quinta-feira, 28 de julho de 2011

CAPTAIN AMERICA: THE FIRST AVENGER - CAPITÃO AMÉRICA: O PRIMEIRO VINGADOR


NOTA: 8.
- Por que alguém fraco? Porque um homem fraco sabe o valor da força, o valor do poder...

A primeira cena do filme mostra pessoas no presente achando uma nave no meio do gelo e o escudo do herói título congelado em um bloco de gelo. Isso faz com que não haja dúvidas de como o filme vai terminar, e pro caso dos leitores dos quadrinho nem de como isso vai acontecer. Só não sei se o fato em questão chega a ser um spoiler, já que como os outros filmes da franquia Marvel que estão sendo feitos, este parece ser apenas mais uma prévia do filme de Os vingadores que estréia no próximo ano.
Apesar de ser o último dos heróis a aparecer nas telonas (pelo menos dos que vão ter filme próprio), eles fazem questão de frisar que este é "o primeiro vingador". Por isso voltamos até a segunda grande guerra onde o jovem Steve Rogers (Chris Evans), que pesa pouco menos de 50 Kg é rejeitado para entrar no exército inúmeras vezes e está sempre apanhando de valentões. Até que um estranho médico alemão, Erskine (Stanley Tucci) o convoca para o treinamento básico onde podemos ver porque ele era constantemente rejeitado. 
O que se tem a dizer a seu favor é que ele é corajoso. É isso que chama a atenção de Erskine e o faz ser o escolhido para o projeto supersoldado, mesmo que a ideia contrarie cel. Phillips (Tommy Lee Jones), que gostaria que homens já fortes ficassem ainda mais fortes. Sem muito aviso, Rogers está preso em um sarcófago que brilha e solta fumaça, provavelmente para mascarar o uso de esteroides que atletas invejariam por trazer glória ao invés de desgraça, e sai de lá mais alto, mais forte e com habilidades que nenhum outro humano pode possuir.
O problema é que um revés acontece e Rogers é o único a receber o tratamento milagroso, e ao invés de ir para guerra vira garoto propaganda do exército. A situação só muda quando ele descumpre ordens e vai resgatar sozinho um grupo de prisioneiros aliados. Somente com esse ato é que eles (exército) percebem a importância que ele pode ter em combate e o filme ganha o gás necessário que os filmes de ação baseados em quadrinhos devem ter, especialmente quando o Caveira Vermelha (Hugo Weaving) aparece em cena com planos de dominar o mundo acima até de Hitler.
O filme tem bom uso dos efeitos especiais sem exagerar na conta. A primeira parte do filme é para mostrar um mirrado Chris Evans escondendo o verdadeiro físico do ator. Depois não há nada que realmente destoe no filme. É o estilo que a Marvel adotou de fazer o filme parecer fantástico sem sair da "realidade" que vivemos. Há também um trabalho de arte em retratar a época do filme, o que dá uma tristeza de saber que nenhum outro filme do herói será assim de novo.
Correndo o risco de bater na mesma tecla: esse é realmente um filme típico da Marvel, o que quer dizer que tem um acabamento caprichado, boas cenas de ação e tudo certinho demais. Não sei dizer se é a produtora que poda a imaginação dos diretores ou se estes é que não conseguem ser imaginativos o suficiente para fazerem ótimos filmes. De qualquer forma algo sempre impede os filmes de alcançarem a excelência. Por isso que apesar de se manterem na boa média, não chegam a alcançar sucessos maiores como Homem- aranha 2 ou O cavaleiro das trevas. Ou seja, é um bom filme, mas não tem nada que já não tenhamos visto antes muitas e muitas vezes.

quarta-feira, 27 de julho de 2011

FEITIÇO DO TEMPO - GROUNDHOG DAY


NOTA: 10.
- Se você quer uma previsão do tempo, está perguntando para o Phil errado. Eu posso te dar uma previsão do inverno: vai ser frio, vai ser cinza e vai durar o resto da sua vida.

Pode parecer estranho para muito gente o acontecimento de um déjà vu, como se não fosse uma coisa natural. Acontece que é disso que o cinema vive. Hollywood quer que a gente sinta como se a gente já tivesse passado pelas situações que eles nos apresentam. É sensação de familiaridade que nos faz nos identificar com o que vemos nas telas. É isso que faz o cinema americano funcionar.
Por isso que mesmo com essa aparente falta de imaginação que domina as produções, devemos reconhecer que a inventividade trabalha logo ao lado. E é ela que trabalha para fazer do citado déjà vu uma excelente comédia sobre um único dia que se repete incessantemente. Melhor ainda se o filme tiver Bill Murray encabeçando o elenco.
E é justamente ele quem fica preso revivendo o dia no papel de Phil Connors, um jornalista que tem que ir pra pequena cidade de Punxsutawney onde ocorre o Dia da Marmota. Basicamente, o evento é esperar que a marmota, que também se chama Phil, saia da toca e anuncie que que o inverno não acabou, que ainda vai durar mais seis semanas. Como se a previsão dele fosse alterar alguma coisa. Para ele, que se considera uma estrela da TV, apesar de só falar do tempo, fazer essa reportagem é uma chatice. Muito abaixo do que seu talento pode produzir.
Sua equipe consiste do câmera, Larry, e a produtora Rita (Andie MacDowell). Ambos já estão com ele tempo suficiente para não o suportarem mais. Ele é egoísta demais para pensar em qualquer outra pessoa, o que torna fácil para as outras pessoas não darem a mínima para ele.
Para piorar ainda mais as coisas, uma nevasca impede que eles saiam da cidade, e quando Phil acorda no dia seguinte, não é realmente o dia seguinte. Ainda é o dia da Marmota, e somente ele se recorda de já ter passado por aquilo antes. Para todo o resto está acontecendo pela primeira vez. Tanto que todos dizem sempre as mesmas coisas e agem sempre da mesma forma. A única coisa que pode mudar nisso tudo é ele mesmo.
E ele muda. Primeiro fica nervoso e tenta descontar em todos, até mesmo na marmota. Depois fica depressivo até chegar ao ponto de virar suicida inúmeras vezes (acho que é a primeira vez que vejo um personagem morrer de diferentes maneiras no cinema). Mas ele não morre realmente, no dia seguinte ele ainda está lá. Ele chega a pensar que é um Deus (não O Deus). Por que não se aproveitar? Ele pode conversar com uma mulher e descobrir tudo que ela procura em um homem. Então, no "dia seguinte", ele encontra essa mesma mulher e se torna tudo que ela quer.
Acontece que esse tipo de atitude é um paliativo como o resto das coisas que ele tentou. Elas não fazem o tempo correr seu curso novamente. Não há escapatória a não ser mudar de verdade. Se tem uma coisa boa nisso para ele, é que ele é capaz de observar tudo que faz de errado e tentar melhorar. Não se trata de conquistar uma mulher por um dia, mas pelo resto da vida. É tratar bem as pessoas. E como Murray nos mostra, se tornar uma nova pessoa pode ser ótimo.

terça-feira, 26 de julho de 2011

FÉRIAS FRUSTRADAS - NATIONAL LAMPOON'S VACATION


NOTA: 9.
- Por que não vamos de avião? Porque chegar lá é metade da diversão. Você sabe disso.

