segunda-feira, 31 de agosto de 2009

SERPICO



NOTA: 7.
“Frank, sejamos francos, quem pode confiar num policial que não aceita dinheiro?” Tom Keough

Na época em que fez esse filme, Al Pacino ainda era um ator que procurava se firmar. Intercalava filmes como esse e Um Dia de Cão, com filmes de primeiro escalão como O Poderoso Chefão.
Baseado em fatos reais descritos em um livro, Serpico mostra a história de um policial que chocou uma comissão de investigação ao relatar que inúmeros de seus colegas aceitavam suborno.
O filme começa com Serpico sendo levado para um hospital com um tiro no rosto. Serpico não parece um policial, ele é barbudo e se veste das maneiras mais estranhas. Está mais para um Hippie que para um policial.
Não é apenas isso que o difere do resto dos outros policiais. Serpico é extremamente culto, lê livros, vai a apresentações de balé, entre outras atividades culturais. Mas a característica mais importante é sua honestidade. Ele não tem família ou grandes gastos, então não precisa aceitar suborno como todos os outros policiais. O que o torna uma ameaça dentro do distrito.
O fato de ser uma ameaça para seus colegas não o incomodaria por um detalhe: ele não consegue fazer um bom trabalho policial por conta disso. Toda a atividade da polícia é basicamente receber suborno e virar as costas para as pessoas “legais” que pagam os subornos. Frank Serpico não quer dinheiro, ele quer apenas fazer o seu trabalho, mas ao invés de fazer seu trabalho, sua maior batalha é tentar ajudar as pessoas enquanto tem um itinerário a seguir para receber dinheiro.
Ele tenta resolver sua situação de várias maneiras. Depois de levar para vários órgãos, sua história vai parar no New York Times, é só aí que ele começa a ser ouvido.
Claro que ser ouvido não é exatamente uma coisa boa para ele. Toda a polícia fica contra ele, com exceção de alguns poucos policiais honestos que o admiram por sua coragem. Em uma determinada hora, um capitão diz para ele não ficar preocupado que ele será transferido. “Para onde? China?” pergunta-lhe Serpico.
O roteiro tem algumas falhas, mas elas são insignificantes diante de uma direção segura de Sidney Lumet e a atuação nada menos do que sensacional de Al Pacino. Na verdade, olhando para seus filmes atuais, dá uma raiva dele agora. Que desperdício de um dos melhores atores de todos os tempos. Felizes os que puderam ver esse Pacino no cinema.

O CADILLAC AZUL


NOTA: 8.
“Mal posso esperar pra sair dessa casa.” Marvin
Esse filme era um daqueles filmes que passava constantemente na Sessão da Tarde e eu lembro de ter assistido inúmeras vezes sem me cansar. Depois de anos sem assisti-lo, vejo agora o motivo porque esse filme tanto me agradava. É um daqueles filmes com boa intenção e bons momentos.
Está certo que todo mundo sabe logo no início o que vai acontecer, talvez até mesmo como vai acontecer, e ainda assim é ótimo ver como vai acontecer.
No início vemos os três irmãos brigando. Fica óbvio que eles não conseguem conviver um com o outro. Depois de muitos anos o reencontro entre os três. O organizado Marvin, agora um sargento do exército. Buddy, um sonhador que procura apenas apaziguar os conflitos. E Bobby, o rebelde sem causa da família (interpretado por um então adolescente Patrick Dempsey).
Os três se reencontram para dirigir um Cadillac Coupe de Ville (que dá o nome original) de presente para a mãe deles no aniversário dela. É o mesmo Cadillac que eles tiveram muitos anos atrás. É o caso típico de uma viagem pela estrada onde as pessoas se conhecem melhor e passam a gostar umas das outras.
Não se preocupem, não estou estragando nada do filme. Qualquer espectador moderno vai sacar o filme logo de cara. Tenho minhas dúvidas se naquela época eu ficava mais impressionado por ser algo original ou se por pura ingenuidade minha. O filme é bem datado, nenhum departamento se destaca no filme. Figurinos comuns, locações simplórias e enquadramentos básicos.
Mas o filme conta com atuações inspiradas (incluindo Alan Arkin – o avô de A Pequena Miss Sunshine – e um inspirado James Gammon, que conserta o carro) e a boa intenção de contar uma história bonita. Para um público mais seleto, pode não ser suficiente, mas é para mim. O amor nesse filme não é aquele dito da boca pra fora, e quando você o percebe, ele se torna mais forte e poderoso. Quem já viu, vale uma nova olhada. Quem nunca viu pode se surpreender.

