quinta-feira, 30 de junho de 2011

COMO ERA VERDE MEU VALE - HOW GREEN WAS MY VALLEY



NOTA: 8.
- Memória. Estranho como a mente pode esquecer o que se passou há pouco, e ainda assim guardar claramente na memória o que aconteceu anos atrás.

O ano de 1941 foi o do lançamento de Cidadão Kane, a obra-prima de Orson Welles que contava a história do milionário Kane claramente inspirado no barão dos jornais William Randolph Hearst, que ainda muito poderoso fez enorme pressão para que o filme não fosse lançado e depois que não fosse premiado. O filme escolhido para "abafar" Kane, foi este filme do mestre John Ford produzido pelo lendário Darryl F. Zanuck, ambos muito talentosos para fazer filmes mas que neste em particular ficaram muito aquém dos feitos que o filme de Welles conseguiu.
Uma coisa devo dizer a favor do filme, poucas vezes uma obra tão bonita que retrata a alma de uma pequena cidade cujo o povo é honesto e simples teve tanto espaço nas telas. Caráter e dignidade são características cada vez menos requisitadas nos filmes, mas aqui é tudo que precisamos para ficarmos vidrados com a história filmado num visual que, mesmo em preto e branco, é arrebatador.
A família que acompanhamos no filme são os Morgans, um clã de mineradores. Os acompanhamos através dos olhos de Huw, o caçula, o único jovem o suficiente para trabalhar mas que acompanha toda a saga da família. Também é ele quem narra o filme já adulto, lembrando com carinho dos tempos de sua infância até se tornar um homem. Dos seus bravos irmãos, sua mãe que amava a todos com todo o seu coração e de sua irmã que trocou uma vida rica por amor ao pastor da cidade que também servia de mentor intelectual de Huw.
Mesmo sendo um filme memorável e bonito, não é perfeito. Mesmo para época. Talvez fosse melhor terem escolhido O falcão maltês para melhor filme. Não consigo me identificar plenamente com as pessoas da cidade. Apesar de sempre acompanharmos o cotidiano deles, sempre fica um certo afastamento, uma distância. Mesmo momentos que poderiam evocar uma maior proximidade, e maior emoção, passam pela tela sem causar muito efeito. Como a cena em que Huw salva a mãe depois de caírem em um rio congelado, e mesmo o desabamento da mina parece mais uma forma de terminar o filme do que realmente ter uma cena de real dramaticidade e emoção.
Sua premiação pode ter a ver também com o tema, que sempre agradou a academia. É justo também dizer que esse não é o pior filme que já foi agraciado pela academia, apesar de não ter nada de especial ou memorável durante sua projeção. Ficou um pouco datado com o passar dos anos, mas ainda pode ser visto pelos saudosistas que estão sempre olhando para trás lembrando de como os bons e velhos tempos eram bons mesmo, mas será que eram realmente bons? Olhando para aquela época, fica a impressão de um filme que "roubou" pelo menos 5 Oscars de Cidadão Kane (este acabou levando somente por roteiro).

quarta-feira, 29 de junho de 2011

SHREK PARA SEMPRE - SHREK FOREVER AFTER


NOTA: 5.
- Eu sempre achei que tinha te resgatado do dragão, e na verdade foi você que me resgatou.

Desde o primeiro filme, Shrek (Mike Meyers) vinha sendo "domesticado" pouco a pouco. Se distanciando cada vez mais daquele ogro que colocava medo nas pessoas que acabavam tentando caçá-lo com ancinhos e tochas. Neste quarto e (supostamente) último filme da franquia, ele já não assusta mais ninguém, o caminho da sua casa virou parte de uma rota turística e seus "fãs" pedem para que ele rugir (sua marca registrada). Além disso, ele está sempre ocupado por causa do casamento e dos filhos.
É já aí que o filme vai mostrando sua falta de originalidade. No velho estilo "você só dá valor ao que tem quando perde", Shrek faz um acordo para voltar a ser o ogro que era, como no início do primeiro filme. O acordo, feito com Rumpelstiltskin (Walt Dohrn), faz com que ele troque esse dia por um dia de sua infância. O dia escolhido é o do seu nascimento, e tal qual George Bailey (personagem do filme Felicidade não se compra), Shrek fica preso num mundo alternativo onde ele nunca nasceu.
Para sua sorte, Rumpelstiltskin não é tão inteligente quanto parece se proclamar e seu contrato tem uma cláusula que pode invalidar tudo: o beijo do amor verdadeiro (coisa já usada mais de uma vez só nessa franquia). Para isso, ele se junta ao Burro (Eddie Murphy) para encontrar Fiona (Cameron Diaz), que virou uma líder rebelde do ogros e tem um Gato de Botas (Antonio Banderas) domesticado que ficou obeso por causa da vida mansa. Como neste mundo Shrek nunca nasceu, nenhum deles se recorda de um dia tê-lo encontrado antes, o que dificulta o beijo romântico já que Fiona está ocupada demais para besteiras românticas.
Não apenas o filme repete piadas dos outros filmes da franquia, como repete as piadas dele mesmo. O garoto com voz esganiçada que pede insistentemente que ele "faça o rugido", repete o pedido pelo menos umas 5 vezes. Já a quantidade de vezes que Rumpelstiltskin troca de perucas eu perdi a conta. O próprio Shrek já não tem mais a mesma graça e parece mesmo ficar relegado a rugir para as pessoas. Como se isso fosse engraçado. O filme só ganha um pouco de graça com a entrada do Gato de Botas (que ganhará um filme próprio ainda esse ano), mas mesmo ele é mal aproveitado e seu olhar de pobre coitado já deu o que tinha que dar.
Eu entendo como Shrek pode ficar entediado com a sua vida. Entendo porque a vida dele neste quarto filme me entediou também. A animação é até bonita, mas não empolga. As cenas de ação não decolam e chegam a ser desnecessárias. Mesmo crianças pequenas verão esse filme com um gostinho de "já vi isso antes". E pior ainda, já vi melhor. Se este é realmente o último filme da franquia, não terminou com um final feliz.

terça-feira, 28 de junho de 2011

BLOW-UP - DEPOIS DAQUELE BEIJO


NOTA: 10.
- O que você está fazendo? Pare. Me dê essas fotos. Você não pode tirar foto das pessoas assim.
- Quem disse que não posso? Só estou fazendo meu trabalho. Alguns são toureiros, outras são políticos. Eu sou um fotógrafo.

