quarta-feira, 17 de junho de 2009

O LUTADOR – THE WRESTLER


NOTA: 9,5.
Mickey Rourke apareceu de forma meteórica nos anos 80. Apesar de um papel pequeno em “1941” (1979), de Steven Spielberg, sua verdadeira chance apareceu com “Corpos Ardentes” (Body Heat, 1981), onde contracenava com ninguém menos do que William Hurt. Numa única cena, Rourke praticamente engole, o já veterano, Hurt em cena e aperece como uma promessa para o cinema. Alguns anos depois, Rourke já aparecia como protoganista em “O Ano do Dragão” (The Year of the Dragon, 1985) e consolidava seu nome no ano seguinte com “Nove e Meia Semanas de Amor” (9 ½ Weeks, 1986). Rourke, ficou arrogante apoiado pelo rótulo de astro tendo somente um filme realmente digno de nota (“Coração Satânico” – Angel Heart, 1987), e, assim como subiu, caiu.
Após uma série de péssimas escolhas, incluindo a de se profissionalizar como lutador de boxe (o que deformou seu rosto), Rourke foi ao fundo do poço. Literalmente. Chegando a viver de mesada dada por amigos remanescentes da sua época de glória. Até finalmente resolver voltar a sua carreira de ator, foram pontas que nada acrescentavam a sua carreira (O Homem que Fazia Chover – The Rainmaker, Chamas da Vingança – Man on Fire…) ou mesmo participações esdrúxulas (A Colônia – Double Team). Seu retorno, parecia, ia ocorrer com “Sin City”, mas a desnecessária (e esquecível) adaptação dos quadrinhos de mesmo nome não foi o retorno do maravilhoso ator que tinha sido outrora. Essa ressurreição acontece com esse “O Lutador”. É impossível não associar o filme a Rorke e imaginar qualquer outra pessoa interpretando o personagem principal.
O filme conta a história de Randy “O Carneiro” Robinson, um lutador de Luta Livre que, quando mais novo, foi o maior lutador de todos. Com eventos televisionados que paravam o país e tudo o mais. O tempo, porém, não foi bom para Randy. Não conseguindo ganhar o suficiente com suas performances e tendo que intercalar o trabalho num mercado com suas lutas (ganhando poucos trocados de ambos os lados). Até que numa das lutas, que acaba virando um banho de sangue, Randy tem um ataque cardíaco e tem que colocar um marcapasso, pondo um aparente ponto final em sua carreira decadente. Sua luta passa a ser contra o passado. Resolvido a catar os pedaços do que restou da sua vida, ele tenta reatar relações com sua filha e se envolve com uma striper enquanto trabalha apenas no mercado. Mas quando tudo o mais falha na sua vida, como prosseguir senão lutando?
O diretor, Darren Aronofsky (dono de uma filmografia de respeito, que inclui “Pi”, “Réquiem para um Sonho” - Requien for a Dream, 2006) e “A Fonte da Vida” - The Fountain, 2008), conta uma história triste que emociona sem ser piegas. A caminhada de Randy não é de glórias, é o final da linha de um personagem que em muito lembra a própria vida de Rourke, exceto que a queda de Randy, é a ressurreição do ator (que já está filmando Homem de Ferro 2 (Ironman 2) e tem outros filmes programados para o futuro. Não sei como Aronofsky fez para domesticar o temperamento de Rourke (que, segundo eu li, chegou a implorar para não fazer uma determinada cena e não foi atendido), mas Rourke é o coração do filme. E que coração. Amparado de forma brilhante por Marisa Tomei e Evan Rachel Wood. Se “Quem Quer Ser Milionário” foi o lado festivo e alegre do Oscar, “O Lutador” é sua contraparte melancólica. Imperdível e obrigatório.
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