sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

ENTRE OS MUROS


NOTA: 10.
- Quando vi as duas rindo na reunião, eu senti vergonha.

Em 1987, Cannes premiou o filme francês Sob o sol de satã, de Maurice Pialat. Quando foi receber ser prêmio foi vaiado por grande parte do público. Sua resposta foi direta: "Se vocês não gostam de mim, eu também não gosto mais de vocês." Muito tempo se passou até que um filme francês vencesse uma Palma de Ouro novamente. Este filme em 2008, segundo o presidente do júri Sean Penn, venceu por unanimidade.
O título se refere ao local onde acompanhamos a história. Quase todo o filme se passa dentro de uma sala de aula. Somente algumas cenas são fora dela, mas nunca fora da escola. Algumas cenas na sala dos professores, outras no pátio, mas nada que tire o foco do principal que é a relação entre o professor François e seus alunos de 15 e 16 anos, de diferentes etnias e nacionalidades.
François começa o ano letivo com grandes esperanças. Ele acredita que poderá ensinar bem seus alunos e até mesmo criar uma boa relação com eles. O colégio é de uma área mais pobre de Paris. Ele conhece parte dos alunos e sabe que eles são inteligentes. A inteligência dos alunos, porém, pode ser a principal causa de atritos dentro de sala.
Há o aluno inteligente mas cheio de ódio dentro de si. Há a aluna que se sente desvalorizada pelo professor. Até mesmo um chinês bem inteligente que não gosta de chamar atenção para si e fica horrorizado com as atitudes de seus colegas, mais "liberais". Conseguimos acompanhar todos os medos, anseios e esperanças de todos eles. Não somente dos alunos quanto dos professores. Conseguimos conhecer todos eles. E o mais interessante é que nenhum dos dois lados é mostrado como certo ou errado. Todos tem seus erros e acertos durante o filme.
O filme se passa de forma quase documental. De acordo vim a aprender, ele primeiro se baseou na autobiografia de uma professora de colégio. Em posse disso, escolheu François Bégaudeau para viver o professor e escolheu uma turma de colégio para viverem os alunos. Tanto que todos os personagens, alunos e professor, tem seus nomes verdadeiros como os personagens do filme, apesar de dizerem que se tratam de personagens apenas. Ele passou, então, um ano dentro do colégio improvisando e filmando cenas para o filme. O resultado é de uma veracidade que impressiona.
Basicamente, é uma luta de um professor para ensinar e manter uma boa relação com alunos. Em contra partida, eles não dão a mínima para o que ele tem a ensinar ou até mesmo para ele. Não se interessam nem pelo esforço que ele demonstra e que outros professores não compartilham.
O professor começa o ano de uma maneira. Ele, mesmo por mais incompetente que seja, tem o domínio da classe. Como ele termina o ano, é que demonstra sua competência de ensinar e de educar seus alunos. É assim que identificamos se é um bom professor ou não. Não é muito diferente de um filme. É como um filme termina que nos faz identificar se estamos na frente de um bom filme ou não. Nesse caso, tanto o professor quanto diretor estão de parabéns.

2 comentários:

  1. Eu, como professor, me identifico sim, com trechos do filme, embora a realidade multicultural (em relação a pessoas de países vivendo lá) na França seja bem mais acentuada que aqui no Brasil.

    Sem dúvida é um filme muito interessante e que aborda várias mazelas da (falta de) educação em um contexto geral.

    Boa pedida

    ResponderExcluir
  2. Se seus alunos são mal educados assim eu fico até com pena de você.
    rs

    Abraços.

    ResponderExcluir

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...