terça-feira, 27 de setembro de 2011

PIRATAS DO CARIBE: NAVEGANDO EM ÁGUAS MISTERIOSAS - PIRATES OF CARIBBEAN: ON STRANGER TIDES


NOTA: 4.
- Jack Sparrow.
- Deve ter um "capitão" aí em algum lugar.

O diretor Rob Marshall apareceu com o grande vencedor do Oscar Chicago, musical que nunca me agradou e sempre achei superestimado. Mais absurdo se considerarmos que competia com filme como a segunda parte de O senhor dos anéis, As horas e O pianista. Depois do estouro inicial, vieram Memórias de uma gueixa e outro musical: Nine. Nenhum dos dois passou perto do estouro de seu filme de estréia. Na verdade, ele conseguiu transformar boas histórias em espetáculos tediosos. E para dar a volta por cima ele resolveu participar da franquia de piratas mais lucrativa que existe. O resultado é que nem ele e muito menos a franquia conseguiram dar um passo adiante.
Ao chegar ao quarto da franquia, acho que cheguei ao meu limite de ver o estranho capitão do navio pirata. Difícil dizer se é por ficar cansativo ou se é por o filme não apresentar nada de novo ou interessante. O que se passa por plot aqui nesse filme, é a busca pela fonte da vida, mas a tarefa não é nada fácil. Não por estarem sendo seguidos por espanhóis apenas, mas por envolver um estranho ritual que envolve duas taças e a lágrima de uma sereia. A história extremamente exagerada fica cada vez mais cansativa.
O pior é que a sequência inicial do filme é até mesmo interessante, onde Sparrow (novamente interpretado por Johnny Depp) arrisca uma fuga personificando um juiz até chegar ao encontro de seu amor, Angelica (Penélope Cruz). Tudo isso ocorre em terra, é quando o barco parte que as coisas degringolam. Depp faz seu show particular de forma bem eficiente, até surgirem as cenas de ação nos padrões atuais com movimentos estranhos e que não parecem ter nexo, já que parecem filmar cenas que não estão interligadas e que vão ser juntadas na edição.
Para encontrar a tal fonte, Sparrow deve navegar com o suposto pai de Angelica, o místico pirata Barba Negra (Ian McShane) que consegue mover cordas do navio e segundo viemos a descobrir, também tem a habilidade de ressuscitar. Se ele tem esse poder, não sei de que vale a fonte para ele, mas ainda assim ele teme padecer por uma profecia (as vezes parecem ser a única forma de derrotar um vilão, criar uma profecia) que diz que um homem sem perna irá matá-lo.
O homem sem perna é o sempre ótimo Geoffrey Rush, que justamente perdeu o membro para o Barba Negra. Acontece que o Barba é invencível dentro de seu barco, mas fora dele a história é diferente. Fora do barco ele pode ser derrotado. Então ao invés de ficar quieto em seu barco, ele parte para encontrar a tal fonte da vida.
A única coisa que funciona melhor aqui que nos filmes anteriores é a ausência dos personagens interpretados por Orlando Bloom e Keira Knightley, que nunca funcionaram muito bem. Os dois são substituídos, e muito bem, por Cruz. Os dois juntos funcionam muito melhor que o trio. Eles sequer eram piratas.
O filme é o que se pode esperar deles. Grandes explosões, cenas de ação confusas e longo o suficiente para não deixar um gostinho de quero mais. No meu caso deixou um gosto de quero menos. Há também a beleza de Cruz acompanhada de Astrid Bergès-Frisbey como a sereia. Acho que o suficiente para não ter muitas reclamações. Pena que nada funciona muito bem. De ótimo mesmo, só a rápida aparição de Judi Dench.

segunda-feira, 26 de setembro de 2011

HITCHCOCK TRUFFAUT 21: A DAMA OCULTA - THE LADY VANISHES (1938)

Para ler o que já saiu de Hitchcock Truffaut, clique aqui.


NOTA: 9.
- Você é a pessoa mais competitiva que eu já conheci na minha vida.

Truffaut declara que esse filme é o seu preferido na filmografia de Hitchcock, e não é difícil de entender o porquê. A trama é realmente uma das melhores que o diretor já filmou. Truffaut diz que como já conhecia a história de cor, ele planejava assistir para observar detalhes técnicos do filme, em especial a retroprojeção nas cenas do trem. Mas ele sempre ficava tão cativado pela história e pelos personagens, que nunca conseguia. Hitchcock acaba por lhe explicar que o filme foi rodado apenas em estúdio onde ele usou apenas um vagão do trem usado. 
O filme conta a história de uma mulher que está viajando no trem para encontrar com seu noivo. No caminho, é ajudada por uma senhora quando um vaso lhe cai na cabeça. Ela dorme e quando acorda a senhora sumiu. Ela passa a andar pelo trem procurando por ela enquanto todas as pessoas do trem tentam convencer a moça que a senhora nunca existiu. O único que a ajuda é um homem com quem teve uma desavença no dia anterior. Ele também parece não acreditar na veracidade da história, mas ainda assim se interessa em lhe prestar socorro.
Posteriormente, vamos descobrir que o problema é que a senhora está carregando uma mensagem que alguns grupos não querem que seja entregue. A trama é facilmente reconhecida por estar presente em diversos filmes. Mais recentemente, me vem à cabeça o filme Plano de voo, onde Jodie Foster perde sua filha dentro do avião e todos lhe dizem que nunca viram a filha. O mais interessante é que Hitchcock declara que é baseado em uma história real. Não a história, mas essa essência, e por isso continua sendo refilmada. Na maioria dos casos, fica cansativo depois de um tempo, mas nas mãos dele fica um filme bem interessante.
Claro que os que gritam que filmes não são verossímeis podem reclamar de certos detalhes da história. Coisas do gênero: "por que entregar uma mensagem importante para uma velha que qualquer um pode matar", ou até mesmo como a "mensagem pode ser uma música". O que realmente importa é que nas mãos de Hitchcock isso serve ao filme. Simples assim.
O que acho difícil de encontrar, são pessoas que falem sobre o elenco do filme, o que não é muito justo. Está certo que geralmente o grande astro do filme é o próprio diretor, mas aqui ele tem à sua disposição um elenco que lhe serve perfeitamente para contar a história. Mesmo uma dupla coadjuvante de dois homens que não querem perder a final de um jogo funciona muito bem. Nenhuma vez antes desse filme ele teve um material tão humano para trabalhar.
A partir daqui que o diretor começou a ser assediado para trabalhar nos EUA. Selznick o chamou primeiro para fazer um filme sobre o Titanic e eles assinaram um contrato que só valeria a partir de 1939, o que ainda lhe deu tempo de fazer um último filme na Inglaterra. O próximo da série a ser descrito aqui que tem o nome de A estalagem maldita.

domingo, 25 de setembro de 2011

MISSÃO MADRINHA DE CASAMENTO - BRIDESMAIDS


NOTA: 8.
- Isso é tão estranho. Eu realmente quero que você vá embora, mas não sei como te pedir isso sem parecer um babaca.

