quarta-feira, 7 de outubro de 2009

MILK - A VOZ DA IGUALDADE


NOTA: 9.
“Sem esperança, a vida não merece ser vivida.” Harvey Milk
É impossível falar do filme sem falar de Sean Penn. A cada novo trabalho ele mostra uma extrema versatilidade que assusta. Depois de assistir ao filme, procurei vídeos do verdadeiro Harvey Milk no Youtube. Isso só me deixou ainda mais impressionado com o trabalho de Penn. Seus personagens tem detalhes distintos e impressionantes.
No final dos anos 70, Harvey Milk foi o primeiro político assumidamente gay a conseguir um cargo público nos EUA. Em sua campanha, ele defendia que todo homossexual deveria se assumir. No trabalho, para a família e para os amigos. Todos deveriam saber. Segundo ele, se todos souberem que conhecem pelo menos um gay, as pessoas poderiam perder o preconceito.
Parece um tanto quanto otimista, mas me faz pensar no assunto. Eu sou heterossexual, mas poucas vezes eu disse isso na minha vida. Nunca senti uma real necessidade para isso. Então fico imaginando porquê não podemos aceitar cada pessoa como ela é? Sem precisar rotular se aquele é gay, ou hetero ou bi ou qualquer opção que ele tenha.
O filme é cortado por uma gravação que o próprio Milk faz e que deve ser ouvida apenas no caso da sua morte. Ele tem 48 anos durante a gravação e conta sua vida política que começou apenas 8 anos antes. Ele abandona seu emprego para começar o seu negócio em São Francisco com seu amor Scott Smith (James Franco). Era o lugar onde havia uma comunidade ativa de homossexuais e mesmo assim todos eram perseguidos pelos homofóbicos. Especialmente policiais.
Por conta dessa perseguição, Milk começa sua atividade política. Ele unifica a comunidade gay para realizarem coisas para serem mais respeitados no bairro. E consegue. O início da sua vida política começa não de repente. Ele só é eleito depois de três tentativas. Ele perde seu amor por conta da sua incansável luta. Parece que estar perto de grandes homens que realizaram grandes feitos sofrem bastante com o distanciamento de seus amados.
A batalha de Milk é contra a discriminação dos homossexuais. E os adversários são muitos. Desde Anita Bryant que fez forte campanha contra uma lei que proibia a discriminação com base na orientação sexual da pessoa é uma delas. Querem demitir todos os professores que sejam gays e todos que os apóiem. Esses eram os anos 70.
Sua relação mais intensa é com Dan White, um aparente heterossexual que ocupa um cargo público assim como Harvey. Milk suspeita que White seja um gay não assumido. Milk é o único do setor deles a ser convidado para o batismo do filho dele. Apesar de campanhas diferentes, eles planejam trabalharem juntos. Em 1978, White se irrita e pede demissão do cargo. Depois entra no prédio para assassinar o Prefeito e Milk.
Penn não transforma Milk em herói ou mártir, a história se encarrega disso por si mesma. Ele transforma o personagem em uma pessoa comum, o que o torna muito interessante. Brolin faz com seu White, mais ou menos o que fez com Bush. Muito eficiente também. Mas é claro que o show é de Penn. Seu personagem só quer melhorar o mundo. Van Sant poderia ganhar mais pontos se usasse mais de seus filmes experimentais, como Últimos Dias e Paranoid Park. Infelizmente sua direção aqui está mais para Gênio Indomável. O filme podia ter um pouco mais desse brilho inventivo que ele tem.

terça-feira, 6 de outubro de 2009

W.


