terça-feira, 25 de junho de 2013

SEGREDOS DE SANGUE - STOKER


NOTA: 7.
- Ele costumava dizer que as vezes a gente deve fazer uma coisa ruim para impedir que façamos uma coisa ainda pior.

O diretor Chan-wook Park ficou mundialmente famoso depois de lançar sua "trilogia da vingança". Em especial depois do capítulo do meio, Oldboy (que deve ser lançado em versão americanizada pelas mãos de Spike Lee). O que ele foi capaz de fazer, foi um filme que tinha um visual muito interessante, melodrama e muita violência. Em especial, um tipo de violência que não se vê em filmes rodados na terra do Tio Sam.
Em seu primeiro filme, não esperava que ele conseguisse manter tanto das qualidades que o levaram e ficar famoso internacionalmente. Logo na primeira metade do filme, o que sentimos é uma espécie de medo que apenas antecipa o que está por vir. O mundo de Park, tem cores dessaturadas, peles pálidas, movimentos de câmera lentos e uma atmosfera assustadora. É este o mundo da personagem India (Mia Wasikowska.
India é uma adolescente introspectiva e solitária que perde seu pai quando está fazendo seus 18 anos em um bizarro acidente de carro. Ela mora em uma casa enorme junto de sua mãe, Eve (Nicole Kidman), que não a toca. Nada pessoal, é apenas que India não gosta de ser tocada por ninguém. O humor da jovem vai ficando ainda pior com a chegada de seu tio, Charlie (Metthew Goode), que ela sequer sabia que existia.
Difícil imaginar que ela fosse muito melhor antes da morte de seu pai, já que quase ninguém no colégio sequer fala com ela. Ela é um tanto instável com mudanças de humor. Pode ter piorado pela morte do pai ou não, mas com certeza é a presença de seu tio que a deixa ainda mais instável. Em especial por: 1. tentar manter uma relação com ela, coisa que não gosta (provavelmente seu pai era o único que interagia com ela); e 2. começar a ter uma relação com sua mãe, o que a deixa enojada. Ele parece ler a mente da jovem em alguns momentos, mas não estamos diante de um filme sobrenatural. A verdade é muito mais assustadora.
Aos poucos, o diretor vai soltando importantes informações sobre os personagens e sobre a própria história. As vezes são revelações impressionantes, outras um tanto quanto decepcionantes. A aurea de mistério que se formou ao redor de India começa a se dissipar, e o filme começa a focar agora no personagem de Charlie, que começa a ser dissecado em uma história bizarra que envolve mortes e loucura.
Ainda que o filme possa caminhar de forma que pareça boba, há muito mais por trás de tudo isso. E somente faz com que o final seja muito bom apesar de um pouco irregular em seu desenvolvimento. Ele (o diretor) pode não ser um mestre do suspense, como Hitchcock, mas com certeza consegue segurar a tensão dando eventuais choques na plateia de tempo em tempo, choques quase cronometrados. Eu poderia falar agora toda a verdade sobre Charlie, e ainda assim não seria capaz de estragar a surpresa dos eventos da forma como vão decorrer.
Claro que em termos de violência, o diretor não pode manter o nível do que fez em seus filmes anteriores, mas a crueldade de seus personagens continua a mesma. Toda a maldade que se pode ver no mundo, continua lá. E em especial, a construção de um personagem interessante está lá. E essa personagem é India, que continua mantendo uma média de excelentes interpretações que marcam seus personagens. Apoiada por uma Kidman competente como sempre, mas em especial por um Goode que mostra que é um ator fantástico quando quer. Um elenco de peso que mantém o interesse do filme do início ao fim.

segunda-feira, 24 de junho de 2013

HERÓI - YING XIONG - HERO


NOTA: 9.
- Em cada guerra, há heróis dos dois lados.