Até hoje o programa Saturday Night Live revela alguns bons comediantes, mas nada se compara à primeira geração do programa que contava com nomes como John Belushi, Chevy Chase, Dan Aykroyd e Bill Murray. Quando a tela da televisão ficou pequena demais, eles começaram a migrar para o cinema em comédias com o mesmo humor ácido que os levaram a alcançar a fama. Alguns se lançaram ainda nos filmes com o selo National Lampoon, como é este caso.
Chevy Chase é Clark Griswold, chefe da família que planeja uma viagem através dos EUA para que possa curtir um parque de diversões chamado Walley World (deveria ser a Disney, mas a direção do parque reclamou que eles ficam aberto 365 dias por ano). Apesar da viagem parecer ser muito bem planejada, inclusive com um arcaico computador da época, fica óbvio que a viagem vai ser um desastre. Desde a compra do carro que não é o modelo escolhido por ele.
Claro que a viagem está fadada ao desastre. Seja por conta de certas escolhas infelizes de passeios que Clak decide fazer, ou mesmo pequenas paradas na estrada que não saem exatamente como ele esperava. Junte isso ao fato da família dele ser quase um reator nuclear prestes a explodir  e até mesmo pelo fato de Clark nem sempre parecer atento às placas de sinalização para termos quase certeza que eles podem chegar ao seu destino, mas ainda assim é divertido vê-los tentando.
Parte do que faz o filme funcionar, é a escolha da família. Todos parecem realmente parte daquela loucura, em especial Beverly D'Angelo como a esposa de Clark que leva tudo com paciência e não deixa a família se despedaçar. Já Chase comanda o espetáculo com um personagem capaz de ter uma resposta sempre na ponta da língua, por mais estúpida que seja, e que mesmo com tudo dando errado é capaz de aproveitar aquele dia como se tivesse sido o melhor da sua vida. Ainda que ele saiba que realmente tudo está indo para o buraco.
O que parece destoar um pouco, é que o filme parece muito mais comportado do que qualquer outro da série National Lampoon. Mas assim como os outros, é capaz de render muitas e ótimas piadas. Alguns podem achar que o filme pode exagerar em piadas como as relacionadas com o cachorro que é uma peste ou mesmo pelo fato de colocar um cadáver no teto do carro por causa da viagem, mas quem entrar no ritmo do filme pode se divertir bastante.
Só não é ideal quando o melhor do filme aparece antes do final. No caso do filme, seu ápice é o encontro com Eddie, interpretado por um Randy Quaid que rouba a cena. Delitos menores de um filme que faz rir. O diretor Harold Ramis não é um dos diretores mais habilidosos, mas ele é bem feliz em escolher atores muito talentosos para levantar o filme a cada cena. Como a presença do saudoso John Candy ao final. Não é uma obra-prima, mas comparada com a maioria das comédias, continua se sobressaindo.

segunda-feira, 25 de julho de 2011

HITCHCOCK TRUFFAUT 11: ASSASSINATO - MURDER (1930)

Para ler o que já saiu de Hitchcock Truffaut, clique aqui.


NOTA: 7.
- Ah, minha querida. Você deve guardar essas lágrimas. Elas vão ser muito, muito úteis na minha próxima peça.

Este filme, pelo seu tema, parece ser um autêntico filme de Hitchcock, mas não é. Apesar de conter um crime, ele utiliza uma ferramenta que raramente usou e que ele chamava de whodunit (algo como "quem fez isso?"). É quando o único suspense do filme fica em torno sobre o culpado, o que o diretor não considerava muito interessante já que todo o interesse se concentrava quase que exclusivamente na parte final do filme, enquanto o desenvolvimento é composto por investigações enfadonhas.
No caso, a questão é quem matou uma atriz de uma companhia de teatro. Ao lado do corpo, é encontrada uma colega que está catatônica que não se lembra de nada do que aconteceu. Essas evidências são suficientes para ser condenada à morte. No jurado, há um ator/autor que não acredita que a moça pode ser culpada, por isso resolve ele mesmo começar uma nova investigação para achar o verdadeiro culpado do assassinato.
Há no mínimo duas inovações introduzidas por Hitchcock que não posso deixar de destacar. Um é a introdução de um personagem gay no cinema, que aparece em determinada cena do filme travestido e falando como certos costumes seus não eram bem vistos. O principal porém foi ouvirmos o pensamento do personagem. Como ele não queria introduzir um personagem inútil para forçar um diálogo, a melhor maneira era a platéia ouvir o que o personagem estava pensando. Embora ele reconheça que era um efeito muito utilizado no teatro, foi a primeira vez no cinema que isso aconteceu. Duas opções muito corajosas.
Assim como ele também é corajoso a deixar nítida toda a veia teatral que a história contém. Para descobrir o culpado, é feita uma leitura de uma suposta nova peça que se passa nos moldes do assassinato cometido, de forma a fazer com que o assassino se denuncie. Da mesma forma que Hamlet usou para descobrir se o rei era realmente culpado.
Ao seu modo, é um filme até divertido, mas longe ainda dos filmes que fizeram o sucesso que o diretor viria a se tornar. Talvez seja pela própria presença do whodunit que não parece deixar o diretor à vontade, talvez seja pela própria expectativa que tinha ao esperar suspense do filme. Mesmo com algumas boas gags espalhadas pelo filme, fica a nítida impressão que tudo é apenas uma forma de passar o tempo até a chegada da descoberta que dará sentido ao filme, enquanto nos filmes do diretor o melhor é realmente o desenvolvimento da história (coisa que ele sempre prezava).

sexta-feira, 22 de julho de 2011

ALGUÉM MUITO ESPECIAL - SOME KIND OF WONDERFUL


NOTA: 8.
- Bem. Eu gosto de artes, trabalho em um posto de gasolina e minha melhor amiga é um garoto. Essas coisas não são muito populares no colégio.

Acho que nenhum adulto entendeu tão bem a juventude de uma época como John Hughes. Ele parecia ser o único capaz de fazer um filme sério, e bom, sobre que aluno vai levar quem para o baile, a disparidade entre os alunos do mesmo colégio ou até mesmo sobre um dia sem ir para a escola. Tudo isso em filmes que ora escrevia, ora dirigia e ora produzia, como Gatinhas e gatões, Curtindo a vida adoidado, Clube dos cinco entre outros filmes.
Aqui, ele roteirizou e produziu este filme sobre um rapaz apaixonado por uma das garotas mais populares do colégio. Ele é Keith Nelson (Eric  Stoltz), um cara não muito popular que gosta de pintar e tem como única amiga, Watts (Mary Stuart Masterson), uma garota que veste cuecas samba canção e anda de um lado para o outro com baquetas. Mas é claro que a garota popular, Amanda (Lea Thompson), não estaria solteira, isso seria simples demais.
O que sempre tornou os filmes de Hughes especiais, é que ele sempre permitiu que seus personagens fossem não apenas interessantes, mas também reais. De alguma maneira, todos os personagens lembram de alguma forma uma pessoa que você conheceu, o que torna fácil para nós nos identificarmos com eles. Para mim é fácil me identificar com Nelson, especialmente quando ele conversa com seu pai. Todas as conversas entre eles giram em torno do seu futuro, o pai quer que ele faça alguma coisa que lhe dê futuro, já Nelson emprega todas as suas forças para trabalhar com artes. Quem não passou por isso ou conhece alguém que tenha passado?
Os outros personagens não ficam para trás no filme. Amanda não é apenas uma mulher vazia e sem sentimentos que fica parada como se fosse uma obra de arte para ser exibida. Ser bonita não a torna capaz de não sofrer. Assim como Watts é muito mais do que até mesmo Nelson consegue enxergar. Desde o início percebemos que ela gosta dele enquanto tudo que ele fala é sobre o encontro que vai ter com Amanda. Ainda assim, ela é capaz de se oferecer para ficar dirigindo para os dois durante toda a noite. Em momento nenhum ela mostra qualquer atitude capaz de atrapalhar a noite deles. Talvez ela só esteja realmente preocupada com a felicidade de alguém que gosta muito. Para completar, um jovem Elias Koteas completa como um jovem punk sempre metido em confusões.
O filme pode não ser maravilhoso, mas tem mais apelo que os filmes anteriores do diretor/roteirista/produtor. É sensível, bem humorado com ótimas atuações (o trio protagonista funciona perfeitamente) e um charme especial. Apesar de parecer uma versão reciclada de A garota de rosa shocking, se mostra superior que o seu antecessor, mostrando que o diretor parecia estar entendendo cada vez mais o universo que usa em seus filmes.

