quinta-feira, 29 de novembro de 2012

HOLY MOTORS


NOTA: 10.
- Ainda não demos uma risada essa noite.

Aqui temos um filme raro de encontrar. Acompanhamos um dia de trabalho na vida de Monsieur Oscar, um homem que ganha sua vida dentro do cinema. Não digo que os outros personagens não vivam no cinema, mas é raro encontrar um que viva 11 personagens diferentes (se não errei na conta), em cenários diferentes, enquanto se locomove de uma locação para outra dentro de uma enorme limousine branca.
O filme não deixa margem pra dúvidas que se trata de diferentes filmes dentro do filme. Na primeira cena, o próprio diretor surge deitado em uma cama dormindo. Ele acorda e se dirige em direção à parede do quarto, que tem um papel de parede com desenho de uma floresta. Ele tateia pela parede até encontrar um buraco de fechadura e abre uma porta usando uma chave que cresceu de seus dedos e que cabe exatamente no buraco. Como é o próprio diretor na cena, devo supor que ele está abrindo um novo mundo para nós? Um mundo pessoal? Provavelmente sim.
Depois dessa cena encontramos Oscar saindo de uma casa e entrando na limousine branca. O mais interessante é que o interior parece muito maior do que quando vemos por fora. E ainda, o interior é na verdade um camarim completo com todas as maquiagens, roupas e acessórios necessários para viver praticamente qualquer situação que precise. Depois de sair de casa de terno, rapidamente está completamente arrumado para sair de dentro do carro como uma velha mendiga que sai pedindo dinheiro pelas ruas.
Este papel é apenas o primeiro (ou será que quando aparece a primeira vez de terno já está personificando um papel?) de muitos papéis que viverá durante o dia. Não há qualquer semelhança entre os papéis ou qualquer coisa que os ligue. É como um artista que vive esses papéis de maneira quase insana pelo simples prazer de poder vivê-los. Quando se fantasia de louco, anda pelo cemitério comendo flores deixadas em túmulos até sequestrar uma modelo (Eva Mendes) que estava posando para fotos, usando a própria roupa dela para transformar o figurino de modelo em um figurino muçulmano.
Essa não é a única parte estranha do filme, e na verdade essa é a grande graça de poder assistir um filme como esse. Nunca sabemos para onde iremos a seguir, ou mesmo o que pode acontecer. Em um filme como esse, qualquer coisa é possível. Literalmente. Cada novo compromisso que ele tem é um mistério. Dentro do carro, sabemos apenas como ele vai se caracterizar, mas o decorrer das situações podem ser mais inusitados do que se imagina.
Não é um filme para um grande público, apesar de acreditar que poucas pessoas poderão se sentir entediadas diante de um filme desse. Anárquico como poucos tentam ser, imagino que o filme deva ser um presente por ter tanta liberdade. É uma espécie de reinvenção do cinema. Quando disse que nada liga os personagens interpretados por Oscar, talvez tenha me equivocado, todos são ligados pela visão artística do diretor. 

quarta-feira, 28 de novembro de 2012

MIB 3 - HOMENS DE PRETO 3


NOTA: 8.
- Eu prometi os segredos do universo. Nada além disso.
- Que outros segredos há além disso?

