segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

ATIVIDADE PARANORMAL 2


NOTA: 3.
- Não era bruxaria, só a fazia se sentir melhor.

Logo depois do lançamento do primeiro filme, a continuação já começou a ser planejada e anunciada. Provavelmente, os sustos da platéia foram o suficiente para os produtores perceberem que tinham um produto que iria bem nas bilheterias, o que automaticamente garante a continuação de um filme. Não é por acaso, a terceira parte já está prevista para Outubro desse ano. 
No primeiro filme, a história era sobre Katie e seu namorado Micah. Aparentemente um demônio a persegue desde a infância e chegou a queimar a casa onde morava. Agora acompanhamos sua irmã, que tem o mesmo problema. Tudo começa com a chegada dela na casa com o filho recém nascido. Como manda o figurino, toda a família tem um fetiche por filmar todos os momentos da casa. Até as discussões. E assim podemos acompanhar todos os dias da vida dessa família.
Algum tempo após a chegada do bebê, eles encontram a casa toda revirada. Salas e quartos, com exceção do quarto do bebê. Por segurança, eles colocam câmeras escondidas por toda a casa para evitar novos atos de vandalismo. E a partir daí começam as sessões de sustos. Sempre os sutos fáceis. Os chamo de fáceis, porque são (desculpe a repetição) os mais fáceis que existem, você simplesmente deixa todo o ambiente bem quieto e subitamente abre uma porta acompanhado de um barulho muito alto. Pronto, a platéia se assustou.
Claro que antes há os pequenos sustos, como uma porta abrindo e fechando, mas nada disso acontece para assustar os moradores, já que só acontece quando estão olhando para o outro lado. Esses sustos são destinados apenas para a platéia.
Na casa, tirando o bebê, tem 3 pessoas e mais a babá. Visitam a casa o casal do primeiro filme e ainda o namorado da filha adolescente. Sete personagens falando no filme e nenhum diálogo que valha a pena ser comentado. São sete pessoas falando coisas totalmente desinteressantes no filme.
Sem contar que a babá é latina, o que a torna, automaticamente, expert em demônios, fantasmas, espíritos  e afins. Assim que ela pressente os demônios ela tenta combater com fumaça e outros métodos. Claro que os civilizados americanos não entendem sua sensitividade e ela acaba demitida.
Enquanto isso as câmeras vão filmando perfeitamente e não captam nenhum espírito. Nada aparece nas filmegens, que em maior parte são tediosas. Mesmo quando as coisas começam a ficar mais pesadas, ninguém sequer vê as imagens, e mesmo quando vê, não acreditam que algo possa estar realmente acontecendo.
O único que realmente sofre durante todo o filme é o bebê Hunter. Seu sono é conturbado toda a noite e ele passa quase todo o filme chorando. Ao seu lado, a cachorra sempre late para uma janela ou uma porta. Conforme confirmei nesse filme, os animais são como os latinos, sempre pressentem o que há de errado, mas ainda assim ninguém sai da casa.
O que achei mais interessante são as cartelas que aparecem no filme. Uma hora aparece "Day #3". De quê? Ou melhor ainda: "60 dias antes da morte de Micah Sloat". O que isso interfere no filme? Ou mesmo para mim? Devo parar e pensar "Pobre Micah, em 60 dias você vai morrer.". Somente informações que considero completamente desnecessárias.
Claro que quem vai assistir a esse filme não está preocupado nem um pouco com isso. O que eles querem são os sustos, e o filme é todo voltado para isso. Personagens, diálogos ou histórias são apenas encheções de linguiça. Ou melhor ainda, "separadores" entre um susto e outro. Afinal, um atrás do outro não funciona. Tem que haver o momento de silêncio que precede uma barulheira que assustará quem estiver assistindo. Não é inventivo como o primeiro, mas já que se presta a dar sustos fáceis, ele cumpre sua missão.Meu único problema é que não faz nada além disso.

sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

INVERNO DA ALMA


NOTA: 10.
- Mãe, olha pra mim. Tem umas coisas acontecendo e eu não sei o que fazer. Você pode me ajudar essa única vez? Mãe? Olha pra mim. Teardrop acha que eu devo vender a casa, mãe. Eu devo vender? Por favor, me ajude só dessa vez. Eu não sei o que fazer.

