sábado, 12 de dezembro de 2009

SONATA DE TÓQUIO


NOTA: 9.
"A empresa está se reestruturando. Você precisa me dizer qual pode ser seu papel dentro da nova empresa ou teremos que deixar você ir." Chefe de Ryuhei

O novo filme do diretor Kyioshi Kurosawa, que não tem parantesco com Akira Kurosawa, é mais uma pérola do cinema japonês. É uma pérola pois mostra uma família que vai aos poucos se desfazendo pela falta de diálogo entre eles mesmos. A vida cotidiana japonesa é desnudada sob as lentes do cineasta que vai inserindo delicadamente, sem se apressar, fatos que vão aos poucos nos aproximando dessa família que não consegue chegar a um acordo comum.
Ryuhei trabalha em uma grande empresa. Com a reestruturação para os novo tempos de crise, ele perde seu emprego. Mesmo desempregado, ele continua saindo de casa todos os dias de terno e gravata sem contar nada para a família. Talvez por vegonha ou talvez por achar que rapidamente irá se empregar. Tanto que chega a recusar alguns trabalhos que ele considera abaixo de seu nível.
Sua esposa, Megumi, cuida da casa e dos filhos. Sua vida basicamente se consiste em limpar e arrumar a casa todos os dias e fazer a comida para todo mundo. Seu filho mais velho parece não saber o que quer fazer da vida e ganha uns trocados fazendo bicos pelas ruas, até que decide se alistar no exército americano para conseguir a cidadania de lá, coisa que não é aprovada pelo pai. Já seu filho mais novo quer aprender a tocar piano, coisa que seu pai também lhe nega e ele acaba tendo aulas escondido do resto da família.
Isto é tudo que vou dizer da história do filme. Falar mais pode estragar a surpresa do filme. Vamos apenas dizer que os eventos que se formam estão longe de serem parecidos com qualquer coisa que esteja acostumado a ver. Apesar do drama da história, o filme tem sua parte cômica assim como uma dose de bizarrice.
Para quem conhece a estrutura de uma sonata, sabe que se trata de uma obra de três movimentos. Isso pode levar a confundir o espectador que espera ver o tradicional esquema de contar a história, onde há o início, o meio com uma crise para levar ao fechamento da história. Não há crise na relação dessa família. Não além da contada aqui. Como podem ao menos brigar entre si se nem ao menos eles se conhecem? Pelo contrário, aqui só somos lembrados que uma rotina quando quebrada não volta facilmente ao normal.

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