Este filme é uma comédia surpreendentemente engraçada com um elenco principal totalmente composto de mulheres. Alguns homens aparecem no filme, claro, mas nenhum tem muitos minutos em frente as câmeras ou ofusca alguma das mulheres. Este é um filme feito por mulheres (a atriz principal, Kristen Wiig escreveu o roteiro, apesar da direção ser de um homem), mas não para mulheres apenas (ao contrário de Sex and the city). É um filme para qualquer um que queira rir.
Como uma versão feminina de Se beber não case, o filme gira em torno de um casamento. Mas não é o casamento de Annie (Wiig) que está programado, é o de sua melhor amiga Lillian (Maya Rudolph). Annie é convidada para ser a madrinha do casamento da amiga, mas uma nova amiga de Lillian aparece para "atrapalhar" a vida de Annie. Isso porque Helen (Rose Byrne) é tudo que Annie não é. Ela tem dinheiro, é bonita e capaz de organizar o casamento com extremos bom gosto. A maior parte das decisões deveria caber a Annie, mas ela parece ser incapaz de fazer isso com competência.
E é muito fácil de descobrir porquê. Ela mal consegue manter sua vida em ordem. Divide o apartamento com duas pessoas muito estranhas que leem seu diário e vestem sua roupa, vive sem dinheiro depois de abrir falência ao tentar abrir um negócio e seus encontros se resumem a um homem que só se interessa em fazer sexo com ela e dispensá-la logo depois. Ela parece tão fadada ao fracasso, e em buscar por ele, que quando encontra um homem que é legal com ele, ela o dispensa.
Um dos grandes motivos que transformaram Se beber... em um sucesso, era uma mistura de humor politicamente incorreto com uma dose de escatologia na medida certa. Ver homens fazendo cenas como essa, não são incomuns. Mas ver mulheres fazendo é. E não sei porque é tão incomum essa situação, já que esse filme mostra que elas são totalmente capazes de fazer isso com tanta habilidade quanto o sexo oposto, em algumas situações até melhor. De qualquer forma, a surpresa de vê-las fazendo isso é o que torna parte da exibição maravilhosa.
Seria fácil fazer parecer o filme ser melhor do que realmente é, e por isso devo tomar um pouco de cuidado. Apesar de ser bem engraçado, o filme nunca se aventura para situações além do comum. Além disso, tirando Annie, não chegamos a conhecer realmente bem nenhuma das outras personagens que compõe o filme, o que é uma pena. Além dos rostos delas, não temos muito mais coisas para olhar no filme. Apesar de serem ótimos rostos, não parece suiciente.
Ainda assim é ótimo dar boas risadas sobre as desventuras de mulheres, mostrando que elas tem talento para fazer qualquer um rir tanto quanto qualquer outra pessoa, não importando o sexo. Talvez tudo que precisem seja apenas uma produção decente que lhes deem uma chance para provar isso. Aqui elas provaram. 

quinta-feira, 22 de setembro de 2011

TRÊS DIAS DO CONDOR - THREE DAYS OF THE CONDOR


NOTA: 9.
- Condor é um amador. Ele está perdido, é imprevisível e talvez esteja até sentimental. Ele poderia enganar um profissional. Não deliberadamente, mas porque ele está perdido e não sabe o que fazer. 

Alguns podem dizer que este filme está ultrapassado. Ele dirão isso por conta dos computadores antigos (daqueles de tela preta e letras verdes apenas, sem imagem alguma) e as técnicas de espionagem que estão décadas atrasada. Quando eu vejo o filme, porém, não vejo os aparatos tecnológicos, eu vejo a história. E esse filme tem uma grande história para contar. Coisa que muitos genéricos do gênero tentam e quase nenhum consegue.
Turner (Robert Redford) trabalha para a CIA, mas não se trata de um espião. Secretamente, sua função é ler qualquer coisa publicada em busca de códigos ou algo do gênero. Ele acha que encontrou algo em um livro que estava trabalhando. Algo que pode ser grande. Esse perfil que ele tem, dá características interessantes ao seu personagem. Ele tem cabelos longos, calça jeans e camisas sem gravata e vai para o trabalho numa pequena moto.
Ele sai para almoçar e quando volta todas as pessoas do seu escritório estão mortas. Assassinadas a tiros. Como eu disse, ele não é um agente "de verdade". Não sabe como deve agir exatamente com a situação que se encontra. O máximo que consegue pensar, é ligar para a agência e pedir para que o busquem. Ele quer apenas estar seguro, mas no encontro com o agente, ele acaba quase sendo assassinado também. Sua única alternativa é deixar a paranoia tomar conta dele e duvidar de tudo e de todos.
A única pessoa que acaba confiando, é Hale (Faye Dunaway), uma fotógrafa raptada por ele mas que depois acaba simpatizando pela sua causa. De resto, ele não sabe mais o que esperar. "Por que eu devo me identificar a você e você não tem que se identificar pra mim?", ele pergunta para um agente. No mundo da espionagem, parece ser comum você somente acreditar em alguém que não trabalha nessa área. Redford traz uma seriedade muito interessante ao papel principal, e faz um par muito interessante ao lado de Dunaway. O elenco conta ainda com a presença de Max Von Sydow como um assassino.
O interessante é que o filme foi lançado um pouco depois do escândalo de Watergate, que terminou com o fim da presidência de Nixon, que renunciou. Esse clima contagiou a película em frente a um público que acreditava que qualquer coisa do filme pudesse ser verdade por conta dos escândalos que surgiam a todo momento. Em época de Guerra Fria, era muito possível que qualquer coisa fosse considerada verdade em termos de política. Talvez esse seja um dos motivos que fizeram o filme ter sucesso naquela época. Mas é o talento que faz com que ele ainda continue sendo muito bom ainda hoje.

quarta-feira, 21 de setembro de 2011

CONAN, O BÁRBARO - CONAN, THE BARBARIAN (2011)


NOTA: 4.
- Pra ser um guerreiro cimério, você deve ter equilíbrio, velocidade e força.

