terça-feira, 29 de maio de 2012

SOB O DOMÍNIO DO MEDO - STRAW DOGS (1971)


NOTA: 5.
- Ok, vocês já se divertiram. Vou dar mais uma chance, e se não forem embora agora vai ter um problema de verdade. Falo sério. 

Sam Peckinpah era um diretor com tato para filmar a violência. Foi esse tato que o levou a realizar alguns grandes filmes com Meu ódio será sua herança e alguns estranhos (mas também muito bons) como Tragam-me a cabeça de Alfredo Garcia. A semelhança entre seus filmes é que geralmente a violência sempre parecia ser seletiva. Apesar de num tiroteio mulheres e crianças eventualmente serem atingidas, geralmente são pessoas com moral um tanto distorcido os alvos das balas.
Parecia que Peckinpah havia algo diferente a dizer no meio daquela violência. Hollywood tinha um código durante muito tempo que obrigava os filmes a recompensarem a justiça e punir as pessoas que agiram mal. Mesmo com o final desse código, faroestes continuaram seguindo o código. Em Meu ódio..., o diretor parecia querer quebrar o moralismo e fazer algo novo no cinema. Uma pena que o conceito vá por água abaixo ao descobrir esse filme que ele realizou depois mostrando a violência de forma abusiva num filme machista e ultrapassado mesmo para a época.
O filme se passa em uma pequena vila inglesa. Tão pequena que toda a população do filme parece ser o elenco. Um jovem matemático americano, David (Dustin Hoffman), se mudou para lá junto com sua esposa, Amy (Susan George), cujo pai tem uma casa naquele lugar. David quis se mudar para lá para escrever um livro sobre uma teoria matemática que não é explicada muito bem. Para todos os efeitos, o que interessa é que David é um intelectual.
Um bando de trabalhadores vão trabalhar na casa de David para consertar o telhado. Ele é diferente de todos eles, e todos parecem rir da cara dele o tempo inteiro enquanto trabalham. Isso quando trabalham. Um deles, Charlie, teve um caso com Amy antes e parece não gostar do americano. Talvez ele ache que David roubou uma mulher que deveria ter sido sua ou coisa do gênero. E talvez por isso eles começam a perturbar o americano de forma cruel.
Paralelamente, conhecemos a história de Niles e a filha de um homem que parece ser o mais cruel do pub. Niles parece ter algum tipo de doença mental e todos se preocupam quando ele se aproxima de alguma garota por conta de algum erro que ele cometeu no passado. Claro que eles vão se encontrar e algo vai dar errado, e por uma série de coincidências David acaba o atropelando e o levando para casa enquanto tenta encontrar um médico. O pai da moça se junta ao bando que trabalhava na casa de David para matar Niles, e David resolve tomar partido e fica encurralado lá dentro contra os invasores.
O problema do filme é que ele acaba sendo muito hipócrita. O personagem principal tenta agir de forma moralista, mas o que o diretor mostra durante todo o filme é um comprometimento com a violência. Todos os personagens em determinado momento parecem apreciar a violência, mesmo o personagem de David, que acaba parecendo estar tendo um moralismo barato, jogando qualquer intenção de mostrar o contrário pelo ralo.

Um comentário:

  1. Prá mim trata-se de uma obra-prima, talvez o melhor filme desse genial diretor renegado em Hollywood. Entra na minha relação dos "Dez Maiores de Todos os Tempos". Susan George, com uma carga erótica poderosa, brilha na sequencia do estupro.

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