segunda-feira, 24 de junho de 2013

HERÓI - YING XIONG - HERO


NOTA: 9.
- Em cada guerra, há heróis dos dois lados.

Já se foi o tempo onde filmes de artes marciais significavam produções pobres e pancadarias sem sentido. Há vários exemplos do que o gênero pode nos promover muito além da ação, e esse é um deles. O que temos aqui é um filme lindo e exuberante. Ao mesmo tempo, recupera a beleza das artes marciais, mostrando o estilo de vida de todos os lutadores que aparecem. Eles são muito mais do que apenas pessoas que lutam, matam e morrem. 
O filme lembra um pouco Rashomon, de Akira Kurosawa, onde a mesma (e misteriosa) história é contada por diferentes pontos de vista, e cada ponto pode ser verdade ou não. É um jogo, e no final pouco importa qual versão é verdadeira, e sim o que se resulta dela. E essas histórias são contadas sobre o início do primeiro império chinês. Quando a vida do rei sofria inúmeras tentativas de assassinato e os guerreiros voavam pelo ar com suas espadas cortando o ar, água e seus inimigos de forma extravagante.
O rei é Qin, que recebe um guerreiro sem nome interpretado por Jet Li. O que Qin deseja é unificar todos os reinos da China em um único sob seu comando, o que poderia evitar mais guerras e derramamento de sangue. Existem alguns renomados guerreiros que atentam contra a sua vida, e ele recebe o guerreiro sem nome porque ele clama ter eliminado todos os três. Com isso, é concedido a ele largas recompensas e o direito de ficar frente a frente com o governante.
Logo de cara, o filme já impressiona com seu visual. O herói sem nome vai entrando pelo palácio por onde mora o rei passando por milhares e milhares de soldados no caminho, até poder ficar a cem passos do monarca. E conforme vai contando como eliminou cada um de seus inimigos, é permitido que ele se aproxime cada vez mais até chegar a dez passos dele. E a cada história que ele conta nós vamos vivenciando através de flashbacks.
Claro que o que o Herói conta é apenas uma das versões da história. O rei desafia a verdade do que está sendo contado, e aí surgem a segunda, a terceira e ainda a quarta versão de cada história. E nem é muito difícil de acompanhar, porque cada uma delas é contada com uma beleza de uma cor. Há uma versão com ricos tons de vermelho, de branco e de azul, com cada cor trabalhada com uma riqueza espetacular.
E aí reside um pequeno problema do filme. Cada cena é de beleza única, mas parece ser refém de uma direção de arte. As versões parecem pequenos curta-metragens separados, apesar de contar a mesma história. Cada um é sensacional, mas não "dialoga" com o curta seguinte. Claro que é um pecado menor, porque cinco curtas maravilhosos não podem formar um longa ruim, só impede que o filme tenha a "urgência" que a história pede.
É um filme que transcende um gênero. As artes marciais viram uma coreografia tão bela quanto um ballet. E muito antes de lançar esse filme, era isso que o diretor Yimou Zhang buscava em seus filmes, como fez em Lanternas vermelhas. Era criar um "poema audiovisual" tão extraordinariamente bonito que as imagens ecoassem tempos depois que o filme acabasse. E mesmo anos depois de seu lançamento, a beleza desse poema continua ecoando.

Um comentário:

  1. Esse filme é realmente belíssimo .... nos enche os olhos com suas cores e cenários magníficos. Se não bastasse estes elementos, somo brindados com uma estória, que só a cultura oriental poderia nos trazer. Uma direção de arte sublime. É pura arte em movimento.

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