Conan nasceu num campo de batalha. Vai saber o que sua mãe estava fazendo lá guerreando com 9 meses de gravidez (talvez faltasse um médico naquela época para dizê-la que não era recomendado fazer exercícios tão perto do fim do parto), mas ela estava lá empunhando uma espada quando seu marido chega para ajudá-la no parto. Assim nasce nosso herói com uma situação propícia para alguém dizer que "ele nasceu no campo de batalha e que a primeira coisa que experimentou foi o sangue da sua mãe".
Acho que o barato de uma pessoa que é conhecida por esse tipo de história, seja que não saibamos se é verdadeira ou não. Se a lenda é maior que a história, publique-se a lenda. Mas aqui, eles fazem toda a questão de deixar bem claro em letras garrafais que aconteceu assim, e desde o início o filme  não começa bem. 
De qualquer forma, ter esse nascimento estranho parece ter feito que ele crescesse melhor, maior e mais forte que todo o resto da sua tribo (deve ser o gosto do sangue). Numa prova para disputar quais dos jovens bárbaros é o mais forte, e todos são maiores e mais velhos que ele, somente Conan termina a prova, voltando com as cabeças de todos os homens que estavam caçando as crianças como troféu. Não sei porque esses homens estavam atacando as crianças, mas desde o início do filme parece claro que ele não serve para ter lógica, mas sim para servir de desculpa para inúmeras batalhas e muito sangue.
O filme começa (inexplicavelmente narrado por um Morgan Freeman que deve estar com contas para pagar) descrevendo um rei que tinha uma máscara muito poderosa que o deixava invencível. Mesmo com essa vantagem ele consegue ser derrotado quando as tribos se unem contra ele e destroem a máscara. Mas para dizer que não é igual a O senhor dos anéis, ao invés de lutarem pelo poder, eles destroem a máscara e espalham seus pedaços pelo mundo para que ela nunca seja remontada.
Acontece que ela está sendo remontada seguindo o incrível padrão de contradições do filme. O último pedaço está sob a posse do pai de Conan que escondeu muito mal ao invés de destruí-la. Antes de partir, o misterioso vilão sem nome parte deixando Conan sem poder salvar seu pai, por isso o garoto cresce buscando vingança. Anos se passam, e ele se torna um homem, enquanto descobre que que o nome que procura é Zym (Stephen Lang) e que ele se tornou um rei.
Personagem interpretado inicialmente por Arnold Schwarzenegger, aqui os bíceps são de Jason Momoa (que alguns vão reconhecer de A guerra dos tronos). Se ele é mais fraco que o governador do futuro, sua vantagem é que ele consegue mais expressões faciais que seu antecessor, e até poderia ter mais falas, mas o filme se trata de povos que servem apenas para ficar gritando e grunindo, sobrando-lhe pouco espaço para mostrar que pode interpretar de verdade.
O diretor Marcus Nispel, dos remakes (se é que podem ser chamados assim) de Sexta-feira 13 e O massacre da serra elétrica, faz um filme proibido para menores mas voltado para eles. Todas as cenas de ação são muito mais para adolescentes que para o público adulto, e pior ainda: voltadas para os desnecessário efeitos 3D (com certeza um dos mais sem graças que já vi). Pra piorar, as batalhas são confusas e pouco emocionantes. Mesmo um exército de soldados de areia não consegue dar gás ao filme.
Eu poderia falar mais da história, mas qual seria o motivo? O que interessa é que se tem bárbaros e Conan mata muito deles. É um personagem pouco interessante, sem grandes objetivos ou crenças. O filme acaba numa longa batalha que termina tão sem graça quanto começa. Se esse é o início de uma nova franquia do personagem, era melhor tê-lo deixado quieto.

terça-feira, 20 de setembro de 2011

A MOSCA - THE FLY


NOTA: 5.
- Eu estou trabalhando numa coisa que vai mudar o mundo, e a vida humana como conhecemos.

O filme foi lançado em 1986, quando eu ainda era pequeno, mas lembro de ter deixado uma grande impressão em mim. Assistir a transformação do cientista do filme em um bicho horrendo que é na verdade uma mistura de homem e mosca foi uma coisa marcante. Assistindo hoje eu consigo entender o  porquê. A criatura é uma coisa tão nojenta e bizarra. Muito mais bizarra do que qualquer outra criatura que eu tinha visto antes no cinema.
Não que isso seja um elogio. A figura da mosca é algo tão grotesco que atrapalha o filme. Assistir aquilo na tela distrai a platéia. Acredito que a intenção deveria ser algo que indicasse sim uma transformação, mas sem ser tão exgerado. Se perdemos tanto tempo do filme sentindo nojo daquele monstro, sobra pouco tempo para que a gente possa prestar real atenção à história do filme. O que é uma pena, porque é um personagem interessante.
Personagem esse interpretado por um Jeff Goldblum bem canastrão com o nome de Seth Brundle, um cientista com uma invenção que promete mudar o mundo. Ele está criando uma máquina de teletransporte, um aparato composto de duas câmaras diferentes onde objetos são transportados de uma para outra. A primeira vez ele mostra como funciona usando uma meia-calça de Veronica Quaife (Geena Devis) como se fosse uma forma de conquistar garotas.
Se não conquista, pelo menos interessa profissionalmente, já que ela quer fazer uma matéia exclusiva sobre o lançamento da incrível máquina que desintegra todas as moléculas do objeto transportado para reintegrar em outro lugar. Só é engraçado que um homem com uma mente tão brilhante para inventar algo como essa máquina possa pensar tão pequeno: "nada mais de ter que voar de avião", ele diz. Será tão difícil de pensar em objetivos mais ambiciosos do que simplesmente acabar com a aviação.
Os dois acabam se transformando em amantes, para o desgosto do editor dela e antigo namorado. Um triângulo amoroso pouco interessante que serve mais para atrapalhar ao invés de ajudar. É apenas um dos erros do filme que tenta ser mais ambicioso do que deveria ser. Tenta muitas coisas ao mesmo tempo, e dificilmente consegue realizar com sucesso ao que se propõe fazer. Hoje vejo que a impressão que tive do filme quando o assisti muitos anos atrás não era medo, era apenas repulsa.
Quando Brundle se transforma, uma mosca entra junto com ele na câmara e ao invés de os dois serem transportados apenas Brundle surge do outro lado. O que acontece é uma mistura do DNA dos dois transformando o cientista em uma numa espécie que ele mesmo apelida de Brundlemosca. Por que se transforma gradualmente em uma mosca ao invés de se trnsformar de uma vez apenas quando teletransportado? Será que pela proporção do tamanho dele com a da mosca, a transformação não deveria o manter mais humano do que mosca ao invés de transformá-lo em uma mosca de 85 quilos? Essas e muitas outras perguntas passaram pela minha cabeça quando assisti o filme, mas não encontrei nenhuma das resposta aqui. Se ele sequer consegue pensar na importância que seu trabalho pode ter para o mundo, não posso esperar que ele possa responder a nenhuma delas.
Ao início da transformação, o filme esquece todo o resto em volta. Parece que o único interesse do diretor David Cronenberg se vira para mostrar a transformação de Goldblum num inseto gigante cada vez mais repulsivo. Cada vez pior de se ver. Isso acaba deixando meu interesse apenas em saber se pode ficar ainda mais nojento para assistir. Para piorar, Goldblum me dá poucos motivos para continuar assistindo.

segunda-feira, 19 de setembro de 2011

HITCHCOCK TRUFFAUT 20: JOVEM E INOCENTE - YOUNG AND INNOCENT (1937)

Para ler o que já saiu de Hitchcock Truffaut, clique aqui.



NOTA: 8.
- Tem uma coisa que deveria fazer. Me agradecer por empurrar seu carro.

