quinta-feira, 4 de agosto de 2011

BRAVURA INDÔMITA - TRUE GRIT


NOTA: 9,5.
- Você tem que pagar por tudo nesse mundo, de um jeito ou de outro. Não tem nada grátis a não ser a graça de  Deus.

Assim que Jeff Bridges surge como Rooster Cogburn nós vemos a diferença do seu personagem pelo interpretado por John Wayne na versão original. E não se trata apenas de usarem o tapa-olho em olhos diferentes (Wayne usava no esquerdo e Bridges usa no direito), trata-se de termos duas versões totalmente diferentes desse mesmo personagem. John Wayne era John Wayne como sempre foi. Bridges entrega uma versão totalmente diferente. Nem melhor, nem pior. Mas a caracterização de Bridges, que mais parece um mendigo, se aproxima mais do personagem. Pelo menos na minha humilde opinião.
Onde o filme ganha é com seus outros personagens, e em especial com Mattie Ross interpretada aqui por Hailee Steinfeld. Pra começar, ela realmente parece ter (e realmente tinha) 14 anos. Mas a melhoria vai além da aparência física. Steinfeld, ao contrário de Kim Darby, não tenta fazer a garota adorável. Ela sabe que seu personagem deve ser irritante, além de extremamente obstinada para levar seus negócios adiante. O engraçado é que mesmo ao lado de grandes nomes do cinema, é ela quem realmente se destaca no filme. Uma atuação que lhe valeu uma indicação (perdeu para Melissa Leo em O vencedor). Ninguém fica a mesma pessoa depois de encontrar com ela. Melhor ainda ficou La Boeuf que aqui é interpretado por Matt Damon. Agora sim o personagem realmente parece indispensável para a trama e as falas ganharam significado.
Os irmãos Ethan e Joel Coen se aventuram pela primeira vez no gênero do faroeste e levam sua habitual excelência na bagagem. Ainda que este seja um filme assinado por eles, não parece realmente um filme dos Coen (a não ser pela ótima qualidade). Falta algumas das características que compõem seus filmes, mas em compensação, continuam tendo o mesmo capricho nos diálogos e na escalação do seu elenco, como já foi dito. Para completar, a fotografia de Roger Deakins é a cereja do bolo na produção. Ele já tinha feito uma fotografia nesses moldes com os diretores em Onde os fracos não têm vez e outro faroeste de grande beleza: O assassinato de Jesse James pelo covarde Robert Ford. E no caso aqui, uma beleza que somente o faroeste é capaz de produzir.
E essas não são as únicas diferenças. A história sofre algumas alterações lá e cá, e no filme original o final é mais feliz para Mattie, diferente do que acontece no livro e aqui. Os Coens não são conhecidos por adocicar a vida de seus personagens e aqui nada muda. O tom está muito mais para o livro do que para o filme de 1969. Não é o trabalhos mais inspirado dos diretores, mas com certeza é um trabalho muito interessante. E quem sabe um trabalho que possa incentivar a produção de novos faroestes de igual calibre? A única pena é que justo os dois pareçam tão conformistas em sua primeira incursão neste gênero. Nada que atrapalhe o prazer de assistir (ou reassistir) esta bela história.

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