segunda-feira, 22 de agosto de 2011

HITCHCOCK TRUFFAUT 16: O HOMEM QUE SABIA DEMAIS - THE MAN WHO KNEW TOO MUCH (1934)

Para ler o que já saiu de Hitchcock Truffaut, clique aqui.




NOTA: 8.
- Diga a ela que eles podem estar partindo. Partindo para uma longa jornada. Como é que Shakespeare disse? "Da qual nenhum viajante jamais voltou". Grande poeta.

Hitchcock dá créditos ao seu produtor Michael Balcon, que trabalhou neste filme apesar de seu nome não aparecer nos créditos. Ele dá os méritos primeiro por o ter lançado como diretor, e neste momento por dar um segundo início à sua carreira depois dos últimos fracassos. O filme foi o mair sucesso comercial do diretor enquanto esteve filmando na Inglaterra e fez também grande sucesso nos EUA, o que não era muito comum na época. 
Ao contrário da versão americana lançada anos depois, e filmada também pelo próprio diretor, o início deste filme se passa na Suiça. Um casal e sua filha estão passeando por lá quando um misterioso tiro mata um amigo deles. Antes de falecer, ele confidencia um papel que tem segredos sobre um atentado contra uma pessoa importante. Para evitar que o casal diga qualquer coisa à polícia, espiões sequestram a filha deles em troca do silêncio. O que dura até que eles tentem por conta própria encontrar a menina.
O final do filme é um cerco da polícia aos terroristas. O incidente é uma reprodução de um caso que ficou conhecido como "O cerco de Sydney street", fato que ocorreu quando Churchill ainda era chefe da polícia. A cena trouxe problemas com a censura, que considerava o caso o mais vergonhoso da história da polícia londrina, por apresentar oficiais chegando armados no local (eles não andam armados). Depois de um longo impasse, ele resolveu o problema mostrando um veículo chegando com as armas.
A melhor cena do filme com certeza é a do atentado antes do cerco. Para disfarçar o barulho do tiro, o atirador deve atirar no exato momento em que a orquestra toca címbalos para disfarçar o som. A cena segura o suspense até a sua conclusão. Com certeza, a que melhor representa o que o diretor viria a se tornar. Só ele mesmo viria a se superar na refilmagem. Como disse na entrevista: "Digamos que a primeira versão foi feita por um amador de talento, ao passo que a segunda foi feita por um profissional." E a cantata composta por Arthur Benjamin é tão boa, que Bernard Herrmann se recusou a gravar uma nova versão.
O mais interessante da entrevista é quando o diretor declara que para criar o suspense é preciso esclarecer todos os elementos para a platéia. No caso, no remake que fez, ele detalhou muito mais o que eram címbalos, chamando assim a platéia a ter maior participação dos eventos. Ou como Truffaut chama, é precisa ser um "simplificador". Só uma mostra que ele iria apenas melhorar.
Tem tudo que o diretor tinha de bom, apenas em um estado mais bruto. Sendo lapidado filme a filme. Como ele mesmo disse, "o talento estava lá". O começo do domínio dos cortes para manter a tensão e o suspense. Para melhorar, o primeiro filme em inglês do extraordinário Peter Lorre. Só é uma pena que o resto do elenco não consiga o acompanhar. Mas apesar de tudo, um bom filme do diretor.

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