sexta-feira, 11 de maio de 2012

A SEPARAÇÃO - JODAEIYE NADER AZ SIMIN - A SEPARATION


NOTA: 10.
- O que é errado é errado, não importa quem disse ou onde está escrito.

Este é o tipo de filme onde não há vilões. Não há ninguém fazendo alguma coisa para propositadamente prejudicar outra pessoa ou mesmo fazendo alguma coisa errada. Você pode até não concordar com a atitude de algum personagem, mas a verdade é que todos os personagens importantes estão apenas tentando levar suas vidas da melhor forma possível, dentro dos limites da mesma religião. O problema é que a melhor forma de levarem suas vidas nem sempre está em harmonia e eles acabam tendo que resolver suas diferenças perante um juiz. 
O filme se passa no Irã dos dias de hoje, uma cidade que está se modernizando mas que ainda tem que viver sob o rígido regime do islamismo. O filme não critica a religião ou qualquer coisa do gênero, mas nos mostra como a inflexibilidade pode frustar algumas pessoas algumas vezes. A verdade é que em qualquer lugar as pessoas podem ficar frustradas com as leis ou religiões que seguem, e aqui não é diferente.
Começamos em uma casa de classe média em Teerã, onde vivem o casal Nader e Simin, junto com a filha dos dois, Termeh, e o pai senil dele. Eles haviam concordado em se mudar do país e Simin está pronta e ansiosa para partir onde Termeh talvez consiga ter um futuro melhor, mas Nader não quer se mudar para poder tomar conta do pai. 
Aqui já encontramos a primeira diferença de pontos de vista. Simin diz que o velho não reconhece o próprio filho e que a presença dele não vai fazer diferença alguma, mas Nader responde que ele o conhece. Em cada ponto de vista, os dois estão com razão, mas Simin se muda para a casa da mãe e dá entrada com um pedido de divórcio, ainda que ambos queiram permanecer casados. Nader contrata uma mulher, Razieh, que mantém a natureza do seu trabalho em segredo do marido, Hodjat, um mulçumano que jamais permitiria que ela trabalhasse na casa de um homem separado da mulher.
A trama complica quando Nader chega em casa um dia e encontra seu pai desacordado e amarrado a uma cama. Ela teve um bom motivo para fazer o que fez, mas ele não sabe disso e nem nós. Ele a demite e a expulsa da casa, o marido dela acaba processando Nader por achar que ele é culpado pelo aborto que ela acabou tendo e todo o caso acaba diante de um juiz. Juiz que sempre tenta manter a mente aberta e parece ser justo, mas realmente não tem uma tarefa fácil.
O diretor e escritor, Asghar Farhadi, conta a história da maneira mais neutra que pode. Talvez possamos não concordar pelo rumo que a história toma ou mesmo com a decisão do juiz que não é igual ao que sentimos, mas pelo sabemos porque essas decisões estão sendo tomadas. Ele consegue fazer com que tenhamos empatia pelos personagens, e mesmo o mais estourado Hodjat pode ser compreendido. Ele ainda tem a ajuda de um elenco maravilhoso em suas mãos, capaz de nos fazer acreditar em toda a história e em tudo que está acontecendo.
É um filme que nos mostra de forma brilhante como está a vida no Irã de hoje, longe de mostrar as "barbáries" que ouvimos falar, como as punições severas para adultério ou roubo. O que temos são personagens que estão apenas tentando fazer a coisa certa, cada um a seu jeito. Leis e regras são criadas a partir de situações hipotéticas que possam acontecer nas nossas vidas, mas aqui vemos que é difícil falar de lei quando estamos lidando com sentimentos humanos. Nem tudo pode ser calculado.

Um comentário:

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