segunda-feira, 11 de abril de 2011

FEITIÇO DA LUA


NOTA: 10.
- Chega um dia em que um homem descobre que sua vida é vazia. Esse é um péssimo dia.
- Sua vida não é vazia. "Ti amo".

Alguns filmes devem ser vistos antes que você leia alguma coisa sobre eles. Este é um deles. Se eu escrever que é uma comédia étnica, pode passar uma idéia errada sobre o filme. Não que ele deixe de discursar sobre ítalo-americanos, é só que ele é muito mais que uma comédia étnica. Há uma magia nele que não encontro maneira de descrever em um texto. Pouco filmes tem essa qualidade de serem tão mágicos.
Loretta Castorini (Cher) é uma viúva de seus 30 e poucos anos que parece muito mais velha do que realmente é. Sua expressão e seus cabelos grisalhos podem fazer com que ela parece assim. Johnny Cammareri (Danny Aiello) a pede em casamento e ela aceita. Não aceita porque o ama (na verdade ela não o ama), ela aceita porque é conveniente.
Ele vai viajar para a Itália para visitar a mãe que está morrendo. É o tempo de ir, esperar ela morrer e voltar para se casarem. Ele só pede uma coisa: há muitos anos ele está brigado com seu irmão e ele quer que ela vá até ele e o convença a ir no casamento.
É assim que ela conhece Ronny Cammareri (Nicolas Cage). Uma alma atormentada que amaldiçoa o irmão. O problema? Johnny o fez olhar para o lugar errado na hora errada, e por isso ele teve um acidente que arrancou fora sua mão. O que não se podia esperar é que Ronny e Loretta se apaixonassem um pelo outro.
O filme é bom não apenas porque conta a história desse casal. Ela é boa que porque conta a história deles e de vários outros personagens que são tão interessantes quanto eles. Como os pais de Loretta, um casal de amigos e até mesmo um professor que se especializou em levar copos d'água na cara no mesmo restaurante de mulheres diferentes. É de um desses personagens que descobrimos que a lua estava especial, mágica (desculpem a repetição), quando se apaixonaram. E quando Ronny e Loretta se conhecem, a mesma lua volta a aparecer nos céus.
E todas as histórias tem suas complicações. Cher está noiva de um e apaixonada por outro. A mãe acha que está sendo traída, e realmente está, e acaba jantando com o tal professor, que vê nela uma sexualidade que seu próprio marido há muito não vê. E Cher no centro de tudo comandando o show com atuação inspirada ao lado de um também inspirado Cage (longe do que faz nos "filmes" que lança atualmente. O filme é tão delicioso, que rendeu a Cher seu único Oscar, assim como Olympia Dukakis venceu de atriz coadjuvante como a mãe. O filme também venceu por roteiro, mas Norman Jewison (que também tinha sido indicado por No calor da noite) perdeu pela direção e filme para Bernardo Bertolucci e seu O último imperador.
O tempo não fez diminuir a delícia de assistir a esse filme. Ainda bem.

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