segunda-feira, 15 de abril de 2013

OBLIVION


NOTA: 7.
- Eu tenho te observado, Jack. Você é curioso. Eles mentiram pra você, e é tempo de aprender a verdade.

A distribuidora criou uma aura de mistério em cima desse vídeo. Diante disso, em seus primeiros minutos, o filme gera  uma atmosfera bem interessante com Tom Cruise como único sobrevivente de um planeta que está totalmente em ruínas. Até mesmo a Lua aparece totalmente partida no céu. Então, finalmente as revelações são apresentadas, e qualquer pessoa que já assistiu filmes de ficçao científica antes sabe exatamente o que vai acontecer sem surpresa nenhuma.
Se há alguma coisa de realmente interessante no filme, são as formas dos objetos e veículos que são usados. O diretor Joseph Kosinski já tinha mostrado esse talento em Tron: o legado, onde o mundo virtal era tão bonito e interessante que não sei porque as pessoas queriam sair de lá. Aqui não é muito diferente. Mesmo em ruínas, os personagens estão cercados de cenários modernos tão interessantes que o visual em si chega a ser mais interessante que a própria história.
O ano é 2077, 60 anos depois de uma guerra em que os humanos enfrentaram uma ameaça alienígena. Os humanos venceram a guerra mas o custo foi muito alto. Agora, o planeta é praticamente inabitável devido a radiação. Jack Harper (Tom Cruise) é parte da equipe de limpeza, que na verdade significa que ele ficou para trás para reparar robôs que estão na Terra para acabar com os alienígenas que restaram. Alienígenas que ele nunca encontra. É como se fosse Wall-e, mas muito mais cercado de efeitos especiais e cenas de ação.
Sua parceira é Vika, que sempre diz para sua superior (Melissa Leo através de uma tela) que os dois formam "uma equipe efetiva". Faltam duas semanas para que eles terminem o tempo de serviços e voltem a viver com os demais humanos. Mas Jack se mete em uma missão não autorizada para salvar uma mulher que apenas viu em seus sonhos, Julia (Olga Kurylenko). Agora é questão de saber onde ele conhece essa mulher e outros mistérios. Era realmente um sonho? Lembranças?
Tom Cruise se mostra acertado para a escolha de um filme como esse. Se apresentando na sua qualidade padrão, onde entrega o que a cena pede e nada mais, o que geralmente significa uma emoção por vez. A partir disso, o que temos é o ator correndo e atirando e destruindo tudo que precisa ser destruído. O mesmo Cruise que estamos acostumados a ver em outros filmes. Seu personagem parece mais interessante mesmo quando ele está sentado na grama com uma camisa xadrez e um boné de baseball. Mas provavelmente o que mais vende são as cenas de ação, então cenas de outro tipo são raras.
Cada vez mais fica difícil de descobrir o que é real e o que é CGI, e aqui não é diferente. A fotografia é muito interessante e os efeitos especiais são feitos com a competência que está se tornando padrão de filmes de grande orçamento. No geral, o efeito faz o filme parecer um sonho. Tudo é fascinante, e o diretor usa essas ferramentas com maestria. Infelizmente, depois de uma hora de filme tudo começa a parecer repetitivo e cada vez menos interessante.

segunda-feira, 8 de abril de 2013

LES MISÉRABLES (1998)


NOTA: 6.
- Jean Valjean não pertence mais ao mal. Com essa prata, eu comprei sua alma. Resgatei você do medo e ódio. E agora eu te devolvo para Deus.