Consigo lembrar de poucos filmes que tenham fotógrafos como protagonistas, e nenhum dos filmes que me veio à memória chega perto de ser tão bom quanto esta obra-prima de Antonioni. Não que a profissão não possa ser interessante, mas sim que provavelmente não é bem explorada o suficiente para ter filmes realmente interessantes como esse.
Thomas (David Hemmings) é um sensual fotógrafo de moda muito requisitado com um corte de cabelo que me lembra dos Beatles, um carro conversível (provavelmente para estar sempre atento ao mundo à sua volta) e mulheres que ficam na sua porta esperando poderem serem fotografadas por ele. Quem sabe até mesmo dormir com ele. Tudo no mundo dele parece ser tão fútil e efêmero quanto a moda que fotografa, exceto sua relação com a vizinha que vive com um pintor. Parece haver algo mais na relação dos dois, mas ela não está disponível para ele.
Para ter fotografias para um livro que pretende lançar, ele passeia pelo parque tirando fotos quando percebe um casal ao longe. Eles estão brigando, flertando ou qualquer outra coisa que é difícil de precisar. Quando percebe que está sendo fotografada, a mulher corre em sua direção desesperada. Ela simplesmente não quer aquelas fotos, ela precisa delas. E mesmo quando ele recusa, ela o segue e vai até seu estúdio para conseguir o filme da câmera. Ela até mesmo tenta o seduzir e ele acaba a mandando embora com o filme errado. Quando ele revela o filme correto, percebe que pode ter fotografado um assassinato.
Ele analisa cuidadosamente cada foto. Amplia e observa. Faz uma pausa. Se envolve sexualmente com duas mulheres que estão na sua porta o dia inteiro, quase. Volta e observa as fotos novamente. A mulher na foto está olhando para os arbustos. Agora ele amplia a foto para observar os arbustos e percebe no meio do granulado da foto ampliada o que pode ser um corpo no chão. Ele volta até o parque e percebe que realmente há um corpo lá. E aqui jaz a questão: Ele realmente presenciou o assassinato? Será que pode ser uma coincidência o corpo estar ali e ela apenas queria as fotos pelo fato de estar tendo um caso?
A verdade é que nada disso importa. O filme não é sobre um assassinato. O filme não é sobre um possível caso de seja lá quem for a mulher. O filme é sobre Thomas e a visão que ele tem das coisas. Ele não alerta as autoridades do corpo, ele entra em contato com seu agente para dizer que pode ter fotografado um assassinato. É como se sua maior preocupação fosse suas fotos, sua visão e não o crime. E quando tudo é tirado dele, sua felicidade se esvai. Terminando de maneira melancólica na famosa cena em que assiste uma partida de tênis sendo jogada por mímicos sem bola. 

segunda-feira, 27 de junho de 2011

HITCHCOCK TRUFFAUT 07: CHAMPAGNE (1928)

Para ler o que já saiu de Hitchcock Truffaut, clique aqui.


NOTA: 4.
- Você parece esquecer uma coisa chamada orgulho.

Das página do livro:
Hitchcock: O que filmei depois de A mulher do fazendeiro?
Truffaut: Foi Champagne.
Hitchcock: Isso é provavelmente o que há de pior na minha produção.
Truffaut ainda tenta argumentar que o considera injusto, já que considera um filme muito vivo que lembra os filmes de comédia de Griffith, mas a verdade é que este é, até agora, o filme que menos me interessou da filmografia de Hitchcock. Não há uma história que consiga me prender pelos seus (longos) 85 minutos de projeção.
O filme conta a história de uma mulher rica e mimada (assunto que sempre me interessa pouquíssimo em filmes) que fica chateada por seu pai não aceitar sua relação com um jovem a quem ama e foge de casa em um avião para encontrá-lo em um cruzeiro. Chegando lá, também desperta o interesse de um outro homem que desperta ciúmes de seu amado.
Quando chega à Paris e está dando uma festa, seu pai aparece para lhe informar que estão falidos. A garota deve então começar a fazer trabalhos manuais em casa e também começa a trabalhar em um cabaré, onde deve fazer com que seus clientes peçam champanhe, bebida pela qual justamente seu pai fez sua riqueza. Acontece que o seu pai não estava falido, apenas inventou a história para lhe ensinar uma lição e o homem que se interessou por ela era apenas um detetive particular.
O que há de melhor no filme são as gags que o diretor acrescenta ao filme, assim como já aconteceu em filmes anteriores. Uma em especial me chamou atenção e o Hitchcock também considera muito boa. É um bêbado que sempre anda cambaleando de um lado para o outro dentro do barco. Um dia, quando o barco está balançando muito, todo mundo anda cambaleando por causa do barco enquanto o bêbado anda em linha reta. Bem divertido, mas é só.
Difícil dizer se o filme foi um mero exercício para o diretor ou coisa do gênero. A única coisa que consigo perceber que aparecerá em seus futuros filmes, é a imagem da mulher rica e entediada que procura emoções, como acontece em Ladrão de casaca, ou mesmo da mulher rica metida em uma situação extraordinária como Os pássaros.

quinta-feira, 23 de junho de 2011

O TURISTA - THE TOURIST


NOTA: 3.
- É exatamente por isso que ela o escolheu. Para nos distrair.

Não é incomum assistir a filmes que misturem gêneros diferentes, e este é um desses casos. É uma mistura de comédia romântica com suspense e uma pitada de filmes de espiões. Esses ingredientes filmados da maneira certa podem render filmes que sejam ao menos divertidos. Seja qual for essa maneira certa de fazer, o diretor Florian Henckel Von Donnersmarck (do ótimo A vida dos outros)  não a encontra em momento algum do filme. A situação piora se considerarmos que ele escolheu lindas locações em Veneza e Paris.
Elise (Angelina Jolie) é uma misteriosa mulher que está em um café em Paris sendo vigiada por agentes secretos quando recebe um bilhete dizendo para entrar em um trem e fingir que ela conhece essa pessoa. Como vamos descobrir mais tarde, o autor do bilhete é um fugitivo que fez uma operação plástica para ficar irreconhecível e que é procurado tanto por esses agentes quanto pela máfia de quem roubou muito dinheiro. Até mesmo me pergunto se é tão fácil assim roubar da máfia, já que há sempre alguém em algum filme que já o fez.
O escolhido no trem é o professor de matemática Frank Tupelo (Johnny Depp). Ele é um homem pouco atrapalhado que se encontra metido em uma encrenca além do seu controle mas que mesmo assim está disposto a fazer de tudo para ajudar essa mulher que o meteu na maior confusão de sua vida. O interesse em ajudá-la, vem de uma paixão incontrolável que um começa a sentir pelo outro, mas essa paixão surge apenas do fato de serem os protagonistas do filme. Não há uma cena que possamos ver o surgimento dessa paixão, não há química entre os dois e não há dinamismo nas cenas.
Jolie interpreta sua personagem de maneira correta, mas sem muito brilho. Ela é uma mulher capaz de enganar todos os agentes que a estão seguindo, passar por uma estação de metrô lotada e ainda não amassar o seu vestido ou mesmo despentear o cabelo. A decepção fica por conta de Johnny Depp, que interpreta de maneira séria demais e totalmente fora do tom do filme. Pior ainda se considerarmos que o elenco secundário é composto de bons nomes e todos atuando de forma ótima, como Paul Bettany, por exemplo, que acaba se tornando o melhor personagem do filme.
Mesmo com tanto talento por trás das câmeras, o filme não consegue decolar em momento algum. Nem mesmo em seu desfecho com a já tradicional surpresa que faz com que o filme todo perca seu propósito. O diretor é um vencedor do Oscar de melhor filme em língua estrangeira. Os roteiristas também são dois vencedores da academia, um pelo roteiro de Os suspeitos e outra pelo roteiro de Assassinato em Gosford Park, baseado em um filme francês de sucesso. E mesmo com tudo isso, falta dinâmica nas cenas, mais senso de humor e diálogos que prendam a platéia. Falta diversão, o que é mais importante em um filme como esse.

