terça-feira, 2 de agosto de 2011

CARRIE, A ESTRANHA


NOTA: 8.
- Todos eles vão rir de você.

Filmes sobre adolescentes no colégio que sofrem constantemente nas mãos dos valentões é um tema recorrente no cinema americano. Carrie, a personagem título interpretada por Sissy Spacek, é o principal alvo da escola. Sua mãe é uma fanática religiosa que vai de casa em casa tentando salvar as almas dos seus vizinhos e diz para a filha que tudo é pecado. Claro que isso faz com que ela tenha dificuldades de se socializar com seus colegas, e naquela idade que eles tem, ninguém tem interesse em tentar compreendê-la.
O filme abre com as meninas tomando banho depois da aula de educação física. Num canto se encontra Carrie. Ela toma banho com alguma sensualidade, talvez por estar se descobrindo. Assim como a descoberta vem acompanhada de sua primeira menstruação. Ela não sabe o que é aquilo, sua mãe não lhe explicou e ela começa a achar que pode estar morrendo ou coisa do gênero e ninguém lhe socorre. Suas colegas preferem jogar absorvente nela.
A diferença de Carrie para os muitos adolescentes que sofrem abusos, é que ela tem a possibilidade de dar o troco. Com a maturidade vem também a descoberta de uma característica incomum: a telecinesia (capacidade de mover objetos com o poder da mente). Essa habilidade vai se desenvolvendo gradativamente. É uma lâmpada que estoura, um garoto que cai da bicicleta sem motivo aparente, um espelho que se quebra e depois aparece remendado. Tudo bem devagar, até chegar o clímax do filme quando ela se descobre com consciência total do que é capaz de fazer.
Ela, porém, não quer sair por aí se vingando das pessoas. Não vai atrás de seus algozes um por vez para fazer com que eles sofram. Apesar de tudo que sofreu, quer apenas o que todos querem: ser aceita pelas outras pessoas e se despedir do colégio se divertindo no baile de formatura. No caso, com um dos garotos mais populares do colégio. Pena para ela, que há todo um grupo de conspiradores que planejam sua humilhação. Justo quando tudo parece correr bem para ele, até mesmo com os conselhos maternos de sua professora, que se mostra muito mais mãe que a sua própria.
É isso tudo que torna o filme um bom exemplo de um filme de terror. Só ao seu final é que vemos a explosão de tudo, mas até então há toda a preparação do momento. Acompanhamos todos os personagens e vamos os conhecendo intimamente. A todos. E podemos até mesmo escolher por quais torcer. Não é um filme em que de repente tudo explode. Quando ela usa seus poderes, nós sabemos porque ela está usando. Tudo sob o comando de Spacek que está extraordinária em seu papel. De Palma faz o trabalho competente de sempre com alguns toques de Hitchcock, usando até algumas notas da trilha de Psicose quando Carrie usa seus poderes. Um autêntico filme do gênero e não algum genérico como muitos que populam cada vez mais nos cinemas que procuram sustos fáceis. Por isso continua bom de assistir até hoje.

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