Este filme, duplamente premiado no Festival de Sundance (roteiro e filme), chega para disputar o Oscar. Não apenas de roteiro adaptado e filme, mas também pelas atuações de seus atores principais: Jennifer Lawrence e John Hawkes. Lawrence é um rosto relativamente novo, mas Hawkes é um vetereno que geralmente faz papéis pequenos de bandidos em filmes como A hora do rush e Identidade, ele só precisava de um papel decente para poder mostrar quão competente ele pode ser.
Lawrence faz o papel de Ree Dolly, uma adolescente de apenas 17 anos que já carrega todas as responsabilidades em suas costas. Sua mãe sequer fala alguma coisa durante o filme, apenas fica o dia inteiro sentada sem fazer nada. É Ree quem tem que cuidar não apenas dela, mas de seus dois irmão pequenos, os alimentando e educando como pode.
Até que o xerife aparece procurando o pai de Ree. Acontece que ele pôs a casa como garantia da fiança para sair da cadeia e sumiu. Se em uma semana ele não aparecer, Ree terá que sair com a família da casa. Simples assim. Ela apenas diz que vai encontrá-lo e parte em sua busca.
É aí que o filme entra em um "novo mundo". Para achar seu pai, Ree vai procurar perguntando para todos os seus antigos associados. Todos que ela encontra no filme são bandidos, o que inclui até mesmo o seu vizinho e seu tio, Teardrop (Hawkes). É uma parte da sociedade que parece abandonada pelas autoridades. Está mais para um mundo pós-apocalíptico do que para uma cidade.
As pessoas também não são muito diferentes. Geralmente vemos em filmes criminosos que têm problemas de confiar em pessoas de fora. Essa menina é filha de um deles. Em alguns casos é até familiar, e mesmo assim eles não confiam nela. Em uma parte da jornada ela já não sabe se vai encontrar seu pai vivo ou morto, mas de qualquer forma ela têm que encontrá-lo para não perder a casa. Procurar entre essas pessoas desconfiadas e violentas só torna tudo mais difícil.
A força do filme é a personagem Ree. Apesar da ótima interpretação de Hawkes, é ela, e ela somente, quem leva o filme para frente. Ela é forte e orgulhosa e ensina isso para seus irmãos, mas onde ela aprendeu a ser assim? Os irmãos podem crescer fortes porque ela ensinou, mas duvido que ela tenha aprendido com isso com os pais dela. E quando digo que ela é forte, não quero dizer força física. Ela não bate em ninguém, não ameaça ninguém. Pelo contrário, ela é ameaçada e ainda assim encontra forças para seguir em frente. Sua única arma é a esperança de que as pessoas vão fazer a coisa certa. Se duvida de sua força, pensa em quão forte ela tem que ser pra abdicar de sua vida, sua adolêscencia, para que seus irmãos fiquem brincando. Tenham uma infância.
Os melhores heróis de filmes são pessoas comuns que se encontram em uma necessidade e a enfrenta do jeito que pode. Ela não vai descobrir de uma hora para a outra que é a escolhida e vai bater e atirar em todos. Ela vai usar apenas o que tem. Podia ser um filme desesperador, mas a esperança que a protagonista tem não deixa que fique assim. E acabamos torcendo para que ela tenha um final feliz. Ou pelo menos tão feliz quanto um filme como esse possa ter.

quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

DR. FANTÁSTICO - DR. STRANGELOVE OR: HOW I LEARNED TO STOP WORRYING AND LOVE THE BOMB



NOTA: 100.
- Senhores. Vocês não podem brigar aqui. Esta é a Sala de Guerra.

Um dos melhores filmes de Kubrick e é um dos menos celebrados. Quando se fala em Kubrick todos logo apontam para O iluminado e Laranja Mecânica, e poucos falam sobre Dr. Fantástico. Este filme concorreu aos prêmios de melhor filme, diretor e roteiro adaptado. O roteiro foi perdido para Becket, filme e direção foram para Minha bela dama, com Audrey Hepburn. Premiado ou não, é impossível falar sobre as melhores comédias do cinema sem citar essa obra prima de Kubrick.
A trama começa quando o Gen. Jack Ripper (qualquer semelhança com o famoso assassino não deve ser coincidência, interpretado por Sterling Hayden) decide mandar os aviões de sua base atacarem a Rússia. Seus motivos são simples: ele quer proteger a "pureza dos fluídos naturais do corpo", afinal os comunistas tem um diabólico plano de colocar flúor na água que os americanos bebem. A única pessoa que pode tentar evitar o ataque é o Cap. Mandrake (Peter Sellers).
O filme então se passa basicamente em 3 frontes: o escritório do lunático general, o interior de um dos aviões e a Sala de Guerra, que é onde o Gen. Turgidson (George C. Scott) explica para o presidente Muffley (Sellers de novo) que Ripper se aproveitou de uma brecha no sistema de defesa, o tornando a única pessoa capaz de cancelar os ataques. Fatos sempre confirmados pelo Dr. Strangelove (Sellers outra vez), um cientista alemão que tem um braço biônico que ou tenta estrangulá-lo ou fica fazendo uma saudação nazista.
O piloto do avião deveria ser o quarto papel de Sellers, mas como ele não se acertou com o sotaque, o papel acabou ficando para Slim Pickens. Seu personagem é o contraponto da sala de guerra. Enquanto todos lá estão preocupados com o fim do mundo, ele discursa sobre como seus comandados serão lembrados como heróis de guerra e promovidos.
A base do filme é a performance de seus atores. Todo o resto é irrelevante. E a performance dos atores é hilária. Sellers consegue fazer três papéis engraçados e totalmente diferentes. Um pouco atrapalhado como o capitão, estranhíssimo como o doutor e o único são da Sala de Guerra, mas ainda assim capaz de ligar para a Rússia e dizer "Dimitri, nós temos um pequeno problema" como quem está falando com a mãe zangada. Ele foi indicado por um de seus papéis.
Apesar de sua indicação, quem realmente domina o filme George C. Scott. Seu Gen. Turgidson é a melhor no filme. É dito que ele declarou que não gostava que Kubrick sempre lhe pedisse para exagerar na atuação. Talvez por isso, cada vez que ele exagera na forma como se move, ele compensa dizendo cada linha como se fosse uma verdade absoluta. O resultado é que vemos que ele se move de um jeito engraçado, mas o que ele diz e da forma que diz nos impede de achar o comportamento estranho.
Como em 2001, Kubrick discursa sobre os problemas que as máquinas podem trazer para as nossas vidas. Elas não fazem nada errado, o problema está em quem as projeta e as programa. O prepotente homem que a concebe para ser infalível e comete ele mesmo uma falha. Em 2001, HAL 9000 quer apenas proteger a missão. Aqui, as máquinas vão apenas cumprir o seu propósito: a destruição do mundo. Não é culpa delas, é apenas a sua função.
Último filme em preto e branco de Kubrick, e um filme que realmente causou mudanças na política americana depois de seu lançamento. Passaram em branco no Oscar, e infelizmente nem Kubrick venceu como diretor, e com essa ele teve 4 indicações, assim como Peter Sellers foi indicado por 3 vezes sem vencer jamais. Mas pelo menos gravaram seus nomes no cinema com esses e com outros filmes.