quinta-feira, 21 de julho de 2011

SALT


NOTA: 5.
- O nome da espiã é Evelyn Salt.
- Meu nome é Evelyn Salt.
- Então você é uma espiã russa.

A pergunta básica do filme, e que foi amplamente usada para a divulgação do filme, é "Quem é Salt?". Será que ela é mesmo uma espiã russa? Ou será que ele é apenas uma vítima de algum plano de pessoas que querem prejudicá-la? Mas o mais importante que fiquei me perguntando foi: isso realmente importa? Quero dizer, em um filme que preza mais a ação do que o suspense, não adianta muita coisa fazer tanto segredo em cima disso.
Angelina Jolie é a Salt do título, uma agente da CIA casada com um alemão especialista em aranhas que parece passar suas tardes aprendendo como dobrar guardanapos. No fim do expediente, aparece esse russo que diz que ela é uma espiã russa, o que faz com que ela fuja fazendo uma espécie de bazuca usando um extintor de incêndio e produtos de limpeza. Tudo isso é apenas o início do que ela é capaz de fazer no melhor estilo "parece que sou normal mas na verdade sou a melhor arma humana que pode existir", tão criativo quanto um Steven Seagal fazendo um cozinheiro.
O que faz a trama parecer possível, é uma explicação mais absurda ainda. Na época da guerra fria, russos foram treinados para parecerem americanos. O plano é trocarem as crianças russas por americanas para que décadas mais tarde elas pudessem realizar planos que sequer sabem qual poderia ser. O plano já foi usado anteriormente, quando Lee Oswald foi substituído por um desses agentes e anos depois assassinou o presidente JFK. Agora a questão que fica no ar é se Salt está fugindo por estar realmente preocupada com seu marido ou se ela realmente pode ser um desses agentes? Mesmo com anos depois do fim da guerra fria, nada parece ter colocado na cabeça de alguém (qualquer um responsável pelo programa) que talvez fosse uma boa ideia terminar com os planos. Sejam eles quais forem.
E durante todo o filme, ela luta contra a equipe liderada por Peabody (Chiwetel Ejiofor) e seus muitos soldados que ao invés de atirarem nela ficam se enfileirando para apanharem. E é aqui que reside o maior conflito do filme: continuar tentando parecer um filme sério ou se assumir um filme de ação? Ele opta pela segunda opção e  perde os rumos de vez, principalmente por causa da escolha de Jolie como protagonista. Se fosse mais parecido com Procurado e tentasse não se levar tão a sério, daria para acreditar que ela é capaz de tudo o que faz no filme. O diretor optou pela veracidade, e sendo assim não dá para acreditar que uma mulher que mal deve pesar 50 quilos seja capaz de metade disso. E toda a ação (já reciclada de outros filmes) perde total credibilidade. No pior estilo dos anos 80 (e nem Sly dos 80, mas Van Damme dos 80).
Pensei que veria algo como uma versão feminina de Bourne, ao invés disso parece uma paródia de filmes de ação que não tem piada nenhuma. Eu gosto de Jolie como atriz, mas aqui ela é a atriz errada no filme errado.

quarta-feira, 20 de julho de 2011

RED - APOSENTADOS E PERIGOSOS


NOTA: 6.
- Isso costumava ser um jogo de cavalheiros.

Eu li os quadrinhos escritos por Warren Ellis que deram origem a este filme. Era uma história bem simples sobre um agente aposentado, Frank Moses (Bruce Willis), cujo novo diretor da CIA manda eliminar depois de descobrir da sua existência. Ele se livra dos homens que foram matá-lo e parte sozinho para conseguir vingança por terem tirado o seu sossego. A história era realmente muito curta para virar o filme e nem vou entrar nos méritos que sequer era interessante o suficiente boa para isso, mas ainda assim aqui está sua adaptação.
A única relação que Moses tinha nos quadrinhos, era Sarah (Mary-Louise Parker), a atendente do telefone que ele nunca encontrava. Aqui, a relação dos dois ganha contornos românticos e cômicos para ver se agrada mais as plateias, o que infelizmente gera apenas alguns sorrisos amarelados sobre a vida dela que fica de pernas pro ar só de estar perto desse homem. Enquanto isso, Willis tenta tirar alguma graça de ser um super-assassino que tenta ser romântico.
Quando percebe que terá que resolver a situação, ele recorre a antigos associados de profissão e até mesmo antigos inimigos enquanto uma conspiração vai se revelando para acabar com a aposentadoria dos agentes considerados perigosos (Retired and Extremely Dangerous). Quando menos percebemos, "a velha gangue" está de volta e se juntam a ele Morgan Freeman, John Malkovich, Helen Mirren e Brian Cox. Todos sendo caçados por um agente mais novo interpretado por Karl Urban.
Então todos os clichês vão pulando na tela. Freeman revela em sua primeira cena que está morrendo de câncer, o que torna fácil ele ser escolhido para morrer caso qualquer coisa dê errado. Mirren interpreta Victoria, que nem precisa de sobrenome já que é a única mulher da gangue. Malkovich participou de uma experiência com LSD enquanto estava na companhia e age como se fosse um lunático. E Cox é um agente russo chamado Ivan porque esse é o nome mais clichê que um russo pode ter em um filme.
A única graça do filme surge do fato de vermos alguns respeitáveis atores, para mim em especial Mirren, se divertindo em um filme que não parece ser feito para eles. Uma pena que mesmo as imagens deles acabam não conseguindo segurar o filme contra um vilão que conta com um incontável estoque de armas e pessoas que os atacam sem parar. Fica muito cansativo ficar vendo as mesmas coisas sempre, em especial quando as cenas de ação não são tão boas assim.
Na verdade, os personagens são interessantes, mas gostaríamos que estivessem fazendo alguma coisa melhor do que fazem. Poderia ser um filme divertido, mas não chega a ser sequer um bom filme. O que incomoda, é que parece nem ao menos tentar ser bom. Se a história fizesse mais sentido ou se fosse mesmo mais engraçado, ele poderia ter sido muito mais. Mas se gera dinheiro assim, por que se incomodar?

terça-feira, 19 de julho de 2011

VAMOS NESSA - GO


NOTA: 8.
- Eu não sabia que tínhamos virado grandes amigos. Porque se tivéssemos, você saberia que eu não faço favores nem pros meus melhores amigos. 

