Quem acompanha o site há algum tempo, sabe que costumo fazer algo diferente para comemorar uma "data especial". Foi assim na postagem de número 100 e se repetiu na postagem que comemorava um ano de blog. A ocasião agora é a chegada da postagem de número 200. Na verdade, esta será dividida em 10 partes. Estamos na postagem 191, e a 10ª parte comemorará a postagem 200, sendo um especial dos 10 melhores filmes, na minha opinião, do diretor francês Jean-Luc Godard. Como tenho observado, muitos conhecem de nome mas poucos realmente viram seus filmes. Quem quiser começar a ver, segue um pequeno roteiro que poder ajudar a conhecer este maravilhoso, e revolucionário, diretor.
Também aproveitando a data, alterei algumas coisas no blog. Além do visual mais claro, embaixo de cada postagem os leitores podem marcaram se gostaram ou não da resenha, ou se simplesmente a acharam inútil. Assim, vamos tentando tornar o blog cada vez melhor. Por isso, quem quiser pode usar a parte de comentários para opinar, dar sugestões ou críticas. Obrigado a todos que acompanham.
Foi nos anos 1960 que estourou um importante movimento cinematográfico mundial: a nouvelle vague francesa. Os diretores eram críticos de cinema que escreviam para a revista Cahiers du cinéma e contava com Truffaut, Chabrol entre outros. Godard era o mais novo, seja em idade quanto em experiência de cinema. Como os outros da "nova onda", ele amava o cinema americano, tanto que resolveu fazer um, só que acabou sendo melhor do que qualquer filme americano que estava sendo feito na época.
A história contada é a relação entre Michel (Jean-Paul Belmondo) e uma americana expatriada (é comum a presença de americanos em seus filmes) , Patricia (Jean Seberg). Ele é um ladrão de carros e ela vende jornais na rua. Em um de seus "trabalhos", Michel mata um policial e acaba sendo procurado pela polícia. Conforme o filme vai se desenrolando, vemos como o cerco se fecha ao seu redor cada vez mais. Os dois se juntam pelo desejo que ambos têm de partir de Paris. De ir para um lugar onde eles possam ter um novo começo.
O que eles têm em comum? Uma incrível paixão por eles mesmos. Raramente o cinema viu personagens tão cínicos em sua história. Em uma determinada parte Michel diz "Quando estamos juntos, eu falo de mim e você de você, quando deveríamos falar de nós." Eles são amorais e não amorosos, também inconsequentes como um casal de adolescentes. Eles tem aquela da coisa da juventude. Michel se envolve em duas mortes, e em nenhum dos casos a arma pertencia a ele. Aconteceu de nesses momento críticos, ele ter uma arma. Em um caso achada, em outro emprestada.
Michel é claramente inspirado nos papéis que Bogart interpretava. Em frente do espelho ele fica sempre tentando imitar as caretas que fazia nos filmes. Sempre de chapéu e um cigarro no canto da boca. Ele somente tira um cigarro para colocar outro aceso. E a repetição da marca de Bogart: passar o polegar por cima dos lábios. Então, basicamente o que Godard fez foi transformar o personagem policial de Bogart em diversos filmes e transformá-lo em um vilão. O resultado é maravilhoso.
Esse é o trunfo de Godard. Não é a história, é como ele a conta. Se comentei na resenha anterior sobre as coragens narrativas de Resnais, não posso deixar de declarar que Godard foi um dos mais corajosos. Seus cortes rápidos, seus cartazes e letreiros eletrônicos inseridos no filme que deixam pistas para a platéia do que vai acontecer. Tudo no filme tem um cheiro de novo e moderno, tanto que até hoje ele pode ser visto e apreciado como se não tivesse envelhecido.