quinta-feira, 27 de agosto de 2009

SE BEBER NÃO CASE


NOTA: 9.
- Agora lembre-se: o que acontece em Vegas fica em Vegas. Exceto herpes, essa merda acaba vindo com você.

Se o “merda” na frase acima te incomodou, não assista a esse filme. Se beber não case é uma comédia adulta e politicamente incorreta (como a maioria das melhores comédias são) até o último fio de cabelo. Então se quiser um humor permitido para menores, procure outro filme.
A parte de ser um humor adulto não é demérito em nenhum sentido. Na verdade faz que com que esse seja o filme mais engraçado desse ano até o momento. Te faz rir desde o primeiro minuto até o último. E duvido que algum filme que vá estrear possa superá-lo.
O filme abre com Phil dizendo para noiva que o casamento dela não vai acontecer. O noivo está sumido. “Fudemos tudo”, ele diz. Voltamos dois dias desse acontecimento. O noivo, Doug, está partindo para Las Vegas com seus dois padrinhos e seu cunhado para sua despedida de solteiro na "cidade do pecado".
Um dos padrinhos, Phil (Bradley Cooper), é um professor de colégio, casado e com um filho, que diz odiar sua vida. Stu (Ed Helms) é um dentista que diz a todos que é médico e é totalmente dominado pela mulher (megera) que o chifrou em uma festa num barco. Alan (Zach Galifianakis) é o irmão da noiva meio “lento” mentalmente que, judicialmente, não pode ficar muito perto de escolas, “Ele parece um Gremlin. Vem até com manual de instruções.”, um deles se refere a ele.
Dia seguinte da grande noite, eles acordam com o quarto totalmente destruído, uma criança chorando no armário, um tigre dentro do banheiro, um dente faltando, uma galinha e o noivo sumido. Já que não o acham em parte alguma, eles começam a refazer seu caminho através de pistas que encontram. Pra piorar a situação, quando o manobrista vai lhes entregar o carro, um Mercedes novinho do sogro do noivo, entrega uma viatura policial.
A busca pelo noivo, faz com que visitem uma Capela de Casamentos, apanhem de um efeminado mafioso chinês, entrem na casa de uma prostituta, façam uma parada no hospital e um encontro com Mike Tyson. Esse turismo durante um longo dia por Vegas à procura do noivo, faz com que aos poucos vão reconstituindo o que aconteceu na noite anterior. E observem que não usei a palavra relembrando.
O diretor Todd Philips tem na sua mão um filme recheado de situações absurdas com personagens bizarros. Claro que a ida para a “Cidade do Pecado” serve como uma terapia de choque para todos os personagens. E isso é o melhor do filme. Parece que seus filmes anteriores, Dia Incríveis e Caindo na Estrada, eram apenas o rascunho do que estava por vir.
No final só ficou uma pergunta: que diabo aquela galinha faz lá?