Já se foi o tempo onde filmes de artes marciais significavam produções pobres e pancadarias sem sentido. Há vários exemplos do que o gênero pode nos promover muito além da ação, e esse é um deles. O que temos aqui é um filme lindo e exuberante. Ao mesmo tempo, recupera a beleza das artes marciais, mostrando o estilo de vida de todos os lutadores que aparecem. Eles são muito mais do que apenas pessoas que lutam, matam e morrem. 
O filme lembra um pouco Rashomon, de Akira Kurosawa, onde a mesma (e misteriosa) história é contada por diferentes pontos de vista, e cada ponto pode ser verdade ou não. É um jogo, e no final pouco importa qual versão é verdadeira, e sim o que se resulta dela. E essas histórias são contadas sobre o início do primeiro império chinês. Quando a vida do rei sofria inúmeras tentativas de assassinato e os guerreiros voavam pelo ar com suas espadas cortando o ar, água e seus inimigos de forma extravagante.
O rei é Qin, que recebe um guerreiro sem nome interpretado por Jet Li. O que Qin deseja é unificar todos os reinos da China em um único sob seu comando, o que poderia evitar mais guerras e derramamento de sangue. Existem alguns renomados guerreiros que atentam contra a sua vida, e ele recebe o guerreiro sem nome porque ele clama ter eliminado todos os três. Com isso, é concedido a ele largas recompensas e o direito de ficar frente a frente com o governante.
Logo de cara, o filme já impressiona com seu visual. O herói sem nome vai entrando pelo palácio por onde mora o rei passando por milhares e milhares de soldados no caminho, até poder ficar a cem passos do monarca. E conforme vai contando como eliminou cada um de seus inimigos, é permitido que ele se aproxime cada vez mais até chegar a dez passos dele. E a cada história que ele conta nós vamos vivenciando através de flashbacks.
Claro que o que o Herói conta é apenas uma das versões da história. O rei desafia a verdade do que está sendo contado, e aí surgem a segunda, a terceira e ainda a quarta versão de cada história. E nem é muito difícil de acompanhar, porque cada uma delas é contada com uma beleza de uma cor. Há uma versão com ricos tons de vermelho, de branco e de azul, com cada cor trabalhada com uma riqueza espetacular.
E aí reside um pequeno problema do filme. Cada cena é de beleza única, mas parece ser refém de uma direção de arte. As versões parecem pequenos curta-metragens separados, apesar de contar a mesma história. Cada um é sensacional, mas não "dialoga" com o curta seguinte. Claro que é um pecado menor, porque cinco curtas maravilhosos não podem formar um longa ruim, só impede que o filme tenha a "urgência" que a história pede.
É um filme que transcende um gênero. As artes marciais viram uma coreografia tão bela quanto um ballet. E muito antes de lançar esse filme, era isso que o diretor Yimou Zhang buscava em seus filmes, como fez em Lanternas vermelhas. Era criar um "poema audiovisual" tão extraordinariamente bonito que as imagens ecoassem tempos depois que o filme acabasse. E mesmo anos depois de seu lançamento, a beleza desse poema continua ecoando.

terça-feira, 18 de junho de 2013

PAZ, AMOR E MUITO MAIS - PEACE, LOVE & MISUNDERSTANDING


NOTA: 7.
- É difícil para as crianças aceitarem seus pais como humanos.

Nos último anos, tem sido cada vez mais raro ver filmes protagonizados por Jane Fonda. Se compararmos com os demais que tem feito, até que está melhorando de papéis nessa nova fase de sua vida. Dessa vez como uma hippie que vive em Woodstock, que cultiva sua própria maconha e que tem uma criação de galinhas que ficam perambulando pela casa inteira. Claro que em todo momento todos os estereótipos hippies vão sendo jogados em cima dela. Seu grupo faz feiras nas ruas, cantam, fazem ritos para a lua, fazem protestos nas ruas e se drogam. De alguma forma, o tempo não passou para eles.
Sua filha é Diane (Catherine Keener), cujo marido pede o divórcio de forma polida e direta logo no início do filme. Esse acontecimento, faz com que ela decida passar alguns dias com a mãe, Grace (Jane Fonda), que não a vê há vinte anos. O motivo, é pelo fato de Grace ter vendido maconha na festa de  casamento de Diane. Claro que tudo pode ser esquecido quando ela precisa, e sua mãe hippie está pronta a recebê-la junto com os netos que sequer conhecia.
Diane só pede que a mãe seja cautelosa com sua vida amorosa e com as drogas enquanto seus filhos estiverem sob o mesmo teto. Claro que Grace sabe a melhor forma de conquistar netos que não conhece, e isso quer dizer ser a avó descolada que os leva para protestos, que empresta o fusca caindo aos pedaços e fuma maconha com os netos os introduzindo as drogas. Ou seja, a avó que qualquer adolescente pode ter pedido, e que qualquer mãe não queria ter perto de seus filhos.
O filme tenta usar a velha e batida fórmula de tentar juntar os estilos de vida diferentes entre mãe e filha, e consegue alguma graça, mas o filme acerta mais por causa do elenco do que pelo roteiro. Este é extremamente formulaico e pouco inspirado. Entrega exatamente o que se espera de um roteiro pouco imaginativo e na hora que os professores parecem ter ensinado como deve ser feito. Isso inclui um novo amor para Diane (na pele de Jeffrey Dean Morgan), para a filha vegetariana (interpretada por Elizabeth Olsen) e para o filho esquisito que vive filmando tudo a todo momento.
Basicamente, o filme foca nas três gerações de mulheres com o mesmo gene, já que o filho parece estar mais para um fraco alívio cômico. E todas as três entregam boas atuações, pelo menos boas o suficiente para nos interessarmos por suas personagens e nos importarmos com elas. De resto, é uma confusão de aventuras (e desventuras) de uma hippie que nunca saiu de Woodstock (o festival). Há algumas conversas que buscam emoção mas que podiam ser melhor desenvolvidas, mas que fazem o filme funcionar de forma até divertida. Nada demais, mas serve como entretenimento.

