quarta-feira, 18 de maio de 2011

ALMAS À VENDA


NOTA: 7,5.
- Acredite. Quando você se livra da sua alma, tudo começa a fazer sentido. Tudo se torna mais funcional e com mais propósito.

A diretora e roteirista deste filme é Sophie Barthes, que alguns anos antes lançou um curta onde um homem ia na farmácia e comprava uma caixa de comprimidos escrita "Happyness". Então não é de se estranhar que a diretora tenha um gosto pelo incomum. Talvez inspirada até mesmo pelo cinema de Charlie Kaufman, que também sempre foge do lugar comum.
Aqui ela conta com Paul Giamatti interpretando um personagem chamado Paul Giamatti. Ou seria o ator interpretando a ele mesmo? De qualquer forma, o Paul do filme também é ator e está ensaiando a peça de Chekov Tio Vanya. O problema é que ele não está lidando bem com o personagem. O que está realmente complicando, é que a intensidade do personagem o está afetando. Ele não consegue dormir ou mesmo manter relações com sua esposa, Claire (Emily Watson).
Para resolver seu problema, um amigo lhe indica um artigo em uma revista. O artigo conta como cada vez mais as pessoas estão retirando sua alma e armazenando em depósitos. E quando eu digo em retirar a alma, eu falo em uma coisa realmente física, como se fosse uma parte de cérebro. No caso, a dele parece muito com um grão-de-bico. Retirar a alma deixa a pessoa mais leve, mais despreocupada. Nos ensaios ele parece outra pessoa com mais energia, entusiasmo e confiança. O problema é que ficar desalmado o torna também um péssimo ator.
Paralelo a isso, o filme mostra também todo um mercado negro de almas que acontece na Rússia (afinal, jamais haveria um mercado negro nos EUA, certo?). Esse mercado negro envolve o tráfico de almas entre os países através de mulas, sendo a principal delas Nina (Dina Korzun). O problema é que cada retirada deixa um pouco de alma que está se acumulando em sua cabeça. Talvez por isso ela comece a adquirir uma consciência sobre o negócio do qual faz parte.
O filme levanta algumas boas perguntas mas poucas respostas. O próprio médico, Dr. Flintstein (David Strathairn) confessa não ter todas todas as respostas apesar de fingir um ser um grande especialista no assunto. Parece muito mais um grande negociante do que um grande médico. Ele faz tudo parecer rotina, mas oferece poucas respostas para seus cliente e consequentemente para nós.
Difícil dizer se esse filme é ficção científica ou drama. Provavelmente estaria mais para uma mistura das duas coisas. Eu gosto de filmes desse tipo, só achei uma pena que ele tenha apostado pouco em mostrar as implicâncias de uma pessoa ficar desalmada ou mesmo de ficar com a alma de outra pessoa, mas ainda assim é um filme bem interessante.

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