Foi em 1997 que o primeiro filme da série chegou aos cinemas. Misturando efeitos especiais, alienígenas e muito humor, o filme era um entretenimento interessante e fez bastante sucesso nos cinemas. Cinco anos depois o filme teve uma continuação que quase estragou tudo. Digo quase porque dez anos depois (quero dizer: esse ano) temos uma nova continuação que faz a série não somente voltar à boa forma do primeiro, mas consegue surpreendentemente entregar um material ainda superior.
Por tanto tempo ter passado, talvez o conceito não seja conhecido de todos, mas permanece funcionando da mesma maneira: uma agência secreta internacional é responsável por toda e qualquer atividade alienígena na Terra. E conforme descobrimos nos filmes anteriores, há uma quantidade enorme de alienígena rondando entre nós. Todos os agentes deixam de ter identidades e passam a ser chamados apenas pela letra do primeiro nome.
Os dois principais, pelo menos são os principais para nós, são: o veterano K (Tommy Lee Jones) e o agente mais jovem que ele mesmo recrutou no primeiro filme, J (Will Smith). O que muda é que agora a divisão é chefiada pela agente O (Emma Thompson). Um monstro terrível chamado Boris e acertadamente apelidado de Animal escapa da prisão de segurança máxima que fica na lua. Ele não tem um braço porque o agente K arrancou fora. Agora seu plano é voltar no tempo e matar K antes que isso aconteça.
De alguma forma o agente J é o único que sabe que algo mudou. Que K foi morto quando não deveria ter sido. Então ele deve voltar no tempo para impedir que Boris altere o passado. O resultado disso é o encontro de J com um jovem agente K, interpretado por Josh Brolin. E acreditem: a personificação de Brolin como um jovem Jones por si só já é motivo suficiente para assistir o filme. Ele realmente parece uma versão mais nova de Jones, e falando a voz se parece tanto que em determinados momentos fiquei em dúvida se a voz dele não foi dublada pelo próprio Jones.
O final do filme é uma eletrizante sequência em Cabo Kennedy durante o lançamento do Apollo 11, o primeiro foguete a pousar na Lua. Os agentes devem colocar um objeto no foguete antes que ele seja lançado, e apesar de parecer improvável que com a quantidade absurda de câmeras filmando o lançamento ninguém tenha reparado nos Homens de Preto, a sequência é muito bem filmada e entrega uma boa dose de adrenalina.
Smith sempre parece ser o personagem que faz o filme realmente funcionar na parte cômica, e ele ainda não perdeu o jeito. Apesar de não ter o frescor de novidade como o primeiro teve quando lançado, é um filme que me divertiu bastante. No final, ainda introduz uma cena comovente dando uma nova dimensão aos personagens que já conhecíamos.

terça-feira, 27 de novembro de 2012

MOONRISE KINGDOM


NOTA: 9.
- Estamos apaixonados. Nós só queremos ficar juntos. O que tem de errado nisso?

O diretor e roteirista Wes Anderson é um autor único no cinema atual. Suas histórias rapidamente se tornam algo que não vem do mesmo mundo onde eu e você moramos, elas deixam de ser eventos que podem acontecer no cotidiano e passam a tomar um rumo totalmente inesperado. Passam a tomar forma em um lugar mágico que funciona com suas próprias regras. Geralmente, esses mundos são criados baseados no intelecto do diretor, mas este filme parece ter saído do seu coração.
Esse novo mundo criado por Anderson é uma ilha, e o ano é 1965. O ano até poderia não importar tanto, pois poderia ser em qualquer época, mas vale para observar a caracterização do filme. Nosso casal de protagonistas são duas crianças: Suzy, que vive em um farol junto de sua família; e Sam, um órfão que vive num acampamento de escoteiros. Os dois se conheceram um pouco tempo antes e começaram a se corresponder através de cartas. Agora, ambos fugiram de seus lares para ficarem sozinhos sem a supervisão de um adulto.
Sam é um escoteiro, por isso ele leva consigo diversos equipamentos para acampar, mapas e outros materiais de sobrevivência que considera essenciais para poder manter os dois vivos. Já Suzy é uma sonhadora e leva uma mala que tem comida para o gato que está levando com ela, livros e um tocador de disco de vinil portátil com baterias extras.
Presente em quase todos os filmes de Anderson, Bill Murray vive o pai de Suzy, Walt Bishop, que é casado com Laura (Frances McDormand). Ambos estão ótimos, mas me impressiona como Murray sempre parece a escolha certa para um papel nos filmes de Anderson. Será que o diretor já escreve tendo em mente o ator ou será que ele é uma combinação ideal para o clima melancólico que permeiam os filmes?
A fuga separa o filme em dois mundos. Temos as crianças que estão aproveitando o tempo que têm de serem irresponsáveis e imaturos ainda que seja por um período curto de tempo, e temos o mundo adulto que se une em uma busca para encontrar as crianças que estão desaparecidas. Além dos pais da menina, isso inclui o capitão Sharp (Bruce Willis), o chefe dos escoteiros Ward (Edward Norton) e a assistente social conhecida como Assistente Social (Tilda Swinton).
O que realmente torna um filme de Anderson especial é como ele conta uma história como essa. É claro que sabemos que os eventos que estamos vendo são bem improváveis de acontecer, mas o importante é que sentimos que em nenhum o momento ninguém do elenco (em especial as crianças) estão brincando. Todos levam o filme a sério, o que dá gravidade ao material mesmo que seja tudo lírico. Tudo é fantástico, e muitas vezes o que acontece em forma de fantasia é mais interessante do que o que acontece na vida real. Ou pelo menos é mais interessante da forma que acontece na cabeça de Wes Anderson.