NOTA: 7.
“História? Na história estaremos todos mortos!” Bush
Bush me fez muitas coisas. Me irritou. Me surpreendeu. Me fez ter raiva dele. Me fez até ter pena dele. Mas nunca imaginei que ele faria me divertir com ele. É isso que transforma a biografia de Oliver Stone sobre sua vida bem fascinante.
Isso porque quase posso entendê-lo. Não é culpa dele ter se tornado o presidente dos EUA, a culpa é inteiramente do povo que elegeu um incapaz como ele para o cargo de “Homem mais poderoso do planeta”. E a frase acima proferida por ele, mostra o qual ele é incapaz de responder uma simples pergunta se não tiver sido preparado para ela. A pergunta era bem simples: “Qual você acha que será seu papel na história?” A resposta é o tom do filme.
George Bush vive a sombra do irmão, Jeb. Sempre preterido e altamente criticado pelo pai. Nada do que ele faz é bom o suficiente, ou será que ele nunca realmente se esforçou em algum trabalho que realizou? É nessa área nebulosa que o filme de Stone se encaixa. O espectador deve decidir o que pensar sobre ele.
Stone não procura teorias malucas como em seus filmes mais conhecidos. Apenas fatos que parecem ter acompanhado a vida de Bush. E o filme é inteiramente sobre ele. Que bom então que Josh Brolin desaparece dentro de seu personagem. Acredito que os mais desavisados podem olhar para ele e acreditar se tratar de verdade do ex-presidente.
Se não procura teorias, mostra a verdade nua e crua. Como o do porquê de entrar em guerra contra Saddan Hussein. Todos sabem a verdade, e é melhor quando ouvida vindo do “próprio Bush”. O filme de Stone é um tiro certeiro nesse ponto. Um murro em qualquer um que tenha votado nele. Pior ainda quem votou duas vezes.
Para compor o resto do elenco, só nomes de peso que aumentam o poder do filme. Assim como Brolin, todos desaparecem dentro de seus personagens. A escolha do diretor, foi de que seus atores se parecessem fisicamente com suas contrapartes reais. O que chega a dar um tom documental a seu filme. Mais ou menos como Entreatos, que mostrava a eleição de Lula. Richard Dreyfuss (Dick Cheney) competindo com Brolin pelo melhor papel do filme, Toby Jones (Karl Rove), James Cromwell (Bush Pai), Thandie Newton (Condoleezza Rice) e Jeffrey Wright (Colin Powell). Todos perfeitos e fazendo o filme crescer muito.
Se Se Oliver Stone devia alguma coisa depois de seus últimos filmes, aqui ele paga com a energia que fez seu sucesso. E com juros.
W. Ano: 2008. Duração: 129 minutos. Com: Josh Brolin, Jeffrey Wright, Thandie Newton, Scott Glenn, Richard Dreyfuss, Bruce McGill e James Cromwell. Direção: Oliver Stone; Roteiro: Stanley Weiser; Música: Paul Cantelon; Fotografia: Phedon Papamichael; Edição: Alexis Chavez, Joe Hutshing e Julie Monroe.

segunda-feira, 5 de outubro de 2009

PROMESSAS DE UM CARA DE PAU


NOTA: 7.
Molly: “Você não pode. Está sob juramento.” Bud: “Foi no meio da noite. Isso não pode valer.”
Muitos já devem ter ouvido a frase “Um homem, um voto.” Esse filme leva a frase ao limite. Um homem, um voto. E o voto de Bud é que vai decidir o futuro presidente dos EUA.
Vamos a história.
Bud é um malandrão. Não quer nada com trabalho, está sempre bêbado e tem sua vida “controlada” por sua filha. Num daqueles muitos casos em que a criança é mais madura que o adulto. Ela inscreve Bud para votar para a eleição. Por um problema, seu voto não é computado. Com a contagem de votos, computa-se um empate entre os dois candidatos, e é o voto de Bud que vai decidir a eleição.
Bud não se incomoda de ser um motivo de piadas para os conhecidos. Há apenas uma pessoa que interessa para ele. Sua filha de 12 anos, Molly. Por sorte dele, Molly é o oposto dele. Altamente consciente do papel dos cidadãos para o país. Quando Bud percebe que sua vida causa embaraço para sua filha, ele percebe que está na hora de mudar.
Todos sabem que os candidatos ajustam suas campanhas de forma que eles acham que vão conseguir mais votos. Se a maioria acha que questões ecológicas contam, eles não vão mencionar. Fácil assim. Então o que acontece quando eles devem convencer apenas um homem? “Dizem que você nunca perdeu uma eleição. Que venderia sua mãe para ganhar.”, diz Molly ao acessor de um candidato. “Se você a conhecesse entenderia porquê.” é a resposta que ela recebe.
Toda a situação dos candidatos querendo receber o voto de Bud rendem situações hilárias. Cheio de promessas que todos sabem que não podem ser cumpridas. Claro que no final todos aprendem uma lição. Claro que Bud deve aprender a ser mais responsável. Que os “futuros-presidentes” devem manter sua integridade. Mas isso tudo faz parte do pacote.

domingo, 4 de outubro de 2009

UP - ALTAS AVENTURAS



NOTA: 9,5.
“Sabe, Carl? As pessoas vem aqui e todas têm ótimas histórias. Um sobrevivente fazendo um mapa. Uma botânica catalogando plantas. Um velho levando sua casa para as Cachoeiras do Paraíso. Esta é a melhor até agora. Mal posso esperar pra saber como termina.” Charles Muntz