Lembro que escreveram que antes o cinema só tinha conhecido dois grandes momentos revolucionários: O nascimento de uma nação (D. W. Grifith) e Cidadão Kane (Orson Welles). Godard estava, na época, protagonizando o terceiro. Era o início do cinema moderno. Desde Kane nenhum filme tinha influenciado tanta gente no cinema. Godard reverenciava o cinema americano e depois o cinema americano reverenciaria Godard, no final dos anos 1960, especialmente com Uma rajada de balas.
NOTA: 100.
"Não é preciso mentir. É como poker, a verdade é melhor. Os outros vão pensar que ainda está blefando, então você vence." Michel Poiccard
Foi nos anos 1960 que estourou um importante movimento cinematográfico mundial: a nouvelle vague francesa. Os diretores eram críticos de cinema que escreviam para a revista Cahiers du cinéma e contava com Truffaut, Chabrol entre outros. Godard era o mais novo, seja em idade quanto em experiência de cinema. Como os outros da "nova onda", ele amava o cinema americano, tanto que resolveu fazer um, só que acabou sendo melhor do que qualquer filme americano que estava sendo feito na época.
A história contada é a relação entre Michel (Jean-Paul Belmondo) e uma americana expatriada (é comum a presença de americanos em seus filmes) , Patricia (Jean Seberg). Ele é um ladrão de carros e ela vende jornais na rua. Em um de seus "trabalhos", Michel mata um policial e acaba sendo procurado pela polícia. Conforme o filme vai se desenrolando, vemos como o cerco se fecha ao seu redor cada vez mais. Os dois se juntam pelo desejo que ambos têm de partir de Paris. De ir para um lugar onde eles possam ter um novo começo.
O que eles têm em comum? Uma incrível paixão por eles mesmos. Raramente o cinema viu personagens tão cínicos em sua história. Em uma determinada parte Michel diz "Quando estamos juntos, eu falo de mim e você de você, quando deveríamos falar de nós." Eles são amorais e não amorosos, também inconsequentes como um casal de adolescentes. Eles tem aquela da coisa da juventude. Michel se envolve em duas mortes, e em nenhum dos casos a arma pertencia a ele. Aconteceu de nesses momento críticos, ele ter uma arma. Em um caso achada, em outro emprestada.
Michel é claramente inspirado nos papéis que Bogart interpretava. Em frente do espelho ele fica sempre tentando imitar as caretas que fazia nos filmes. Sempre de chapéu e um cigarro no canto da boca. Ele somente tira um cigarro para colocar outro aceso. E a repetição da marca de Bogart: passar o polegar por cima dos lábios. Então, basicamente o que Godard fez foi transformar o personagem policial de Bogart em diversos filmes e transformá-lo em um vilão. O resultado é maravilhoso.
Esse é o trunfo de Godard. Não é a história, é como ele a conta. Se comentei na resenha anterior sobre as coragens narrativas de Resnais, não posso deixar de declarar que Godard foi um dos mais corajosos. Seus cortes rápidos, seus cartazes e letreiros eletrônicos inseridos no filme que deixam pistas para a platéia do que vai acontecer. Tudo no filme tem um cheiro de novo e moderno, tanto que até hoje ele pode ser visto e apreciado como se não tivesse envelhecido.
Lembro que escreveram que antes o cinema só tinha conhecido dois grandes momentos revolucionários: O nascimento de uma nação (D. W. Grifith) e Cidadão Kane (Orson Welles). Godard estava, na época, protagonizando o terceiro. Era o início do cinema moderno. Desde Kane nenhum filme tinha influenciado tanta gente no cinema. Godard reverenciava o cinema americano e depois o cinema americano reverenciaria Godard, no final dos anos 1960, especialmente com Uma rajada de balas.
mto boa sua breve resenha... só mais uma coisa: PAtrica diz que nao gosta do seu nome, que gostaria de se chamar INGRID... Ingrid Bergman contracenou com Bogart em Casablanca: MAIS UMA DE GODARD?!
ResponderExcluirQuestão interessante.
ResponderExcluirNão tinha pensado nisso...