sexta-feira, 29 de outubro de 2010

SENTIMENTO DE CULPA


NOTA: 8.
"Minha mãe quer salvar o mundo. Uma vez, ela deixou um mendigo tomar banho no nosso apartamento." Abby

Nessa sexta-feira, estreiam alguns filmes badalados, como o segundo filme dirigido por Ben Afleck e a adaptação de uma história em quadrinhos por Luc Besson. Sem contar com a estréia de dois filmes brasileiros: A suprema felicidade e Federal. Chamando menos atenção da mídia, corre por fora este filme que pode ser menor em orçamento e publicidade, mas não em qualidade.
Um casal, Kate (Catherine Keener) e Alex (Oliver Platt) compraram um apartamento ao lado de uma idosa, Andra, esperando sua morte para que possam comprar o apartamento da senhora e dobrar o tamanho do seu próprio.
Já a velha passou dos 90 anos e é insuportável. Ela vê falhas e defeitos em tudo e em todos, sempre dizendo em voz alta as maiores barbaridades e agindo como se estivesse sussurrando um segredo no ouvido de alguém. Ele nem sai mais do apartamento por conta de problemas no joelho, pés e por aí vai. Qual a vantagem de chegar nessa idade dessa maneira?
Andra tem ajuda de duas netas, irmãs, bem diferentes uma da outra: Rebecca (Rebecca Hall) é simples e boazinha, já Mary (Amanda Peet) é egoísta e quase alcoólatra que não tem a menor paciência com a avó. Talvez Andra seja o espelho do futuro que a aguarda.
O casal vive de comprar móveis de familiares de pessoas que falidas por preços irrisórios e vender a preços absurdos em sua loja. Ela compra todos os móveis de um apartamento por 4 mil dólares para vender uma única mesa por 5 mil.
Kate, porém, não convive bem com isso. NY exige um pouco da alma das pessoas e ela não está preparada para isso. Lucrar em cima da dor das pessoas e esperar uma mulher morrer para aumentar o seu apartamento não são coisas muito agradáveis de se fazer, e ela vive com o sentimento de culpa que deu o nome do filme em português. Ela quer ajudar o mundo. Quer salvar ao invés de acabar com ele, mas ela não sabe como. Sua filha, Abby (Sarah Steele) não entende isso e fica indignada ao ver a mãe ajudar todos os mendigos por quem passam e não comprar uma calça jeans que ela quer. Talvez ela só queira limpar sua consciência.
Também doce é Rebecca, que é gentil com todos onde trabalha e com sua avó, que especialmente não parece merecer bondade nenhuma. Ela tem bastante paciência com pessoas idosas em geral, na verdade, e até mesmo com sua irmã, que pode ser bem cruel quando quer, mas ainda assim busca as coisas boas. E o amor. As duas não parecem pertencer aquele lugar.
Apesar da dureza da cidade, o filme foca nessas pessoas doces e como elas convivem com as outras pessoas que não são tão doces assim. Rebecca e Kate são cercadas de gente que não as compreendem. E olha que essas pessoas são seus próprios familiares. Ainda assim elas não são definidas pelas suas relações, e sim por si mesmas. O ambiente onde elas se encontram não as mudam. Não a sua essência. E o mundo seria melhor com mais pessoas como elas. Um belo esforço da diretora Nicole Holofcener.

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