Impossível não comparar este filme com Pulp fiction de Tarantino. O filme conta em três partes com personagens diferentes que em algum momento podem se encontrar, começa e termina no mesmo lugar e flerta com violência e drogas. O engraçado é que mesmo parecendo um derivado, o filme começa a mostrar uma personalidade própria, parte por causa do roteiro que mais acerta do que erra e outra parte por causa do diretor Doug Liman (Sr. e Sra. Smith, A identidade Bourne).
A diferença está nos personagens. Ou melhor ainda, na idade dos personagens. Se no filme de QT acompanhávamos adultos, aqui vemos a adolescência americana e principalmente as consequências de seus atos quase sempre estúpidos, ainda que nenhum dos personagens sejam burros. Quando a personagem pergunta algo simples como "Papel ou plástico?", percebemos a insatisfação de estar naquele lugar. Eles parecem ser melhores do que aquilo, mas ainda assim se encontram "presos" àquele lugar.
A história começa com quatro amigos que trabalham em um mercado. Ronna (Sarah Polley) está precisando de dinheiro para não ser despejada em pleno natal, quando Simon (Desmond Askew) pede que ela cubra seu turno para ele poder ir em uma despedida de solteiro em Las Vegas. Durante o turno, dois atores da TV perguntam por Simon de quem compram drogas para poderem fazer uma compra. Para acabar com seus problemas financeiros, ela resolve fazer ela mesmo a venda comprando do mesmo traficante, Todd Gaines (Timothy Olyphant).
Essa é a história "principal", ou pelo menos a que achei a melhor desenvolvida no filme. As duas outras partes parecem terem sido feitas mais para preencher o tempo do filme. Não que não tenham uma certa graça, mas não tem o mesmo timing. Então acompanhamos Simon e seus amigos em uma despedida de solteiro que acaba em uma perseguição e depois como a dupla de atores veio a se juntar à história deles. E para finalizar, eventualmente todas as histórias se juntam ao final do filme.
Apesar disso o filme funciona muito bem. Especialmente pelas atuações do filme, todas condizentes com o material. Até mesmo Katie Holmes com os mesmo trejeitos de sempre não consegue estragar o resultado. E no meio desses jovens atores, se destaca William Fitchner como um policial muito esquisito que está sempre aberto a novas experiências. Se a terceira parte do filme, a mais fraca, não se torna cansativa ou chata, é por causa da sua presença.
O mais importante é que o filme consegue se divertir em qualquer situação. Seja com um gato que se comunica por telepatia ou mesmo uma Macarena em um lugar no mínimo inusitado. Cortes rápidos e muito humor inusitado, fazem deste filme o que Pulp fiction poderia ter sido se fosse feito para adolescentes (o que por sorte, não foi).

segunda-feira, 18 de julho de 2011

HITCHCOCK TRUFFAUT 10: JUNO AND THE PAYCOCK (1930)

Para ler o que já saiu de Hitchcock Truffaut, clique aqui.


NOTA: 4.
- A religião está sumindo. Veja as pessoas que realmente são de Dublim, por exemplo. Elas sabem mais de Charlie Chaplin do que sobre Pedro ou Paulo.

Até agora, o que tem de pior na obra do diretor. Ele mesmo diz que realizou o filme contra sua vontade pois não encontrava uma maneira cinematográfica de fazê-la. Isso transparece na forma preguiçosa como ele optou por fazer o filme. Parece uma peça de teatro com uma trupe de artistas irlandeses com uma câmera colocada na platéia. "Fotografei essa peça com o máximo de imaginação, mas do ponto de vista criativo não foi uma boa experiência", como ele mesmo diz.
Incrível ainda acreditar que o filme recebeu todo o tipo de elogios dos críticos de cinema. Truffaut mostra uma das críticas da época: "Juno and the Paycock me parece estar muito perto de uma obra-prima. Parabéns Sr. Hitchcock, parabéns atores irlandeses, e parabéns Edward Chapman. Eis um magnífico filme britânico." Hitchcock se sentia envergonhado, pois sentia que estava roubando o trabalho de outra pessoa, e os críticos o elogiavam por causa da qualidade literária do filme, não cinematográfica.
De importante para a carreira do diretor, foi a lição que ficou. Ele nunca mais filmou uma importante obra literária, e confessa que jamais filmaria Crime e castigo por se tratar da obra de uma outra pessoa. Quando a ideia lhe agradava, pegava a base da ideia e fazia cinema. Para adaptar Dostoiéviski, ele acreditava que deveria criar uma linguagem que transformasse cada palavra do autor em imagens, o que num trabalho sério de um filme o deixaria com seis ou dez horas de duração. Principalmente em relação ao tempo do filme: "Contrair ou dilatar o tempo não é a primeira missão do diretor do cinema? Você não acha que no cinema o tempo jamais deveria ter relação com o tempo real?".
O filme se passa entre 1922-1923, início da guerra civil irlandesa. Acompanhamos a família Boyle, que tem como patriarcas o Paycock, um capitão que está ocioso e sem previsão de conseguir emprego, e sua esposa Juno, que comanda a casa. Um dia, um homem bate à porta e lhes avisa que um parente morreu e que eles estão prestes a receber uma herança. Acontece que muitos problemas acontecem em relação a essa herança na família que esta pode deixar de existir.
Quanto ao livro, fica o que pode ser a parte mais famosa da entrevista:
"A diferença entre suspense e surpresa é muito simples, e costumo falar muito sobre isso. Mesmo assim, é frequente que haja nos filmes uma confusão entre essas duas noções. Estamos conversando, talvez exista uma bomba debaixo desta mesa e nossa conversa é muito banal, não acontece nada de especial, e de repente: bum, explosão. O público fica surpreso, mas antes que tenha se surpreendido, mostraram-lhe uma cena absolutamente banal, destituída de interesse. Agora, examinemos o suspense. A bomba está debaixo da mesa e a platéia sabe disso, provavelmente porque viu o anarquista colocá-la. A platéia sabe que a bomba explodirá à uma hora e sabe que faltam quinze para uma - há um relógio no cenário. De súbito, a mesma conversa banal fica interessantíssima porque o público participa da cena... No primeiro caso, oferecemos ao público quinze segundos de surpresa no momento da explosão. No segundo caso, oferecemos quinze minutos de suspense. Donde se conclui que é necessário informar sempre que possível, a não ser quando a surpresa for um twist, ou seja, quando o inesperado da conclusão constituir o sal da anedota."

domingo, 17 de julho de 2011

HARRY POTTER E AS RELÍQUIAS DA MORTE PARTE 2 - HARRY POTTER AND THE DEATHLY HALLOWS PART 2


NOTA: 9.
- Vamos lá, Tom. Vamos terminar do jeito que começamos... Juntos.