quarta-feira, 26 de agosto de 2009

FATAL


NOTA: 6.
“Mulheres bonitas são invisíveis. Somos bloqueados pela barreira da beleza. Ficamos tão encantados com a beleza exterior, que nunca chegamos ao interior.” David Kepesh
Ben Kingsley é um ator versátil capaz de interpretar qualquer papel. Ele consegue transitar de papéis como o pacifista Ghandi, em filme homônimo, até o sádico Don Logan de Sexy Beast. Então nenhuma surpresa ao vê-lo nesse filme como um professor de literatura intelectual que tem a vida mudada por Penélope Cruz. A surpresa é falta de empatia do personagem.
Ele interpreta David Kepesh. Ele não é apenas um intelectual, é uma celebridade com entrevistas na TV e programa de rádio. No final do semestre, ele dá uma festa que mais parece uma desculpa para seduzir as alunas de sua aula, já que durante o período de aula a faculdade proíbe. A premiada da vez é Consuela (Cruz), americana com raízes cubanas. A aventura que ele tem com ela é narrada com uma conversa com seu amigo, George (Dennis Hopper).
Aparentemente, o que deveria ser a graça do filme é ver Kepesh agir como um adolescente idiota com sua primeira namorada. Sua relação com Consuela é totalmente baseado na insegurança dele por estar com uma mulher mais nova e bonita.
Apesar de parecer que ele faz isso em todas as suas aulas, até mesmo porque depois de Consuela ele já aparece olhando para outra mulher em sua aula, ele age de forma tão imbecil que torna seu personagem mais irritante do que interessante. Ele chega a ir atrás de festas para procurá-la. “Estava visitando um amigo na vizinhança.” Ridículo.
Com esse comportamento destrutivo, a única que parece conseguir aturá-lo é Carolyn (Patricia Clarckson, ótima). Isso porque Carolyn não está interessada numa relação amorosa, ela quer apenas sexo. Nem seu filho parece gostar dele, e Kepesh só o procura para pedir um favor. Até há uma virada dramática que torna Kepesh, e consequentemente o filme, mais interessante, mas aí a maior parte do filme já se foi pra recuperar interesse do filme.
Não posso dizer que o filme seja bom. É daqueles que você sente que falta algo, sabe? Falta interesse pelo personagem principal. Falta interesse pela relação entre os dois. Pra mim o filme ficou no quase.

segunda-feira, 24 de agosto de 2009

ARRASTE-ME PARA O INFERNO


NOTA: 8,5.
“Eu imploro a você e você me humilha?” Sra. Ganush.
É fácil associar o nome de Sam Raimi com a trilogia do Homem-Aranha. Bem, nem sempre o nome do diretor esteve associado a blockbusters. Raimi surgiu para o mundo cinematográfico com a pérola de terror, hoje Cult, Uma noite alucinante (Evil Dead). Então nada como descansar da franquia aracnídea voltando às suas origens.
Christine não é uma mulher diferente ou estranha. Ela trabalha em uma pequena firma de empréstimos (e não com feitiçaria) e está perto de uma promoção, mora numa casa e tem um namorado tão normal quanto ela. Nada que a qualifique como propensa a ter sua alma arrastada para o inferno.
Para ganhar a promoção, ela tem que mostrar que é capaz de tomar decisões difíceis. É então que surge na sua vida a velha cigana Sra. Ganush. Ela já teve duas prorrogações de seu empréstimo e procura conseguir uma terceira vez. Christine pode conseguir a prorrogação para ela, mas prefere negar para impressionar seu chefe. A velha orgulhosa não se dá por vencida e a amaldiçoa.
Visitando um vidente, mesmo a contragosto de seu cético namorado, ela descobre seu destino: Lamia, um espírito maligno do inferno, irá “visitá-la” por três dias e depois disso levará a alma de Christine para o inferno. A menos que ela tente apaziguar as coisas, mesmo que ela ache que não vá conseguir fazê-lo. “Você ficaria surpresa com as coisas que fará quando Lamia vier”, lhe avisa o vidente.
Não importa a aparência frágil de Christine, ela não vai para o inferno sem luta. E gritos. Se em filmes de terror eles são obrigatórios, Raimi fez sua escolha com sabedoria ao escalar Alison Lohman para o papel principal. E ela tem motivos para gritar. Lamia não pega leve, não é gentil e muito menos a segurará pela mão e a conduzirá tranquilamente.
Arraste-me para o inferno é um (bom) filme de terror. Dá bons sustos e algumas risadas (quem quer ficar tenso o filme inteiro?). Raimi mostra que não perdeu a mão para o terror, mesmo que diga que não gosta do gênero (estranho, não?). Além disso já promete uma quarta sequencia de Uma Noite Alucinante. Outra boa notícia para os fãs do gênero.

