sexta-feira, 8 de abril de 2011

HAMLET (1948)


NOTA: 10.
- O resto é silêncio.

O personagem já foi interpretado, e até pode-se dizer massacrado, por muitos e muitos atores. Depois de Romeu e Julieta, é provavelmente a peça mais conhecida de Shakespeare e todo mundo um dia já ouviu a frase "Ser ou não ser, eis a questão". Entre nomes como Ethan Hawke, Kenneth Branagh, Richard Burton e Mel Gibson, o ator que mais se destaca é com certeza Laurence Olivier, que também dirigiu o filme. O primeiro filme não-americano a vencer um Oscar de melhor filme, Olivier também venceu o de melhor ator mas perdeu o de direção para John Huston (O tesouro de Sierra Madre). E até hoje a melhor versão da peça clássica.
Olivier interpreta o personagem título, o príncipe da Dinamarca que uma noite conversa com o fantasma de seu falecido pai e descobre que ele foi envenenado. O autor do crime casou-se com sua mãe e hoje ocupa o trono. O fantasma pede que Hamlet vingue sua morte, mas que nada faça contra a rainha. Para o estratagema que montou, Hamlet se finge de louco para atormentar toda a corte, incluindo Polônio, pai de Laertes e Ofélia (Jean Simmons), amor de Hamlet.
Pela quantidade de adaptações feitas anteriormente a este filme, duvido que as pessoas pensassem que grandes clássicos dos palcos poderiam ficar tão bem nas telas. Olivier provou que podem, e é provavelmente o responsável pela onda de adaptações que seguem fazendo sucesso até hoje. Uma das mais esdrúxulas que ouvi falar, até mesmo transforma Hamlet em um caçador de vampiros.
Uma das principais diferenças entre cinema e teatro, é a distância da platéia. No teatro, o público está sempre distanciado do material, por isso eles ouvem muito mais do que podem realmente ver o que acontece. O cinema já é o contrário. Ele convida as pessoas a ficarem muito mais próximas, a ver os detalhes que poderiam não prestar atenção no teatro. Olivier convida a todos a compartilhar minúcias mais intimistas desta história. Claramente inspirado nos jogos de câmera criado por Orson Welles e Gregg Toland para Cidadão Kane, ele nos convida até mesmo para ver o que se passa dentro da cabeça do nosso herói. Deve ser a primeira vez que uma peça ficou tão próxima assim de seu público.
Olivier também foi bem corajoso na transposição. Personagens pequenos, mas importantes, como Rosencratz e Guildestern ficaram de fora do filme e tiveram algumas de suas falas diluídas entre outros personagens. Nada que atrapalhe nada do filme.
Ele também fez questão de se cercar de um talentoso elenco. Se brilha quando está em cena, o filme jamais perde o vigor quando ele sai. O cenário sombrio serve bem ao filme assim como uma trilha sonora bem intrigante. Um filme corajoso e que é até hoje o filme definitivo baseado nessa peça. E que dificilmente conseguirá ser batido.

PS: Hoje, apenas dois atores que fizeram esse filme estão vivos. E nenhum dos dois foram creditados por seus papéis. São Patrick Macnee e Christopher Lee (o Saruman da trilogia O senhor dos anéis).

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