segunda-feira, 17 de junho de 2013

SE BEBER NÃO CASE PARTE III - THE HANGOVER PART III


NOTA: 2.
- Tudo acaba essa noite.

Quando o primeiro filme foi lançado, se transformou num sucesso instantâneo. O sucesso não foi por acaso, foi a melhor comédia daquele ano e de alguns outros anos, e transformou Bradley Cooper em um astro (indicado as Oscar esse ano). Com esse sucesso todo, era apenas questão de tempo que fizessem uma continuação. E o fizeram. O segundo filme foi lançado e apesar de não fazer feio nas bilheterias foi muito criticado, em especial por contar exatamente a mesma história do primeiro. Para fechar a trilogia (apesar de não haver motivo nenhum para ser uma trilogia), a terceira parte resolveu apostar numa proposta diferente. E realmente, é tão diferente dos dois primeiros que sequer chega a parecer uma comédia.
Lançado em 2009, o primeiro vinha com uma restrição de idade (somente para maiores de 18 anos) e contava com Mike Tyson, um tigre, uma prostituta, um bebê.... e um mafioso chinês chamado Chow para surpreender o mundo inteiro e faturar mais de quatro vezes seu orçamento somente nos EUA. Os anos se passaram e o grupo original volta para onde tudo começou. Para o nosso azar, toda a graça que fizeram no primeiro filme não voltou com eles.
O filme começa com uma rebelião em uma prisão, que nos revela que Chow (Ken Jeong) aproveita o momento para realizar sua fuga. Mas o que coloca o bando junto novamente, é uma intervenção para Alan, que na abertura causa um acidente com muitas mortes e que resulta na morte de uma girafa (numa cena de péssimo gosto). No meio do caminho, eles são abordados por um mafioso (John Goodman), de quem Chow roubou muito dinheiro, que sequestra Doug. Sua proposta é simples, devido a troca de cartas entre Alan e Chow, eles devem encontrá-lo e entregá-lo junto com o dinheiro roubado para terem Doug de volta. O que nos faz ter muito mais Chow que temos nos outros filmes. O veredicto é que ele é engraçado, mas aparentemente apenas em pequenas doses.
Galifianakis passou de total desconhecido para se transformar num astro da comédia. Eram deles os melhores momentos do primeiro filme. E aqui isso não mudou muito. Ele continua tendo as melhores piadas, a diferença é a escassez com que elas acontecem. Ainda há certa graça de ver um homem de 42 anos que continua agindo como o pior dos adolescentes que já se viu em um filme, mas a piada repetida perde força. Com um roteiro que não entregue piadas diferentes do que já vimos anteriormente, ela perde ainda mais força.
Já o resto do elenco principal não parece ter muita função. Stu (Ed Helms) continua gritando como uma mulher nas horas de tensão e somente isso. Phil (Cooper) aparece no filme só pra ser o colírio nos olhos femininos (com exceção de uma cena no telhado de um hotel em Vegas). A melhor metáfora para o filme, é Chow: extremamente irritante e que faz tudo por dinheiro. Se você assistiu o trailer deste filme, já viu o que ele tinha de melhor pra mostrar. O resto não vale a pena.

sexta-feira, 14 de junho de 2013

ALÉM DA ESCURIDÃO, STAR TREK - STAR TREK INTO DARKNESS


NOTA: 9.
-  Você acha que seu mundo está a salvo? Isso é uma ilusão. Uma ideia reconfortante pra te proteger. Aprecie esses últimos momentos de paz.