sexta-feira, 21 de agosto de 2009

RIO CONGELADO


NOTA: 9.
“Por que você não sai pra conversarmos? (dá um tiro) É sério, querido.” Ray Eddy para seu marido.
Esse é um daqueles casos em que o filme ganha força pela atuação de seus atores principais. Aqui, as forças são Misty Upham e Melissa Leo. As duas interpretam mães solteiras com extremas dificuldades financeiras na fronteira entre EUA e Canadá, mais precisamente em território Mohawk.
Ray Eddy (Leo), tem dois filhos e está para perder a entrada que deu num novo trailer. Lila Littlejohn (Upham) trabalha no bingo e teve seu filho roubado pela sogra. Seus caminhos se cruzam porque Lila dirige o carro do marido de Ray, um viciado em jogo que abandonou o carro para pegar um ônibus e ir embora. Como Ray não consegue levar os dois carros, Lila a convence a levar para um homem que pode pagar U$ 2 mil por ele. Na verdade, é uma armação de Lila para transportar imigrante ilegais pela fronteira.
Assim nasce uma “amizade” baseada em pura conveniência. Lila tem os contatos e Ray tem o carro com uma mala grande. Além disso, Ray é branca e a menos que dê motivo, não será parada pelos policiais. Para isso, elas usam um caminho sobre o rio congelado que dá nome ao filme.
Vencedor do Grande Prêmio do Júri em Sundance, o filme se equilibra de forma exata entre suspense e o drama. Ray é o mais perto de uma heroína em um filme como esse. Sustenta os dois filhos com um trabalho de meio expediente e não deixa o filho sair da escola para tentar um emprego. Seu ingresso no transporte de ilegais acontece por acaso, e diz que só vai continuar até poder pagar suas divídas. E mesmo durante o transporte, ela mantém sua integridade: quando tem que transportar um casal do Paquistão ela joga a bolsa que eles carregam fora porque “Pode ter gás venenoso e não quero ser responsável por isso”.
Para Lila a vida é mais triste. Ele tem que se contentar em ver seu filho em um encontro casual numa lanchonete ou aos cuidados da avó em cima de uma árvore. Sempre a distância.
Elas não são criminosas. Não querem uma vida de luxo. O que elas buscam é o básico: uma casa quente, comida na mesa e a companhia dos filhos. Elas mal conversam uma com a outra. Na verdade, quase ninguém no filme conversa entre si. É como se os habitantes se tornassem tão frios quanto seu habitat.
Mas essa história não é sobre amizade. Estamos falando de uma história sobre necessidade. Necessidade de duas mulheres para manter a família unida.

quarta-feira, 19 de agosto de 2009

SETE VIDAS


NOTA: 4.
Ben Thomas - “Teve um suicídio.” Operador - “Quem é a vítima?” Ben Thomas – “Eu.”
Essa é a primeira cena do filme, que dá o tom de drama por todo o longa que marca a segunda parceira entre o astro Will Smith e o diretor Gabriele Muccino (a primeira foi À Procura da Felicidade). Se no longa anterior o dramalhão já dominava, mas pelo menos tinha uma história (real) de superação, aqui, o drama é só drama.
Will Smith interpreta Ben Thomas, um agente da Receita Federal que age de modo muito estranho. Logo no início, cenas desconexas se sucedem: um acidente de carro, ele com uma mulher na praia, ele fala ao telefone com um homem e quando descobre que este é cego começa a humilhá-lo, ele vai pra um asilo e agride um homem ao saber que o banho de uma idosa foi negado a ela. Não parece ser o protocolo de um agente, certo?
Essa forma errática é a tentativa (frustrada) do diretor de criar um suspense sobre as motivações de seu personagem principal, mas a verdade é que ele mostra muito em pouco tempo, e o quebra cabeça é facilmente montado pelo espectador.
Então se o mistério acaba logo nos primeiros 10 minutos de filme, o que sobra? Uma intragável cara de dor que Will Smith carrega pelo filme todo. É a tal dor que o motiva a descobrir se as pessoas são boas ou não. Se merecem a ajuda dele. Mas porque diabo um agente da Receita quer tanto ajudar as pessoas? É o tal do mistério que não chega a ser mistério.
Apesar da cara de dor, Will Smith é a única coisa que torna esse filme “assistível” até o final. Mesmo com ela, ele coloca seu carisma em ação e carrega o filme nas costas, o fazendo com facilidade até. Imagine o que ele poderia fazer em um filmaço? Por isso continua fazendo tanto sucesso (e bilheteria) mesmo sem ter um filme bom (realmente bom) no currículo.
A surpresa mesmo fica pra Rosario Dawson. Ela entrega uma atuação muito delicada e no tom exato de uma mulher que precisa de um transplante de coração para não morrer. E quando investigada por Ben, acaba tendo uma relação amorosa com ele.
E só. Quando a tal da reviravolta chega, já é tarde demais. O filme já entediou o espectador com tanto sofrimento.

