quarta-feira, 24 de agosto de 2011

GRANDES EXPECTATIVAS – GREAT EXPECTATIONS


NOTA: 8.
- Eu não vou contar a história do jeito que ela aconteceu. Eu vou contar do jeito que eu me lembro.

O (bom) diretor Alfonso Cuarón (Filhos da esperança) estava começando a aparecer em Hollywood quando resolveu atualizar a clássica história de Charles Dickens. A atualização acontece de forma tão radical, e corajosa, que o filme tinha tudo para não funcionar, mas funciona. Funciona principalmente porque se torna algo como uma "livre adaptação" do livro. A história vai ser contada como ele lembra, como diz. Seja do que lembra das suas memórias ou mesmo do livro.
Mesmo os personagens adotam diferentes nomes aqui, por isso Pip vira Finn (Ethan Hawke), um pobre garoto que cresce com duas mulheres que são um perigo para ele, principalmente considerando seu grau de ingenuidade. Uma é Dinsmoor (Anne Bancroft), que ficou louca depois que seu noivo a largou e só pensa em se vingar dos homens. De todos eles. Para isso, ela criou a sobrinha Estella (Gwyneth Paltrow), mas ainda que tenha sido avisado, ele não pode evitar de se apaixonar por ela.
Os dois não apenas são diferentes, mas também vem de mundos diferentes. Ela é a rica criada pela, digamos, excêntrica tia que lhe dá uma única, e estranha, missão de partir os corações dos homens. As duas moram numa mansão enorme, mas que está cada vez mais decadente. Finn é inocente demais para perceber como eles se opõe. Ele é pobre e criado pelo namorado da irmã depois que essa os abandona. Apesar de tudo isso, ele acha que pode "reescrever" sua história de forma que possa ficar com ela.
Ainda que Finn fique anos sem encontrar seu amor e deixe de lado seus interesses românticos, uma oportunidade surge para reavivar a chama. Um advogado aparece representando uma cliente que quer tornar seus sonhos em realidade: torná-lo um pintor famoso e expor suas obras em uma galeria em NY. Mesmo tendo parado de pintar, ele quer aproveitar a chance de se reinventar. De melhorar para ficar à altura dela, do seu grande amor. E eles voltam a se encontrar, mas desta vez ela está com outra "vítima".
Se imaginarmos que o filme funciona como dois blocos (um com Finn criança até sua separação de Estella com quem esteve quase toda sua vida, e outro com sua fase adulta tentando se mostrar digno de tê-la ao seu lado), o problema evidenciado é que a primeira parte é muito superior à segunda, ainda que seja bem mais curta. Falando de maneira mais simples, ele começa sendo um ótimo filme, mas termina "apenas" como um bom filme.
Apesar de não ser uma adaptação fiel à história do livro, ele surpreende por ser muito fiel à sua essência. A fotografia deixa o filme com um visual arrebatador. Apesar de ser uma história de fantasia, os personagens todos tem uma uma profundidade que dão uma nova dimensão ao filme. Mesmo Estella, a destruidora, mostra que tem muito mais do que ela deixa transparecer. Terminasse tão bem quanto começou, seria um filme excepcional.

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