Eu achava impossível o que a Pixar vinha fazendo. A cada novo filme, eles entregavam um produto melhor que seu antecessor. A trajetória veio seguindo até chegar a Wall-e, um dos melhores desenhos que já vi na minha vida. Se não o melhor. Quem disse que ele não podia ser superado estava certo.
Não que Up seja um filme ruim. Pelo contrário, é maravilhoso.
Up é um daqueles filmes maravilhosos de se assistir. Apesar da sua história fantástica, é difícil não acreditar no que estamos vendo. Boa parte por conta dos personagens que são tão reais quanto em qualquer outro filme que você possa assistir. Com seus problemas e temperamentos.
Por isso que quando Carl amarra os balões na sua casa e sai voando, não achamos que haja qualquer coisa de muito anormal ali. Porque acreditamos no personagem.
Carl começa no filme como um garoto. Seu ídolo é Charles Muntz, um explorador. Ele conhece e se aproxima de Ellie, que também deseja explorar. Ellie tem o sonho de ir para Venezuela: O Paraíso das Cachoeiras. E Carl promete a levar lá algum dia. Eles se casam e montam sua vida juntos. Nunca esquecendo da Venezuela. Mas o destino sempre prega uma peça e eles acabam nunca conseguindo realizar a viagem. Até que Ellie parte. Isso contado num prelúdio quase todo mudo e maravilhosamente feito.
Carl então vive sozinho. Recluso. Sua casa é a única que falta para realizarem uma grande construção. Um dia, ele perde a cabeça e agride um funcionário da empresa. Considerado uma ameaça, ele deve ir para um asilo. Coisa que não deseja. Por isso amarra os balões para levar a casa para o Paraíso das Cachoeiras, como Ellie queria. Junto com o intruso Russel, que deve ajudar um idoso em alguma coisa para poder ser promovido nos escoteiros.
O que acontece na jornada dos dois, você terá que descobrir vendo o filme. Tem um toque que lembra um pouco um filme de Indiana Jones, com mistérios na floresta e tudo o mais.
Ainda que não tenha o toque especial de Wall-e, nem sua mensagem política, a Pixar novamente emenda um novo sucesso para crianças tanto quanto para adultos. Eles nunca esquecem o principal que é contar uma boa história.

sábado, 3 de outubro de 2009

DEIXA ELA ENTRAR


NOTA: 10.
- É só que eu tenho 12 anos por muito tempo.

Confesso uma dificuldade em classificar esse filme. Pelo cartaz você o classifica como terror. O fato dessa menina ser uma vampira, também ajudaria a classificar da mesma forma. Porém, o filme vai muito além disso. Não é um filme assustador. Se a personagem não fosse uma vampira, teríamos um contundente filme sobre uma relação entre duas crianças de 12 anos. Cada qual com um problema.
Ele é Oskar, um garoto introvertido que sofre com as agressões do valentão da escola. Quando está sozinho, ele simula com sua faca o que gostaria de fazer com o outro garoto, mas não tem coragem. Ela é Eli, uma menina que acabou de se mudar para o apartamento logo ao lado do seu. E sim, ela é uma vampira. Ele não tem problema em aceitar o que ela é. Ele está naquela idade de descobertas. Quando tudo é novo. Ele tem que aceitar várias coisas, essa é apenas mais uma delas. Ambos são solitários e encontram apoio um no outro.
Ela vive com um homem mais velho, mas é difícil saber se há algum tipo de parentesco entre eles. Ela várias vezes o trata como um simples empregado. Ele sai durante a noite para trazer "alimento" para ela. Por alimento, entende-se matar uma pessoa e colocar seu sangue numa vasilha. É uma proteção para que ela não seja apanhada. Apesar das circunstâncias, ela é apenas uma criança.
Apesar de tudo que comentei até agora, não falei da metade do filme ainda. Isso é apenas a casca. A essência está na relação das pessoas. Entre Eli e o homem. Entre Oskar e seus pais (de ambos os lados, ele não parece ser uma pessoa extremamente querida). Entre Oskar e os valentões. E principalmente entre Oskar e Eli.
Não é apenas uma história de vampiros. É uma história da relação de duas crianças solitárias. Das dificuldades de crescer e achar seu lugar no mundo. De entender e de ser entendido. E ás vezes isso só acontece por uma pessoa da sua idade que te compreenda. Seja ela vampira ou não. Uma pena que mais uma vez, um bom filme como esse só tenha exibição nas telas de São Paulo.