Depois de fazer um filme com um tema mais pesado, Hitchcock se volta para uma história mais ingênua em que  tenta ser mais divertido. Para isso, ele conta com um casal protagonista mais jovem que segue sendo perseguido. A tônica dominante segue: um homem acusado de um crime que não cometeu.
Este jovem é Robert Tisdall, acusado pela morte de uma mulher encontrada morta na praia. Na verdade, ele é o primeiro a encontrar o corpo, mas como corre atrás de ajuda, é visto como se estivesse fugindo da cena do crime. A única maneira que encontra para escapar desta situação, é fugir para ir atrás de uma pista que pode livrá-lo da acusação. Sendo procurado por toda a polícia, sua única ajuda é a filha do delegado que acaba por simpatizar por ele.
No lançamento nos EUA, o filme ganhou o nome de A girl was young, e o diretor lamenta que tenham retirado uma única cena no filme, que ele considerava a própria essência do filme. É uma cena em que a moça leva o rapaz para uma festa na casa de uma tia sua onde está tendo um aniversário. Durante uma brincadeira de cabra cega, a tia que está vendada tenta alcançar os dois para não deixá-los sair da casa. Ainda que pareça boba, é uma cena de suspense bem interessante.
Como Truffaut diz: "do mais afastado para o mais perto, do maior para o menor". Ele nos faz saber mais que os personagens dentro do filme, para que possamos torcer pelo desenvolvimento de como a situação vai se resolver. Eles estão procurando um homem com um tique específico em um grande restaurante. Nós sabemos onde ele está, eles não. Aí que se estabelece o suspense. Como é que os mocinhos vão descobrir onde está esse homem.
O filme chega a ser bem divertido, mas é constantemente limitado pela falta de carisma de seus personagens principais. Uma pena, já que poderia ser um dos filmes mais divertidos do diretor dessa era. A cena final do restaurante é simplesmente brilhante e segura a atenção da platéia por puro talento do diretor. O típico talento de Hitchcock, que ao contrário do que o nome sugere, não é nada inocente em suas mãos.

domingo, 18 de setembro de 2011

RANGO

NOTA: 9.
- Fiquem na escola, comam seus vegetais e queimem todos os livros que não sejam Shakespeare.

Hoje, filmes de animação parecem estar em crise de criatividade. Com exceção dos filmes da Pixar e da Dreamworks Animation, a maior parte dos filmes estão muito mais inclinados a nos decepcionar do que realmente agradar as platéias de adultos ou crianças. Sendo que alguns deles não agradam sequer crianças (o que diminui a probabilidade de agradar os adultos na maioria das vezes). Por isso é uma grata surpresa ver um filme que não seja dessas produtoras que seja realmente bom, não subestima a inteligência da sua platéia e pode agradar sim adultos e crianças.
Isso o faz parecer um filme estranho. Mas é importante frisar que não é um filme que parece estranho, ele é realmente estranho por opção. Ou para parecer menos pejorativo, excêntrico. Ao contrário de filmes como Meu malvado favorito e Megamente, que usam vilões adoráveis para fugir do lugar comum dos desenhos animados, este usa um lagarto não apenas estranho na aparência, mas também no seu modo de ser. Um personagem no mínimo inusitado em filmes desse tipo.
Isso não parece ser tão surpreendente assim se formos imaginar que o diretor Gore Verbinski (dos 3 primeiros filmes da franquia Piratas do Caribe) já tinha seguido a mesma linha com Johnny Depp para fazer do pirata afetado Jack Sparrow a figura central do seu filme. E é Depp que não faz o filme sair totalmente dos eixos quando o filme abandona a sua fórmula para seguir o velho estilo de animações com cenas de ação para agradar a garotada.
Depp é o lagarto sem nome e sem amigos que vive preso em um aquário onde só conta com sua imaginação para se divertitir sozinho. Usando um boneco sem cabeça e um brinquedo de peixe, ele monta um teatro onde é o herói. Para seu azar ou não, um acidente faz com que ele se separe de seus donos e fique perdido  no meio do deserto. Encontrando com outros bichos, ele começa a criar um personagem que é destemido e heróico, assim como fazia nas suas encenações. Para ele melhor assim, já que dessa vez tem uma platéia.
Um feliz acidente faz com que sua história pareça realmente verossímel para o resto das pessoas da cidade, que pedem para que ele seja o xerife do lugar. A cidade passa por uma grande crise pela falta de água, e caberá ao pequeno e estranho lagarto tentar resolver o problema de todos. A questão é se o personagem que ele criou pode ser o suficiente para ajudar as pessoas ou não.
O filme é uma grande homenagem aos filmes de faroeste, um gênero que eu gosto muito. Talvez por isso eu tenha gostado tanto dele. Ele segue os mesmos princípios básicos que acompanham as histórias clássicas do gênero: um homem novo e misterioso chega na cidade, enfrenta o valentão do local para depois ter sua coragem testada.
Seguindo o padrão das novas animações, Rango é também uma maravilha para os olhos. Apesar de apresentar personagens que podem parecer pouco vistosos para o público, ná há como negar que são todos maravilhosamente animados. Cada escama, cada detalhe dos olhos é um espetáculo à parte. Além do roteiro, a animação ajuda a imprimir personalidade a todos os personagens. Cada um deles tem suas características muito bem definidas e que podemos identificar só de olhar para eles.
Para minha surpresa, o filme foi lançado apenas na versão do 2D, indo também contra a corrente que se segue hoje em dia que praticamente obriga toda e qualquer animação a ser lançada na versão 3D. Como os que acompanham o blog devem saber, eu não sou muito fã dessa tecnologia que me obriga a assistir um filme de óculos. Então o que diria para fazerem é assistir esse filme com o bom e velho 2D (que não tem perda da qualidade de cor e de imagem) e curtir uma história inesperada e interessante.

quarta-feira, 14 de setembro de 2011

OS OUTROS CARAS – THE OTHER GUYS


NOTA: 7.
- Vai devolver a minha arma?
- Não. Vou te dar um apito de estupro. Se estiver em perigo, você assopra e espera alguém com uma arma de verdade aparecer.