Depois de 10 anos desde sua estréia, a saga do bruxo Harry Potter chega ao fim (ou pelo menos ao fim das adaptações dos livros sobre ele). Ele chega ao final dando uma vontade que quase nenhum de seus antecessores conseguiu antes: fazer com que tivéssemos a vontade de reassistir a todos os filmes anteriores. As crianças cresceram, e os filmes também. O filme não tem início e praticamente não tem meio. São mais de duas horas do final não somente do último livro, mas de toda a saga. Um belo e emocionante final.
Como tinha escrito na resenha do filme anterior, eu tinha uma desconfiança que quase todas as partes emocionantes do livro deveriam ter ficado para a segunda parte do filme, e não estava errado. Se a tática de dividir o filme em dois foi puramente para angariar mais dinheiro, não é do meu pecúlio. O fato é que a divisão permitiu que este filme pudesse guardar mais emoções nesse capítulo que em todo o resto da saga. Depois da série ter seus altos baixos, é bom saber que ela termina por cima.
O elenco merece ser (novamente) destacado. Quem diria que o menino que começou inocente dez anos atrás conseguiria se tornar um ator capaz de realizar todas as nuances que seu personagem necessita neste último épico? Seus protagonistas cresceram para se tornarem bons atores. Chegou o momento de Harry Potter enfrentar cara a cara Voldemort, e são as atuações que definem essa parte do filme. E as atuações são ótimas, tanto de veteranos quanto de novatos. São tantos ótimos atores neste filme e até mesmo durante a saga, que qualquer um que tenha ficado de fora vai provavelmente se arrepender no futuro. Claro que os grandes nomes como Michael Gambon, Maggie Smith e John Hurt (entre muitos outros) roubam a cena pelo simples fato de estarem nela, mas nessa última parte quem realmente se destaca é Ralph Fiennes. Talvez realmente seja melhor interpretar um vilão do que o herói.
Tecnicamente o filme também não deixa a desejar em nada. O diretor David Yates, responsável pelos últimos filmes do bruxo, conduz o final com maestria. É uma montanha russa emocional pelo qual ele nos leva para diferentes sentimentos, mistérios e até mesmo guerra. Tudo isso apoiado por duas coisas que me chamaram bastante atenção: uma fotografia primorosa de Eduardo Serra e efeitos que em nenhum momento desviam a atenção do filme, servem apenas para contar uma história. Tudo na medida certa.
Nada vou dizer do filme para não estragar nenhuma surpresa. Quem não sabe o que vai acontecer na história, terá muitas surpresas. Quem leu o livro ficará na expectativa de que tudo corra como leram e imaginaram que seria. Harry Potter é tudo que os blockbusters deveriam ser com um grau de excelência que alguns raros filmes atingem. São todas essas coisas e um ótimo final que farão, pelo que eu acredito, fazer com que a saga viva ainda por muitos anos. E com merecimento, pois acabou ficando melhor do que esperava que fosse se tornar.

sexta-feira, 15 de julho de 2011

A PONTE DO RIO KWAI - THE BRIDGE ON THE RIVER KWAI


NOTA: 9.
- Não fale comigo sobre regras. Isso é guerra. Não um jogo de críquete. 

Ao final do filme a palavra "loucura" é repetida inúmeras vezes. E é loucura que leva o filme até seu desfecho. Os dois principais personagens são completamente loucos, tanto o mocinho, o oficial inglês, quando seu captor, o oficial japonês. Provavelmente, o mocinho consegue ser ainda mais louco que o vilão. E acompanhamos o filme pelo ponto de vista dos dois personagens além do americano interpretado por William Holden, provavelmente o único são de seus protagonistas.
O filme abre com o personagem de Holden, Shears, enterrando alguns soldados mortos no campo de prisioneiros comandado pelo coronel Saito. Saito não está muito preocupado com as regras sobre como tratar os prisioneiros, ele quer apenas que as coisas saiam do seu jeito, não importa como e não importa o que ele tenha que fazer. Shears sabe que ele é louco e procura apenas se manter vivo e não irritar ninguém. Quem sabe escapar. Por isso ele está vivo enquanto tantos outros morreram.
Chega então todo um pelotão comandado pelo coronel Nicholson (Alec Guinness), o outro que é tão louco quanto o próprio Saito. O japonês quer que os prisioneiros construam uma ponte sobre o rio Kwai, e como seu calendário está apertado ele quer que todos ajudem na construção, incluindo os oficiais. Aí entra a batalha de loucura entre os dois: Saito está disposto de torturar para que tenha seus desejos realizados, e Nicholson está mais preocupado com as regras sobre o tratamento de prisioneiros, que inclui que oficiais não devem trabalhar, do que está preocupado se vai ajudar o inimigo ou não com a construção da ponte. Apenas os que não são coronéis parecem perceber a loucura daquilo tudo, e isso inclui Shears, mas nenhum deles está em posição de fazer alguma coisa a respeito a não ser receber as ordens.
A maioria dos filmes de guerra costumam discursar sobre ela. Seja a favor ou contra, mas é sempre o assunto principal. Este é um filme sobre a guerra, mas em nenhum momento discursa sobre ela. Toda a guerra que acontece em volta não afeta o que acontece nesse filme, que se estreita sobre a construção da ponte e a relação entre os dois oficiais. Essa é a sua maior força, seu grande trunfo. O resultado da guerra ou dos acontecimentos daqui não importam tanto, e sim o comportamento de seus personagens.
O filme concorreu a oito prêmios da academia, incluindo seus dois protagonistas, diretor (David Lean), roteiro e filme. Hayakawa, que interpreta Saito, foi o único indicado do filme que não levou sua estueta (será por ser japonês?). 
Lean conduz o filme brilhantemente até sua conclusão com um certo suspense. É difícil saber o que realmente vai acontecer ao final do filme. Se a loucura irá se sobrepor à razão. Há apenas um pequeno deslize em mostrar uma história paralela de Shears que quebra o ritmo do filme (até mesmo por ele estar um pouco fora do tom do filme) e se mostra muito mais longa do que deveria realmente ser, mas ainda assim o filme não é sobre ele. É sobre os dois oficiais. E eles estão ótimos.

quinta-feira, 14 de julho de 2011

VICKY CRISTINA BARCELONA


NOTA: 4.
- Nós fomos feitos um pro outro e não fomos feitos um pro outro. É uma contradição.