sexta-feira, 2 de outubro de 2009

FOI APENAS UM SONHO



NOTA: 8,5.
“Me diga a verdade, Frank. Lembra disso? Costumávamos viver por ela. E você sabe o que é tão bom sobre a verdade? Todos a conhecem não importa quanto tempo vivem sem ela. Ninguém esquece a verdade, Frank. Só ficam melhores em contar mentiras.” April Wheeler
Primeiro o diretor Sam Mendes desconstruiu o “sonho Americano” moderno com seu filme de estréia: Beleza Americana. Agora volta as lentes para o sonho americano na década de 1950, logo após a Segunda Grande Guerra.
Aqui vemos que para certas pessoas, o sonho estava mais para pesadelo. Sem exageros. Um jovem casal cheio de sonhos sobre a vida futura se conhecem numa festa. Eles parecem perfeitos um para o outro. Tempos depois, eles se casam e se mudam para o subúrbio, onde têm uma casa, dois filhos e um emprego na cidade que ele odeia.
A excitação do relacionamento entre os dois passa. A realização dos sonhos também. Afinal, nenhum dos dois tem sonhos concretos para realizar. É quando April tem uma idéia. Eles se mudam para Paris, onde Frank disse ser o único lugar que ele tinha vontade de morar fora dos EUA, ela trabalha enquanto ele tira um tempo para descobrir o que realmente quer fazer da vida.
Parece fácil, mas lembre-se que estamos na década de 1950. Como um homem pode suportar ser sustentado pela mulher? Apesar disso, ele aceita. Eles começam seus preparativos para a viagem. É quando Frank recebe uma proposta de promoção na empresa. Daquelas que aparecem para poucos. Ao mesmo tempo, April está grávida de novo. Ele não têm escolha, certo? É quando vemos que April é guiada pelas suas próprias ambições. Ela quer mais do que tem. Enquanto Frank está satisfeito em ter o que já tem.
Para piorar, eles recebem para jantar o filho de uma amiga que acabou de sair de um sanatório. Mas ele não parece louco. A menos que loucura seja dizer a verdade. Vai ver que naquela época era. É só o que ele faz. Dizer a verdade com palavras cruéis. Se a verdade por si só já machuca...
Ao contrário de Titanic, DiCaprio e Winslet entregam papéis reais e devastadores aqui. A perfomance dos dois eleva o filme a um outro patamar. Eles são os Wheelers, como todos dizem no filme. Não astros, mas pessoas de verdade. Um crítico escreveu: “As pessoas reclamam que seus pais não as entendem. E se eles não entendiam a si mesmos?” É mais ou menos o resumo do que é esse filme.

quinta-feira, 1 de outubro de 2009

CONDUTA DE RISCO


NOTA: 9.
“Eu não sou o cara que você mata. Eu sou o cara que você compra. Está tão cega que não vê o que sou? Eu vendi Arthur por 80 mil. Eu sou a parte mais fácil do seu problema e vai me matar?” Michael Clayton
Eu acredito que uma pessoa como Michael Clayton realmente exista. Numa grande empresa, é fácil imaginar que existem aqueles que fazem besteira e aquele cara especializado em consertar essas besteiras. De forma realista ele diz o que as pessoas podem fazer e o que deve acontecer. Quando indagado sobre o milagre que deveria realizar, ele responde: “Eu não sou um milagreiro. Sou um faxineiro.”
Clayton parece exatamente como deve parecer. Ternos finos, cabelo sempre arrumado e barba bem feita. Bem conservador. Dirige um Mercedes. É divorciado e leva seu filho de manhã para o colégio. Aparentemente não há nada de errado com ele. Não fosse uma dívida de U$ 75 mil por conta de um restaurante que não deu certo. Culpa do irmão, parece. Clayton provavelmente teria esse dinheiro guardado se não fosse um viciado em jogo.
O chefe da companhia é Marty Bach. Um de seus grandes sócios, Arthur Edens (Wilkinson, sempre impecável), tem um surto e durante uma audiência, fica completamente nu no tribunal declarando seu amor por uma mulher.
Mais um caso que Clayton deve resolver. Porém dessa vez, é mais pessoal. Arthur é um amigo dele. Clayton se envolve pessoalmente tentando acorbertar a loucura dele. Assim começa o filme, com Arthur se justificando. De alguma forma, ele quer que Clayton o entenda.
Porém o vídeo cai muito mal para a empresa que Karen Crowder (Tilda Swinton) representa. Sua empresa é que está sendo acusada de envenenar uma cidadezinha. A empresa é uma das melhores clientes da companhia. O vídeo de Arthur só piora a situação. Ao invés de ele estar defendendo a empresa, suas declarações são de que a empresa realmente é culpada. O processo é de bilhões, eles pagam milhões para a companhia defendê-los. Não tem como cair bem.
Mas o filme não tenta passar uma mensagem. Não há algo do gênero: “Sabemos que está errado então vamos mudar” ou “Poluir é errado”. Nada disso. O nome do filme diz sobre o que é o filme. E ele está interessado em salvar seu próprio pescoço. Ele se vende para conseguir os U$ 75.000 que ele deve.
E o elenco é extremamente bem escalado para contar a história. Clooney está sempre ótimo. Dessa vez ele fica cara a cara com pesos pesados como Sidney Pollack, Tom Wilkinson e Tilda Swinton. Retire um desses elementos e o filme perderia sua força. Por sorte, todos estão lá.
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