Eu poderia dizer que em 2009, quando J. J. Abrams lançou a refilmagem de Star Trek, foi uma surpresa que ele tenha sido tão bem-sucedido em ressuscitar e renovar uma série que estava morta (os Trekkers podem querer minha cabeça, mas quando foi a última vez que viram um produto novo de qualidade antes do reboot?). Eu poderia dizer isso, mas seria injusto. Já que não é de hoje que Abrams prova que existe um motivo pelo qual seus blockbusters  sempre figuram entre os melhores do ano.
Assim chegamos ao segundo filme da série que, se não supera o primeiro em certos aspectos, com certeza impressiona mais pelos efeitos espetaculares e cenas de ação de tirar o fôlego (ainda que considere que em alguns momentos pareçam exagerados). Li muitas reclamações sobre a militarização das naves, que na série original tinha apenas o objetivo de explorar novos mundos e civilizações, mas como nunca fui fã mesmo da série original, isso é realmente um aspecto que não me incomoda nem um pouco.
No futuro, vemos que mesmo nossa civilização mais avançada ainda é vítima de terrorismo. Uma biblioteca é explodida e depois a própria federação é atacada pela mesma pessoa, um terrorista intergalático interpretado por Benedict Cumberbatch (mais conhecido pela série de TV onde interpreta Sherlock Holmes). Depois de ser demovido de seu posto pode ter desobedecido as diretivas de uma missão, Kirk (Chris Pine) é devolvido ao comando da nave somente para caçar o criminoso. Ao contrário das missões de exploração, a missão da Enterprise é agora de vingança.
O nome do filme, se refere ao que Kirk deve realmente realizar. A missão não é pra capturar o vilão, mas sim matá-lo, mesmo que muitas pessoas digam para o capitão da nave o quanto isso aprece errado e o quanto parece estranho. Kirk acaba sendo convencido por Spock (Zachary Quinto) a capturar ao invés de eliminar, o que se prova ser um erro. Em especial quando sua verdadeira identidade for revelada (que apesar de tanto mistério, vai ser facilmente descoberta pra quem assistia a série antiga e que não vai fazer muita diferença pra quem não).
O filme tem seus problemas. Pessoalmente, não gosto de diálogos filmados em longos closes, como os que me fizeram reparar em cada poro do rosto de Kirk na gigantesca tela do IMAX. Há também a inclusão forçada de Carol (Alice Eve), que parece somente ter seu personagem no filme para aparecer de roupa íntima e um e outro detalhe do filme que acaba sendo mal resolvido. Mas em geral, o filme tem tanta coisa boa que o resto acaba virando meros detalhes.
Abrams agora vai se dirigir a outro ponto do espaço, onde vai se voltar para a franquia de Star wars, mas deixou o caminho de Trek muito bem encaminhado para as continuações. Ele equilibra as cenas de ação com as emoções dos personagens e alívio cômico nas horas necessárias. Além de um vilão impressionante e uma dinâmica dentro da nave que mantém nosso interesse para o que está por vir. 

terça-feira, 11 de junho de 2013

UM GOLPE PERFEITO - GAMBIT


NOTA: 2.
- Bem. Todo mundo sabe a resposta pra essa pergunta.