O filme começa com uma dupla de policiais em uma perseguição desenfreada. Eles dirigem a mil por hora sem nenhum preocupação com danos à propriedade ou mesmo com a vida de pessoas inocentes. Eles batem num ônibus e entram com o carro nele, mas isso não os impede. Basta irem para o volante do ônibus e continuar a perseguição com o carro engato na lateral. Não importa o que aconteça, os bandidos não vão conseguir escapar.
Eles não são considerados apenas policiais, são heróis e exemplos para qualquer outro policial. Esses, porém, não são a dupla protagonista do filme. Eles são interpretados por Samuel L. Jackson e Dwayne "The Rock" Johnson. Já Mark Whalberg e Will Ferrel são os outros caras. Aqueles que cuidam da burocracia para que os "grandes policais" possam continuar realizando seu bom trabalho.
Acontece que a dupla morre e cria um buraco no departamento. Quem poderá substituí-los? A fila não é tão grande assim, mas a verdade é que nenhum dos candidatos parece estar à altura. Nem os principais nem seus rivais.
O diretor Adam McKay aposta suas fichas no talento cômico de Ferrel, com quem já havia trabalhado em Quase irmãos e O âncora - a lenda de Ron Burgundy. Para contrastar, Whalberg está ao seu lado no "papel sério" do filme. A verdade é que o ator já tinha se saído muito bem no seu filme anterior onde fazia uma ponta na comédia Uma noite fora de série e já parece um tanto quanto à vontade em papéis desse porte.
A verdade é que os dois formam uma das piores duplas de policiais da polícia. Hoitz (Whalberg) só é conhecido por ter atirado em um jogador enquanto estava fazendo o policiamento no estádio. Gamble (Ferrel) era da contabilidade da polícia e somente atirou uma única vez na sua vida. Um tiro no teto da delegacia, fato que o fez perder o direito de usar uma arma de verdade. Hoitz quer resolver grandes casos para ganhar notoriedade, ser um dos caras, já Gamble quer resolver um estranho caso envolvendo fraudes. Ele sequer tem vontade de sair da sua mesa, quem dirá ir atrás de algum bandido de verdade. Sequer faz sentido também, afinal, como ele pode ser nessa dupla o homem a atrair as mulheres mais maravilhosas no filme?
O filme não chega a engatar realmente. Apesar das ótimas atuações de sua dupla, que geram algumas boas piadas (em especial com as explosões de Whalberg), mas o filme nunca chega a ser realmente engraçado. Assim como o diretor falhou em fazer o mesmo com seus filme anteriores, onde damos algumas risadas amarelas mais por causa das atuações do que pelo próprio filme.
Para um filme de comédia, o diretor se prende demais ao invés de se soltar e curtir mais com as situações "macho man" tão peculiares nos filmes de ação policiais. A única parte que parece ser realmente descontraída é da dupla de Jackson e The Rock, mas pena que os dois tem pouquíssimo tempo em cena. Diverte um pouco, mas muito pouco.

terça-feira, 13 de setembro de 2011

BIUTIFUL


NOTA: 8.
- Olhe nos meus olhos. Olhe pro meu rosto. Se lembre de mim, por favor. Não se esqueça de mim.

Javier Bardem possui em seu currículo três indicações e levou a estatueta uma vez para casa. Sua primeira indicação veio com Antes do anoitecer, filme mediano que foi elevado pelo poder da atuação do ator. Depois de vencer o Oscar por Onde os fracos não tem vez, ele é indicado pela terceira vez sendo a primeira num papel em que fala apenas espanhol.
E não é difícil de entender o porquê. Poucos conseguem dar a força dramática que ele consegue. É um personagem intenso que poucos poderiam interpretar. Ele é doce, firme quando necessário e também ameaçador. Seu porte físico o ajuda no último quesito, mas nos outros somente talento puro consegue se destacar.
Aqui ele é Uxbal, um homem um tanto pobre pai de dois filhos. Para sustentar a família, ele ajuda uma espécie de mafioso oriental com diversos golpes, incluindo tráfico de pessoas para mão de obra mais barata, falsificação de produtos de grife e, o mais estranho, ele consegue se comunicar com os mortos. Ele tem escrúpulos, mas não se pode dar ao luxo de largar um trabalho por causa disso. Principalmente agora que seu médico anunciou que ele tem pouco tempo de vida.
Para piorar, o resto da sua vida é uma bagunça total. Ele é separado da mulher que ama por ela ser bipolar e péssima mãe, seu irmão é um mentiroso pouco confiável que dorme com a mulher dele, sua carreira criminosa o está arruinando e ele não confia em ninguém que possa cuidar de seus filhos quando ele se for. Ele não é uma má pessoa. Quando pode até mesmo realiza algumas boas ações, mas o problema é que parece não haver muito espaço para isso na sua vida.
O diretor do filme, Alejandro González Iñárritu (de Amores brutos21 gramas e Babel), faz seu primeiro grande filme depois de ficar famoso com suas películas anteriores de histórias fragmentadas. Dessa vez de maneira linear e se sai muito bem. Ele filma os últimos dias de Uxbal com grande intimidade, permitindo que a gente conheça seus medos e desejos. Antes do final, estamos bem familiarizados com ele.
Também pela primeira vez, ele trabalha sem seu roteirista usual, Guillermo Arriaga (de todos os filmes citados do diretor). Isso faz com que infelizmente o filme perca um pouco sua qualidade. Ou talvez seja o fato de estar contando uma história linear pela primeira vez. De qualquer forma, esse filme apresenta um passo atrás na carreira acendente que ele vinha tendo.
O que realmente me agradou no filme foi mesmo Bardem, quase me lembrando do que aconteceu quando assisti Antes do anoitecer. É criando um personagem simpático que ele salva o filme que tem como herói um criminoso que parece estar apenas sendo punido pelas coisas erradas que fez na sua vida. Ainda assim, é impossível não me importar com ele. 

segunda-feira, 12 de setembro de 2011

HITCHCOCK TRUFFAUT 19: SABOTAGEM ou O MARIDO ERA CULPADO - SABOTAGE (1936)

Para ler o que já saiu de Hitchcock Truffaut, clique aqui.


NOTA: 7.
- Estou dizendo a vocês. É um ato de Deus.

Depois de lançar um novo sucesso, Hitchcock cai em outra adaptação de um livro. O título do livro dessa vez é "The secret agent", por isso, para evitar confusões com seu outro filme, ele resolveu mudar o título para Sabotage. Nos EUA ainda, o filme ainda seria lançado com o nome de The woman alone. Aqui no Brasil, chegou como O marido era o culpado e posteriormente pela tradução mais literal.
É um filme interessante por apresentar uma dramaturgia muito boa e que prende a platéia, ainda que conte com uma narrativa um tanto quanto imperfeita para um trabalho dele. Ainda que a história como um todo não seja tão interessante assim, a forma como ele posiciona a câmera e conta a história parece corrigir qualquer imperfeição.
O filme conta a história de um homem que vive com sua mulher e o irmão pequeno dela. Eles tem um pequeno cinema que não está indo bem financeiramente, por isso o homem aceita trabalhos de sabotagem para conseguir manter seu negócio. Um detetive finge trabalhar numa quitanda em frente para poder vigiar as atitudes suspeitas do homem.
O que Truffaut ressalta e eu concordo, é que o grande problema é o personagem do detetive. Muito desinteressante e mal interpretado. Já Hitchcock escolhe outro problema que o incomodou posteriormente: a escolha da sua vítima cair em cima do pequeno garoto. O menino leva a bomba pelo bonde sem desconfiar do conteúdo. Durante a viagem, ele se torna muito simpático para a platéia, que ele acredita não perdoá-lo por matá-lo. Ou como Truffaut ressalta: é "um abuso do poder do cinema".
É engraçado, já que o diretor não dá tempo para desenvolver nenhum personagem. O filme é uma sucessão das cenas que apenas interessam o diretor a chegar ao clímax da sua história. São corte rápidos não apenas nas cenas, mas também na própria história.
Outro problema é que o detetive começa a flertar com a mulher do sabotador. Além de parecer um tanto quanto imoral, especialmente para um filme daquela época, é prejudicial porque o vilão é muito mais interessante que o mocinho. Esse tipo de atitude acaba fazendo com que a platéia torça para o "lado errado", enquanto deveríamos começar a torcer cada vez mais contra.
A melhor cena é a vingança da mulher ao descobrir a culpa do marido. Ela serve o jantar para o marido enquanto uma faca repousa na mesa. É um longo momento de tensão em que ele constrói o suspense e sabe como mantê-lo e por quanto tempo. Novamente mais uma amostra do talento de um grande gênio que consegue transformar o filme que poderia ser banal em digno de se assistir.

domingo, 11 de setembro de 2011

COWBOYS & ALIENS


NOTA: 7,5.
- Você terminar no céu ou inferno, não é parte dos planos de Deus. São seus planos. Lembre-se disso.