segunda-feira, 17 de agosto de 2009

O GUERREIRO GENGHIS KHAN - MONGOL


NOTA: 7.
“O povo Mongol precisa de leis. Eu vou fazê-los obedecer nem que precise matar metade deles.” Genghis Khan
O filme conta o primórdio da história do famoso conquistador, antes de ser chamado de Genghis Khan, enquanto ainda era chamado de Temudgin. Quando tinha nove anos, seu pai, o chefe da tribo e conhecido como Khan, o leva para escolher sua noiva e apaziguar a situação com a tribo Merkit. Parando numa tribo menor para descansar, Temudgin acaba escolhendo sua noiva lá mesmo, e no caminho de volta, seu pai é envenenado por um chefe de uma tribo inimiga.
Na verdade essa é a tônica do filme. Não há uma pessoa que faça tapeçaria, cante, escreva poemas ou qualquer coisa que não seja roubar ou matar. Parece que isso é apenas o que o povo Mongol sabe fazer. Depois da morte de seu pai, Temudgin tem que fugir para não morrer, pois a vaga de Khan é ocupado por outro homem que só não o mata de imediato de imediato porque “Mongóis não matam crianças”. Num lugar que não tem leis, esses códigos são os únicos traços de civilidade desse povo.
Em consequência disso, o filme sucede cenas de carnificina, exceto quando mostram o romance entre Temudgin e a noiva que ele escolheu, Borte. Desse romance, surgem dois filhos com uma probabilidade enorme de não serem filhos legítimos, mas isso não o incomoda. “Eu sou seu pai agora” diz para a filha mais nova. E no meio do caminho ele vai sendo aprisionado inúmeras vezes. Chega a ser inacreditável que ele tenha alcançado a vida adulta já que depende tanto da sorte para sair das confusões que se mete. Ou sorte ou ajuda do Deus Tengri, para quem ele sempre recorre.
Como disse, o filme ainda não conta como ele chegou a ser chamado de Genghis. É antes disso. Ele resolve que vai unificar o povo e parte para guerra para realizar seu desejo. Aparentemente, esse filme é o primeiro de uma trilogia. O que me faz pensar no maior demérito do filme. O filme conta a história de forma corrida e tem elipses inexplicáveis. Como ele sobrevive depois de ter caído num lago congelado? O personagem é humanizado e desassociado da sua imagem de líder sanguinário. Afinal, morando num lugar onde só se sabe roubar e matar, ele pelo menos ainda tem um ideal para todo o povo.
Mongol é épico pra ninguém botar defeito. Com muito sangue, suor e paixão, mas preferia que tivesse três horas e já soubesse como ele se torna o Khan mais conhecido do que ver um filme com lacunas na história.