Se rapararem no poster do filme, vão observar que o roteiro foi escrito pelos irmãos Joel e Ethan Coen (vencedores de Oscar tanto em roteiro quanto em direção que tem no currículo: O grande Lebowski, Onde os fracos não tem vez, Fargo, entre outros). E tirando o elenco, não encontramos, por exemplo, sequer o nome do diretor do filme. O motivo é óbvio: tentar vender que aqui tem algo parecido com uma história que valha a pena acompanhar. Pra ser honesto com vocês, não há nada que possa remotamente atrair alguém para os cinemas.
O filme, supostamente, é uma refilmagem de um clássico de 1966 estrelado por Michael Caine e Shirley Maclaine, mas a história não segue o mesmo caminho. Colin Firth faz o papel de Harry Dean, o curador da coleção particular de um bilionário arrogante e grosseiro chamado Lionel Shahbandar (Alan Rickman). Cansado de ser maltratado, ele arma um plano que envolve um falsificador de quadros e uma cowgirl do Texas (Cameron Diaz) que consiste vender um quadro falso de Monet para enganar seu chefe ao mesmo tempo que enriquece.
Todas as armas para fazer rir estão soltas neste filme. São piadas sobre flatulência, calças perdidas e uma caracterização racista de asiáticos que não fazem rir. Pra piorar a situação, o nome não faz jus ao golpe do filme, que por falta de cérebro de quem o executa e também do roteiro (com todo respeito aos irmãos Coen, de quem sou fã. Mas em defesa deles: este roteiro parece ter sido escrito há mais de 15 anos e talvez nem eles mesmos tenham tido interesse em dirigir), não faz o filme sequer ficar interessante ou despertar qualquer tipo de curiosidade.
O plano começa a dar errado tão logo a americana chega em Londres, e Deane é obrigado a improvisar constantemente. E parece que é mais ou menos isso que aconteceu quando o filme foi feito. É só observarmos a cena em que Deane tenta dar um pequeno golpe no hotel e acaba ficando sem as calças. Em alguma momento, alguém deve ter achado que ia funcionar tão bem que ele fica sem elas por quase meia hora. A cena é realmente uma das melhores e rende algumas (poucas) risadas, mas é muito pouco para tanto tempo na tela. 
Pelo menos, temos um elenco tão talentoso que tenta salvar o filme de alguma forma, ainda que não o suficiente para fazer valer a pena. Talvez (com muita certeza) se tivesse sido dirigido pelos Coen, fosse um outro filme (mais interessante). Nas mãos de Michael Hoffman, que não tem nenhum filme espetacular no currículo, fica apenas um amontoado de clichês sem muita graça, ou sutileza e que parece extremamente datado. Roteiro capenga, péssimo figurino e direção pobre. Não se engane pelos nomes no cartaz. Há estreias melhores surgindo nessa semana.

segunda-feira, 10 de junho de 2013

THE IRON LADY


NOTA: 5.
- Observe seus pensamentos, porque eles se transformam em palavras. Observe suas palavras, porque elas se transformam em atos. Observe seus atos, porque eles se transformam em hábitos. Observe seus hábitos, porque eles se transformam no seu caráter. Observe seu caráter, porque ele se transforma no seu destino. O que nós pensamos, nós nos transformamos.

Meryl Streep é a atriz mais talentosa que temos hoje no cinema. Talvez a mais talentosa que já tivemos no cinema. É um erro, porém, acreditar que é só colocar uma câmera na sua frente e começar a gravar para realizar um bom filme. Que é uma grande vantagem tê-la no filme, disso não há dúvidas, mas é preciso talento para fazer um bom filme e é preciso saber usá-la. A diretora Phyllida Lloyd consegue falhar em ambos os casos.
Isso não quer dizer que ela está mal no filme, isso deve ser uma coisa praticamente impossível de acontecer (alguém consegue dizer um filme onde ela esteja realmente mal?). Na verdade, sua personificação de Margaret Thatcher é impressionante e não dá pra imaginar outra atriz que pudesse fazer melhor ou sequer com a mesma qualidade. O problema realmente reside no fato que o filme em nenhum momento sabe o que quer mostrar sobre a vida da ex-primeira ministra. Ou mesmo o que dizer sobre ela.
O pior de tudo, é que se alguma biografia deveria emitir uma opinião sobre a pessoa demonstrada, deveria ser sobre a "Dama de Ferro" (apelido pelo qual ficou conhecida). Vamos ver. Estamos falando da primeira mulher a ser eleita para Primeira Ministra e exerceu uma política durante seus três mandados que dividiu o povo inglês. Fora isso, armou uma guerra para reaver as Ilhas Falkland que ninguém dava a mínima antes e muito menos liga pra ela agora.
Com uma forma quase radical de governar, acho que nenhuma pessoa em toda a Inglaterra seria capaz de ter uma opinião neutra em relação a ela. Mas acontece que estou errado, e existem pelo menos duas pessoas neutras: a diretora junto com a roteirista Abi Morgan. Tudo que o filme faz é mostrar a mulher já senil que fica relembrando grandes momentos da sua vida. Tudo é tão sem paixão, que sequer a própria personagem parece ter gostado da vida que levou.
Afinal, era ela um monstro? Uma heroína e talvez um belo exemplo para as mulheres? Se quiser saber a resposta, é melhor procurar nos livros de história. Isto pode estar parecendo repetitivo, mas realmente me incomoda não a ver como uma mulher, e sim como um fato que aconteceu na história. Se há uma defesa para Streep, é que nada de errado aqui parece ser culpa dela, mas sim dos realizadores (Lloyd já havia dirigido Streep em Mamma Mia!, que não é o ponto alto da carreira da atriz).