Este filme tem uma das histórias mais inusitadas em muito tempo. Temos cowboys, xerifes, cavalos, assaltos a diligências, índios e alienígenas que abduzem as pessoas. Isso mesmo, no meio do velho oeste dos anos de 1870, naves espaciais cruzam os céus de uma pequena cidade deixando um rastro de destruição e pessoas desaparecidas. 
Na verdade, o filme se vale em grande parte dos muitos clichés do gênero para tentar algo diferente: a criança que busca uma figura paterna em um estranho, o trabalhador (Sam Rockwell) que quer prosperar em meio aos "durões" que não o respeitam, o rico que manda mais que a lei e seu filho (Paul Dano) que se aproveita disso para parecer mais do que realmente é, e pra completar o pastor que guia seu rebanho. 
Daniel Craig convence bem como um herói de faroeste de nome Jake Lonergan. Ele acorda no meio do deserto com poucas roupas, sem memória e com um estranho bracelete em seu braço que não consegue retirar. Após conseguir roupas, um cavalo e armas, ele chega numa pequena cidade onde descobre seu nome e também que está sendo procurado por uma série de crimes. Quando vai ser transferido os ataques começam e as pessoas na cidade tem maiores preocupações do que seus crimes anteriores. Pelo contrário, é graças ao estranho objeto em seu braço que eles podem ter uma chance de resgatar as pessoas de volta.
Por isso que ele se junta ao ricaço (e dono) da cidade, Dolarhyde (Harrison Ford) que teve o filho também abduzido para que possam cumprir a missão junto com um punhado de pessoas que também tem conhecidos ou parentes desaparecidos. Em seu pequeno grupo, estão incluídos uma criança, e uma mulher chamada Ella (Olivia Wilde) cuja origem é ainda mais estranha que a do herói.
Toda essa parte do faroeste, é até bem interessante e bem construída (até mesmo porque o diretor dá bastante tempo para os personagens se desenvolverem), infelizmente o filme não vive apenas disso. Os alienígenas que invadem a Terra, são visualmente pouco interessante. Me lembram muito o Alien do filme de Ridley Scott, o que mostra uma certa falta de originalidade (assim como quando Craig diz que não quer problemas, quem nunca ouviu isso num filme?). E pior ainda, são burros. São capazes de construir naves que cruzam o universo, armas que podem praticamente desintegrar os humanos, e mesmo assim, quando chega a hora da batalha, eles largam tudo de lado para partirem pra cima no braço, que nesse caso tem garras. Bem, os humanos tem unhas, mas pelo menos não abandonam suas armas de fogo para enfrentarem os monstros. Então no final, a batalha está até mesmo equilibrada. Pra nossa sorte.
Dito isso, é bom deixar claro que não se trata de um filme com deméritos apenas. É um filme ambicioso, com boas atuações e tecnicamente muito bem feito. Assim como é bem divertido também. Ou seja, em geral é bom, só poderia ser melhor.
E parte disso, é que na verdade me deixou um estranho gosto de "quero menos". Gostaria de ver esse filme e seus personagens sem grande efeitos especiais, sem naves espaciais e aliens caçando os humanos. Sem isso, poderíamos ter tido um interessante filme de faroeste à moda antiga (em certos momentos me lembrou Butch Cassidy, onde o personagem é vilão mas consegue conquistar a platéia com seu charme e olhos azuis, apesar da verdadeira inspiração do diretor parecer ser os filmes de Sergio Leoni). Mas claro que isso interessaria menos aos adolescentes que enchem as salas. Afinal, filmes como Bravura indômita e Os indomáveis são bons exemplares de faroestes modernos, mas não fazem tanto sucesso de bilheteria quanto um filme desse porte.
E talvez por isso muitos considerem o gênero extinto. O que é uma pena.

quinta-feira, 8 de setembro de 2011

O CLUBE DOS CAFAJESTES


NOTA: 9.
- A gente tem um velho ditado nos Deltas: não perca a cabeça, se vingue.

Temos duas festas distintas onde fraternidades escolhem os calouros que vão se candidatar. De um lado, a fraternidade de maior prestígio do campus com uma festa ao som de um piano enquanto as pessoas conversam tranquilamente num ambiente altamente refinado. Do outro, a fraternidade de pior reputação possível realiza sua festa onde a música alta rola junto com muitos litros de cerveja em uma casa que parece estar caindo aos pedaços. Talvez para os estudantes a melhor opção é a primeira casa, mas para vermos um filme de comédia não há opção melhor que os Deltas.
Eles são do tipo que caem bêbados, amassam latas de cerveja na testa enquanto tentam levar para cama toda e qualquer mulher que entram no seu campo de visão, estejam elas namorando, sejam casadas ou até mesmo menores de idade. Em uma determinada parte alguém diz que é preciso um gesto fútil e inútil da parte de algum de seus irmão. Não há fraternidade com gente mais qualificada para isso.
Claro que toda essa animosidade não é bem vista por todas as pessoas, em especial pelo diretor da universidade e menos ainda da fraternidade rival. Os dois se unem para dar fim uma vez por todas a esse "reinado do terror". A melhor coisa para nós é que os Delta não pensam em se aquietar para escapar daquela situação adversa, o que eles pensam é em vingança.
Muito mais não dá para falar sobre a história do filme. Não porque vá estragar alguma surpresa do roteiro ou coisa do gênero, mas sim porque o filme não se preocupa em contar uma história. O filme se preocupa em contar piadas. E nesse sentido ele funciona perfeitamente. É uma série de gags que misturam piadas vulgares e algumas vezes até mesmo escatológicas. É por isso mesmo que é também uma das comédias mais engraçadas que tem.
Um dos motivos pelo qual acredito que o filme funcione tão bem, é que eles trabalham com uma insanidade fora do normal. Nada do que acontece no filme parece poder acontecer na nossa realidade, o que abre um leque de possibilidades para as situações mais absurdas possíveis. E o destaque principal é o personagem de John Belushi. Ele é quase um animal de poucas palavras mas que consegue fazer rir com um simples olhar. É a atuação mais impressionante e o melhor personagem do filme.
Só os ingredientes necessários para fazer rir. E muito. O que mais precisa?

quarta-feira, 7 de setembro de 2011

SECRETARIAT - UMA HISTÓRIA IMPOSSÍVEL


NOTA: 9.
- Isso não é sobre voltar. Isso é sobre a vida estar na sua frente e você correr para alcançá-la. Porque você não sabe quão longe pode ir a menos que comece a correr.