PS: Este é o filme indicado ao Oscar com o maior título. No original: Dr. Strangelove or: how I learned to stop worrying and love the bomb.

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

SUPERBAD - É HOJE


NOTA: 10.
- Sabe quando a garota acorda no dia seguinte e diz: "Ah. Eu estava tão bêbada na noite passada. Eu não devia ter dormido com aquele cara." Nós podemos ser esse erro.

Alguns filmes conseguem ser atemporais. Há um tom nostálgico nessa produção que vai desde o figurino até mesmo pela forma que a história é contada. Eles podem dizer algumas gírias atuais e até mesmo se comunicarem pelo celular e internet, mas a história que eles tomam parte pode ser contada agora, no passado ou até mesmo no futuro.
A história foi escrita por Seth Rogen e Evan Goldberg, que nomearam os personagens principais com seus próprios nomes. Talvez a história seja autobiográfica. Ela parece ser, mas pode ser baseada na história de muitos adolescentes.
Seth (Jonah Hill) e Evan (Michael Cera) são amigos desde os 8 anos de idade e fazem tudo juntos. São inseparáveis por mais 3 semanas, já que os dois não vão mais frequentar a mesma faculdade. Mas antes de se separarem, eles querem experiência sexual para não chegarem "crus" nas universitárias, mas são tão impopulares que sequer são convidados para as festas. Eles ainda tem um parceiro, Foggel (Christopher Mintz-Plasse), que é tão impopular que até mesmo eles o consideram impopular.
Então o universo converge para eles: Foggel compra uma identidade falsa que o permite comprar bebidas, ao mesmo tempo Seth e Evan são convidados para uma festa por meninas que parecem se interessar por eles. Então o plano é simples: eles devem comprar bebidas para a festa e dormir com as respectivas meninas.
Os problemas começam quando eles prestam atenção na identidade de Foggel. Além de colocar que tem 25 anos, o documento tem apenas um nome: McLovin (o ator até hoje é conhecido pela alcunha, quem sabe no futuro ele não escreve um livro "Eu não sou McLovin"). O resto do filme se passa com as aventuras dos três para conseguir bebidas e ainda as desventuras de dois policiais (Seth Rogen e Bill Hader, no que eu espero não ser autobiográfico).
Eles não querem encontrar o grande amor da vida deles, eles querem apenas experimentar uma aventura antes de irem para a faculdade. Provavelmente a única aventura de suas vidas até o momento.
O filme pode ter um certo exagero de palavrões, mas em nenhum momento é porque tenta ser apelativo. Acho que é apenas uma questão de manter o ritmo do filme. Superbad faz reviver a agonia de ser adolescente, sem precisar ser bobo para isso. É um filme com coração. Com alma. E quando se propõe a ser engraçado, é engraçado. Mas sempre com profundidade. Maturidade. Nada de fofocas aqui, é um filme de adolescentes que qualquer um pode assistir. E gostar.

sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

O PUPILO


NOTA: 5.
- Tome cuidado, garoto. Você está brincando com fogo.