Escolhi essa fala do filme porque exemplifica bem uma coisa que me incomoda muito no filme: a necessidade do diretor de explicar o que não precisa ser explicado. Algumas vezes reclamo de filmes que fazem isso de forma diferente, que explicam algum detalhe que não influencia no resultado final do filme. Woody Allen faz diferente, ele faz questão de explicar o que estamos vendo na tela. Como essa fala: se são feitos e não são feitos um pro outro, isso não é uma contradição? Por que o personagem tem que dizer que é uma contradição?
A forma mais usada, porém, para explicar desnecessariamente as situações é um narrador que não é nenhum dos personagens do filme. É um narrador onipresente, que sabe de tudo que todos estão pensando, fazendo e passando. É também muito linguarudo e quer compartilhar seu conhecimento com a platéia. O que acontece é mais ou menos assim: o narrador diz algo do tipo "Então um momento constrangedor aconteceu durante o jantar", aí em seguida vemos o momento constrangedor. Se vamos ver o momento, para quê narrar que ele virá?
Este é um típico filme de Woody Allen. São personagens variados com diferentes tipos de sofisticação. Sempre os problemas entre o certo e o errado e sempre os problemas de amor. Allen tem praticamente a mesma quantidade de filmes e anos de carreira. Filmes que ele mesmo escreve e dirige. Alguém pode dizer que ele deveria ser idolatrado por isso. Eu acho que ele deveria ter perdido mais tempo entre um filme e outro para planejá-los melhor. Assim poderia ter entregue alguns trabalhos inesquecíveis.
Não que me incomode que o diretor insista em falar sobre o mesmo tema toda vez, o que me incomoda é que ele não vá ficando melhor nisso. Parece as mesmas histórias da época que ele filmava em Nova York recauchutadas para se passarem agora em diferentes cidades da Europa. Quando ele fez Match point, parecia que uma nova era começaria para ele, com mais vigor e frescor. Seja lá o que aconteceu, ele decidiu depois que era melhor cair na mesma mediocridade que vinha o acompanhando.
Se eu tivesse que dizer, acho que diria que esse filme é uma comédia. Pelo menos pela estrutura e pela forma que a história é contada. O filme, entretanto, não é engraçado. Com exceção de uma cena ou duas que nunca chegam a ser hilárias. Em geral, já dei mais risadas em alívios cômicos de dramas do que nesse filme.
As atuações do filme contrastam com a qualidade dele. Todos os atores estão bem em seus papéis, apesar de nem todos os personagens serem realmente interessantes. Em especial Rebecca Hall, que entrega o único personagem com real profundidade no filme. Talvez mais pela atuação do que pelo roteiro. De resto, o filme pode agradar quem nunca assistiu um filme (ou talvez muitos filmes, dependendo da tolerância) de Woody Allen. Ou talvez quem queira ver um filme na bela cidade de Barcelona. Pelo menos isso é bem aproveitado.

quarta-feira, 13 de julho de 2011

LOVE STORY - UMA HISTÓRIA DE AMOR (1970)


NOTA: 9.
- Amar significa nunca ter que pedir desculpas.

A abertura do filme começa com o jovem Oliver Barrett IV (Ryan O'Neal) sentado com a neve caindo sobre si. Sua voz em off pergunta o que se pode dizer sobre uma garota de 25 anos que morreu. Vendo essa primeira cena, pode-se achar que o filme vai ser deprimente, mas não é. O filme pode até ter o final um pouco triste, mas é muito pouco comparado com o que acontece até o trágico acontecimento. Que isso fique claro para quem quiser assistir o filme: esta é sim uma história de amor.
Baseado no livro homônimo, o filme conta a história de amor entre Oliver e Jenny (Ali MacGraw), dois estudantes de faculdades distintas. Ele é rico e ela é pobre. Ela o xinga de prepotente inúmeras vezes, e ainda assim ele não consegue ficar longe dela. Ela e o pai se amam, enquanto ele mal fala com o dele. Talvez esse seja o atrativo: ela pode ser capaz de lhe ensinar o que é o amor. E ele a ama. Tanto que mesmo quando seu pai desaprova, ele casa com ela mesmo assim e corta relação com ele.
Não tive a oportunidade de ler o livro, mas segundo eu li não faz diferença. Parece que a prosa do autor não é tão interessante assim e o acompanhamento da história é exatamente o mesmo. Se for realmente o caso, dessa vez o filme sai ganhando. A "prosa" do diretor é ótima, em especial porque ele parece dar uma coisa que o livro não oferece: personalidade aos seus personagens. Não esquecendo também de dar crédito aos atores que estão ótimos em seus papéis. Tão bem que quase não vale a pena comentar qualquer outro, com exceção, talvez, de Ray Milland como Oliver Barrett III.
E são esses personagens que tornam o filme tão bom. Eu poderia contar todo o filme, nos mínimos detalhes, e ainda assim não tiraria o prazer de assisti-lo. Aqui, o que conta não é como começa ou termina, é como seus personagens reagem às adversidades. Quando se "separa" do pai de Oliver, eles ficam com pouquíssimo dinheiro e ela sustenta a casa enquanto ele estudo direito, e mesmo assim ficam unidos esperando os dias melhores que virão. 
Na época, o filme causou um certo alvoroço por um uso exagerado de palavrões, em especial ditos por Jenny. Na época, pelo menos, era considerado um número elevado. Hoje esse pequeno detalhe passa totalmente despercebido. Com certeza todos já devem ter visto um filme com mais palavrões por minuto do que este tem em toda a sua duração.
Li algumas pessoas que reclamavam do tom melancólico do final. Acho que isso acontece por muito pouco tempo para estragar o filme. Como disse, esse filme é sobre o amor. O amor dos 2 é tão lindo e perfeito que nem a morte pode acabar com ele. Ela não morre de verdade, apenas deixa de estar fisicamente ao lado dele. A única coisa que achei realmente depressiva nisso tudo é pensar que não consigo mais ver filmes assim sendo feitos.

terça-feira, 12 de julho de 2011

ATRAÇÃO PERIGOSA - THE TOWN


NOTA: 9.
- Não importa o quanto você mude, você ainda tem que pagar o preço pelas coisas que fez. Então eu tenho uma longa estrada. Mas eu sei que vou ver você de novo. Neste lado ou no outro.

Ben Affleck foi frequentemente criticado por suas atuações em seus filmes. Talvez isso o tenha impulsionado a ir para trás das câmeras e tentar dirigir um filme. Um grupo mais maldoso chegou a fazer uma campanha na internet para que ele não atuasse novamente, apenas dirigisse. Com a estréia de Medo da verdade, ele provou que podia ser um bom diretor. Com este filme, ele confirma a tese mostrando que é capaz de ter mais do que apenas um filme de sucesso.Não é que ele esteja reinventando o cinema, mas com certeza faz seus filmes com uma capacidade que impressiona.
O próprio Affleck interpreta o líder de uma gangue, Doug, que assalta bancos. Eles são a nova geração de assaltantes de uma parte de Boston que vem de famílias de assaltantes. Segundo vamos descobrir, aquele pedaço da cidade tem mais assaltantes que todo o resto do país. Um dos membros é Jem (Jeremy Renner). Eles sempre planejam seus roubos de forma a não deixarem rastros, mas Jem é um pouco mais descuidado e faz o que não deveriam fazer: ele leva uma refém, Claire (Rebecca Hall).
Eles soltam Claire ilesa, mas acontece que ele mora na vizinhança. Jem fica um pouco paranoico e decide que a melhor coisa é eliminar a ameaça, mas Doug promete cuidar do caso. Ele a segue e eles acabam se conhecendo e posteriormente tendo uma relação. O filme cresce bastante nessa parte, com a relação dos dois e as consequências dos atos do assalto. Até há a ótima participação de Chris Cooper como o pai de Doug. Infelizmente o filme perde um pouco de força e volta para mais crimes, incluindo uma força da polícia comandada por Jon Hamm que pretende prendê-los.
Affleck dessa vez está nos dois lados das câmeras (ele não atuou no primeiro), e não tem uma atuação que vá gerar reclamações. A surpresa está, além de Cooper (o que não chega a ser uma surpresa), em Renner, fazendo um papel totalmente diferente de Guerra ao terror, que lhe deu a fama. Ele é confuso, violento e imprevisível. E com certeza capaz de nos brindar com papéis ótimos por um bom tempo ainda. Não que o resto do elenco seja ruim (estão todos muito bem), é só que ele realmente merece um destaque.
Tem uma cena que exemplifica o que acabei de falar. Doug está num restaurante comendo com Claire quando Jem aparece. Os três se sentam e conversam. Ela quer saber mais do passado de Doug que é muito fechado. Ele quer saber como foi que os dois ficaram tão próximos já que ela representa perigo para eles (mesmo que ele não saiba que ela viu sua tatuagem). Sabemos o que pode acontecer, mas não sabemos o que Jem pode fazer, o que causa uma grande tensão na cena. Bem, se um filme atinge esse ponto de tensão é porque está fazendo alguma coisa certa.
Assim como no primeiro filme, Affleck mostra que tem o domínio do filme. Ele tira grandes atuações de seus atores, mantém um suspense e um ótimo clima. Só queria ter visto mais um pouco da tensão entre os personagens e menos tiroteios.