Apesar de termos Diane Lane à frente do elenco, a verdadeira estrela do filme é o cavalo, ou os quatro ou cinco já que depende da cena. A única razão por ter humanos no elenco, é a necessidade da platéia de ouvir diálogos. De qualquer forma, o filme é um entretenimento de primeiro e bem emocionante,
Lane é Penny Chenery, uma dona de casa aparentemente feliz e mãe de três filhos. Aparentemente, porque depois do falecimento da sua mãe e com seu pai (interpretado por um Scottt Glenn quase sem falas) ficando cada vez mais doente, cabe a ela cuidar da fazenda da família. Fazenda que um dia valeu muito dinheiro e que no momento corre o risco cada vez maior de ir à falência.
Ela não se interessa por quanto dinheiro a propriedade pode lhe render, o que realmente lhe interessa é que aquilo é o legado que seu família lhe deixou, e que ela pretende fazer a mesma coisa deixando para a sua. Para isso, ela planeja cruzar sua melhor égua com outro de um antigo amigo de seu pai para ter um cavalo vencedor que possa elevar o valor da fazenda. Sua cartada final, é vender parte dos direitos sobre as crias apostando que Secretariat pode vencer a tríplice coroa, fato que não acontece há muitos anos.
A pegadinha é que a última corrida é muito mais longa que as anteriores. Geralmente, os cavalos que vencem as primeiras são os mais rápidos, e os mais rápidos não conseguem correr grandes distâncias com a mesma destreza. Para Penny, ou Secretariat vence, ou é o fim de tudo. A aposta é tão alta que ela deixa sua família quase de lado. Mas tem algo mais por trás disso: quando ela se tornou dona de casa, ela deixou tudo para trás. Fazer isso é sua chance de realizar algo da sua vida novamente. O único que fica sempre a seu lado, sem nenhum interesse romântico, é Lucien Laurin (John Malkovich), um treinador de cavalos que acumula mais fracassos do que gostaria.
O diretor do filme é Randall Wallace, conhecido pelo bom trabalho de roteiro em Coração valente (dirigido por Mel Gibson), pelo péssimo trabalho de roteiro em Pearl Harbor (dirigido por Michael Bay) até finalmente chegar ao cargo de direção, com trabalhos pífios como O homem da máscara de ferro e Fomos heróis. Parece que finalmente ele encontra o tom certo para fazer um bom filme, começando pelo fato de deixar de lado toda sua falta de sutileza que imprimiu em seus filmes anteriores.
Esse tipo de filme é o prato preferido pelos executivos de Hollywood: uma história comovente, que trata sobre a redenção de várias pessoas e melhor ainda: é uma história real. Pelo menos  não cai no lugar comum que os filmes desse tipo costumam ficar. É sim uma história emocionante. Mesmo sabendo que ele vai vencer a corrida final (não é óbvio em filmes desse tipo?), fica difícil não torcer por ele, e por todas as pessoas responsáveis pela sua trajetória. Me surpreendeu bastante.

terça-feira, 6 de setembro de 2011

AS MÚMIAS DO FARAÓ - LES AVENTURES EXTRAORDINAIRES D'ADÈLE BLANC-SEC


NOTA: 8.
- A morte é o único caminho que leva ao nascimento.

Confesso que não conhecia os quadrinhos de Jacques Tardi que deram origem a esse filme. Depois de uma pesquisa, pude visualizar o estilo que o autor dá à sua intrépida heroína. E o diretor Luc Besson vai de encontro a esse visual cartunesco dos quadrinhos para fazer um filme que pode não ser ótimo, mas que pelo menos diverte bastante.
Um dos motivos que o torna um bom filme, é o cuidado do diretor em dimensionar suas heroínas. Seja a torturada alma da assassina Nikita, a pobre menina órfã Matilda que segue um matador profissional em busca de vingança ou até mesmo a mártir Joana D'Arc. Esse não é assunto estranho para ele, por isso trata de trabalhar muito bem suas personalidades, desejos e objetivos.
No caso aqui, a heroína é Adèle Blanc-Sec (Louise Bourgoin), uma aventureira caçadora de tesouros com uma missão muito mais importante que encontrar relíquias: ela quer achar a múmia do médico de um antigo faraó que pode conseguir curar sua irmã que sofreu um acidente. Para ela, eles tinham um conhecimento avançado na medicina e por isso as múmias conseguem ficar intactas mesmo depois de milhares de anos.
Para ajudar, ela conta com a ajuda de Espérandieu, um excêntrico cientista que desenvolveu uma técnica de dar vida à criaturas há muito mortas. Para aperfeiçoar sua técnica, ele dá vida a um pterodáctilo dentro de um ovo  de milhões de anos em um museu. O animal causa tantos problemas que o Espérandieu acaba sendo preso e a polícia contrata um caçador para dar conta do recado.
As cenas de ação funcionam muito bem, em especial por tirar aquele tipo de ação cômica e um pouco nonsense dos filmes de Indiana Jones. Como na cena em que ela consegue fugir usando um sarcófago. É mais ou menos uma amostra do que os filmes de Tomb Raider poderiam ter se tornado se tivessem algum tipo de cuidado.
O início do filme é que peca um pouco em relação ao seu resto. Logo de cara, há uma narração ao estilo de Amélie Poulain, mas que não é tão boa assim. O mais estranho porém, é que tão rápido quanto o início da narração é o fim da narração. Parece que ela existe apenas para dar informações que o diretor teve preguiça de filmar para a platéia, aí quando chega nas partes que ele decidiu filmar ela acaba. Para a sorte do filme, ainda estamos no início do filme, o que não estraga muita coisa.
Claramente, Besson quer dar início a uma franquia francesa sobre Adèle, mas ainda não anunciaram nenhuma nova aventura. É uma pena, porque é um bom exemplar de filmes de ação (melhor que a maioria de Hollywood) com uma heroína carismática interpretada com competência e beleza por Bourgoin. Agora que a personagem foi introduzida, há a possibilidade de melhorar mais a franquia. Um dos melhores filmes de Besson em muitos anos.

segunda-feira, 5 de setembro de 2011

HITCHCOCK TRUFFAUT 18: AGENTE SECRETO - SECRET AGENT (1936)

Para ler o que já saiu de Hitchcock Truffaut, clique aqui.


NOTA: 7.
- Você ama seu país?
- Bem, eu acabei de morrer por ele.

