quarta-feira, 27 de julho de 2011

FEITIÇO DO TEMPO - GROUNDHOG DAY


NOTA: 10.
- Se você quer uma previsão do tempo, está perguntando para o Phil errado. Eu posso te dar uma previsão do inverno: vai ser frio, vai ser cinza e vai durar o resto da sua vida.

Pode parecer estranho para muito gente o acontecimento de um déjà vu, como se não fosse uma coisa natural. Acontece que é disso que o cinema vive. Hollywood quer que a gente sinta como se a gente já tivesse passado pelas situações que eles nos apresentam. É sensação de familiaridade que nos faz nos identificar com o que vemos nas telas. É isso que faz o cinema americano funcionar.
Por isso que mesmo com essa aparente falta de imaginação que domina as produções, devemos reconhecer que a inventividade trabalha logo ao lado. E é ela que trabalha para fazer do citado déjà vu uma excelente comédia sobre um único dia que se repete incessantemente. Melhor ainda se o filme tiver Bill Murray encabeçando o elenco.
E é justamente ele quem fica preso revivendo o dia no papel de Phil Connors, um jornalista que tem que ir pra pequena cidade de Punxsutawney onde ocorre o Dia da Marmota. Basicamente, o evento é esperar que a marmota, que também se chama Phil, saia da toca e anuncie que que o inverno não acabou, que ainda vai durar mais seis semanas. Como se a previsão dele fosse alterar alguma coisa. Para ele, que se considera uma estrela da TV, apesar de só falar do tempo, fazer essa reportagem é uma chatice. Muito abaixo do que seu talento pode produzir.
Sua equipe consiste do câmera, Larry, e a produtora Rita (Andie MacDowell). Ambos já estão com ele tempo suficiente para não o suportarem mais. Ele é egoísta demais para pensar em qualquer outra pessoa, o que torna fácil para as outras pessoas não darem a mínima para ele.
Para piorar ainda mais as coisas, uma nevasca impede que eles saiam da cidade, e quando Phil acorda no dia seguinte, não é realmente o dia seguinte. Ainda é o dia da Marmota, e somente ele se recorda de já ter passado por aquilo antes. Para todo o resto está acontecendo pela primeira vez. Tanto que todos dizem sempre as mesmas coisas e agem sempre da mesma forma. A única coisa que pode mudar nisso tudo é ele mesmo.
E ele muda. Primeiro fica nervoso e tenta descontar em todos, até mesmo na marmota. Depois fica depressivo até chegar ao ponto de virar suicida inúmeras vezes (acho que é a primeira vez que vejo um personagem morrer de diferentes maneiras no cinema). Mas ele não morre realmente, no dia seguinte ele ainda está lá. Ele chega a pensar que é um Deus (não O Deus). Por que não se aproveitar? Ele pode conversar com uma mulher e descobrir tudo que ela procura em um homem. Então, no "dia seguinte", ele encontra essa mesma mulher e se torna tudo que ela quer.
Acontece que esse tipo de atitude é um paliativo como o resto das coisas que ele tentou. Elas não fazem o tempo correr seu curso novamente. Não há escapatória a não ser mudar de verdade. Se tem uma coisa boa nisso para ele, é que ele é capaz de observar tudo que faz de errado e tentar melhorar. Não se trata de conquistar uma mulher por um dia, mas pelo resto da vida. É tratar bem as pessoas. E como Murray nos mostra, se tornar uma nova pessoa pode ser ótimo.

Um comentário:

  1. esse filme é show, relata exatamente isso... que enquanto ele vivia para si mesmo, sendo egoísta, ou apenas para se divertir, ele repetia o dia... mas aos poucos ele vai se importando com as pessoas, e percebendo que naquela pequena cidade haviam tantas coisas acontecendo e tantas pessoas precisando de ajuda que ele não se dava conta, por andar sempre contra o tempo, fazendo suas próprias vontades. Muito legal mesmo! O último dia dele "naquele dia" é massa! ;)

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