domingo, 29 de agosto de 2010

ESPECIAL GODARD: VIVER A VIDA

NOTA: 100.
"Um momento de pensamento só pode ser captado por palavras." O filósofo

Este talvez seja o melhor filme de Godard. Muitos vão discordar. Ou por não terem gostado do filme ou por simplesmente gostarem mais de algum outro filme dele. Susan Sontag chegaria a declarar que este filme é a melhor, mais maravilhosa e bonita obra de arte que ela já tinha presenciado. Alguns dizem que o diretor deveria procurar se aprofundar mais em assuntos mais relevantes, eu gosto de ver como ele consegue pegar assuntos que as pessoas podem considerar banais e realizar filmes maravilhosos. Como já disse anteriormente, não é a história, mas como ela é contada.
Novamente Anna Karina estrela o filme. Dessa vez ela interpreta Nana, uma típica parisiense. Exceto que não há nada típico em Nana. Anna Karina é uma mulher belíssima que já chamaria atenção normalmente. O filme abre com closes do rosto da atriz. Virada para um lado, de frente e virada para o outro lado. Tal qual os criminosos têm suas fotos tiradas. Cada vez que o ângulo muda, a música entra e antes que a tomada termine ela é abruptamente cortada. Talvez seja a maneira de dizer que a música não consegue fazer jus a beleza daquela mulher. Ou que talvez não possa lhe dar profundidade.
Ela começa o filme conversando com um homem. Pela conversa, descobrimos que ele é marido dela e que eles têm uma filha. Eles não estão mais juntos. Ela gosta dele? Se interessa pela filha? O filme não diz nada sobre isso. Se ela se importa não demonstra. Há apenas um cena em que ela demonstra sentimentos. É quando ela vai assistir ao filme Joana D'Arc e assiste a cena onde a protagonista está sendo julgada pelos homens da igreja. Talvez seja mais um caso onde a protagonista se importa apenas com ela mesma e se identifica com aquela cena.
Ela nunca parece ter dinheiro. Aparece trabalhando em uma loja de discos, mas pede a uma colega dinheiro emprestado por estar dura. Ela volta para o apartamento mas a senhoria não a deixa entrar. Tudo que ela faz é pago por homens. Jogar, ir para o cinema, cigarros e beber. Ela acaba se acostumando com isso. Ela anda por uma rua com prostitutas e um homem lhe convida. Ela aceita. Na França, a prostituição também é chamado de "a vida", o que pode explicar o título do filme.
Acompanhado de Raul Coutard, seu diretor de fotografia, Godard acompanha a vida dessa mulher com um ar de voyerismo. A câmera não é apenas para gravar imagens, a câmera é uma presença. A presença de qualquer pessoa que queira acompanhar a vida daquela mulher. Somo nós que a estamos acompanhando. Dizia-se que ele "girava a câmera em 360º, duas vezes, e depois a movia na direção oposta só pra mostrar que sabia o que estava fazendo". Aqui é Godard mostrando que sabe o que está fazendo. É só observar a cena onde Nana dança em volta de mesas de sinuca e comprovar. Mais uma obra de gênio.

2 comentários:

  1. Estou com todos os 10 godard que recomendastes e comecei por este, que dissestes que era o melhor. Achei interessante mesmo, contado de uma maneira bem peculiar, entretanto achei a trama um pouco vaga demais, não é bem meu estilo.
    Mas vou encarar os outros 9 e depois t conto o que achei...
    Abraço

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  2. Tem que abrir o seu coração para Godard.

    Ele não tem a estrutura tradicional que a gente está acostumado a ver.

    Na França, já estão lançando o novo filme dele.

    Mas se abra para assistir os outros nove. Pode ser uma experiência.

    Abraço.

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