quarta-feira, 22 de junho de 2011

X-MEN: PRIMEIRA CLASSE - X-MEN: FIRST CLASS


NOTA: 7.
- Amanhã a humanidade vai saber que os mutantes existem. Eles vão nos temer, e esse medo vai se transformar em ódio.

Depois de meter os pés pelas mãos ao produzir a terceira parte da saga mutante, os produtores se viram tendo que recriar a franquia que havia perdido (grande) parte da adoração do público e das críticas. Ao invés de realizar um reboot, resolveram por fazer um prequel e mostrar como começou a primeira turma comandada pelo professor Xavier. Apesar de não ser excelente, o filme consegue mostrar que a franquia ainda pode render outros filmes de sucesso.
Começamos em um campo de concentração nazista onde um jovem Erik Lehnsherr aprende da pior maneira que tem o dom de controlar metais, mas somente quando está com ódio. Ele cresce para se tornar no Magneto (Michael Fassbender) que já vimos nos três filmes anteriores interpretado por Ian McKellen. Talento não está faltando em nenhuma fase do personagem.
Já adulto, ele vai atrás das pessoas responsáveis pelo seu infortúnio, inclusive o chefe do campo de concentração e que ele pensava ser alemão, mas que é na verdade Sebastian Shaw (Kevin Bacon), chefe de um grupo mutante maligno conhecido como Clube do Inferno. Quando encontra Shaw, ele conhece o também mutante Charles Xavier, que está ajudando o governo em assuntos mutantes.
Os dois unem força para derrotarem Shaw. Xavier quer que os humanos vejam que nem todo mutante é maligno, Erik quer vingança. Assim como Shaw tem outros mutantes lutando ao seu lado, os dois também resolvem montar sua própria equipe. Tudo isso com a ajuda de uma agente da CIA, Moira McTaggert (Rose Byrne) e um chefe da companhia que não lembro de ser chamado por qualquer nome e que é interpretado por Oliver Platt. 
O pano de fundo da trama é a crise que houve entre EUA e a então URSS envolvendo mísseis nucleares. O evento que realmente ocorreu levanta uma questão interessante: será que super-heróis podem existir no mundo real? Infelizmente a resposta não é tão animadora assim. Pra começar, o clima de guerra entre as duas potências á causada unicamente por Shaw que consegue convencer apenas um general de cada lado a entrarem em guerra. Somente uma pessoa de cada lado é o suficiente para levar os países a entrarem em uma  guerra nuclear. Além disso, no final, há uma cena envolvendo centenas de mísseis que vão e voltam que beira o ridículo. E ainda pior, não há surpresa nenhuma já que o final é conhecido historicamente.
O filme é um competente filme de entretenimento, com boas cenas de ação e bons efeitos especiais (apesar do Fera parecer um bicho de pelúcia mal feito), além de ter um elenco de primeira dando autenticidade aos personagens, em especial a dupla de protagonistas mutantes. O diretor Matthew Vaughn (de Kick-ass) pelo menos nos poupa de ver uma criança sendo espancada até quase a morte. A volta de Bryan Synger como produtor garante que o filme volte aos eixos, mas ainda assim falta ao filme uma cena que seja memorável ou mesmo algumas boas piadas para maior diversão.

terça-feira, 21 de junho de 2011

MEGAMENTE


NOTA: 8.
- Todos devem escolher entre dois caminhos. O bom é o caminho da honra, heroísmo e nobreza. O mal... Bem, é mais legal.

Um desenho animado que mostra um vilão como o personagem principal não é exatamente uma novidade. Há pouco tempo, por exemplo, tivemos o também bom Meu malvado favorito onde o personagem principal tinha que enfrentar um outro vilão para obter supremacia. Aqui reside a diferença entre os dois, já que neste temos um supervilão enfrentando um super-herói. No melhor molde das histórias do super-homem.
E ainda nos moldes do homem de aço, acompanhamos como Megamente (Will Ferrell) é lançado em um foguete espacial pelos seus pais para ser salvo de um planeta distante. Junto com ele, é lançado um segundo foguete com o menino de ouro Metro Man (Brad Pitt), e uma colisão entre os dois faz com que Metro Man caia numa bela casa com pais amorosos e ricos enquanto Megamente seja criado na cadeia em meio aos bandidos da pior espécie. Já que Metro é o adorado por todos, o herói, cabe a Megamente ser o vilão da história.
Como não poderia faltar, há a repórter Rosane Rocha (Tina Fey), que tem nome e sobrenome começando com a mesma letra tal qual Lois Lane, que é usada pelo vilão para atrair o herói para atraí-lo para mais uma de suas ciladas que sempre falham. Tanto é que em momento algum sequer se apavora e não grita nem mesmo quando lhe é pedido. Com ela está sempre o câmera (último elemento para a cópia ficar mais fiel) Hal (Jonah Hill).
Sabemos que seus planos sempre falham porque o vemos na cadeia e porque assim nos é dito, mas o plano do vilão dá certo e ele finalmente consegue se livrar de Metro Man e se diverte bastante com isso enquanto vai modelando a cidade da maneira que quiser. Não há ninguém agora que o possa deter, e isso o entedia. Só havia motivo para ele ser um vilão se houvesse um herói, por isso, para dar novamente sentido a sua vida, ele resolve clonar os poderes de Metro Man e implantar em outra pessoa para criar um novo herói. O escolhido acaba sendo Hal que se torna Titan, que gradualmente vai se transformando em um vilão ainda pior do que ele. E cabe a Megamente detê-lo, mas será que ele pode se dar melhor como herói do que como vilão?
O fato é que não é muito difícil torcer por Megamente. Ele foi vítima de bullying por toda sua vida desde a infância. A única maneira de ir contra aquilo era ser o oposto de seu agressor. Ele não é mau, é confuso, mas que garante diversão para toda a família (incluindo os grandinhos). Apesar de parecer uma cópia descarada não só de Super-homem entre outros desenhos, ele consegue ir longe ainda por conta de boas sacadas e   bons diálogos. Em especial, pela diversão que todos os atores parecem ter com seus personagens. Pode não ser original, mas tem seus méritos.

segunda-feira, 20 de junho de 2011

HITCHCOCK TRUFFAUT 06: A MULHER DO FAZENDEIRO - THE FARMER'S WIFE (1928)

Para ler o que já saiu de Hitchcock Truffaut, clique aqui.