sábado, 15 de agosto de 2009

HÁ TANTO TEMPO QUE TE AMO – IL Y A LONGTEMPS QUE JE T’AIME



NOTA: 9,5.
Kristin Scott Thomas é Juliette, mulher que vai morar com a irmã (e seu marido, sogro e duas filhas adotadas do Vietnã) depois de estarem 15 anos afastadas. A demora do reencontro se dá por causa da condenação de Juliette por assassinato. Por conta de seu histórico, Juliette não é bem recebida pelo seu cunhado, o único da casa que conhece seu passado. E nem ela mesma se sente bem vinda com a vida fora da prisão.
Depois de tanto tempo aprisionada, ela precisa aprender a levar sua nova vida. Mesmo em uma mesa de jantar com várias pessoas, ela está sempre distante do resto, apenas escutando sem participar. Somente duas pessoas no filme a deixam confortáveis: Papy Paul, o sogro de sua irmã, e o policial que cuida da sua condicional. Papy porque foi vítima de um derrame e perdeu a capacidade de fala e o policial por saber o que ela passou pelos últimos 15 anos. Talvez seja o único do filme que saiba.
O filme explora o problema de comunicação dessas pessoas. De Julliete, que não se abre com ninguém; de Léa que ora parece aceitar e ora parece perdida com o que deve sentir em relação a irmã e o marido que se incomoda com o crime que a cunhada cometeu. Ninguém no filme a pergunta exatamente o que quer saber. Falam “daquele lugar” ao invés de simplesmente dizer prisão. O único que faz perguntas diretas não tem a resposta com uma sinceridade total. A sinceridade é disfarçada como se fosse brincadeira.
O filme todo gira em torno de Juliette, por isso tantos elogios para Kristin Scott Thomas. Ela, com extrema maestria, faz com que Juliette aprenda seu novo lugar no mundo. Se abrir novamente para as pessoas e deixá-las fazerem parte do seu mundo, como há muito tempo não fazia. Até seu chefe no novo trabalho a pede isso. Por mais que seu delito tenha sido grave, por mais que suas emoções tenham sido enterradas em seu mais profundo ser. O filme dá uma escorregada no final com uma reviravolta desnecessária, mas nem de longe o torna menos emocionante.
Curiosidade: O título do filme se refere a uma música popularmente conhecida na frança, La Claire Fountaine.

segunda-feira, 10 de agosto de 2009

G. I. JOE: A ORIGEM DE COBRA – G. I. JOE: THE RISE OF COBRA




NOTA: 5,5.

Tecnicamente não existimos. Não respondemos a ninguém. Quando tudo mais falha, nós não falhamos.”
General Hawk


G. I. Joe é um filme com cerca de duas horas com muita ação e testosterona e, proporcionalmente, pouco cérebro. Inspirado em uma série de bonecos de mesmo nome nos EUA e conhecidos no Brasil como Comandos em Ação, o filme é mais um dos saudosistas produtos que ganham versão atualizada para o novo século.


Acompanhamos uma superforça contra o terrorismo conhecida como Joes. Eles têm equipamento de altíssima tecnologia e os melhores agentes de todas as partes do mundo (ao contrário do desenho que era uma equipe exclusivamente americana). Eles lutam contra os Cobras, facção terrorista que pretende criar uma nova ordem mundial que são igualmente evoluídos tecnologicamente, mas sem o senso moral dos mocinhos (o que os torna mais perigosos).

O começo da peleja entre os dois, gira em torno de uma nova “nanoarma”, que destrói metal facilmente e vai avançando de forma acelerada até que seja desativada por quem a lançou. Criada secretamente pelos Cobras, eles entregam para a OTAN para que possam roubá-las de volta sem que levem a culpa pelo sumiço delas, já que foi a Organização que financiou a nova arma. Em posse das armas, o plano é lançá-las contra as principais capitais: Pequim, Washington, Paris e Moscou e criar pânico no mundo inteiro, para que eles se voltem a pessoa com mais poder no mundo para estabelecer a tal nova ordem mundial.

A história é contada com explosões a cada cinco minutos e cenas de ação de tirar o fôlego. O que contribui para que não se pense muito nos problemas da história, como: 1) Quem financia os Joes (eles tem uma superbase debaixo da areia no deserto do Egito, tecnologia de bilhões de dólares e recursos ilimitados)?; 2) Por que tem um ninja japonês em cada equipe senão para lutarem entre si?; 3) O mesmo posso perguntar sobre o fato de ter apenas uma mulher em cada equipe; 4) Pra uma unidade que não responde a ninguém, por que eles são banidos da França? Eles não deveriam estar prevenidos contra isso (você não veria um MIB sendo preso)?; 5) Se o gelo do meu copo d’água bóia, por que no Ártico (base dos Cobras) ele afunda?; 7) Como um jato que voa a Mach 6 alcança um míssel que vai em direção a Moscou e ainda consegue alcançar outro em Washington sendo que os mísseis vão a velocidade Mach 5; entre outras perguntas mal respondidas.