segunda-feira, 11 de julho de 2011

HITCHCOCK TRUFFAUT 09: CHANTAGEM E CONFISSÃO - BLACKMAIL (1929)

Para ler o que já saiu de Hitchcock Truffaut, clique aqui.


NOTA: 7.
- Você e sua Scotland Yard. Se não fosse por Edgar Wallace ninguém teria ouvido falar de vocês.

Tido inicialmente como mais um filme mudo, os produtores resolveram mudar quando O cantor de jazz (primeiro filme falado) começou a fazer sucesso. Eles queriam que o último rolo do filme fosse falado enquanto o resto permanecesse mudo, o que não era incomum na época (vendia-se como um filme parcialmente falado). Hitchcock se precaveu e o filmou todo falado só precisando refilmar algumas cenas.
Assim como aconteceu com todos os diretores da época, Hitchcock teve que "reaprender" o seu ofício (os que não reaprenderam se aposentaram). O novo cinema falado exigia uma técnica diferente para filmar por conta de seu equipamento complicadíssimo, que foi sendo aperfeiçoado conforme ia sendo cada vez mais usado pela indústria. O resultado do filme é um pouco estranho. Não se define entre um filme mudo ou falado.
O filme começa mostrando uma dupla de detetives trabalhando. Eles prendem um homem que tenta surpreendê-los com uma arma e depois de realizar todos os procedimentos na delegacia eles saem como se fosse um trabalho qualquer. Apenas mais um dia de trabalho. O mais jovem deles se encontra com a noiva e saem para jantar, mas eles brigam durante a refeição e ela acaba indo para casa de um pintor que conheceu. Acontece que o pintor tenta estuprá-la e pra se defender ela o mata com uma faca.
O caso vai ser investigado pelo jovem detetive noivo da mocinha, que descobre uma evidência de que foi ela que cometeu o crime, mas ele está disposto a abafar o caso em prol dela. O problema é que aparece um homem que também tem uma evidência que foi ela e começa a fazer chantagem para não entregar para a polícia.
Para o tema que tem, o filme é muito lento e arrastado. Pouca coisa acontece e quando acontece demora para se desenvolver. Principal: não há mistério. A atriz que interpreta a mocinha, era alemã com um sotaque muito carregado. Para não ficar estranho, sua voz foi dublada por uma atriz inglesa. Como ainda não havia as técnicas de dublagem, a atriz ficava no canto da cena recitando os diálogos enquanto a alemã movia os lábios. Minha única dúvida é porque escolheram uma voz tão estridente. Em determinado momento a voz incomoda um pouco.
Novamente Hitchcock reclama de que não teria feito o filme como desejava. Ele queria que a moça se entregasse e que da mesma forma como o filme começa, terminaria. Com os dois detetives se encontrando e quando o mais velho perguntasse se ele iria ver a namorada ele diria que não, que estava indo para casa. Seu adeus aos filmes mudos, segundo ele mesmo diz no livro é bem simples mas eficaz. Era costume nos filmes mudos que o vilão tivesse um bigode. Aqui o pintor não tem, mas ele faz uma sombra incidir sobre o rosto do homem formando um bigode ainda mais ameaçador que um bigode original.
Apesar de seus defeitos, o filme é um dos melhores que recordo ter visto dessa transição do cinema mudo para o falado. Nessa época, Chaplin, por exemplo, usaria som mas não diálogos. Muitos dizem que o som foi um retrocesso do cinema e não estão de todo errados. A forma de filmar com som causou uma "paralisia" no cinema que demorou a ser contornada. Pelo menos Hitchcock tentou dar uma emoção diferente do que se fazia na época, que era de musicais.

quarta-feira, 6 de julho de 2011

ENTRANDO NUMA FRIA MAIOR AINDA COM A FAMÍLIA - LITTLE FOCKERS


NOTA: 1.
- Eu vou prestar atenção em você.
- Eu tenho meus olhos também. Então eu vou prestar atenção em você... prestando atenção em mim.

A franquia parece ter se tornado um caça níquel rentável para os produtores e os atores do filme. Só assim para explicar a presença não apenas da dupla de protagonistas, mas também pela lista de coadjuvantes que vai aumentando a cada nova sequência. O mais estranho para mim é que uma franquia tão fraca como essa tenha conseguido chegar a tantas continuações. Não que os filmes anteriores sejam ruins, mas não achei nenhum engraçado o suficiente para esperar por mais um.
O primeiro tinha certa graça por apresentar o duelo de estilos entre um enfermeiro e um ex-operativo secreto da CIA que diz que é um florista aposentado. O segundo se superou um pouco ao introduzir os pais do enfermeiro interpretados por Barbra Streisand e Dustin Hoffman como um casal hippie mais diferentes ainda do ex-agente. Como fazer para superar as atuações inspiradas da dupla? A resposta dos realizadores é: nada. Por isso eles sequer tentam.
O filme começa com o genro preferido de Jack Byrnes (Robert De Niro) se divorciando da mulher. Acontece que esse genro era a esperança de ter um homem capaz que possa liderar sua família quando ele se for. Quando tem um infarto, ele acredita que deve tornar Focker (Ben Stiller) nesse tipo de homem. Por isso, a vida íntima de Focker fica de novo sob o microscópico olhar de Byrnes, que analisa sua relação com Andi Garcia (Jessica Alba), a obra de sua casa feita por Randy Weir (Harvey Keitel) e a festa de aniversário dos seus netos gêmeos.
Tenta-se tirar alguma graça com o nome do personagem de Alba (Andy/Andi Garcia), com Hoffman aprendendo a dançar flamenco e o programa de Streisand na TV onde ela fala de sexo (em especial sobre Focker). Não achou graça? Pois isso é o que o filme tem de melhor para oferecer. A paixão de Kevin (Owen Wilson) pela mulher de Focker gera uma tatuagem dela em seu corpo. Já para De Niro, resta uma piada sobre ereção e para Stiller ser chamado de "The Godfocker" (referência ao nome original de O poderoso chefão, The godfather) e ficar agindo como se fosse um mafioso com seu filho. Falhar em ter uma boa história é uma coisa, mas uma comédia sem um boa piada sequer?
Talvez esperava-se que o diretor Paul Weitz mostrasse sensibilidade o suficiente para equilibrar a comédia com o romance, e olha que existem pelo menos três casais para isso, mas ele falha miseravelmente. A história é confusa e tem muitas subtramas que atrapalham mais do que qualquer outra coisa. De Niro deve estar mais preocupado em contar seus milhões e não em ler roteiros, por isso já emenda uma sequência desagradável de filmes. E nem a comédia de Stiller serve para alguma coisa aqui.

terça-feira, 5 de julho de 2011

DESCONHECIDO - UNKNOWN



NOTA: 5.
- Você sabe como é sentir que está ficando louco? É uma guerra entre ouvir quem você é e saber quem você é. Qual lado você acha que vence?