NOTA: 5,5.
- Todo o poder do sexo feminino me sufocou. Elas tiraram o meu amor-próprio.

Mais uma adaptação de uma peça que o próprio diretor confessa ter sido demasiadamente apresentada e reapresentada nos palcos londrinos. Tanto é que não considera um bom filme e que a única dificuldade que teve foi evitar o grande uso de cartelas no filme. Apesar disso, Truffaut declara que foi este filme que o fez se decidir por fazer cinema.
O filme mostra o viúvo fazendeiro Sweetland que está casando sua filha. Com a saída dela da casa, o homem começa a sentir sozinho e acredita que pode ser a hora de pensar novamente em se casar. Com a ajuda de sua empregada, Araminta, ele chega a uma lista de mulheres que habitam por lá que podem ser bons partidos para o casamento. Uma lista de quatro mulheres que ele acredita possuir as melhores qualidades para ser sua futura esposa.
Então, uma a uma ele vai visitando e perguntando se querem casar-se com ele. E uma a uma o fazendeiro vai sendo rejeitado pelas mulheres. Uma diz que é independente demais, outra diz que está procurando alguém mais novo e por aí vai. Pouco a pouco elas vão tirando o pouco da dignidade que resta ao pobre homem, que não é tão pobre assim, já que se sujeita a perguntar para mulheres com quem tem pouco convívio se querem se casar com ele. Talvez ele não devesse ser tão desesperado assim.
Para piorar a situação dele, todas as mulheres da lista são feias, até que percebe que ao seu lado sempre esteve uma mulher bonita e que sempre cuidou e se importou com ele, a emprega Araminta. Dessa vez, ela aceita seu pedido e acaba com o sofrimento dele.
A peça era uma comédia e o filme tenta ser a mesma coisa, mas o fato é que ele envelheceu bastante e o humor é quase inexistente no filme hoje em dia. Tanto é, que as melhores cenas do filme são cenas que não existem na peça, com algumas boas gags e muita dinâmica. Pena que o mesmo não acontece durante todo o filme.
Truffaut observa bem uma tendência do diretor de filmar a ação, coisa que aperfeiçoaria quando se concentrasse nos filmes de suspense. Segundo ele diz, se o filme fosse em um palco, a câmera não estaria no lugar da platéia, mas sim dos bastidores. No centro da ação onde tudo acontece, mesmo em uma história que não tem muita ação.
Mais interessante, é que Hitchcock confessa que seu diretor de fotografia adoeceu e ele mesmo teve que se encarregar da fotografia do filme. Muito inseguro, ele mandava revelar o filme logo após a cena ter sido filmada para ter certeza que o resultado estava bom. Talvez isso que tenha contribuído para não ser um grande filme do diretor, essa preocupação extra. Talvez por isso que posteriormente ele tenha sempre se preocupado em se cercar de ótimos fotógrafos.

quinta-feira, 16 de junho de 2011

UMA SECRETÁRIA DE FUTURO


NOTA: 9.
- Eu estou tentando melhorar a minha vida. Não vou passar o resto da minha vida ralando pra chegar em lugar nenhum porque eu segui regras que não criei, tá bom?

A caminhada para o sucesso é uma estrada árdua, principalmente se você não tem as mesmas vantagens que outras pessoas tiveram. Tess McGill (Melanie Griffith) teve que trabalhar como secretária durante o dia para poder estudar durante a noite, que chances ela pode ter contra pessoas que tiveram estudos em grandes universidades? Claro que não muitos, já que as pessoas primeiro se preocupam pela qualidade do currículo. Então o que ela realmente precisa é uma brecha para mostrar o que ela realmente pode fazer, mas como conseguir essa brecha?
Passamos a primeira meia hora entendendo o universo em que Tess vive: uma casa humilde no subúrbio, uma amiga (Joan Cusack) que realmente gosta e que se preocupa com ela (mesma que a preocupação não venha em forma de incentivo) e um namorado machista que não lhe dá um único presente que ela possa usar fora de casa e que agradam mais a ele. Seu chefe lhe arranja uma entrevista em que o empregador não tem uma vaga de verdade, só quer dormir com ela.
Até que ela acha que encontrou sua brecha, o que na verdade é seu erro. Ela conhece sua nova chefe, Katherine Parker (Sigourney Weaver), uma mulher que tem sua idade mas que é totalmente diferente na maneira de se vestir, de cortar o cabelo, postura e até mesmo na forma de falar. Essa é uma mulher em quem Tess tem que se espelhar se quiser ter sucesso e ela confia em Parker a ponto de lhe oferecer uma ideia para um grande negócio.
Parker sai para esquiar mas acaba quebrando a perna e não poderá voltar em menos de algumas semanas, cabe a Tess cuidar da sua casa. E é assim que Tess descobre que Parker roubou sua ideia e pretende usar como se fosse sua. É aí que Tess decide usar os contatos de Parker antes que esta se recupere. Esta pode ser sua brecha real, e para isso ela se junta a Jack Trainer (Harrison Ford) para conseguir fechar o negócio.
Assim como A primeira noite de um homem (outro filme do diretor Mike Nichols) era de Dustin Hoffman, este filme é de Griffith. Ela cai muito bem no papel da secretária que quer se tornar uma mulher de negócios. Ela consegue misturar esperteza e sensualidade, e ainda começar com sua voz de boneca de um jeito e passar para outro mais maduro. O filme funciona porque ela funciona. Talvez esse seja o ponto alto da carreira da atriz, que foi indicada pelo papel principal. O filme ainda teve Weaver e Cusack indicadas pelos papéis secundários. Detalhe é que Weaver ainda foi indicada pelo papel principal em outro filme.
É um delicioso conto de fadas moderno que não precisa de um príncipe encantado. Tem o clima de conto de fadas. Ela até mesmo usa as roupas da sua chefe e acabamos ignorando que as duas não tem o mesmo tamanho. Até há um interesse romântico entre Trainer e Tess, mas o filme não é sobre isso. É sobre essa mulher tentando vencer os desafios para atingir os objetivos. 

quarta-feira, 15 de junho de 2011

POLTERGEIST - O FENÔMENO


NOTA: 7.
- Ele mente para ela. Diz coisas que somente uma criança pode entender. Para ela é apenas outra criança. Para nós é a Besta.