Qualquer adaptação literal do livro de Victor Hugo não poderia, ou pelo menos não deveria, ser ruim. Seguindo desse princípio, aqui temos todos os elementos que compõe essa trama que emociona qualquer pessoa. Os momentos mais dramáticos estão presentes. Fica claro a motivação de todos os personagens e porque a trama segue seu curso. É um filme fácil de se acompanhar, mas não chega a ser uma unanimidade. Falta paixão.
Aqui, Jean Valjean é interpretado po Liam Nesson, que chega à porta do bispo dizendo que é um ex-condenado e que nos seus papéis consta que ele é um ladrão. O bispo diz que sabe quem ele é, ou seja, o recado era um mero resumo para as plateias. A cena segue com Valjean roubando a prataria e sendo preso por isso. O bispo ao invés de entregá-lo, diz aos policiais que foi um presente. Em algumas versões essa cena tem imenso peso dramático, aqui ela parece existir apenas porque está no roteiro.
Ele reconstrói sua vida com a prata. Compra uma fábrica que se torna próspera, aprende a ler por conta própria e se transforma no prefeito da cidade. Até que Javert (Geoffrey Rush), um policial que o reconhece da época em que cumpria pena o reconhece e quer expor o homem. Não sei se era realmente assim que acontecia naquela época, mas o que temos aqui é que uma vez que uma pessoa faz alguma errada, ela vai pagar por isso pelo resto da vida. Não há chances de redenção perante a lei não importa qual for o crime. É por isso que Valjean teve que trocar seu nome. Porque seu nome está amaldiçoado pra sempre.
Ao mesmo tempo ele descobre Fantine (Uma Thurman), uma jovem que trabalhava em sua fábrica e foi mandada embora. Numa época com poucos empregos, ela se vê obrigada a se degradar cada vez mais até cair na prostituição para poder mandar dinheiro pra sua filha doente. Quando Valjean a descobre, ela já está muito doente e quase morrendo. Ele cuida dela e promete que irá cuidar da sua filha. O que significa fugir novamente de Javert com a pequena Cosette.
Mais anos se passam e Cosette (Claire Danes) é agora uma moça, e eles moram em Paris. Ela quer liberdade e ele precisa continuar se escondendo para não ser apanhado. Num de seus passeios, ela acaba se apaixonando pelo jovem idealista Marius (Han Matheson), que está sendo perseguido pela polícia por seus discursos contra a monarquia. Esse evento coloca novamente Javert no caminho de Valjean.
Javert não é também um típico vilão. No geral, ele é apenas uma pessoa que quer fazer tudo dentro das regras. Exageradamente. Em determinado momento, ele diz que "sempre tentou viver sua vida sem quebrar uma única regra". E essa é a principal força do personagem. Aqui, porém, ele é visto um pouco como mau, o que enfraquece o personagem. Mas a interpretação de Rush compensa qualquer falha que o personagem apresenta.
No final, Les misérables é um filme que entrega o que o livro conta sem arriscar nada. O que não é muito bom, já que o livro tem muitos (e muitos mesmo) mais detalhes. O período parece bem retratado com cenários e figurinos de acordo, mas de alguma forma nunca parece fisgar totalmente a atenção. Quando um filme de época é bem feito, nos transporta para um outro mundo. Aqui parece que estamos tendo uma aula de história sobre uma época muito interessante mas contada por um professor chato.

quarta-feira, 3 de abril de 2013

INTOLERÂNCIA - INTOLERANCE: LOVES STRUGGLE THROUGHOUT THE AGES


NOTA: 100.

Depois do lançamento de O nascimento de uma nação, o diretor D. W. Griffith provavelmente se deparou com dois desafios. O primeiro seria apagar a fama de racista recém adquirida tão logo o filme foi lançado. O segundo, é como ele poderia fazer um filme que fosse ainda mais grandioso. A resposta para ambos os desafios é este filme, que mostra a intolerância que as pessoas podem ter umas com as outras (assim como tiveram com ele), contadas em quatro histórias diferente e em tempos diferentes, o que faz o filme ter cenários espetaculares. É uma obra de arte que nenhum espectador tinha visto anteriormente.
Para a produção, especula-se que Griffith gastou mais de dois milhões de dólares com construções de cenários gigantescos (conta-se que um deles permaneceu montado por muitos anos durante a época de ouro de Hollywood, como uma espécie de monumento) e muitos (e muitos) figurantes que participam do filme. A produção foi tão suntuosa pra época, que Griffith mandou decorar todos os cinemas que exibiam o filme. O resultado é que o diretor se viu sem dinheiro pra sequer desmontar o cenário depois que o filme foi lançado. E mesmo depois, a produção não conseguiu se pagar.
Querendo mostrar os perigos que a intolerância pode causar, ele usa como base de seu filme a história de um casal pobre que tem um filho. Numa série de circunstâncias infelizes, o marido vai preso por conta de um crime que não cometeu. Quando é novamente condenado, mesmo sendo inocente de novo, sua sentença é a morte. Que culmina numa cena entrecortada com a mulher tentando salvar seu marido enquanto ele caminhava para a forca. Suspense que somente ele conseguia realizar.
Para "ligar" as cenas, temos Lilian Gish como uma mulher que somente balança um berço o tempo inteiro. E embora esta história do casal seja a mais interessante do filme, a história era modesta demais para servir aos propósitos do diretor. Depois de lançar um épico, ele provavelmente achou que não podia lançar nada que fosse menor. Então, para complementar, temos ainda uma parte bíblica com Jesus Cristo, uma parte persa, uma babilônica e uma francesa da idade média.
O filme não conta as histórias em ordem cronológica, mas sim vai indo e vindo entre uma e outra de forma bem interessante. O problema é que mesmo hoje, esse tipo de filme não é completamente compreendido pelas plateias. O exemplo mais recente que posso citar é A viagem, que conta muitas histórias paralelas em tempos e mundos diferentes. E hoje, as pessoas já estão acostumadas a assistirem filmes assim (graças a Eisenstein, MTV e outros). Imaginem o impacto que Griffith causou ao fazer isso quase cem anos atrás? O filme não foi entendido por muitas pessoas. Isso pode explicar parte de seu fracasso, mas também pode ser porque quis contar uma história que pregava paz a e tolerância num mundo que estava prestes a entrar na sua Primeira Guerra Mundial.
Seja como for, hoje o filme é um épico que marcou a história do cinema. É um reflexo de um diretor que mostrava uma genialidade fora de série, não importando a história que contasse. E mais interessante ainda, é uma obra que mostra o quanto eles estava a frente de seu tempo. Ainda que tenha suas falhas, mostra que Griffith estava, pelo menos, décadas a frente de qualquer outro diretor. Não por acaso, o que temos aqui é uma obra de arte que é o maior espetáculo da era muda.