Hoje, Bryan Singer é um diretor conceituado. Seja pelo seu trabalho começando a franquia de X-men (estragada depois de sua saída), revitalizando a franquia de Superman ou mesmo ainda mostrando que é um diretor competente de suspense em Operação Valquíria. A verdade é que Singer teve uma carreira meteórica. Depois de seu primeiro filme, ele já fez bastante sucesso com Os suspeitos e já se tornaria bastante famoso 5 anos depois com a franquia dos mutantes. Mas entre um filme e outro, ele fez esse filme que poucos conhecem.
Um filme baseado em um conto de Stephen King. O escritor largou o terror de lado para escrever As quatro estações, que consiste em 4 contos dos quais três viraram filmes. Além deste, Conta comigo e Um sonho de liberdade.
Todd (Brad Renfro) é um brilhante aluno do colégio. Quando estuda sobre o holocausto, fica fascinado pelo assunto a ponto de estudá-lo diariamente. É quando reconhece um vizinho seu de uma foto nos livros. Um nazista procurado pelos seus crimes de guerra e acha provas suficientes para incriminá-lo. Sua intenção não é entregar o velho para as autoridades. Ele quer que ele conte as histórias da guerra para ele. Não as histórias que se lêem nos livros, mas aquelas que somente quem viveu pode contar.
O filme vai bem até certa parte, mas em determinado momento deixa de ser um interessante estudo entre a relação doentia entre duas pessoas inteligentes, que representam uma ameaça mútua um ao outro, e passa a ser apenas sádico, com corpos enterrados no porão e gatos sendo jogados no forno.
Renfro faz um trabalho competente dentro do seu papel, mas obviamente o show é todo de Sir Ian McKellen no papel do velho nazista Dussander. Ele é, provavelmente, o maior ator inglês ainda vivo. Uma cena em particular depende de seu talento. Todd lhe dá uma réplica de um uniforme nazista e pede para o velho marchar o usando. A intensidade que McKellen consegue passar para a cena chega a ser assustador. Pouquíssimos atores conseguem fazer cenas assim. Duvido se alguém pudesse fazer melhor.
Ainda assim essa devia ser uma história sobre Todd. A relação de chantagem entre ele e Dussander e todas as implicações que isso traz. Inclusive ser obrigado a mentir no colégio para não se meter em encrencas por causa de problemas na escola. Tudo isso se perde no sensacionalismo de mostrar o sadismo. Mas fica aí  a dica para o caso de alguém querer conhecer mais sobre o trabalho do diretor, que apesar de tudo mostra uma direção acertada. De quebra, tem David Shwimmer, o Ross de Friends, fazendo um papel diferente.

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

PREDADORES


NOTA: 4.
- Eles podem ouvir vocês. Cheirar vocês. Eles podem ver vocês.

Eventualmente, todo diretor vira produtor de filmes. Não apenas dos filmes que dirige, mas de outros filmes também. O que geralmente acontece, é que geralmente os filmes são inferiores aos que eles dirigem. Vejamos Spielberg, por exemplo, ele é um ótimo diretor capaz de fazer filmes espetaculares, mas produz filmes como Transformers. O que acontece quando o diretor que produz já é de segundo escalão? O resultado está aqui. A começar pela escolha do diretor. Robert Rodriguez escolheu Nimród Antal por ter gostado do resultado do filme Temos vagas.
Este é um dos filmes de ação mais despreocupados em criar uma história decente. Não há sequer uma tentativa de criar alguma coisa. Pela primeira vez eu vejo um filme em que os heróis do filme caem do céu. Literalmente. Eles caem e tentam abrir o pára-quedas que sequer deveriam saber que tem. E um pára-quedas que tem um mecanismo que demora a liberá-lo para dar mais dramaticidade para a cena.
A última coisa que eles lembram é de um clarão, então acordam em queda livre. Então junta-se um selvagem grupo de matadores: um mercenário (Adrien Brody), um soldado israelense (Alice Braga, pra ser a única mulher no filme e alimentar o interesse romântico obrigatório), um traficante colombiano (Danny Trejo), um médico (Topher Grace) e outros. Eles descobrem que estão em um planeta diferente e através das suposições mais ridículas também descobrem que são presas numa espécie de zona de caça. Assim como o mercenário descobre um monte de coisas sobre seus atacantes apesar de ser melhor pro filme que ele não descobrisse nada.
O mais interessante, é que apesar de estarem em outro planeta, eles não são afetados de forma alguma. A gravidade é a mesma, eles respiram o ar normalmente assim como podem beber a água. A única diferença estão nos habitantes do planeta. Que são os tais predadores e seus bichos de estimação que os ajudam na caça.
Quando o "Governador do Futuro" enfrentou esse alienígena, ele estava na selva aqui na terra e o bicho veio para caçar todo o seu pelotão. Um por um. Agora, eles ampliaram o termo "globalização", e exportam suas vítimas para um planeta estranho. Como fazem isso? Eu não sei e nem você vai saber assistindo. E o mais interessante sobre esse outro planeta: em um determinado momento, o mercenário observa que o sol não se movia de posição. Fica parado, mas ainda assim, o filme termina de noite. Acho que o sol provavelmente se apaga quando chega a hora certa.
Adrien Brody é um excelente ator mas que deve sofrer com a falta de bons roteiros. Só assim pra explicar seu nome nesse filme, assim como a aparição relâmpago de Laurence Fishburne. E Alice Braga ainda está devendo um papel que preste por lá.
Não vou nem comentar os Aliens vs. Predador, que considero menos emocionante que Godzilla vs. Mothra, mas neste filme falta o clima de suspense que havia no primeiro. De repente assim poderia se tornar pelo menos mais interessante. E no final, teve uma surpresa tão desnecessária que não me deixou surpreso. E olha que não esperava nada desse filme.

sábado, 12 de fevereiro de 2011

PODER ABSOLUTO


NOTA: 8.
- Já pensou na habilidade de quebrar a segurança de uma companhia de segurança? Eu não sei como esses caras conseguem fazer isso. Foi  muito excitante falar com você. Vou ter até que ir ao médico para checar meu marcapasso.