Lançado em 1982, este filme é uma produção (e história) de Steven Spielberg, que no mesmo ano dirigiu o maravilhoso E.T. - O extraterrestre. Dizem que na verdade ele dirigiu esses dois filmes, mas como estava preso por contrato com o filme do alienígena, não poderia ter seu nome atrelado à direção de outro filme e por isso teria usado o nome de Tobe Hooper (Massacre da serra elétrica). A verdade é que para mim, o filme parece um misto dos dois, nem tão fantasioso nem tão violento. Um meio termo bem agradável
Acompanhamos por um tempo uma típica família feliz do subúrbio, coisa que Spielberg sabe trabalhar bem nos seus filmes. São os Freeling, casal com três filhos. Depois de um tempo, algumas coisas estranhas começam a acontecer, objetos que se movem, cadeiras que vão de um ponto a outro da casa e por aí vai, assim como a menina mais nova que começa a se comunicar com as pessoas da TV. A mãe, que passa mais tempo em casa, acha que ela está falando dos programas e seriados que passam e até fica excitada pelo fato de coisas sobrenaturais acontecerem em sua casa. Por um tempo.
O problema é que não fica somente nisso. As manifestações começam a ficar mais violentas, a piscina toma vida própria, a árvore tenta engolir pessoas e a menina acaba se juntando às pessoas da TV em algum outro plano de existência. Tudo pode parecer meio ridículo falando, mas passamos mais de uma hora acompanhando essa família até que essa loucura toda comece a realmente acontecer e acabamos nos importando com eles, não importa quão ridícula as situações pareçam. Agora, eles terão que contar com a ajuda de peritos no sobrenatural para terem a filha de volta.
Na época de seu lançamento, o filme contava com o que havia de melhor em efeitos especiais que impressionavam muito a platéia. Hoje, os efeitos estão bem datados e não impressionam mais ninguém, mas o filme não é feito apenas disso. É também um suspense que prende a atenção. Assim como os efeitos de Os caçadores da arca perdida também estão datados e o filme continua sendo uma pérola. É uma habilidade que Spielberg tem usar efeitos de ponta e ainda assim concentrar o filme em uma história que seja interessante.
Engraçado é que este filme perdeu o Oscar de efeitos para o próprio Spielberg e a saga do alienígena que fica perdido na terra. Hoje, alguns filmes lidaram com o sobrenatural e os mortos com mais eficiência, como os bons Os outros e O orfanato por exemplo, mas não apaga o fato desse ainda ser um filme interessante mesmo com o passar do tempo. Talvez seja nostalgia de quem morreu de medo desse filme nos 1980 e que as platéias mais novas vão achar ruim. Quem irá dizer ao certo?

OBS: Tragédias acompanharam a história desse filme. A atriz que interpreta a filha mais velha, Dominique Dunne, foi estrangulada pelo namorado e teve morte cerebral no mesmo ano do lançamento do filme. Já Heather O'Rourke, que interpreta a mais nova, morreu de parada cardíaca com apenas 12 anos no mesmo ano em que seria lançada a segunda continuação deste filme. Dizem que ela estava doente durante toda a produção no ano anterior mas nunca reclamou. RIP.
OBS2: A fala do filme, "They're here!" foi eleita como a #69 de uma lista de 100 das melhores falas da história do cinema.

terça-feira, 14 de junho de 2011

O EXPRESSO DA MEIA-NOITE


NOTA: 10.
- O que é um crime? O que é punição? Parece variar de um tempo para o outro, de um lugar para o outro. O que é legal hoje se torna ilegal amanhã porque a sociedade assim determina, e o que era ilegal ontem se torna legal hoje porque todo mundo está fazendo e não dá para prender todo mundo. Eu não estou dizendo que está certo ou errado, só estou dizendo que é assim que funciona. 

Lançado no final dos anos 1970, este filme de Alan Parker é, provavelmente, o filme mais perturbador sobre uma prisão de um país de terceiro mundo. Ou de qualquer outro país que já tenha sido retratado nos cinemas. É brutal, impressionante e que não perdeu nada da sua força com o passar das décadas. Também é muito polêmico, sendo ovacionado no festival de Cannes enquanto era extremamente criticado pelos turcos que taxaram o filme de xenófobo e baniram do país pela forma como foram retratados. Parker diria depois, que somente quis evitar os clichés de ter bons e maus em um mesmo lugar. 
O filme é baseado na história de Billy Hayes (Brad Davis), em uma sequência inicial impressionante onde é preso no aeroporto turco quando tentava sair do país com dois quilos de erva preso à sua barriga. A verdade é que ele não fazia ideia da besteira que estava fazendo, para servir de exemplo é condenado e posto em uma prisão horrível, onde mesmo depois de cumprir mais de três anos da sua sentença, tem sua pena aumentada em mais trinta anos. Um exemplo e tanto.
O nome do filme é uma alusão ao apelido dado pelos prisioneiros sobre a fuga da prisão. Durante todo o filme, só o que vemos é Hayes ser torturado, massacrado e até mesmo estuprado pelos guardas da prisão. Depois que um grupo que tenta fugir é entregue por um outro prisioneiro, ele morde e arranca a língua dele. Para piorar ainda mais sua situação, é posto em algo que deveria ser um manicômio. O que acompanhamos por todo o filme não é um homem aprisionado, é a destruição dele enquanto ser humano. É a transformação de um homem em um animal. Sua única saída possível pode ser o tal expresso mesmo.
E a maior parte da força do filme, que mostra toda a transformação desse personagem é por causa do talento de Davis no papel principal. Ele era até então, um semi-desconhecido no cinema vindo da televisão. O fato de ser desconhecido deu mais força ainda ao seu papel, e mesmo hoje continua já que não é tão conhecido assim atualmente. Sua transformação durante o período da prisão é a coisa mais impressionante do filme, o que me faz pensar que é uma das atuações mais subestimadas da história do cinema, que a academia sequer considerou com uma indicação. Uma pena.
Este é o melhor filme de Alan Parker, que tem muitos outros bons filmes em seu currículo. Além de consagrar o diretor, foi também o inicio da carreira de Oliver Stone, que levou o Oscar de melhor roteiro e o habilitaria a dirigir seus próprios filmes em pouco tempo. O filme é também uma experiência que ainda hoje não conseguiu ser equiparada. Tem momentos de violência extrema, mas o que realmente choca é a violência psicológica. Ainda que o próprio Billy Hayes tenha dito que muito do filme tenha sido inventado, isso não tira a sua força. Para mim o que interessa é que é um filme muito forte e, principalmente, muito bom mesmo.

segunda-feira, 13 de junho de 2011

HITCHCOCK TRUFFAUT 05: O RINGUE (1927)

Para ler o que já saiu de Hitchcock Truffaut, clique aqui.

NOTA: 8.
- Jack. Eu estou com você. No SEU corner.

