quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

LOS ANGELES - CIDADE PROIBIDA



NOTA: 100.
- Não tente fazer a coisa certa, rapaz. Você não tem a prática.

O Oscar de 1998 coroou o épico Titanic, de James Cameron, com 11 prêmios. Uma pena que esse feito, embora notável, tenha ofuscado uma obra-prima. Eu hoje vejo mais virtudes neste filme de Curtis Hanson, do que na obra de Cameron. Apesar de ter sido filmado como um filme noir, a obra de Hanson parece atemporal. Fora seu figurino, poderia muito bem se passar nos dias de hoje e ainda ter a mesma força.
Antigamente, em Los Angeles, existia uma revista chamada Confidential. Sua especialidade era as fofocas de celebridades, principalmente as mais sujas e picantes. Foi essa revista que deu origem ao surgimento dos tabloides sensacionalistas tão comuns hoje. E esse filme se inspira nessa revista, não só na figura de Danny DeVito, mas como no fato de explorar a podridão policial da época. Assim, se misturam ficção e realidade daquela época.
Danny Devito interpreta Sid Hudgens, dona da revista Hush Hush. Sua voz é a que primeiro aparece no filme. Ele narra eventos que podem parecer irrelevantes, mas não são. Incluindo a morte de Mickey Cohen, um gangster real da época. O policial que mais trabalha com ele, e aparece em muitas de suas capas, é Jack Vincennes (Kevin Spacey), uma espécie de policial da mídia. Além de aparecer nas capas, ele é consultor técnico de um seriado conhecido como Badge of honor (um equivalente ao Dragnet, tanto que usa o mesmo bordão: "Just the facts").
Não posso esquecer que foi este filme que levou Russel Crowe ao estrelato. Antes disso, seu maior destaque era Rápida e mortal, horroroso faroeste com DiCaprio e Sharon Stone. Aqui ele interpreta Bud White, um corajoso e brutal policial que usa muito mais os punhos do que o cérebro. Pelo menos na primeira parte do filme.
Contrário a ele, é Ed Exley (Guy Pierce), um covarde brilhante e carreirista. Seu objetivo é subir de posto mais novo que seu pai, falecido, conseguiu. Nem que para isso, ele tenha que pisar em outros policiais e se tornar odiado por toda a delegacia.
Cada um investiga um caso diferente, que é parte de um caso muito maior. O que pode ser realidade em algumas coisas, pelo visto. O incidente do início do filme, Natal Sangranto, também é real. Assim como Lana Turner realmente namorou o guarda-costas do mafioso Mickey Cohen, Johnny Stamponato. O único porém seria que eles namoraram em 1957 e o filme se passa em 1953, mas quem liga? Uma curiosidade? Johnny foi morto pela filha de Lana Turner depois que ela o pegou traindo a mãe.
A história também envolve uma rede de prostituição comandada por Pierce Patchett, com prostitutas que parecem com estrelas de cinema. Uma delas é Lynn Bracken, uma personificação de Veronica Lake que se apaixona por Bud White. Sua personagem é a única doce em todo o filme. Quando ela diz calmamente porque ama Bud, você entende porque ela mereceu o Oscar daquele ano.
Pra mim, com certeza o melhor filme de 1997. Não apenas pela ótima história, grandes personagens (e muito bem construídos) e a atmosfera perfeita para um filme policial, mas pelo brilhante trabalho de adaptação de uma história extremamente complicada. Poderia ser confuso, mas aqui é apenas um ótimo filme com uma grande história. Um dos melhores policiais de todos os tempos.

Kim Bassinger e Veronica Lake

4 comentários:

  1. Apesar de "Titanic" ser um marco, ainda mais por ter sido, durante anos, um filme significativo em minha vida - concordo que "LA Confidential" é uma obra-prima mesmo. É tão bom ver Kim Basinger em sua melhor interpretação, ainda bem que a Academia soube prestigiá-la ali.

    Seu texto sintetiza bem o filme, parabéns.

    Conheci seu blog agora, vou dar uma lida nos arquivos.