Desde este filme filme, Clint Eastwood já demonstrava o que o diferencia dos demais diretores. Ele tem a capacidade de pegar uma história que poderia ser boba e deixá-la com um "algo a mais". Outros filmes sobre os bastidores da Casa Branca já foram mais infelizes. Seu segredo é usar um roteiro afiado com ótimos diálogos e um excelente elenco.
Ele interpreta Luther Whitney, um ladrão que segundo a polícia é um dos melhores do mundo (todos nos EUA sempre são os melhores do mundo, mesmo que seja para roubar). Algumas vezes, quando não conseguem pistas sobre um roubo, ele é interrogado por ser considerado um dos únicos capazes. Mesmo que ele diga que não tem capacidade física para fazer esse tipo de coisas, ninguém leva muito a sério suas desculpas. Os policiais sabem que ele é capaz, só falta conseguirem pegá-lo.
Em um de seus trabalhos, ele está num cofre e um casal chega antes do previsto. Atrás de um espelho, ele consegue ver o que acontece mas eles não podem vê-lo. O sexo começa a ficar cada vez mais violento. Ela bate nele, ele a enforca. Ela o esfaqueia com um abridor de carta e dois homens do serviço secreto atiram nela.
O problema é que Luther não viu um assassinato qualquer. O homem é o presidente dos EUA (Gene Hackman). A mulher é a esposa de seu melhor amigo, um bilionário que foi quem o colocou na Casa Branca. Um plano é montado para proteger o presidente e incriminar o ladrão. O policial (Ed Harris) que investiga, porém, sabe que tem alguma coisa errada. Há detalhes na cena do crime que não fazem sentido.
Depois de montado todo o suspense, o filme toma uma trajetória inesperada. A maioria dos filmes de suspense são construídos em cima de perseguições e tiroteios. Qualquer relação entre os personagens começa antes do mistério. Clint inverte e depois de armar tudo começa a trabalhar os personagens. Especialmente a relação entre Luther e sua filha, Kate (Laura Linney). Ela diz para ele que não era fácil falar sobre o pai que estava na cadeia e reclama que depois ele sumiu da vida dela. Quando vai a casa dele, descobre que ele esteve sempre presente. Em todos os momentos importantes da vida dela. Talvez ele apenas soubesse que um ex-condenado não ajudaria na carreira de promotora.
É esse tipo de relação entre os personagens que torna o filme interessante. A trama não se desenrola tão bem assim. Não é um suspense dos mais emocionantes e o final não vai surpreender a todos. Mas é um filme que nos faz interessar pelos personagens. Tudo muito bem construído. Desde Os imperdoáveis, Clint mostrava que podia ser um diretor que se sobressaísse ao ator em cena. Esse é um dos filmes em que ele mostra o refinamento de seu trabalho, que só foi melhorando desde então.

sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

ENTRE OS MUROS


NOTA: 10.
- Quando vi as duas rindo na reunião, eu senti vergonha.

Em 1987, Cannes premiou o filme francês Sob o sol de satã, de Maurice Pialat. Quando foi receber ser prêmio foi vaiado por grande parte do público. Sua resposta foi direta: "Se vocês não gostam de mim, eu também não gosto mais de vocês." Muito tempo se passou até que um filme francês vencesse uma Palma de Ouro novamente. Este filme em 2008, segundo o presidente do júri Sean Penn, venceu por unanimidade.
O título se refere ao local onde acompanhamos a história. Quase todo o filme se passa dentro de uma sala de aula. Somente algumas cenas são fora dela, mas nunca fora da escola. Algumas cenas na sala dos professores, outras no pátio, mas nada que tire o foco do principal que é a relação entre o professor François e seus alunos de 15 e 16 anos, de diferentes etnias e nacionalidades.
François começa o ano letivo com grandes esperanças. Ele acredita que poderá ensinar bem seus alunos e até mesmo criar uma boa relação com eles. O colégio é de uma área mais pobre de Paris. Ele conhece parte dos alunos e sabe que eles são inteligentes. A inteligência dos alunos, porém, pode ser a principal causa de atritos dentro de sala.
Há o aluno inteligente mas cheio de ódio dentro de si. Há a aluna que se sente desvalorizada pelo professor. Até mesmo um chinês bem inteligente que não gosta de chamar atenção para si e fica horrorizado com as atitudes de seus colegas, mais "liberais". Conseguimos acompanhar todos os medos, anseios e esperanças de todos eles. Não somente dos alunos quanto dos professores. Conseguimos conhecer todos eles. E o mais interessante é que nenhum dos dois lados é mostrado como certo ou errado. Todos tem seus erros e acertos durante o filme.
O filme se passa de forma quase documental. De acordo vim a aprender, ele primeiro se baseou na autobiografia de uma professora de colégio. Em posse disso, escolheu François Bégaudeau para viver o professor e escolheu uma turma de colégio para viverem os alunos. Tanto que todos os personagens, alunos e professor, tem seus nomes verdadeiros como os personagens do filme, apesar de dizerem que se tratam de personagens apenas. Ele passou, então, um ano dentro do colégio improvisando e filmando cenas para o filme. O resultado é de uma veracidade que impressiona.
Basicamente, é uma luta de um professor para ensinar e manter uma boa relação com alunos. Em contra partida, eles não dão a mínima para o que ele tem a ensinar ou até mesmo para ele. Não se interessam nem pelo esforço que ele demonstra e que outros professores não compartilham.
O professor começa o ano de uma maneira. Ele, mesmo por mais incompetente que seja, tem o domínio da classe. Como ele termina o ano, é que demonstra sua competência de ensinar e de educar seus alunos. É assim que identificamos se é um bom professor ou não. Não é muito diferente de um filme. É como um filme termina que nos faz identificar se estamos na frente de um bom filme ou não. Nesse caso, tanto o professor quanto diretor estão de parabéns.

quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

O VENCEDOR


NOTA: 7.
- Sou eu que estou lutando. Não você, nem você e nem você (apontando para Dick, Alice e seu treinador).

Um dos 10 indicados ao Oscar de melhor filme do ano, e provavelmente só está na lista por ela ser muito extensa. Permanecessem 5 indicados, provavelmente este filme não entraria na festa pelo simples fato de não ser um filme muito bom.Ou talvez esteja na lista por a academia sempre ter mostrado uma predileção por filmes com boxeadores que conseguem ascender na vida.
Acompanhamos a história (real) de Micky Ward (Mark Wahlberg), um lutador de boxe de uma pequena cidade que está vindo de uma série de derrotas. Ele até mesmo pensa em parar de lutar. Sua vida muda quando ele conhece Charlene (Amy Adams), que conhece sua história e identifica seu principal problema: sua família.
Micky é treinado pelo irmão, Dick (Christian Bale), um viciado em crack que passa o filme inteiro se vangloriando de ter derrubado Sugar Ray Leonard, numa luta que ele perdeu há muito tempo atrás. Por causa do vício, Micky nunca consegue um treinamento decente mesmo quando está perto de lutas. Isso quando Dick aparece para os treinos. Ele também passa boa parte do filme falando sobre o documentário que estão fazendo sobre a vida dele e seu retorno aos ringues. O documentário é na verdade sobre como o crack acabou com a sua vida.
Ele é agenciado por sua mãe, Alice (Melissa Leo), que age muito mais como empresária do que como mãe. Ela convence o filho a lutar com um homem 10 quilos mais pesado que ele só para poderem receber o dinheiro da luta. Ela parece ser o tipo de mulher mais interessada em conduzir a vida de Micky para o fracasso que admitir que ele possa ter sucesso sem ela. Isso inclui convencê-lo também a deixar de treinar em Vegas o ano todo e com salário. O melhor é ele ficar com a família, mesmo que esta o arraste para baixo.
Para completar a família disfuncional, ele tem 7 irmãs que só servem para concordar com a mãe e arranjar problema com Charlene, a quem chamam de "garota da MTV", o que significa ser assanhada.
É só quando Micky se afasta da sua família que sua carreira começa a tomar um rumo vitorioso. O grande trunfo dele é a sua capacidade de apanhar durante uma luta inteira para de repente acertar um golpe que lhe garante a vitória. Ás vezes, tudo que precisa é de um único golpe. Caminho das vitórias que o leva para a disputa do título mundial.
As atuações estão ótimas no filme, destaque para Bale que se transforma a cada personagem que faz. Seja como Batman, um sobrevivente na selva ou viciado em crack. Ele não parece errar na mão e parece que finalmente vai conseguir seu primeiro Oscar. Melissa Leo  (Rio congelado) faz mais um papel fantástico, e a surpresa fica para Amy Adams que tem uma carinha bonita mas mostra que sabe falar grosso e ser durona quando necessário.
A fraqueza do filme, porém, está na fraqueza de seu protagonista. Não que Wahlberg seja um péssimo ator, longe disso, é apenas que seu personagem é muito fraco para um protagonista. Está certo que ele sempre se viu sob a sombra de seu irmão e sufocado pelas irmãs, mas ainda assim um lutador de boxe tão sem personalidade assim não deveria ser o principal na trama. Não é por acaso que Bale, Leo e Adams foram indicadas por papéis secundários e Wahlberg não. Que me desculpe quem gosta do filme, mas quando todos os coadjuvantes são melhores que o protagonista, algo está errado. Seu personagem não parece ter objetivos e nem leva o filme a lugar algum, é apenas levado pelos coadjuvantes.
Para completar, as lutas não são empolgantes. Quando assistimos Touro indomável ou mesmo um Rocky, ficamos sempre torcendo pela vitória. Ou que pelo menos ele faça um grande show. Aqui, as lutas parecem apenas passar como um elemento do filme. Infelizmente não fiquei torcendo muito por ele. Talvez até mesmo porque não me importei o suficiente com ele. Uma pena.

segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

SÉRAPHINE


NOTA: 10.
-Eu tenho que olhar para cima, que é de onde minha inspiração vem.

