quarta-feira, 13 de junho de 2012

HITCHCOCK TRUFFAUT 36: PACTO SINISTRO - STRANGERS ON A TRAIN (1951)

Para ler o que já saiu de Hitchcock Truffaut, clique aqui. 



NOTA: 9.
- Minha teoria é que qualquer pessoa é um assassino em potencial.

Como já tinha acontecido anteriormente, o diretor Alfred Hitchcock novamente se encontrava em uma situação delicada em sua carreira. Ele vinha de dois fracassos seguidos e precisava de um sucesso para se reerguer. E novamente, ele o faz de maneira espetacular. Não que este seja um dos melhores filmes do diretor, mas é impressionante o que ele é capaz de fazer mesmo que não tenha um grande roteiro para filmar.
Guy Haines (Fraley Granger) é um tenista famoso que está viajando de trem e encontra um estranho homem, Bruno Antony (Robert Walker) que parece saber tudo da sua vida. Tanto sabe, que diz a Haines sobre o fato de não poder casar com a mulher que ama porque ainda está casado com Miriam, e assim lhe propõe uma troca de assassinatos: Bruno mataria a mulher de Haines para que ele possa casar novamente e em troca Haines faria o mesmo com o pai de Bruno.
Essa é a ideia de um plano perfeito de assassinato para Bruno, pois seriam dois estranhos sem ligação aparente que cometeriam os crimes ao passo que o principal beneficiado teria um álibi. Claro que Haines acha que tudo não passa de uma brincadeira até chegar em casa um dia e descobrir que sua ex-mulher está morta. Agora Bruno espera que ele cumpra a sua parte do trato ou vai arruinar sua vida em retaliação.
Hitchcock sempre causava medos porque dizia que usava os seus próprios. Por isso em casos recorrentes ele usava o mocinho que era acusado de um crime que não cometeu. Era um medo que o próprio diretor tinha. E é nessa parte do filme também, que o diretor fala de outra característica que o deixou famoso: de somente filmar o que usaria na edição. "Porque eu só rodava pedacinhos de filmes, e mais nada. Era impossível alguém juntá-los sem a minha presença e era impossível fazer outra montagem diferente da que tinha na cabeça ao filmar."
Uma das poucas fraquezas do filme, é a falta de solidez dos personagens. O diretor ainda vai além e fala da falta de solidez dos atores, mas vendo o filme não acredito ser exatamente esse o caso. Acho que eles fazem um bom papel, tanto o mocinho que está preso em uma situação desesperadora quanto o quase insano e intrometido que fica exacerbando a situação. Talvez apenas a mocinha esteja um pouco fora do tom, mas o que falta aqui são diálogos que pudessem dar mais profundidade e os caracterizassem melhor.
Longe de ser um estudo de personagens ou de psicologia, o filme é um suspense de primeira linha com cenas memoráveis e que são hoje muito copiadas, como quando Haines olha para a plateia e todos acompanham uma partida de tênis balançando a cabeça de um lado para o outro, menos Bruno que fica estático olhando atentamente para Haines. Além do climático fim no carrossel, que ainda fique evidente o uso de projeção, não deixa de impressionar. Truffaut diz que se outro diretor tivesse filmado o roteiro, teríamos um filme ruim. Mas este é um filme de Hitchcock, que mesmo com um roteiro deficiente conseguiu fazer um ótimo filme.

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