quinta-feira, 6 de junho de 2013

O HOMEM DA MÁFIA - KILLING THE SOFTLY


NOTA: 5.
- América não é uma país, é um negócio.

Este filme é desses que começam devagar. Isso seria desculpável, mas o problema é que o que se segue é um desenvolvimento mais lento que conclui sem melhorar nada. A história é sobre um assalto a um lugar onde mafiosos jogam pôquer, e é preciso que cuidem de todos os envolvidos. Esse assunto vai ser melancolicamente resolvido por um assassino profissional entre as muitas e longas conversas filosóficas que ele vai ter com diversas pessoas.
O filme é escrito e dirigido por Andrew Dominik, que realizou antes o igualmente ambicioso O assassinato de Jesse James pelo covarde Robert Ford, também com Brad Pitt no papel principal. O resultado não é muito diferente, já que a dupla mira alto e resultado acaba sendo um tanto quanto decepcionante. Nesse caso, é ainda menos interessante que o faroeste, que pelo menos tinha uma fotografia impressionante e um personagem icônico.
O assassino aqui é Jackie, interpretado por um Brad Pitt tentando ser "cool", mas também frio e distante. O resultado é um pouco estranho, pois o personagem principal parece ser totalmente sem emoção. É como se ele estivesse destacado de tudo que acontecesse em sua volta, e permitisse somente seus coadjuvantes a terem emoções. Uma atuação mais ou menos equivalente ao que entregou no outro filme dirigido por Andrew Dominik.
Entre os outros mafiosos, há diversas caras facilmente reconhecíveis. O chefe é interpretado por Richard Jenkins. Outro matador de aluguel tem as feições de James Gandolfini. Como o chefe da banca de poker, está Ray Liotta, que parece sempre presente em filmes desse tipo. É difícil dizer que não é ótimo ver todo esse talento junto, mesmo que o resultado não seja exatamente um sucesso eles afastam o filme de um fracasso total.
Todo o filme, seja pelos carros que vemos ou pelas roupas que os personagens vestem, remete a um tempo mais antigo. E tudo isso parece deslocado quando se para pra pensar que na verdade tudo acontece em 2008, logo depois do furacão Katrina. É uma espécie de tentativa de dar uma relevância mais moderna a história. O ato parece um tanto desesperado e não melhora em nada a história, exceto na tirada final do filme que resulta na frase transcrita acima.
No final, o que temos é um festival de clichês pretensioso demais para o meu gosto. Parece que já vi uma centena de filmes ou mais contando exatamente o que se apresenta aqui. Talvez a única diferença, seja que este é um filme feito por homens, com homens e quase exclusivamente para homens. A única mulher que me recordo no filme inteiro é uma prostituta que aparece por pouco tempo e que mal recordo de seu rosto. E a única pergunta que me resta neste filme é como essa máfia  se sustenta financeiramente. Não há um único cidadão envolvido, e todos os golpes e negociações são feita entre os próprios mafiosos. Não consigo entender como esse método pode ser autossustentável. 

quarta-feira, 5 de junho de 2013

PERIGO POR ENCOMENDA - PREMIUM RUSH


NOTA: 9.
- Eu gosto de correr. Sem marchas. Sem freios. Não posso parar. Nem quero parar.