segunda-feira, 26 de novembro de 2012

HISTERIA - HYSTERIA

NOTA: 8.
- Senhor. Me daria um prazer imenso ocupar qualquer posição que me permita oferecer alívio aos meus pacientes com poucas chances de matá-los.

É assim que Mortimer Granville consegue seu emprego no consultório do Dr. Robert Dalrymple. Bem, o próprio juramento que os médicos fazem diz que não devem machucar ninguém, então não há nada de errado em relação a isso. O que Granville não fazia ideia é que a prática adotada por Dalrymple não oferece chance alguma de machucar suas pacientes. Nesse sentido, os dois tinham um histórico bem impressionante.
Claro que ambos não sabiam mais do que qualquer outro médico daquela época sabia. O trabalho consistia em tratar uma doença feminina que não existia: a histeria. É tão divertido observar que o tratamento consistia em nada menos que dar orgasmos nas mulheres "histéricas" de Londres. Por mais estranho que pareça, seu consultório se encontrava sempre lotado de mulheres insatisfeitas sexualmente, mas que sequer sabiam disso.
Com mais pacientes do que consegue dar conta, Dalrymple (Jonathan Pryce) se vê obrigado a contratar o ambicioso Granville (Hugh Dancy) como seu assistente. Granville acabara de se ver desempregado depois de discutir com seu superior sobre os métodos médico ortodoxos da época. Isso faz também que ele conhece as filhas de Dalrymple: a feminista e única mulher do filme realmente perto da histeria, Charlotte (Maggie Gyllenhaal); e sua irmã que procura seguir todos os costumes da época, Emily (Felicity Jones). Charlotte desacredita inteiramente a prática do pai mas usa seu dinheiro para ajudar a sustentar seu trabalho com a população pobre de Londres. Já Granville deveria se casar com uma das filhas mas acaba se apaixonando pela outra.
Para o azar dele, porém, o esforço de curar (ou será que nesse ponto já posso usar o termo satisfazer?) suas pacientes faz com que ele fique com uma lesão que o impede de continuar trabalhando. Junto de seu amigo, o estranho Edmund St. John-Smythe (Rupert Everett) que está trabalhando em um espanador de pó elétrico, ele pensa o que fazer da vida. Quando testa o espanador de pó na mão machucada, os dois chegam à conclusão que podem usar a invenção para "curar" as mulheres. E assim, o vibrador foi inventado.
Um dos grandes prazeres de assistir a esse divertido filme, é como a diretora Tanya Wexler encaixa tudo perfeitamente dentro do período. Figurinos, sets de filmagem e as locações escolhidas fazem conjunto com os atores e roteiro para reconstruir tudo como se estivéssemos naquela época. Baseado em fatos, a diretora consegue contar uma história que entretém e ainda por cima educa em certos sentidos. Em poucas palavras e com perdão do trocadilho: é um filme com boas vibrações.

quarta-feira, 21 de novembro de 2012

TUCKER E DALE CONTRA O MAL - TUCKER AND DALE VS EVIL


NOTA: 8.
- Não vai acreditar, mas estávamos cuidando das nossas vidas quando um grupo de garotos começou a se matar pela nossa propriedade.