Todos os filmes que Hitchcock havia dirigido até este momento, tinham sido pela produtora inglesa Gainsborough. O diretor recebe então a proposta de fazer filmes pela British International Pictures, que lhe promete orçamentos mais generosos e uma maior liberdade artística. Talvez seja essa nova liberdade recém-adquirida que fez com que ele gostasse tanto do resultado a ponto que considerasse esse filme como seu segundo filme hitchcockiano, depois de O inquilino sinistro.
Como Truffaut bem observa, "não é um filme de suspense, não comporta nenhum elemento criminal". A história é um triângulo amoroso entre uma mulher e dois lutadores de boxe. Um deles, é seu noivo que é conhecido como "One Round Jack", pelo fato de levar todos os seus adversários ao nocaute logo no primeiro round. Jack não é um lutador profissional, suas lutas se dão em um circo onde qualquer pessoa pode enfrentá-lo e sua noiva (conhecida apenas como "The Girl") vende os ingressos.
Um dia, aparece um homem que fica interessado por ela e começa a flertar com a jovem, que lhe corresponde. Quando ele sobe ao ringue, não apenas passa do primeiro round como derrota Jack. Acontece que este homem era o campeão mundial de boxe Bob Corby, que depois da vitória dá a garota um bracelete (em forma de serpente, um dos muitos simbolismos) e a chance a Jack de se tornar um boxeador profissional. Quando Jack descobre do romance dos dois, ele decide a ir subindo no ranking até ter a chance de enfrentar o campeão pela defesa do título, e da garota.
Hitchcock diz que havia todo o tipo de inovações no filme. Uma montagem em especial fez com que ele recebesse aplausos na platéia durante a estréia do filme, coisa que nunca havia acontecido antes. A crítica percebeu todos os pequenos detalhes, e eram muitos detalhes, e simbolismos (como já disse), o que fez o filme ser um sucesso de crítica, mas não de público.
Há uma cena muito interessante em que o diretor faz uma passagem de tempo. Quando Jack decide disputar o título. O nome de Bob aparece no topo do poster, enquanto o de Jack aparece no final, uma árvore vai mudando indicando a passagem de tempo enquanto o nome de Jack vai subindo no poster. A árvore com folhas verdes, depois florida e por aí vai. Até que seu nome apareça maior e no topo do poster junto ao nome de Bob. Hoje em dia é um ato corriqueiro de tão usado, mas Hitchcock toma para si o mérito de ter sido o primeiro a usar essa técnica.
Apesar de fugir do gênero ao qual todos o associam, ainda assim se trata de um ótimo filme mudo. Muitas pessoas associam filmes mudos apenas a comédias de Chaplin ou Keaton, mas devemos lembrar também que os dramas tinha uma importante parte na história. Talvez seja mais difícil ainda associar o diretor a filmes mudos, mas ainda assim ele fez. São dois exemplos que ele diz se orgulhar. Esse é um deles.

sexta-feira, 10 de junho de 2011

KUNG FU PANDA 2


NOTA: 9.
- A única coisa que importa é o que você decide ser agora.

A continuação não é uma repetição do filme anterior, e esse é seu maior trunfo. O filme é uma sequência digna, se não superior. Não há uma cena deste filme que não seja visualmente brilhante, seja em cores, estilo ou ação. O panda Po e seus amigos, saem de cena com um terceiro ato tão bom que mesmo uma deixa descarada para uma nova continuação não atrapalha em nada. Pode não ter o frescor orginal, mas ainda assim se equipara em charme, emoção e ação.
Po (Jack Black) está vivendo seu sonho. Reverenciado como o Guerreiro Dragão do Kung Fu, ele é idolatrado por toda a cidade que ajuda a proteger além de poder lutar ao lado de seus ídolos das artes marciais, os Cinco Furiosos: Tigresa (Angelina Jolie), Macaco (Jackie Chan), Víbora (Lucy Liu), Garça (David Cross) e Louva-a-Deus (Seth Rogen). 
O problema é que agora eles tem que enfrentar uma ameaça muito mais poderosa que o temido Tai Long, que era um Leopardo. A ameaça é Shen (Gary Oldman), um pavão que tempos atrás era um príncipe que aprendeu a usar a pólvora que os chineses usavam somente para fogos de artifícios em uma arma letal. Quando uma oráculo lhe diz que ele será derrotado por um panda, Shen manda exterminar todos os pandas da região, quando seus pais descobrem seu ato abominável o banem do reino. Hoje, Shen volta com suas armas que podem acabar não somente com a China, mas com o próprio Kung Fu.
Essa é uma animação da Dreamworks, o único estúdio de animação que parece poder realmente bater de frente com a Pixar, apesar desta última ainda apresentar uma qualidade insuperável hoje em dia em termos de história. Mas há uma coisa que a Dreamworks faz com excelência, que é a escolha do elenco para as vozes. Cada ator dá uma personalidade a um personagem que é muito forte e é muito bem escolhido, e é até mais do que se espera em um desenho animado.
Outra grande parte que dá qualidade ao filme é uma boa surpresa: a diretora Jennifer Yuh Nelson. Não pelo fato de ser uma diretora voando solo na direção do filme, especialmente quando se trata de animação. Ainda que as mulheres estejam aparecendo cada vez mais na direção de filmes, elas ainda estão em números poucos expressivos, mas que pelo menos são de grande qualidade. A surpresa é por se tratar de seu primeiro trabalho como diretora e que já apareça em um filme com tanta personalidade. A descoberta da infância de Po é feita com muita sensibilidade como pouco se vê.
Um grande filme e mais uma amostra que a Dreamworks está no caminho certo para ir melhorando a cada trabalho se depender da turma deste panda. Há algumas questão que o roteiro poderia ter aproveitado que não foram explorados, mas nada que o desmereça.

quinta-feira, 9 de junho de 2011

NAMORADOS PARA SEMPRE


NOTA: 9.
- Eu não queria ser o pai de alguém, ou o marido de alguém, essa não era minha meta na vida. Mas de alguma forma era. Eu trabalho para que eu possa fazer isso.

