terça-feira, 17 de julho de 2012

O GUARDA - THE GUARD


NOTA: 9.
- Eu sou irlandês. Racismo é parte da minha cultura.

Geralmente, filmes policiais começam colocando dois personagens opostos para trabalharem juntos e este filme não foge muito da regra, mas é muito engraçado perceber como colocam "opostos" em um novo patamar que nunca havia visto antes. Devo admitir que a maior parte disso é pela presença de Brendan Gleeson, que consegue fazer com que pareça que diálogos e histórias não sejam necessários para se fazer um filme. A outra parte é completada pelo eficiente Don Cheadle.
Gleesson é o sargento Gerry Boyle, que começa o filme testemunhando um acidente de carro. Ele vai até as vítimas e procura no bolso deles procurando por drogas, quando acha, guarda em seu próprio bolso. Isso não quer dizer que ele seja uma pessoa ruim, apenas que é um policial ruim. O principal fato que confirma isso é a sua relação com sua mãe que está morrendo em uma espécie de casa de repouso. Percebemos como se amam apesar de xingarem constantemente em suas conversas.
Apesar de ser um policial, isso não o impede de beber em serviço, se encontrar com prostitutas e procurar não fazer muito esforço. Seu trabalho muda quando chega um novo parceiro de Dublin para trabalhar com ele. Boyle não quer um parceiro e certamente a coisa piora pelo fato de o rapaz ser de Dublin. A chegada de um policial "certinho" para trabalhar com ele pode acabar com o estilo de vida de Boyle. 
Ainda pior: há um carregamento de drogas chegando na cidade, no valor de 500 milhões, e o FBI manda o agente Everett (Don Cheadle) para ajudar no caso. Não acho que Boyle seja racista, ele parece mais ingênuo sobre negros e não parece saber a melhor forma de falar com eles. Ou sobre eles. Associando isso ao fato de ele não saber como lidar socialmente com quaquer pessoa de maneira geral, vemos o problema se formando desde o primeiro instante em que os dois se encontram.
Boyle tem uma forma de falar com tanta franqueza que não sabemos exatamente se ele sabe o que está falando e fala por maldade, ou se está apenas dizendo o que aprende assistindo na TV e não tem ideia de que o que está falando é completamente inapropriado. E digo isso porque ele não é apenas assim com pessoas de cor, ele é assim com qualquer pessoa que fuja um pouco do que ele está acostumado a lidar.
O filme não foge do resto dos clichês policiais. Além da "dupla oposta" que se estranha, temos também as fórmulas que costumam funcionar, como "o peixe fora d'água" e "o policial bom e o policial ruim". Não há nada de original na estrutura do filme além das fórmulas, a única diferença é que vemos todas elas com um novo frescor irlandês. E como esse povo é diferente dos americanos que estamos acostumados a ver em filmes.
E como de costume, o filme acaba em um tiroteio no meio de um cais quando os bandidos (entre eles, Liam Cunningham e Mark Strong) estão recebendo o carregamento de drogas. Porém, ao contrário do que estamos acostumados a assistir nos filme atuais, a ação é rapida e eficiente e sem grandes usos de efeitos especiais. Mesmo a cena final é construída em cima dos personagens, e por isso ela funciona melhor que a maioria. É um filme muito melhor do que esperava que fosse ser.

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