    Te sigo e já linkei-o ao meu blog também.

    Parabéns pelo estilo e proposta do blog!
    mantenha contato, dê retorno, abraço!

    Espero que aprecie meu espaço.

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  2. Adorei o seu blog.
    Na verdade fiquei até com inveja.
    rs

    Não fazia idéia que podia-se fazer tudo isso com um blog. Parece uma página da internet completa.
    Queria até poder fazer o meu blog assim.

    Fiquei até feliz porque gostou do meu blog.

    Um abraço.

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  3. Não só o que ocorreu com "Los Angeles - Cidade Proibida", mas também com outros filmes, em relação com as premiações do Oscar, que até pouco tempo eu tinha preconceito com filmes premiados pela Academia...

    "Los Angeles - Cidade Proibida" é uma aula de cinema!!

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  4. Curtis Hanson até 1997 era considerado um diretor mediano. Tinha uma filmografia bastante irregular, contendo alguns bons filmes como (A Mão que Balança o Berço e Rio Selvagem).
    Mas foi em 1997 com Los Angeles – Cidade Proibida que ele se tornaria um diretor promissor (embora que depois do neo-noir, ele não fez mais nenhum filme notável). E é uma pena que Curtis Hanson nunca mais voltaria a fazer um filme do mesmo quilate.
    Lançado no mesmo ano do megassucesso Titanic, o longa de Hanson perdeu em muitas categorias do Oscar, inclusive de melhor filme e melhor diretor. ganhando apenas em duas categorias melhor roteiro adaptado e melhor atriz coadjuvante, muito pouco para um filme dessa magnitude, e merecia mais prêmios. Infelizmente, O transatlântico mais famoso do mundo retirou várias estatuetas daquele ano. No entanto, Los Angeles – Cidade proibida é superior a Titanic em se tratando de cinema, e não de Marketing. A qualidade é visível em vários aspectos: roteiro, elenco, direção e atuações. Nestes quesitos o filme de Hanson ganha de goleada de Titanic.
    O elenco e as atuações masculinas, citando os três atores principais (Russell Crowe, kevin Speace e Guy Perace) estão soberbos. Lembrando que nenhum até aquele momento tinha feito um grande filme, eram quase rostos desconhecidos do grande público.
    Os Coadjuvates também brilharam: Danny de Vitto, James Cromwell, David Strathairn, destacavam-se em toda vez que apareciam e o elenco secundário desse filme é ótimo.
    Kim Basinger ganhou o Oscar de atriz secundária, gerando muitas controvérsias entre os críticos e públicos. Particularmente, gostei da premiação. Kim Basinger interpretou uma prostituta de luxo, sósia de uma atriz muita famosa de hollywood com muita competência, dosando sensualidade e fragilidade na medida certa. Basinger compôs uma Femme Fatalle maravilhosa e diferente, optando mais pela doçura.
    E vale lembrar da incrível maquiagem que a fez parecer com a atriz Verônica Lake dos anos 40 e ela ficou ainda mais bonita do que já é.
    O Roteiro do filme é outro aspecto de deve ser ressaltado. Uma trama intricada e rocambolesca que nos deixa atordoado no decorrer do filme. Depois da metade da projeção é que as peças vão se encaixando, numa desfecho impressionante que nos deixa boquiabertos.
    O bacana do filme é que em nenhum momento do filme ele é clichê e previsível, como em muitos filmes de cunho policial. O roteiro de Brian Helgeland e Curtis Hanson é extremamente inteligente, fazendo com que o público junte peças do quebra-cabeças, caia em suspeitas, seja investigador, monte as peças do jogo politico que há por trás dos bastidores da policia e dos políticos locais da ensolarada Los Angeles. Tudo culminará num jogo de poder, interesse, corrupção, manobra política… ainda hoje é comum essas práticas na nossa sociedade. Isso mostra o quanto é atual esse clássico policial Neo-Noir.

    Grande Filme que infelizmente não soubemos dar o devido valor na época de seu lançamento, mas que agora teve seu devido reconhecimento.

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