Falar que casamento é uma coisa difícil é chover no molhado. Aqui acompanhamos as dificuldades de um casal durante o deles. A distribuidora esperou para lançar este filme no final de semana do dia dos namorados e colocou um título que pode induzir as pessoas que esta é uma linda história romântica. Não é. O casamento desses dois é uma coisa difícil, sim, e nem sempre é feito de belos momentos. Como grande parte das relações, eles também tem seus problemas.
O casal é Dean (Ryan Gosling) e Cindy (Michelle Williams). Eles tem uma casa onde moram com a filha, ela é uma enfermeira e ele pinta casas. Fazem apenas seis anos que estão casados e ela sequer consegue lembrar porque casou com ele, e ele não parece se importar com qualquer coisa que não seja ficar em casa com elas e beber ocasionalmente. Ele não é um alcoólatra e isso não é o grande problema do casamento deles, mas ele já não parece mais ser aquele jovem  promissor e romântico que costumava ser. Ele ficou parado no tempo e não tem mais ambições, o que a incomoda.
Posteriormente, entrecortando com as cenas do presente, vemos o início da relação dos dois. A mudança é facilmente perceptível pela mudança física dos dois, mais fácil ainda pela mudança de atitude deles. Dean era capaz de fazer grandes gestos românticos e ela costumava gostar disso. Não existe mais essa química entre os dois e eles parecem estarem juntos agora por força do hábito. A volta ao passado também serve para mostrar porquê certas coisas no filme acontecem durante o filme.
Na verdade, o filme vai e volta no tempo como se estivesse tentando descobrir o que pode ter dado errado no meio do caminho desses dois. Para ele a resposta pode ser que nada tenha dado errado, e ela não pode mais suportar isso.
Eles se conheceram em um asilo. Ela estava visitando sua vó e ele estava ajudando na mudança de um senhor para lá. Nenhum dos dois realmente pertencia àquele lugar. Era improvável que eles pudessem se conhecer em um lugar como este, então talvez seja improvável que duas pessoas que se conheceram dessa forma, possam se darem tão bem por muito tempo. Esses dois mal se conhecem. Toda a relação é prematura, até o casamento. 
Parece que o diretor e co-roteirista levou mais de uma década para levar o filme às telas. Ele declarou que o roteiro teve mais de 67 versões até chegar ao que ele usou para filmar. Se o que ele esperava era alcançar um roteiro que prendesse a atenção da platéia sem se preocupar com assuntos aos quais a platéia está acostumada (como doenças, dificuldades de criar um filho ou coisas do gênero), ele conseguiu. Esse é um filme diferente por tratar de um assunto que todos passamos, mas pouco falam.
Li alguns críticos reclamando que as razões dos problemas do casal não ficam claros o suficiente para o público. Você pode dizer com absoluta certeza de que sabe porque todos os seus relacionamentos acabaram? Simplesmente, ás vezes essas coisas acontecem. Talvez certas coisas não tenham uma resposta concreta. Ainda assim podem nos emocionar. Em especial pela interpretação do casal que é nada mais que soberba. Um belo trabalho que vale a pena ser visto.

quarta-feira, 8 de junho de 2011

MONSTER - DESEJO ASSASSINO


NOTA: 9.
- Pessoas sempre olham torto para prostitutas. Nunca dão uma chance porque acham que elas tomaram a saída mais fácil, quando ninguém imagina a força de vontade que é necessária para fazer o que fazemos.

Muito se falou da interpretação de Charlize Theron neste filme, interpretação laureada não só com o Oscar de melhor atriz mas também como praticamente todos os prêmios no mundo da categoria. Sua performance é quase incontestável e o motivo é simples, quando uso a palavra "interpretação" eu estou cometendo um erro, Theron não interpreta, ela incorpora a personagem. Não é apenas ganhar peso, maquiagem e próteses, é ser o personagem. É só olhar a maneira como seus olhos vagam inquietos, a maneira nervosa como fuma um cigarro, ou mesmo a move seus braços. Tudo compõe essa personagem de forma fantástica.
O julgamento, condenação e execução de Aileen teve grande estardalhaço na imprensa. A própria Aileen teria declarado que os policiais não a prenderam antes para que ela ficasse famosa. Ela disse que a intenção é que quando isso acontecesse, sua prisão traria notoriedade aos policiais e possíveis lucros com venda de livros entre outras coisas. Se isso é verdade ou não, é difícil saber, mas é verdade que ela só foi presa depois de sete assassinatos em que ela também roubava suas vítimas.
Ela acaba sendo condenada depois que sua amante, Selby (Christina Ricci) a entrega para a polícia. Ao que parece, Aileen não tinha experiência gay antes de conhecer Selby, mas quando estava numa situação difícil Selby foi gentil com ela e as duas criaram uma conexão. Aileen se prostitui para conseguir dinheiro o suficiente para ir morar com Selby em algum outro lugar, e até tenta uma nova vida procurando um emprego, mas não tem muitas possibilidades e acaba voltando para a prostituição.
Selby por sua vez não faz nada para ajudar. Não trabalha ou sequer procura um emprego. Apenas reclama quando falta alguma coisa dentro de casa e que quer sair para se divertir. Ela se mostra totalmente alheia ao que sua companheira faz para sustentar as duas e até mesmo fica preocupada com a falta de dinheiro quando Aileen diz que quer parar de se prostituir, mas nunca parece ligar para os diferentes carros que aparecem.
Embora o primeiro assassinato tenha sido do homem que a espancou, as outras mortes parecem vir do ódio que Aileen tem pelos homens. Durante todo o filme, ela só parece ter um único amigo. Os homens a trataram mal todas as vezes que ela se lembra, e antes de cada morte ela parece recordar tudo que lhe fizeram de mal para justificar suas mortes. Até culminar no homicídio do único homem que tentou estender a mão para ajudá-la. Mesmo para ela, é longe demais.
Uma coisa que me pareceu interessante é que o filme não coloca Aileen como vítima ou culpada. Não há desculpas para o que ela faz, mas também há certas razões para ela tomar essas atitudes. Ela é desleixada, desbocada, impulsiva e raivosa, o que a leva a ser também muito violenta. Isso tudo apoiada por uma das interpretações mais surpreendentes da história do cinema. Theron não quer que olhemos para ela e vejamos uma mulher que é culpada ou inocente, quer apenas que acompanhemos seus últimos atos, sejam justificáveis ou não. E o faz com uma performance inesquecível.

terça-feira, 7 de junho de 2011

KARATE KID


NOTA: 6.
- Você disse que quando a vida nos derruba, você pode escolher se vai se reerguer ou não. Eu estou tentando me reerguer e você não vai me ajudar?

