quarta-feira, 23 de março de 2011

CAMPO DOS SONHOS


NOTA: 10.
- Se você construir, ele virá.

Tem algo de mágico neste filme. É um filme sobre baseball, o que pode desencorajar muita gente no Brasil a assistir o filme. Mas ele vai muito além disso. É um filme sobre segundas chances. E também sobre ter um sonho e correr atrás dele. E depois de tudo isso, ser recompensado com muito mais do que poderia imaginar receber.
Ray Kinsella (Kevin Costner) é um fazendeiro em Iowa. Vive sem grandes luxos, mas mantém-se com seu milharal junto com sua mulher, Annie (Amy Madigan) e filha, Karin (Gabby Hoffmann). Mesmo uma vida bem estruturada com uma família feliz, pode deixar faltar alguma coisa. Quando está na sua plantação, ele ouve a voz: "Se você construir, ele virá". Claro que o primeiro pensamento dele é pensar que tem alguém escondido sussurrando para ele, ou até mesmo que ele pode estar louco, mas depois ele vê um campo de baseball no meio de sua plantação e sabe o que tem que fazer.
Por ele ouvir vozes, você pode pensar que se trata de um filme religioso. Tenho ressalvas quanto a isso. Apesar de muita gente nos EUA considerar o esporte uma religião. Mesmo sem saber exatamente porquê, Ray constrói sozinho o campo, enquanto explica para sua filha (e consequentemente para a gente), sobre como "Shoeless" Joe Jackson e mais outros 7 jogadores foram banidos da liga acusados de entregar o jogo. E sobre como ele declarou até o dia de sua morte que sempre jogou o melhor que podia.
E quando o campo fica pronto, Joe (Ray Lyotta) aparece para jogar. Primeiro sozinho, depois ele chama os outros 7. E ainda depois, cansados de treinar, ele chama outro time para jogar com eles. E quando Ray acha que seu trabalho terminou, vem novamente a voz para falar com ele. "Alivie a dor dele", ela diz. Como Annie mesmo ressalta, é uma voz bem vaga sobre o que quer. Mas Annie também já está envolvida com o fato de ter jogadores mortos jogando no seu quintal, por isso quando Ray descobre que tem que procurar o escritor Terrence Mann (James Earl Jones), ela apóia. Mesmo com o risco que eles tem de perder a fazenda por conta das despesas do campo.
Um dos grandes méritos do filme, é não procurar explicações. O diretor, Phil Alden Robinson, não procura explicar nada a platéia. A voz fala e pronto. E melhor ainda, Ray não procura explicações. Mesmo quando toda a cidade pensa que ele é louco. Mesmo quando o banco ameaça cobrar a hipoteca que está atrasada. Ele apenas continua seguindo seu caminho. Ele teve um sonho e correu atrás dele, como poderia entregar tudo agora?
Costner e Lyotta tem atuações acertadas dentro de seus papéis. Earl Jones é sempre magnífico quando lhe dão mais do que uma narração para fazer, e merece destaque. Mas o destaque mesmo vai para Burt Lancaster, no papel de um jogador aposentado que vira médico. Sua atuação é totalmente condizente com o momento do filme e dá um ar brilhante para as cenas que participa. Pena que é uma participação é tão curta. Esse é seu último grande filme e ele morreria apenas 5 anos depois.
O filme estabelece um mundo fantástico e nos arrasta para dentro dele. Como a voz que leva Ray a fazer as coisas que ele faz, o filme nos leva a tentar crer em tudo que está acontecendo. Não importa quão implausível ele pareça. Poucos filmes tem a coragem de voar alto assim na imaginação. Não é para quem gosta de filme "pé-no-chão", e sim para aqueles que se permitem cair no imaginário. Ray consegue voltar ao tempo que o jogo era inocente, um esporte, não um jogo milionário. E eu volto para um cinema da época que não era tão comercial, mas um filme.
E aqui não tem pessoas salvas ou salvadores. Apenas um bom filme.

PS: 1) O personagem Terrence Mann deveria ser na verdade J. D. Salinger, o escritor de O apanhador no campo de centeio, que morreu ano passado. Salinger era amigo de Kinsella, autor do livro que deu origem ao filme. 2) Os demais personagens mantiveram os nomes reais, como "Shoeless" Joe Jackson e Archie "Moonlight" Graham. 3) O filme deveria se chamar Shoeless, mas a audiência não gostou e trocaram para Field of dreams. Quando o diretor disse para Kinsella da troca do nome, ele disse que o livro só se chamava Shoeless por exigência da editora. O nome original era Dream field.

7 comentários:

  1. Clássico. Filme lindíssimo e uma bela lembrança.

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  2. Reflexões sobre bons tempos.

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  3. REALMENTE UMA OBRA DE ARTE ESSE FILME NOS TRAZ BOAS LEMBRACAS DE QUE ANTIGAMENTE ERAMOS FELIZ COM POUCO E ENSINA A ACREDITAR NO SEU SONHO ,

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  4. Jari Braga de Oliveira7 de maio de 2017 às 13:29

    Lindo filme, assisto sempre como se fosse a primeira vez, sensacional!!!

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