segunda-feira, 25 de outubro de 2010

DIREITO DE AMAR


NOTA: 8,5.
"Pela primeira vez na minha vida eu não posso ver o futuro. Todo dia passa correndo, mas hoje eu decidi que o dia vai ser diferente." George

O filme conta o que pode ser o último dia na vida de George, no ano de 1962. Tinha tudo pra ser depressivo, como Sete vidas com Will Smith, mas não é. Isso porquê o último dia deste homem não é um dia choroso. É um dia comum com seus altos e baixos.
Colin Firth, mais conhecido por comédias românticas (Bridget Jones, Mamma Mia), interpreta George, um professor de uma universidade que é homossexual. Oito meses antes, seu amante morreu em um acidente de carro e a vida de George ficou vazia. Um luto interminável. As pessoas que convivem com ele sabem que algo está errado, mas ele se fecha e nada diz.
Isso porque os dias são construídos em cima de uma rotina: ele acorda e começa a se arrumar para ir pro trabalho, mas não tão simples assim. Cada passo de sua arrumação é um passo para se transformar no personagem que passará o dia interpretando. E o personagem que ele interpreta é ele mesmo. O George antes de seu amante ter falecido.
Sua única amiga é Charley (Julianne Moore, que ocupa uma décima parte do filme e quase metade do cartaz), uma divorciada que há muitos anos atrás teve um caso com George, antes dele perceber sua condição sexual. Ela é tão triste como ele e durante um jantar eles se dispõe a tentar alegrar um ao outro até que ela tenta o seduzir, mas ele não tem esse interesse. É muito triste que a amizade que essas duas pessoas tenham sejam apenas um ao outro.
Se sua vida pessoal não o anima muito, a profissional não é diferente. Há em suas aulas, apenas um aluno que mereça um pouco de atenção do professor, Kenny (um já crescido Nicholas Holt, que dividiu as telas com Hugh Grant em Um grande garoto). Nem mesmo em sua terra natal ele se encontra, já que é britânico.
Como disse, porém, é um dia com altos e baixos. A fotografia do filme é toda quase monocromática. Uma misturada meio azulada e acinzentada durante todo o filme, com exceção de alguns bons momentos do filme. Durante o filme, ele encontra algumas pessoas que o animam, e quando isso acontece as cores do filme mudam, ficam mais vivas e bonitas. Nós percebemos que houve a mudança de humor dele e quando o momento passa as cores perdem novamente seu tom. Um efeito muito bonito.
Firth interpreta o personagem com perfeição, o que lhe garantiu uma indicação ao Oscar desse ano. Infelizmente concorreu com Jeff Bridges em Coração Louco, que há muito tempo já deveria ter ganho uma estatueta e somente a conseguiu este ano. Mas ainda assim é uma performance memorável. George acorda triste e começa a tentar disfarçar sua tristeza. Ele só que passar pelo resto do dia. Apenas isso. E ele é a imagem disso.
O filme no original se chama "A single man", o que pode ter dois significados. No mais imediato, remete a ser um homem solteiro. Além disso, significa também que é um homem singular. Talvez por causa da sua opção sexual. Assim como este pode não ser um filme excepcional, mas é um filme singular que podia receber uma atenção mais das distribuidoras brasileiras.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...