terça-feira, 3 de julho de 2012

BOOGIE NIGHTS - PRAZER SEM LIMITES


NOTA: 9.
- Você não sabe o que eu posso fazer ou o que eu vou fazer. Eu sou bom. Eu tenho boas coisas que você não conhece. Eu vou ser algo e não diga que não.

Este filme tem uma característica rara: tudo nele é surpreendente. Até mesmo a forma como o nome do filme surge inesperadamente em neon surpreende. O filme de Paul Thomas Anderson é um épico que contém todos os ingredientes de Hollywood: fama, inveja, cobiça, sexo, talento e dinheiro. A diferença é que acompanhamos as transformações da indústria pornográfica a partir do surgimento de uma nova estrela: Dirk Diggler.
O filme abre em 1977, em uma época que os filmes eram rodados em filme e exibidos em cinemas, tal qual acontecia na grande indústria dos filme "convencionais". É nessa época que o produtor Jack Horner (Burt Reynolds) sonha em fazer um filme tão bom que faça que as pessoas queiram ficar nos cinemas mesmo depois de alcançarem o que buscam  assistindo um filme como esse. E ele termina em 1983 quando a indústria se rende ao videotape e a esperança que filmes como esse ainda sejam feitos morrem.
E acompanhamos pelos olhos de Diggler (Mark Whalberg), que trabalha em uma casa noturna como lavador de pratos até ser descoberto por Jack Horner. Horner tem um pressentimento em relação a esse garoto, que ele mesmo diz acreditar que debaixo dos jeans tem algo maravilhoso querendo sair. A própria história do filme soa um pouco como se fosse um filme pornô, e Anderson não deve ter feito isso por acaso, mas é importante lembrar que não estamos diante de um filme pornô com uma história que as pessoas queiram assistir depois de chegarem ao clímax.
É importante ressaltar, porque ao contrário do que se vê nesses tipos de filmes, nada aqui parece amador. Estamos falando de uma indústria e todos agem com o máximo de profissionalismo. Não é um passatempo para nenhum dos envolvidos e nós acompanhamos os bastidores de um filme adulto. Ou pelo menos como eu acredito que os bastidores sejam. E acompanhamos Horner, que é provavelmente o maior produtor (não vemos outros para comparar). Reynolds dá uma atuação muito interessante de um homem que vive de sexo mas ao mesmo tempo parece fora dele. Nunca o vemos tendo relações com ninguém, apesar de viver com Amber (Julianne Moore), que serve como uma mentora e ajuda Diggler em sua primeira cena.
Apesar de lidar com o assunto, Anderson limita o que vemos da indústria realmente trabalhando, por assim dizer. Até mesmo a nudez é limitada no filme, e somente por uma breve cena vemos porque todos se impressionam com o "talento" de Diggler. Como quando o Coronel, que financia os filmes de Horner, pede para ver. Acompanhamos apenas o rosto dele enquanto ele observa, para e fica observando o que o rapaz está lhe mostrando. Somente pelo seu olhar e tempo com que admira sabemos que se trata de algo impressionante, mas fica mais interessante que realmente ver.
O elenco é muito maior, e o diretor sabe mesclar com habilidade seu material humano e seu material cômico. Ele consegue frazer o que muitos filmes não conseguem. Consegue fazer com que mergulhemos na história, que é uma qualidade que somente os grandes filmes conseguem. Como escritor e roteirista, Anderson consegue diálogos espetaculares e detalhes da época que são muito interessantes. Parece um pouco como um documentário nos mostrando a vida de cada um dos realizadores desses filmes. E é uma sensação ótima.

Um comentário:

  1. Este filme traz uma das melhores reconstituições de época da história de Hollywood. Uma impressionante viagem de volta aos anos 70 em detalhes refinadíssimos, principalmente em termos de cultura pop.

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