Liam Neeson deve ter gostado da experiência de ser um astro de filmes de ação, como fez anteriormente em Busca implacável. Só isso para explicar a sua presença neste filme que faz o anterior parecer um clássico. Ele cria uma carreira respeitada como ator sério para acabar fazendo um filme sem pé nem cabeça que pode fazer a platéia duvidar da sua capacidade de escolher um bom filme. A coisa piora se lembrarmos que entre seus filmes mais recentes também Esquadrão classe A e Fúria de titãs.
Aqui ele interpreta o Dr. Martin Harris que está no avião viajando com sua esposa, Elizabeth (January Jones), indo para uma conferência de biotecnologia em Berlim. No desembarque, ele deixa o taxista colocar a bagagem dentro do carro e uma maleta acaba ficando no aeroporto. Ele pega um outro táxi de volta para recuperá-la mas acaba se envolvendo em um acidente que o deixa no hospital por alguns dias. Quando consegue sair do hospital, sua esposa está com outro homem que está se passando por ele e ela ainda diz que nunca o viu antes.
A maleta é tão importante que ele não podia cogitar não ir buscar imediatamente. A urgência é tanta que ele sequer avisa a esposa que está voltando para buscar, simplesmente parte, enquanto ela está fazendo o check in, desesperado. Se você tem uma maleta muito importante, que contém o que deve ser a realização mais importante da sua vida, qual é a probabilidade de você deixar a responsabilidade sobre ela para uma outra pessoa que não sabe sua importância No caso um taxista)? Zero. E ainda mais, qual a probabilidade de fazer o caminho de volta para o aeroporto em Berlim e não ter sinal? Talvez menor ainda. Mas ainda assim isso tudo acontece com ele.
Ele conta apenas com a ajuda da taxista, uma imigrante ilegal conhecida apenas como Gina (Diane Kruger), e um detetive alemão interpretado por Bruno Ganz (a melhor coisa do filme) para poder acabar com essa conspiração ou seja lá o que for que estão armando contra ele. Nessa parte a cabeça começa a pensar em milhares de possibilidades, a melhor seria aquela que você menos esperava ou que de repente sequer pensou. Neste caso, eu sequer pensei na possibilidade, mas acho que isso aconteceu porque jamais podia imaginar que o resultado poderia ser tão ruim. Que a explicação pudesse ser tão banal.
Talvez eu esteja implicando muito com filme. Não desgostei tanto assim dele. Chegou até a me entreter por algum tempo (talvez uma hora) antes que começasse a dar explicações demais, o que já é ruim, e depois explicações que sequer tampam os furos na história, o que é pior ainda. E ainda fica uma grande impressão que é tudo uma mera desculpa (esfarrapada) para terminar com cenas de perseguição, tiroteio e lutas. E nada disso justifica a presença de Neeson no filme. Alguém pode até falar que a presença dele serve para dar mais veracidade ao filme. A minha pergunta é: esse filme merece isso?

segunda-feira, 4 de julho de 2011

HITCHCOCK TRUFFAUT 08: O ILHÉU - THE MANXMAN (1929)

Para ler o que já saiu de Hitchcock Truffaut, clique aqui.


NOTA: 5.
- Que lucro tem um homem, se ele ganha o mundo inteiro mas perde sua alma?

Ao contrário do filme anterior de Hitchcock, que era uma comédia, o filme seguinte foi um drama seríssimo mas de um tema antiquado para os dias de hoje. Segundo o diretor, o único interesse desse filme é ser seu último  mudo. Truffaut comenta como o filme já parece uma preparação para os filmes falados. Geralmente, nos filmes mudos, nunca consegue-se entender o que os personagens estão falando. Mas aqui, a mulher "diz" (articulando os lábios, obviamente) tão claramente que está grávida que Hitchcock sequer coloca uma cartela para indicar a fala.
O filme conta a história de um triângulo amoroso à moda antiga (para não dizer antiquada) entre dois amigos de infância por uma mulher, Kate, a filha do dono do bar local. Um é o marinheiro Pete e outro é um advogado de nome Philip. Sem saber que seu amigo também gosta da garota, Pete pede a Philip que convença o pai dela a deixar os dois se casarem. Por ser pobre, o pai lhe nega o pedido. O marinheiro viaja para África para fazer sua fortuna. Ele pede que ela espere pela volta dele e num momento de fraqueza ela diz que sim, sendo que ela está realmente apaixonada pelo advogado.
A mãe do advogado lhe diz que o que interessa é seu futuro. Sua felicidade. Logo depois, chega uma carta dizendo que o marinheiro está  morto e os dois finalmente começam seu romance, que dura até a volta de Pete que está são e salvo. Ele e Kate se casam, mas a moça está grávida de Philip. Apesar de Pete não perceber que o filho não é dele, a garota aguenta as mentiras até não conseguir mais mentir. Ela quer ficar com Philip, mas ele não quer arriscar sua carreira ou sua amizade com Pete. Mesmo assim ela deixa para trás seu marido e filho e procura seu amante, que lhe dá abrigo em segredo.
O caso se resolve quando Philip, agora o juiz da cidade, tem como seu primeiro caso Kate, que tentou o suicídio depois que Pete se recusou a deixá-la levar seu filho. Num julgamento sem a menor veracidade ou mesmo senso, Philip assume seu romance com Kate e a paternidade da criança. Perde seu cargo e amigo, mas fica com a mulher e o filho e parte da cidade. Um péssimo final de um filme não muito bom.
A história é pouco inspirada e o diretor não parece ter ficado satisfeito com o resultado ou mesmo de ter filmado a produção. Ele diz que o autor do livro tinha uma certa reputação e que essa reputação tinha que ser respeitada. Esse respeito deve ter feito com que o diretor tivesse ficado insatisfeito, talvez por isso ele posteriormente tenha preferido adaptar livros que não eram sucesso. Para encerrar sua fase muda, ele discorre sobre a diferença entre os filmes mudos e falados:
"Os filmes mudos são a forma mais pura de cinema. A única coisa que faltava aos filmes mudos era evidentemente o som que saía da boca das pessoas e ruídos. Mas essa imperfeição não justificava a grande mudança que o som representou..." "Não se deveria ter abandonado a técnica do cinema puro, como fez o cinema falado." "Sempre me esforço em procurar primeiro a maneira cinematográfica de contar uma história, pela sucessão dos planos e pelos fragmentos de filmes postos entre eles. Com o surgimento do falado, o cinema se imobilizou abruptamente numa forma teatral. A mobilidade da câmera não muda nada nisso. Em suma, pode-se dizer que o retângulo da tela deve estar repleto de emoção."
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