Este filme entrega algo que não se vê todo dia: uma comédia genial politicamente correta. Basicamente, se trata de uma ideia esticada para ficar na duração de um longa-metragem, mas mesmo que pareça que poderia ser um filme mais curto do que já é, o fato é que a dupla protagonista faz o filme valer a pena. É o esforço dos dois que faz com que a repetição não estrague o filme, e aqui eles tem a sorte de terem encontrado um ao outro.
Claro que não se deve esperar um filme genial. Não se trata da recriação da roda nem nada sequer parecido com isso. Pelo contrário, dificilmente se vê um filme que siga a fórmula tão ao pé da letra quando este.
Um carro cheio de adolescentes segue por uma estrada do interior onde eles planejam festejar um fim de semana. Em um posto, eles cruzam com Tucker e Dale, que assim como o resto das pessoas no lugar estranha em ver os "garotos da cidade", enquanto ao mesmo tempo os garotos estranham os "caipiras"e os confundem com psicopatas ou coisa do gênero.
Saindo de lá, eles armam suas barracas com música e cerveja, enquanto Tucker e Dale saem no seu barco para pescar no lago de noite. Segundo eles contam no grupo, nesse dia fazem 20 anos do dia em que um bando de jovens como eles foram brutalmente assassinado naquele mesmo lugar. O conhecimento da história faz com que eles não mudem em nada o planejamento, e todos pulam no lago para nadar praticamente sem roupa. Claro, por que não? Uma menina acaba se acidentando e cai inconsciente na água. Quem a retira é a dupla de caipiras.
Se alguém assistiu a algum trailer desse filme, sabe o que vem a seguir. Se não assistiu a nada desse filme mas está ficando interessado, talvez seja melhor parar de ler agora. Não que seja uma informação que vá estragar a graça do filme, mas talvez a surpresa possa ser mais interessante. O que acontece é que a dupla não tem nada além das melhores intenções em ajudar a moça, enquanto o grupo pensa que eles querem matá-la e começam a atacar os dois. E é nesse momento que o filme consegue distorcer todos os clichês do gênero para se transformar em uma comédia hilária.
Apesar de termos um bom número de atores em cena, somente quatro deles sobrevivem tempo suficiente para se tornarem relevantes na história. Dale (Tyler Labine) é um doce e que sofre com problemas de baixa estima. Tucker (Alan Tudyk) é seu amigo que sempre tenta o ajudar ao mesmo tempo que perde a paciência com ele. A garota resgatada / sequestrada é Alison (Katrina Bowden) e o líder dos adolescente é Chad (Jesse Moss), um garoto com problemas de controlar seu temperamento.
É um filme que homenageia tanto quanto ironiza os filmes do gênero. Apesar de toda a quantidade de sangue que jorra na tela, ainda assim consegue ser um filme agradável e divertido. Mais importante: é rápido, é engraçado e funciona. Simples assim. Mal posso esperar pra ver essa dupla em ação novamente em outro filme.

segunda-feira, 19 de novembro de 2012

JOGOS VORAZES - THE HUNGER GAMES


NOTA: 7.
- Você é mais forte que eles. Eles só querem um bom show, só isso. Você sabe caçar, mostre a eles quão boa você é.