O talento pode vir de onde menos esperamos, e as pessoas podem tirar a inspiração de diversos lugares. Você já passou por pessoas como Séraphine na rua antes, apenas não se lembraria dela. Isso porque ela não tem nada de especial, fisicamente falando. Não é bonita e muito menos tem um corpo escultural. Nem ao menos parece capaz de ter uma grande conversa, já que é extremamente fechada, mas ainda assim é dona de um grande talento.
Ela é uma empregada doméstica que não parece ser capaz de grandes proezas. Tirando o esforço que mostra para fazer limpezas, ela leva a vida com certa calma. Ela anda pelo campo, aprecia as plantas, sobe nas árvores e observa as flores. Quando não está trabalhando, rouba cera de velas das igrejas e sangue do açougue para misturar e fazer suas tintas. E de noite ela pinta.
Ela não teve aulas de pintura e muito menos pinta para ganhar dinheiro. Ela diz que pinta porque seu anjo da guarda falou para ela fazer isso. E, por causa de sua origem humilde, apenas um milagre poderia fazer com que sua obra atingisse grandes públicos.
Como sua inspiração é divina, porém, um milagre não é muito problemático. Não apenas é um milagre que ela seja tão talentosa mesmo sem estudos, como é um milagre que um grande crítico de arte, Wilhelm Uhde,  vá passar um tempo em sua cidade e a descubra. Ele encontra por acaso um pequeno quadro largado no chão e se apaixona pela beleza da pintura. Fica surpreso ao descobrir que é a mulher que limpa seu quarto a responsável por ele e decide em transformá-la numa grande pintora. Foi ele que descobriu o talento de Rousseau.
A primeira guerra mundial, porém, explode, e Uhde se vê obrigado a abandonar a França, por ser alemão e temer represálias. Ele perde sua preciosa coleção e o contato com Séraphine. Acabada a guerra, ele volta para a mesma cidade, Senlis, e dá como certa a morte da pintora, apenas para descobrí-la em uma exposição local. Não mais pequenos quadros, mas grandes e mais belos do que ele podia imaginar. Chegou a hora de ela abandonar a vida de faxineira e abraçar a vida artística. E é o que ela faz.
Não aprendemos sobre sua infância ou qualquer tipo de trauma. A vemos apenas em seu cotidiano. A única anormalidade são seus delírios que vão crescendo durante o filme. O filme se passa num intervalo onde sua arte é descoberta até sua morte em um asilo (será que veremos um filme onde um grande pintor morreu rico da sua arte?).
Depois da estréia desse filme, o mudeu de Senlis quadruplicou a quantidade de visitantes que "descobriram" a arte de Séraphine Louis depois de assistir a esse premiado filme. Ainda hoje sua arte impressiona e atrai as pessoas. Uma coisa que adorei no filme, é que cada quadro parece real. Uma obra genuína da pintora. E mesmo nas telas de cinema, seu traços impressionam muito.
Talvez devêssemos ter pena por ela ter morrido louca e internada em um asilo, mas não acho que seja o caso. Suas pinturas estão espalhadas em diversos museus, dos mais importantes da Europa. Sua vida será sempre lembrada pelo seu talento. Talvez todo grande artista acabe absorvido por sua inspiração. Talvez seja daí que saíram as maiores obras de arte. Alguns artistas apenas não conseguem voltar para o mundo real, mas seu trabalho ficará por muitos anos que virão.

A verdadeira Séraphine, fotografia copiada no filme.

sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

PERCY JACKSON E O LADRÃO DE RAIOS


NOTA: 5.
- Eu só gosto de ficar na água. É o único lugar onde eu consigo pensar.