Como eu disse: muita diversão e pouco cérebro. Não pode-se esperar muito de um filme desse tipo ou mesmo de um filme de Stephen Sommerts, cujo melhor filme é ainda A Múmia, o que não diz muita coisa, mas pelo menos ele conduz as cenas de ação com maestria. Ignore as leis da física e a lógica e pode curtir bastante esse filme. Principalmente os marmanjos.

terça-feira, 4 de agosto de 2009

JCVD


NOTA: 7,5.
Eu confesso que era fã dos filmes do Van Damme. Não apenas eu, mas como todos os meus amigos da época. Ele era um dos caras da “porradaria” dos anos 90, disputando com Schwarzenegger e Stallone. Acredito que seu ponto mais alto deva ter sido Soldado Universal, o que torna o caso triste se analisarmos que “interpretando” ao seu lado estava Dolph Lundgreen e o filme era dirigido pelo dublê de diretor (e hoje especialista em péssimos filmes catástrofes) Roland Emmerich. Mas além desse, Van Damme teve vários filmes de sucesso, principalmente entre os adolescentes (estou me incluindo), como: Duplo Impacto, O Alvo (foi Van Damme quem trouxe John Woo para as terras ocidentais), Timecop e O Grande Dragão Branco (filme que o elevou ao estrelato).
Aos poucos eu parei de me interessar pelos seus filmes e infelizmente para ele, muita gente fez o mesmo. Grande parte da culpa vem do próprio ator que com uma série de erros foi destruindo sua imagem e sua carreira, culminando no vexame de vir para o Brasil responder perguntas imbecis do Latino e ficar excitado diante das câmeras dançando com a Gretchen (esse provavelmente foi um dos pontos altos da carreira dela) em um programa do Gugu. Com isso, seus filmes foram vindo pra nós diretamente para as locadoras, quando chegavam.
E foi o que aconteceu com esse JCVD (pra quem não reparou ainda, se trata das iniciais do nome do ator), porém, nesse caso, devo acrescentar um “infelizmente”. Acrescento por se tratar do melhor filme do ator. Não que ele tenha uma carreira cinematográfica sólida, mas pelo menos dessa vez posso realmente me referir a ele como ator, e não dublê de ator, que estrela um filme realmente bom. Nesse filme, seu papel é ele mesmo dissecando sua própria vida no filme, mostrando problemas financeiros, de custódia da filha e os péssimos filmes que anda fazendo (ele ainda faz, pelo menos, um filme por ano).
Para tentar um pouco de paz na sua vida, ele volta para seu país natal, Bélgica, onde é abordado por fãs constantemente, já que é a estrela maior do país, o filme toma um rumo estranho quando um policial profere: “Preciso de reforços. Jean-Claude Van Damme está assaltando uma agência!”. Sim, como se a vida do astro já não parecesse conturbada o suficiente ele ainda é confundido como assaltante. Aí entra o mérito do filme. Van Damme não vai bater em todos os assaltantes e salvar o dia. Despido de sua aura de astro, o vemos como ele realmente é: uma pessoa como eu ou você, de carne e osso. Tudo intensificado quando o astro faz um desabafo diante das câmeras, um misto de interpretação com confissão que realmente emociona.
Esse é um daqueles filmes que não esperava que fosse me impressionar, mas o fez e um dos motivos é a sinceridade que ele passa. Espero que o filme tenha melhor sorte do que teve até agora. Quem não gosta do ator pode se surpreender, e os que gostam podem se decepcionar com a falta de pancadarias. Para estes últimos e os mais saudosistas, Jean-Claude está finalizando Soldado Universal – Um Novo Começo (também com a volta de Lundgreen).
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