O futuro que nos é mostrado em filmes (e livros) de ficção científica é sombrio de muitas formas diferentes, e aqui não é exceção. Mas geralmente é também visto como uma parábola do nosso presente. Aqui, depois das nações norte-americanas serem destruídos por uma catástrofe, surge uma nova chamada Panem. Essa nova civilização é governada pela Capital, que é cercada de 12 distritos que aparentemente nada podem fazer a não ser acatar as imposições feitas a eles.
E uma das imposições que a Capital faz, são os Jogos da Fome, onde um casal de cada distrito é escolhido em um jogo de guerra que é transmitido para todos através de câmeras escondidas. E também é um jogo onde somente uma pessoa pode sair viva. É no sorteio desse casal do Distrito 12 que começamos a acompanhar o filme, onde Katniss (Jennifer Lawrence) se voluntaria para ir no lugar de sua irmã que foi sorteada. Junto dela irá Peeta (Josh Hutcherson).
Katniss é uma guerreira moderna. Com um arco ela consegue manter sua mãe e irmã mais nova alimentadas. Suas habilidades de caça parecem fazer dela uma possível candidata à vitória. As chances não são muitos grandes, já que de 24 participantes somente um deles pode permecer vivo, mas ela deve agarrar essa única chance para poder voltar à sua família. Já Peeta não mostra as mesmas habilidades, mas mesmo que um deva morrer talvez o romance entre eles seja uma possibilidade.
Não sei quanto ao resto dos outros distritos, já que quase não são mostrados, mas o Distrito 12 é muito pobre e decadente. O que contrasta ainda mais quando nossos heróis chegam na Capital onde tudo é luxuoso e bem ornamentando com cristais e coisas do gênero. O exucutivo responsável pelos jogos é Seneca, que possui uma barba cujo desenho daria inveja até ao diabo e o líder da nação é o Presidente (Donald Sutherland).
Apesar de ter uma história até bem interessante e com algumas boas cenas de ação, algumas coisas me incomodaram no filme. Quando cada escolhido é apresentado, suas reações são muito opacas. Muito pobres. Como disse antes, por mais que tenha habilidades suas chances de sobrevivência são pequenas e a maioria está rumando para a morte certa. Seria compreensível que emoções mais fortes emergissem. Outra coisa que senti falta foi alguma discussão sobre quão justo é um jogo mortal onde meninas de 16 anos ou menos lutam contra rapazes de 18 em um combate corpo-a-corpo. Não se trata de machismo ou coisa do gênero, apenas uma observação que considero relevante. Além disso, o filme abre mão de mostrar as críticas sociais presentes na história de maneira mais aberta.
Apesar disso, o filme é um entretenimento interessante. Ainda mais por conta de Jennifer Lawerence no papel da heroína Katniss. Em Inverno da alma ela já tinha mostrado não somente que é capaz de estar no papel principal de um filme com (muita) competência, mas também talento mais que necessário para viver uma personagem forte e convincente. Talvez os realizadores tenham considerado que as plateias iriam apreciar mais as lutas que política, mas se for este o caso o filme está muito longo para mostrar apenas isso. Interessante mas poderia ir um pouco além.

quarta-feira, 14 de novembro de 2012

AMERICAN PIE: O REENCONTRO - AMERICAN REUNION


NOTA: 5.
- Como vai sua mãe, Stifler?
- Fica longe da minha mãe!