O trânsito de Nova York é um dos piores que se vê em filmes. Então não é de se admirar que existam empresas que fazem entregas de documentos e objetos usando bicicletas. De nenhum jeito isso pode ser considerado seguro. Se com motos, que são maiores, já temos inúmeros acidentes, é só imaginar como deve ser para bicicletas. Especialmente para os que gostam de andar na maior velocidade possível sem sequer ter freios.
O destemido entregador que faz isso é Wilee (Joseph Gordon-Levitt), que faz entregas não porque precisa do dinheiro para viver. Ele faz as entregas porque precisa da adrenalina. É mais que um trabalho, é um estilo de vida no qual ficou viciado. O "Premium Rush" do título original, se refere a um prêmio extra dado aos entregadores para uma entrega especial. Pode ser por ter que ser entregue num período menor de tempo, pela distância ou mesmo pelo horário. A verdade é que não interessa exatamente porquê, já que tudo acontece rápido demais para termos que nos importar com isso.
Pra ser mais sincero ainda, até mesmo os personagens não fazem tanta diferença assim. Nenhum deles é muito bem desenhado. A única coisa que sabemos é que não dá pra imaginá-los trabalhando em um escritório ou coisa do gênero. São todos viciados em adrenalina. Só podem ser viciados esperando uma dose extra sem ter que gastar dinheiro. E Wilee é o pior de todos.
Não bastasse os perigos que uma entrega comum pode fazer, esta atrai ainda mais problemas ao rapaz. O que ele deve entregar, é uma espécie de bilhete chinês que equivale a um cheque. Não que o objetivo do pagamento seja realmente importante, mas vou deixar em segredo para alguma surpresa. O que nos interessa saber, é que fora dos perigos do trânsito, Wilee deve também tomar cuidado com um policial corrupto, Bobby Monday (Michael Shannon), que está atrás do bilhete para pagar dívidas de jogo. 
Talvez fosse mais fácil simplesmente entregar o bilhete, mas ele simplesmente se interessa demais pela corrida. Uma vez que começa, quer terminá-la de qualquer jeito. E ele faz isso subindo em carros, rampas, passando por dentro de lojas e com diversas outras manobras perigosas. É praticamente impossível persegui-lo com um carro, e os que tentam fazer de bicicleta simplesmente não aguentam o ritmo.
Não é o caso de esperar qualquer profundidade de personagens ou mesmo da história. Esta é simples e atende o que se espera dele. Geralmente, os filmes de perseguição seguem sempre o mesmo roteiro. Não aqui. David Koepp (diretor de A janela secreta e roteirista de filmes como Missão impossível) consegue entregar algo diferente com muita imaginação e energia. Muito mais do que esperava ver em um filme como esse.

terça-feira, 4 de junho de 2013

NA ESTRADA - ON THE ROAD


NOTA: 5.
- As únicas pessoas pra mim são as loucas. Loucas para viver, loucas para falar, loucas para serem salvas, desejosas de tudo ao mesmo tempo.

Este filme é baseado em um livro muito celebrado mundialmente. Reconheço que ainda não tive o prazer de ler o livro, mas vendo o filme me pergunto o quanto de história ele realmente tem para contar. O herói de Jack Kerouac, Sal Paradise (que é o próprio Kerouac), não parece ser mais que uma simples companhia para o carismático ladrão de carros Dean Moriarty, com quem se junta e parte para uma viagem de carro que cruza diferentes lugares dos EUA e do México.
Parece que o grande motivo da viagem é experimentar diversos tipos de drogas. E no caminho das drogas, seguem também muita bebida, mulheres e jazz. A desculpa de Dean (Garrett Hedlund) para a viagem, é procurar seu pai, mas o que realmente parece é que ele simplesmente curte muito todo o resto para parecer realmente preocupado em achar o pai. Dean é um sujeito com tanto carisma, que foi capaz de inspirar toda uma geração que leu o livro.
A escolha do diretor brasileiro Walter Salles parece acertada, já que não é a primeira que acompanha jovens em uma jornada atrás de auto-conhecimento. Não faz tanto tempo atrás, Hollywood pode acompanhar a jornada de Che Guevara pela América do Sul em Diários de Motocilceta. Agora, acompanhamos como Sal Paradise/Jack Kerouac (Sam Riley) foi moldado a ser o que é depois de viajar com Dean. Não é a toa que o filme encontra seu final quando Sal senta em sua máquina de escrever e digita "Eu conheci Dean..."
E Dean é um jovem que atrai a atenção de Sal. Como disse, apesar de dizer que está a procura do pai, tudo parece apenas uma desculpa. Seu verdadeiro interesse parece mais ficar dentro de um carro atrás de garotas e drogas. A própria mulher de Kerouac é interpretada no filme por Kirsten Dunst logo após que teve um filho com Dean. Nesta cena, ela lhe pergunta se ele sabe o quanto ela sacrificou por ele. Dean não sabe. Ou se sabe, não parece se importar com nada além dele mesmo. Apesar de atrair admiração de seus colegas, ele não é exatamente o que se pode chamar de amigo.
A viagem que eles realizam é até interessante, mas não o suficiente para prender a atenção da plateia por tanto tempo. Pelo menos não prendeu a minha atenção. A verdade, é que conseguem tanta excitação quanto uma dupla de amigos que não tem dinheiro nenhum consegue ter. O que não é realmente muita coisa. Assim como o filme acaba não oferecendo tanta diversão também. Apesar de talentoso, Salles não colocou no filme o suficiente para contar uma história como essa. Nem mesmo se aventura para mostrar os "loucos". E mesmo Dean não parece o louco que deveria ser e apenas realiza suas idas e vindas para dar andamento à história.