Hitchcock continua aprimorando sua técnica de adaptações para o cinema. Dessa vez ele pegou histórias sobre o agente secreto Richard Ashenden (aqui interpretado por John Gielgud), que tem uma série de livros publicados. Para fazer seu filme, ele pegou dois livros e ainda uma peça baseada também no personagem. Toda a trama sobre a espionagem foi baseada nos livros, já o romance do agente ele tirou da peça.
Há algo, porém, que não funciona muito bem como em seus filmes anteriores, e o próprio diretor indica qual é o problema. Em todo filme de ação, o herói deve ter um objetivo, uma meta. Ashenden tem uma missão, mas essa o repugna. Ele não tem um real interesse em completar seu objetivo. Segundo ele mesmo observa, com isso fica difícil da platéia de apóia-lo. ou como diz depois, de mesmo ajudá-lo a cumprir seu objetivo.
Outro problema, é a própria missão que ele deve executar: matar um homem, o que não é lá tão emocionante assim de se acompanhar. Para piorar a situação, ele acaba confundindo o alvo com um inocente turista que nada tem a ver com a história. A morte do pobre homem só serve para afastar a platéia um pouco mais do mocinho, e tornando o vilão ainda mais interessante.
Truffaut lembra um detalhe que Claude Chabrol e Eric Rohmer observaram nesse filme de hitchcock e que ele ainda levaria para muitos outros filme: o vilão como sendo um homem rico, simpático, distinto, educadíssimo e sedutor. 
A trama: um homem é noticiado como morto em um jornal. É apenas um truque para que Ashenden possa trabalhar como agente secreto sob um nome diferente. Sua missão é assassinar um homem. Para isso ele conta com a ajuda do General (Peter Lorre) que sempre insiste em declamar todo o seu extenso nome, e Elsa (Madeleine Carroll), uma espiã mais interessada na emoção que a missão pode lhe dar que pelo próprio objetivo da missão.
Apesar da figura apagada do herói, que em momento algum consegue nos convencer que haja alguma coisa na Suiça que realmente mereça ser espionada, o filme tem bons personagens além do vilão. Lorre é interessantíssimo como um matador que vive perseguindo mulheres e Carrol, apesar de não ser tão bonita quanto outras atrizes que haviam na época, dá uma doçura à sua personagem que é muito bom de ver.
O que mais me incomoda no filme, é um erro decorrente: apesar de contar com uma direção primorosa, Hitchcock ainda parecia se cercar de amadores para fazer seus filmes. Movimentos de câmera imprecisos, edição de vídeo defeituosa e algumas vezes estranha e uma de som que contrasta silêncios bizarros com barulhos ensurdecedores. Não é um dos seus melhores ou piores filmes, mas ainda assim é muito interessante ver um grande diretor se formar filme a filme.

sexta-feira, 2 de setembro de 2011

DEU A LOUCA NA CHAPEUZINHO 2 - HOODWINKED TOO! HOOD VC EVIL


NOTA: 2.
- Por que você está lendo esse livro? Ninguém mais lê livros. Filmes são sempre melhores. Especialmente sequências.

A frase acima exemplifica o tipo de falta de inteligência que se pode esperar deste filme. Soma-se isso ao fato de esse ser um filmes para crianças que além de não se esperar um bom filme ainda deve-se ficar preocupado com a mensagem que ele passa. Ainda há outro detalhe interessante: a parte sobre as continuações é totalmente incorreta nesse exemplo. Não só a sequência não é melhor (e olha que o original não era grande coisa), como também é desnecessária.
O original tinha a heroína dublada por Anne Hathaway, que provavelmente não quis se tornar cúmplice aqui, e neste é dublada por Hayden Panettiere (da série Heroes). Dessa vez ela está num templo muito parecido com os de Kung Fu na China, exceto que está lá para aprender coisas como a melhor maneira de entregar a cesta de doces ou aprender receitas secretas. É uma mistura pouco interessante de tratá-la como uma super-espiã enquanto está sendo treinada para ser uma dona de casa.
Ela é obrigada a abandonar seu treinamento, deixando-o incompleto, por dois motivos: 1) Vovó (Glenn Close) é sequestrada por uma bruxa malvada (Joan Cusack), e 2) a mesma bruxa rouba uma receita secreta que é capaz de dar a qualquer pessoa a capacidade de se tornar invencível. Ela deve se unir novamente ao Lobo Mau (Patrick Warburton) para encontrar o esconderijo da bruxa, que também mantém João e Maria em cativeiro.
O filme tenta seguir o rastro de Shrek e usar diferentes personagens de diferentes contos e subverter seu contexto, mas nunca consegue se tornar realmente interessante. Ou mesmo engraçado. Pra piorar, a animação parece muito ruim. Em tempos de filmes com qualidade lançados pela Pixar e Fox, é muito chato assistir uma animação mal feita. Antes fosse feita com stop-motion, pelo menos teria alguma charme.
Desculpem a postagem mais curta do que de costume, mas é difícil falar mais sobre um filme tão desinteressante.

quinta-feira, 1 de setembro de 2011

O HOMEM DOS OLHOS FRIOS - THE TIN STAR


NOTA: 7,5.
- Um homem decente não deve querer matar, mas se você vai atirar, atire pra matar.

Certos personagens são característicos em determinados gêneros. No caso do faroeste, se encontravam dois tipos muito comuns. Um deles é o herói relutante. É o sujeito que mesmo que não queira ser herói, eventualmente não consegue fugir da sua sina. O outro é o convicto. Aquele que sabe que deve realizar suas obrigações mesmo que isso lhe custe a vida. Neste filme temos os dois exemplos, representados pelos personagens de Hickman e Owens.
Hickman (Henry Fonda) é um caçador de recompensas que chega numa cidade para coletar o prêmio por um criminoso que matou. O xerife da cidade é Owens (Anthony Perkins, antes de se eternizar nos cinemas como Bates), que está no cargo de forma provisória depois da morte do xerife anterior. Somente uma outra pessoa na cidade queria o emprego: Bogardus, homem de personalidade duvidosa e que também é primo do homem morto trazido por Hickman.
Hickman costumava ser um xerife em uma cidade, mas quando precisou de ajuda todos lhe viraram as costas. Por isso leva agora uma vida mais cínica, somente caçando bandidos que possam lhe dar algum lucro. O contrário de Owens, que mesmo com a insistência da noiva para abandonar a função vai se manter no cargo por quanto tempo tiver que ficar. Ele acredita que pode fazer a diferença na vida das pessoas e ser respeitado por isso. Melhor ainda se contar com os ensinamentos de Hickman para se manter vivo por mais tempo.
Como todos na cidade parecem desprezar a profissão de Hickman, ele depende da boa vontade de uma viúva que mora com seu filho. Ela própria não é muito bem vista na cidade por ter sido casada com um índio. De cara, fica claro que ninguém gosta de índios pelo modo como tratam seu filho, agora vamos descobrir que o próprio Hickman também não gosta. Ele achava que o garoto tinha pai mexicano, quando descobre a descendência do garoto sua expressão muda totalmente.
Claro que os filmes naquela época não guardavam muitas surpresas. É óbvio que Hickman vai criar grande afeição pela família que está lhe dando abrigo, quanto seu modo de vida cínico vai por água abaixo com a convivência com o jovem xerife. Assim como o xerife terá seu teste de fogo contra Bogardus, o único que parece ameaçar a paz daquele lugar.
Mesmo na época, a história já era um tanto quanto batida, mas ainda assim consegue prender bem a atenção. Junto a isso, o filme tem interpretações bem precisas de Fonda (a melhor coisa do filme), e Perkins me surpreende no papel do jovem aprendiz. Não é difícil de perceber porque foi escolhido como o vilão de Psicose, ele é realmente um ator de talento capaz de fazer mais do que apenas um psicopata.
Não é um dos melhores filmes do diretor Anthny Mann (El Cid), mas é um bom faroeste.
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