Lançado em 1999, o primeiro filme desta série fez bastante sucesso e gerou duas continuações (oficiais) em pequenos intervalos de tempo. Agora, pouco menos de 10 anos desde a última vez que tinham aparecido, eles voltam. Mais maduros? Pouco provável. Apesar de não serem mais adolescentes, continuam usando nudez, fezes e sexo enquanto roubam jet skies se envolvendo em confusões. Não importa quanto tempo passe, mas eles continuam fazendo as mesmas coisas de sempre, com uma sensação de ás vezes estarmos ouvindo a mesma e repetida piada.
Ainda mais estranho é a sensação de não conseguirem deixar a mãe de Stifler fora do filme. Desde o primeiro filme, ela causou uma impressão tão grande que parece ter permanecido todos esses 13 anos no quarto durante as festas de seu filho esperando algum adolescente entrar e tentar seduzi-la. Será que ninguém envelhece nesta série?
Não é por acaso então que Stifler parece ser o amigo do grupo com mais dificuldades de se ajustar aos novos tempos. Os outros, de alguma forma quando não estão reunidos, seguiram com suas vidas. Agora na casa dos 30 anos, eles se encontram 3 dias antes da reunião com os amigos da época de  colégio. Eles até tentam não se envolver em confusões deixando Stifler fora dos planos, mas é claro que isso não funciona.
Atualizando os fatos: Oz se transformou num apresentador de um programa esportivo parecido com os que passam na ESPN, Finch se transformou num aventureiro que roda o mundo atrás de lugares exóticos e estranhas boates, Stifler continua na mesma cidade trabalhando como subalterno em uma grande empresa e Jim e Michelle continuam casados mas desta vez com um filho mas com a vida sexual inativa.
A graça que o primeiro filme tinha, era a experiência da primeira vez através de jovens um tanto quanto ingênuos. É um tema recorrente desde que eu era adolescente e Porky's reprisava na TV. O filme em si tinha um ar de novidade, mas aos poucos foi dando lugar à familiaridade dos atores fazendo as mesmas piadas em diferentes idades. Ainda que entregue algumas boas risadas, o filme não deixa de passar uma sensação de déjà vu e em nenhum momento entrega alguma nova memória à série.
O próprio nome da série deriva de uma cena em que Jim, ainda virgem, treinava o ato sexual com uma torta até ser pego pelo pai. A cena é lembrada num diálogo, que me fez perceber que, na verdade, o filme inteiro é baseado em pura nostalgia. É a sensação de buscar através dos fãs um público que ainda espera pra assistir a mesma turma realizando as mesmas façanhas. Para os que não são fãs, parece que pouco sobra do filme. Para mim, o problema é que nenhum dos filmes causou uma impressão forte o suficiente para me fazer querer relembrar de tudo.

segunda-feira, 12 de novembro de 2012

ATAQUE AO PRÉDIO - ATACK THE BLOCK


NOTA: 8.
- Mesmo se for um ataque alienígena real, eles tem menos de um metro e meio, cegos e foram espancados até a morte por um monte de garotos. Não precisa se preocupar.

A Terra (em especial, os EUA) foi alvo de muitos ataques alienígenas nas telas dos cinemas, mas nunca antes ela havia sido protegida por um grupo de pré-adolescentes. Mais estranho ainda, pré-adolescentes delinquentes que vão de bandidos à heróis nesta comédia de terror que coloca o grupo de residentes de uma periferia contra os invasores do espaço.
Luzes aparecem no céu de Londres. Enquanto uma enfermeira é assaltada pelo grupo de adolescentes, um alien cai em cima de um carro quase os atingindo. O líder do bando parte para cima e consegue eliminar sozinho a ameaça. O problema é que mais e mais seres chegam em alguma espécie de invasão, e o grupo parte para a guerra ao lado da enfermeira que assaltaram, pois em uma situação como essa ela percebe estar mais segura ao lado deles que sozinha.
Realizado como um filme "B" dos anos 1970, acompanhamos a gangue quase que inteiramente dentro deste conjunto habitacional de baixo custo em Londres. E é quando combatem que começo a gostar mais do filme, pois ao retirar suas máscaras (que usam para os roubos), cada personagem mostra o rosto e também suas personalidades. É também uma oportunidade que eles têm para realizar algo diferente do que estão acostumados a fazer.
Escrito e dirigido por Joe Cornish, um ator e roteirista (que recentemente trabalhou no roteiro de Tin-Tin) faz uma excelente estreia na direção de um longa metragem. Em especial por mostrar (ou pelo menos parece mostrar) bastante conhecimento sobre os membros de gangue. E mais ainda por mostrar personalidades interessantes aos seus personagens e também por ter descoberto John Boyega para viver Moses, o protagonista do filme e líder da quadrilha mirim. São seus conhecimentos sobre a arquitetura do local e da vizinhança que os dá alguma vantagem sobre os invasores.
E temos também os aliens. Eles parecem uma matilha de lobos atacando sem armas as pessoas que aparecem na sua frente. De alguma forma eles parecem dominar a viagem espacial, mas não parecem capaz de realizar muito mais que isso e conseguem ser eliminados por um bando de garotos sem nenhuma tática militar ou qualquer coisa parecida. Até pode ser possível que eles não sejam os principais de sua raça, que sejam uma espécie de cães de caça, mas também em nenhum momento somos apresentados a qualquer outro tipo de alienígena, então nos resta pensar que essa raça que sequer parece ter polegares opositores são os atacantes espaciais. Seja lá como eles fizeram para chegar aqui.
Claro que essas perguntas são apenas secundárias e não são importantes para curtir o filme. O filme trata de quabrar as barreiras entre as classes e defender nosso planeta. A real questão é se a ação do filme e seus personagens funcionam na tela. Pra mim a resposta é sim. E em grande parte do tempo é muito divertido assistir como casam bem.