segunda-feira, 3 de junho de 2013

LOOPER - ASSASSINOS DO FUTURO


NOTA: 8.
- Viagem no tempo ainda não foi inventando, mas em trinta anos vai ser. Instantaneamente será considerada ilegal e usada somente por organizações criminosas. Quando essas organizações precisam que alguém suma, eles mandam pro nosso tempo. 

Quando assistimos um filme sobre viagens no tempo, em geral você deixa todas as regras do mundo onde vive do lado de fora da sala de cinema. Aqui, há ainda um outro porém. O filme pede que além de acreditarmos nos saltos temporais, temos que acreditar também que Joseph Gordon-Levitt vai se transformar em Bruce Willis daqui há trinta anos. Acredite, essa é com certeza a parte mais difícil de acreditar no filme inteiro. No momento que você aceita isso, o resto do filme segue sem problemas.
Por isso é que você pode começar a ver o filme e demorar a reconhecer Grodon-Levitt. Pelo visto, os realizadores sentiram a necessidade de o transformar fisicamente para que de alguma forma a diferença não parecesse tão gritante. Naturalmente, nem mesmo ele poderia dizer que Willis poderia ser ele mesmo no futuro. O resultado fica um pouco estranho para o meu gosto. Antes, o diretor colocou os nada parecidos Adrien Brody e Mark Ruffalo como irmãos e nenhum dos dois usou maquiagem. O resultado foi melhor nesse caso pois não causa distração.
O filme se passa em 2044. Ainda não existe viagem do tempo nessa data, mas existe 30 anos depois disso. As viagens são (serão) usadas por organizações criminosas que mandam pessoas do futuro que precisam sumir. Assassinos como Joe (Levitt) esperam para que a pessoa apareça, mata e some com o corpo. Cada viajante volta com barras presas ao corpo, que servem de pagamento pelo trabalho executado. Até que Joe se vê diante dele mesmo mais velho, interpretado por Willis. Velho Joe coloca o novo Joe pra dormir e parte numa caçada. A menos que o novo Joe possa matá-lo, toda uma organização irá caçá-lo para que possam eliminar o problema. Tudo o que acontece com novo Joe, reflete no velho Joe.
Além de Joe(s), temos ainda um Jeff Daniels que comanda a caçada como líder da organização, e uma Emily Blunt que mora numa fazenda com o filho pequeno. Mãe e filho tem estranhos poderes e podem mover objetos, e a criança é um dos possíveis alvos do velho Joe em sua caçada. O filme é interessante apesar de tanta coisa que é jogada na tela. Apesar de em certos momentos ficar um pouco confuso e com excesso de personagens, Rian Johnson (roteirista e diretor) não deixa de lado o mais importante, que é contar a história. E faz isso com muito estilo.
O resultado poderia ser um pouco mais interessante se os personagens principais fossem mais interessantes (na tentativa de deixá-los intrigantes, eles acabaram ficando irritantes). É somente quando novo Joe se encontra com Sara (Blunt) na fazenda que o personagem ganha um pouco mais de profundidade, o que é interessante mas me faz sentir falta de momentos como esse em outros momentos do filme. Mas há muita energia e referências a antigos filmes, como o fato de Joe encontrar sua namorada num lugar de mesmo nome onde os protagonistas de Casablanca se encontraram. É um entretenimento com estilo e personalidade.
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