Este filme é uma refilmagem de um clássico de 1984 que marcou uma geração, quando garotos tentavam imitar o chute que Daniel Larusso aplicava no final do filme e as academias de Karatê se multiplicaram (eu e meu irmão entramos em uma). O filme tinha uma história interessante o suficiente para não apenas fazer sucesso como ainda por cima gerar 3 continuações. Antes que alguém fique curioso pela comparação entre os dois filmes, adianto: a refilmagem é inferior ao original mas pelo menos é melhor do que as continuações (o quarto em especial).
Sai o Karatê e entra o Kung fu (só não perguntem porque o nome do filme não foi trocado). Dre (Jaden Smith) tem que se mudar com a sua mãe dos EUA para a China. Lá, ele não vai ter que se adaptar somente a uma nova cultura e idioma como também tem que aguentar um grupo de crianças que o espancam frequentemente. Seu único alento é uma jovem menina de uma tradicional família chinesa que lhe sorri e faz com que sua vida não pareça tão ruim, apesar de tudo.
Até que Dre conhece Mr. Han (Jackie Chan), o faz-tudo do prédio onde mora que ele descobre ser um mestre no kung fu. Depois de amolecer o coração de Han e ser espancado na frente dele, Han concorda em ajudar Dre e os treinamentos começam para que ele possa começar a se defender de seus agressores. Na verdade, a decisão é feita depois de conhecer o mestre dos meninos, que está treinando os garotos para serem maus. Fica acertado que os problemas entre os meninos será resolvido em um torneio. Claro.
Jackie Chan é carismático o suficiente para estar na produção, mas não há surpresas em vê-lo como um mestre do kung fu. Já o vimos em filmes demais para haver qualquer surpresa. Além disso, apesar de todo o seu carisma, ele não é Pat Morita e Miyagi segue memorável e incomparável. E olha que Morita sequer sabia lutar.
Jaden Smith faz um bom trabalho nas partes dramática e mostra que pode ter um futuro promissor nos cinemas. É somente nas partes em que ele tenta ser engraçadinho, um novo "fresh prince" é que a coisa sai dos eixos um pouco, mas nada que atrapalhe muito o filme. O único problema é que ele é pequeno demais. Quase todos no filme são pequenos demais e já são mostrados como monstros prematuros. No final do filme, o que sobra são crianças espancando crianças.
Para quem conhece o filme original, a nova versão não oferece nenhuma novidade. Não há o frescor que havia em 1984. Segue exatamente a mesma história de cabo a rabo, o que o torna um pouco entediante de tão previsível. Ainda mais se contarmos que ele dura pelo menos uma meia hora a mais do que deveria. Há uma boa cena no alto da montanha que não existe no original que é interessante, mas é só. De resto, é uma cópia exata e não melhorada.

segunda-feira, 6 de junho de 2011

HITCHCOCK TRUFFAUT 04: MULHER PÚBLICA (1927)

Para ler o que já saiu de Hitchcock Truffaut, clique aqui.


NOTA: 6.
- Não restou nada para matar.

Mais uma adaptação de uma peça e também um tipo de filme que hoje quase não é feito mais, mas que era muito comum na época muda: um romance melodramático com luta de classes sociais. Por isso não é de se admirar que o diretor acabasse por realizar projetos desse tipo. Os próprios diretores não perdem muito tempo no livro para comentar sobre esse filme.
O filme conta uma história de uma mulher, Larita, presa a um casamento sem amor com  um alcoólatra que a acusa erroneamente de ter um caso com um jovem artista que pinta um quadro da moça. O julgamento é publicado em diversos jornais, dando notoriedade à mulher. A situação piora com o divórcio e depois com o suicídio do jovem artista, que deixa toda a sua herança para Larita. Os jornais trabalham dobrado com o escândalo e a mulher ganha rapidamente a alcunha pejorativa de "easy virtue" (uma mulher de vida fácil).
Larita tenta se refugiar no sul da França para escapar de toda essa fofoca onde acaba por conhecer John, jovem de uma tradicional família que nada conhece do seu passado. Os dois se casam e Larita se muda para a casa do marido onde sofre dos destratos da sogra quando estão a sós mas que somente lhe dá sorrisos falsos na frente das outras pessoas. Quando a sogra finalmente descobre o passado da mulher, obriga o filho se divorciar. O divórcio acaba com a vida da mulher que desiste de reconstruir sua vida.
Pouca coisa notável, exceto por um excelente e muito inventivo trabalho de câmera. O próprio diretor destaca uma cena que considera como a melhor do filme, e eu concordo com ele. John pede à Larita para se casarem, e ao invés de responder prontamente, ela lhe diz que responderá por telefone à meia-noite. A cena seguinte mostra um detalhe de um relógio de pulso onde vemos que já é meia-noite, o relógio é da telefonista que está lendo um livro e transfere a chamada, ao invés de voltar à leitura, fica ouvindo a conversa empolgada. "Nunca mostrei o homem e a mulher, mas compreendia-se o que se passava pelas reações da telefonista." (da resposta do próprio Hitchcock).
Assim como também há o que o diretor considera como a pior cartela que já escreveu. Já que o diretor elegeu, decidi por colocar como a citação que abre esta resenha: "Shoot, there's nothing left to kill." Até os gênios tem direito a errar.
Ainda longe de ser um dos filmes que fizeram o diretor a referência que ele é.

quinta-feira, 2 de junho de 2011

O CLUBE DOS CAFAJESTES


NOTA: 9.
- A gente tem um velho ditado nos Deltas: não perca a cabeça, se vingue.

Essa comédia não somente colocou o diretor John Landis (de filmes como Um príncipe em Nova York e Os irmãos cara de pau) no mapa como também lançou alguns atores para a fama, como Kevin Bacon, Tom Hulce (que viveria Mozart em Amadeus), John Belushi que infelizmente teve uma carreira curta e poucos filmes, e Karen Allen (a Marion de Indiana Jones).
O fato de ter conseguido o feito, é por ser uma comédia escrachada e politicamente incorreta como não se via muito na época e que hoje as pessoas que tentam imitar confundem com pura escatologia. Nenhum desses integrantes está preocupado com seu futuro acadêmico, o que eles realmente querem é curtir os anos de faculdade, seja qual for o tipo de festa em que estejam. No momento em que todos estão muito tristes, eles simplesmente resolvem que devem fazer uma festa da toga.
Quem sugere a festa é ninguém menos que Bluto (Belushi), o mais animalesco dos Delta, numa de suas poucas falas. A verdade é que este é um personagem que funciona melhor sem falar nada. Como quando sobe na escada e observa o dormitório feminino onde as mulheres estão em uma guerra de travesseiros (um típico sonho masculino do qual amigas minhas afirmam não existir), ele só precisa olhar para câmera para nos fazer rir. Um personagem memorável.
Alguém pode querer um detalhe mais aprofundado sobre o filme, mas isso não combinaria com o estilo dele. A intenção de todos os deltas parece ser cometer crimes contra a humanidade (uma forma exagerada de dizer que não se preocupam com leis ou convenções sociais). É só ver seus interesses: mulheres, sexo, cerveja e diversão. O que não gostam? Qualquer senso de ordem, que no filme é representado pelo diretor da universidade e seus puxa-sacos, os omegas.
Acho que o fato de o filme ter feito tanto sucesso é a energia que passa. Não há uma fórmula certinha a ser seguida aqui. Tudo é meio anárquico e bagunçado. E principalmente, muito engraçado. O elenco está bem composto, até mesmo com vários personagens que possam suprir a falta de palavras de Bluto. Desculpe repetir tanto o nome do personagem, mas é que com certeza ele é uma força da natureza que motiva a todos a fazerem suas festas e posteriormente a vingança. Ainda melhor, apesar de ser o que menos fala, tem as melhores falas. Nem que seja para simplesmente gritar "guerra de comida".
Um filme para ver sem compromissos e dar algumas boas risadas.
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