quinta-feira, 8 de novembro de 2012

MAGIC MIKE


NOTA: 7.
- Senhoritas, a lei diz que não podem tocar. Mas eu posso ver daqui que temos várias mulheres que violarão as leis, certo?

Nunca imaginei essa profissão como um "emprego dos sonhos" de qualquer pessoa. Sejam homens ou mulheres, ganhar dinheiro enquanto colocam notas em seu fio-dental não deve ser considerado a melhor coisa do mundo. Ao mesmo tempo, deve ser mais fácil para homens, já que quando dançam a maior parte das fãs devem estar procurando mais por diversão do que sexo, enquanto os homens que observam as mulheres devem estar pensando mais que tem chance de dormir com elas.
Claro que isso tudo é mera suposição. Na minha cabeça, vender a diversas pessoas o direito de tocarem em suas partes íntimas por notas de 2 dólares (como um personagem diz, é melhor não contar o que precisam fazer por uma nota de 20) não deve fazer muito bem à alma. E é isso que o novo filme de Steven Soderbergh conta com humor, romance e drama com muitas coreografias de homens bonitos e sarados tirando a roupa. Acredito que esse filme irá atrair mais as mulheres do que homens.
Os corpos na tela são claramente corpos de pessoas narcisistas. Até onde eu sei, quanto mais tempo se gasta na academia para deixar seus corpos esculturais, mais limitadas essas pessoas são para conversas. A menos que se queira ouvir sobre academia e malhação. Digo isso porque de certa forma o filme me lembra esse aspecto: quanto mais "malha" para parecer bem construído, menos profundidade eu consigo ver nele.
O filme mostra como o jovem e ingênuo Adam (Alex Pettyfer) conhece Magic Mike (Channing Tatum)  durante a reforma do telhado de uma casa. Mike simpatiza com o rapaz e o acaba levando para o local de seu segundo trabalho: Xquisite, onde dança como stripper 3 vezes por semana. Adam não tem intenção de ir para os palcos, mas acaba sendo jogado lá e dança envergonhado. Talvez por acharem que é parte do show, ele acaba fazendo sucesso com as mulheres e é rapidamente convencido por Dallas (Mathew McConaughey) a se manter nessa nova profissão.
Seguindo a fórmula desse tipo de filme, acompanhamos a vida noturna de Mike e Adam, enquanto o filme vai descendo pro lado negro da profissão e Adam vai se perdendo entre bebidas e drogas. Enquanto isso, uma subtrama mostra a relação entre Mike e a irmã de Adam. Ele prometeu para ela que tomaria conta de seu irmão, mas por mais que suas intenções fossem boas, ele nada pode fazer para evitar a derrocada.
Os figurinos e coreografias valorizam a profissão deles. Na verdade, pelo jeito que o negócio é tocado fica um pouco difícil de acreditar que eles consigam uma produção tão feita quanto realizam. O filme começa leve e divertido e aos poucos vai seguindo para um lado mais dramático. Lembra um pouco Magnólia, mas sem a mesma qualidade. 
Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...