terça-feira, 24 de maio de 2011

TUBARÃO


NOTA: 10.
- Eu não vou ficar perdendo meu tempo com um homem que está entrando na fila para ser o próximo almoço.

Este é filme que começou a mudar o cinema americano. Algumas pessoas até mesmo clamam que é o início da infantilização do cinema que começou com Spielberg aqui e logo depois com o lançamento de Star wars de George Lucas (os dois também logo se juntariam para fazer a série Indiana Jones). Se os dois são culpados, isso é outra história, mas é fato que os cinemas hoje ficam cheios de lançamentos de blockbusters e foram os dois que começaram a moda. 
O que devemos começar a analisar, pra começar, é que uma moda não começa a partir de uma coisa ruim ou de um fracasso. Os dois filmes se tornaram fenômenos porque são filmes muito bons, se fossem ruins a onda de filmes de grande orçamento não teria acontecido. Foi em algum lugar no meio do caminho que a coisa se distorceu e blockbusters viraram sinônimos de filmes ruins com grande orçamento (com exceções, claro).
Tubarão fez tanto sucesso em seu lançamento porque é uma ótima mistura de filmes de ação com suspense de dar medo. Não aquele medo apavorante como o de O exorcista, mas um medo mais palpável, de alguma coisa que não vem de outro mundo (seja lá de cima ou lá de baixo). Com um orçamento estimado de U$ 8 milhões, o filme fez uma bilheteria de mais de 400 em todo o mundo. Nunca um filme tinha mostrado que cinema poderia ser tão rentável antes.
O filme, porém, vai além disso. É um filme que não foca somente em efeitos especiais, ação ou suspense, foca em seus personagens. Apesar de mostrar um ataque logo na primeira cena, o tubarão só vai aparecer depois de mais de uma hora de filme. Até então, estamos totalmente imersos naquela pequena ilha e com seus personagens, principalmente na disputa entre o xerife Brody (Roy Scheider) que quer fechar a praia para evitar novas mortes e o prefeito que quer a praia aberta para manter a saúde financeira da cidade.
É preciso outras mortes para que o prefeito concorde em pagar para o caçador de tubarões Quint (Robert Shaw) eliminar definitivamente a fera que está aterrorizando a pequena ilha. E é com mais da metade do filme que Quint, Brody e o especialista em animais marinhos Hooper (Richard Dreyfuss) partem para a caçada em alto mar tal qual Ahab caçando a baleia. Spielberg diz abertamente que o tubarão só aparece depois de tanto tempo porque parecia falso. Que sorte a dele, já que a demora em mostrar o tubarão só aumenta o suspense do filme. Menos é mais aqui. Quando o tubarão realmente aparece ele realmente parece falso, mas já estamos tão imersos no filme que não faz diferença nenhuma.
O que importa é que o filme funciona perfeitamente apesar de qualquer limitação. O close do tubarão pode parecer falso, mas o conjunto das sombras dele na água, junto com as filmagens de um tubarão verdadeiro misturados com o tubarão mecânico funcionam muito bem, e o que importa é o conjunto, certo? É um filme como é cada vez mais raro de encontrar, não é muito violento, não tem cenas de ação demais e por aí vai. Nem nada demais nem nada de menos. Na medida certa para apenas curtirmos um bom filme.

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