Chris Columbus é um diretor "mais ou menos". Mesmo quando tem um filme de grande potencial e até mesmo de grande orçamento, ele consegue fazer um filme mais ou menos. Não são ruins, mas não agradam tanto assim. Aqui ele tem bastante dinheiro e um grande elenco para fazer um filme que está apenas dentro da sua média. 
Baseado numa série de livros, acompanhamos Percy Jackson (Logan Lerman) que descobre ser filho de Poseidon e é acusado de ter roubado o raio de Zeus (Sean Bean). Seu melhor amigo é na verdade um sátiro, Grover (Brandon T. Jackson), assim como seu professor é Quíron (Pierce Brosnan), um centauro. Ameaçado, ele vai para uma "escolinha" de semideuses onde aprende a lutar. Ele é treinado por Quíron, que na mitologia morreu e se transformou na constelação de sagitário.
Percy deve devolver o raio para Zeus antes que ele comece a guerra e também resgatar sua mãe que foi aprisionada por Hades (Steve Coogan), que pretende trocá-la pelo raio. Para isso, ele, acompanhado de seu protetor, Grover, e uma filha de Atenas, Annabeth (Alexandra Daddario), vão viajar pelos EUA, único lugar que as divindades menores pensam em se esconder, enfrentando a (também falecida) Medusa, a Hidra (morta por Hércules) entre outros perigos.
A grande graça do filme do filme, é ver grandes atores em bons papéis secundários: onde mais veríamos Brosnan andando por aí sendo metade cavalo? E a Uma Thurman com várias serpentes na cabeça querendo transformar as pessoas em pedra (apesar de não saber porquê ela faz isso). Ou melhor ainda, Steve Coogan fazendo um Hades que se torna, mesmo com pouco tempo no filme, o melhor personagem do filme?
Pena que a graça termina aí. O que deveria ser a graça real do filme é essa brincadeira entre a modernidade e os deuses da antiguidade, que na minha opinião, não funciona muito bem. Apesar de ter algumas sacadas interessantes, como ele pensar ter dislexia quando na verdade sua mente traduz tudo pro grego. O que me deixa um pouco confuso na verdade: quer dizer que se eu tiver um filho e for criá-lo em um país que não fale português, ele não vai aprender uma outra língua porque seu cérebro vai ficar tentando passar tudo pro português? E afinal, por que esses deuses ainda existem e dominam o mundo se ninguém mais dá a mínima para eles? Qual a influência deles no mundo? O filme não explica e não consigo pensar numa resposta para decente para a pergunta.
E Sally Jackson (Catherine Keener), mãe de Percy? Ela encontra Poseidon, sabe que não pode ficar com ele e mesmo assim ainda engravida? Então está tudo bem em ela ser uma mãe solteira de um semideus? Ela é assim tão deslocada do nosso mundo real? Ninguém sequer usa proteção? E a semideusa Annabeth? Eu não lembro de ter lido nunca sobre um deus tendo uma filha com um(a) mortal, e a única vai aparecer logo da deusa da sabedoria? Onde está a sabedoria?
É um filme bem meia boca que pode não incomodar se assistido de graça na TV. Assim como esse promete ser o primeiro de uma série. Columbus também iniciou a série de Harry Potter, e se os fãs, aqui,  tiverem a mesma sorte, a mesma coisa vai acontecer: outro diretor mais competente vai assumir e melhorar a franquia.

quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

CASSINO ROYALE


NOTA: 10.
- Eu sabia que era um erro te promover.
- Bem. Como os agentes 00 tem pequena expectativa de vida, seu erro não deve durar muito.

Havia muito tempo Bond estava perdendo terreno para outros espiões. Mais recentemente, para o Bourne de Matt Damon, por exemplo. Enquanto o resto procurava deixar seus personagens mais reais, Bond continuava sendo um fanfarrão e se comportando da mesma forma que se comportava quando ainda era interpretado por Sean Connery na década de 1960. O tempo passou, o tempo mudou e Bond continuava o mesmo.
Desde o início, havia um ritual que sempre se repetia filme após filme: uma cena inicial, que nem sempre era necessária para o filme, a música tema acompanhada dos créditos, M passava a missão, Q as nova bugigangas e ele completava as missões bebendo muito e dormindo com qualquer mulher bonita que passasse pela sua frente.
A reformulação do personagem deixa tudo isso para trás. Não existe sequer Miss Moneypenny para flertar com Bond antes dele conversar com M. Talvez por ser desnecessário para a trama, ou mesmo porque essas situações não existiam nos livros de Ian Fleming. Quando Bond precisa falar com M, ele invade seu escritório ou até mesmo sua casa.
E este é mesmo o primeiro filme de Bond, adaptado do primeiro livro sobre o personagem. O próprio personagem estava ainda se desenvolvendo assim como esse novo Bond ainda está aprendendo os segredos de ser um agente 00.
Ele vai para a fictícia Montenegro, onde Bond deve ganhar um jogo de poker para impedir que Le Chiffre (Mads Mikkelsen) vença o torneio. Seria como financiar terrorismo. Um dos acertos é centrar o filme no jogo, a ação se passa em torno disso.
E a ação é ótima quando é necessária. Todas as cenas poderiam ser reais, não parecem as cenas de ação feitas em computador e na sala de edição, como já reclamei em outros filmes. Aqui você vê Bond realmente em ação. E melhor ainda para a série, porque finalmente vemos um Bond que pode se machucar. Que apanha. Finalmente eu vejo um Bond no cinema com quem eu realmente me importo. Além disso, é um Bond com sentimentos.
Daniel Craig faz um ótimo Bond. Difícil dizer que é o melhor, já que concorre com o ótimo Bond de Sean Connery, mas a comparação é meio injusta por conta de se tratarem de personagens diferentes. O Bond de Craig não é um alcoólatra viciado em sexo que durante a bebedeira e orgias realizava suas missões. Ele sequer se importa se seu martíni é mexido ou batido. Este é realmente um homem focado nas suas missões.
O diretor Martin Campbell faz um ótima renovação na franquia. Bem melhor que seu primeiro filme de Bond, Goldeneye, que seguia toda aquela fórmula ultrapassada. Ele faz um ótimo filme de espionagem com cenas de ação maravilhosas. A cena em que Bond persegue um terrorista a pé é uma das melhores de todos os tempos no cinema. Nenhuma perseguição a pé foi tão interessante antes.
Um ótimo reinício da série sem megalomaníacos querendo conquistar o mundo. É uma coisa ultrapassada querer dominar o mundo, tanto que está legado atualmente apenas a desenhos animados. Este filme é muito bom, assim como eram os primeiros da série. Tomara que não se perca novamente.
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