segunda-feira, 1 de abril de 2013

JACK O MATADOR DE GIGANTES - JACK THE GIANT KILLER


NOTA: 7.
- Medo de altura?
- Medo de cair.
- Bem. Então não caia.

Uma tendência dos filmes nos últimos tempos é pegar antigos contos de fada e colocar sob uma perspectiva feminista. Ou pelo menos uma perspectiva que não seja tão sexista. Em A Branca de Neve e o Caçador, uma solução encontrada foi colocar uma espada na mão da heroína. Os resultados não costumam ser ruins. O mais estranho então, é que este filme não siga os mesmos passos. Tem todos os ingredientes que uma produção milionária pode ter, exceto um bom roteiro ou mesmo a "atualizada" que se espera.
Pra ser justo, que fique claro que nunca considerei essa história em si interessante. Por isso apesar do esforço, o que temos é prazer moderado pra um orçamento tão inchado. Liderando o projeto, Bryan Singer, excelente diretor de filmes que vão desde Os suspeitos e Operação Valquíria, até divertidos blockbusters como os dois primeiros filmes dos X-men. De alguma forma, ele considerou que esse projeto valia o seu tempo, mas o que temos aqui destoa um pouco do resto de sua filmografia.
A história é sobre um grupo de monges que conseguem cultivar feijões mágicos que cresceriam o bastante para para se aproximarem de Deus. O problema é que entre a Terra e o Reino Divino, tem um lugar habitado por gigantes. É uma espécie de ilha, só que ao invés de água, estão cercados de nuvens. Os gigantes descem para a Terra na tentativa de dominar tudo, mas são impedidos quando o Rei usa uma coroa mágica que domina os gigantes.
Muito tempo depois, a história é contada de pais para filhos como se fosse um conto de fadas. Em partciular, acompanhamos dois personagens que adoram ouvir a história, e ambos ávidos por aventuras. Claro que um é Jack (Nicholas Hoult), a outra é  a Princesa Isabelle (Eleanor Tomlinson), cujo pai, o Rei (Ian McShane) a promete em casamento para Roderick (Stanley Tucci). Também é claro que seus caminhos vão se encontrar, e numa série de eventos, a Princesa acaba indo parar na terra dos gigantes, enquanto Jack se voluntaria para tentar resgatá-la junto com um grupo liderado por Elmont (Ewan McGregor).
Os gigantes, liderados por um general de duas cabeças (Bill Nighy), são as melhores coisas do filme. Singer consegue tirar alguma diversão da diferença de tamanho entre as espécies. Como eu disse anteriormente, o filme foge das tendências atuais de ter uma personagem feminina forte. Tenta, ao dar espaço para Isabelle, mas ela acaba se tornando uma figura mais figurativa que realmente necessária. Apesar de seu esforço, Singer e seu bem escalado elenco (com destaque para McGregor com um jeito de Errol Flynn) não conseguem fazer o filme realmente decolar. Em especial, esperava que Singer conseguisse fazer mais usando o 3D do que ele mostra aqui. 
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