sexta-feira, 2 de março de 2012

DRIVE


NOTA: 9.
- Se eu dirigir para você, terá seu dinheiro. Você me diz onde começamos, onde vamos e onde vamos depois. Eu te dou cinco minutos quando chegarmos lá. Qualquer coisa que acontecer nesses cinco minutos, eu sou seu. Nâo importa o que aconteça. Qualquer minuto antes ou depois e você está por conta própria. Eu não carrego uma arma. Eu dirijo. 

Ryan Gosling é um ator que constrói personagens muito interessantes, e aqui ele empresta seu talento para contruir um dos personagens de ação mais interessantes do ano. Ele não tem nome, todos o conhecem apenas como o "Piloto". Sem outro nome ou outra vida. Isso é o que ele faz. Logo na primeira cena, o vemos dirigindo um carro de fuga de um roubo. Ele foge da polícia não usando apenas velocidade e habilidade, mas astúcia ao explorar as ruas e enganar a polícia. Quando não faz isso, ele é dublê de atores em filmes onde realiza capotagens em carros. Seus empregos não apresentam conflito. Ele é um piloto.
Seu personagem me lembra muito o clássico personagem sem nome dos filmes de Sergio Leone interpretado por Clint Eastwood. O "Piloto" não tem familiares, passado ou mesmo demonstra muitas emoções. Talvez alguma coisa tenha acontecido em seu passado e o deixado do jeito que é, mas isso não é algo que descobriremos.
Talvez isso o qualificasse para ser um herói sem importância num filme de ação medíocre com muitas explosões, efeitos especiais e perseguições (claro), mas Drive é mais um exercício de estilo e emoções que podem estar escondidas do que um filme de ação tradicional. E ele funciona porque talvez não se esforce para responder questões. O "Piloto" lembra um personagem da antiga Hollywood, como um detetive noir como os que Bogart interpretava.
Ele mora num apartamento há um tempo mas somente conhece sua vizinha quando a encontra no elevador. Ela é Irene (Carey Mulligan), mãe de um garoto conhecido como Benicio, que atrai a afeição do "Piloto". Talvez por nenhum dos dois aparentarem ser do tipo efusivo. Eles se aproximam mas uma semana depois o marido de Irene é libertado da cadeia. Ao contrário do que possamos pensar, Standart (o marido) não se vê com ciúme ou incomodado com a presença do rapaz.
O problema é que Standart está devendo dinheiro para umas pessoas que o espancam e ameaçam de machucar sua mulher e filho a menos que ele participe de um roubo. Preocupado com a segurança dos dois, nosso herói decide participar do roubo dirigindo o carro de escape para ter certeza que nada aconteça. Ele sequer aceita parte do dinheiro do roubo, ele quer apenas que ninguém saia ferido durante a operação. É isso que vai nos levar até o resto do filme.
O filme é dirigido pelo diretor Nicolas Winding Refn, o mesmo que realizou Bronson. Ao contrário do que fez com seu filme anterior, onde ele se preocupava em contar os mínimos detalhes de seu personagem título, aqui ele tenta contar o mínimo. Assim como as pessoas ligadas a eles, incluindo seu "mentor", Shannon que costumava ser dublê, e uma dupla de mafiosos que vão patrocinar sua ida às corridas de Stock Car (interpretados por Ron Pearlman e Albert Brooks).
Mencionei efeitos especiais antes, mas não acho que esse filme tenha algum. Se tem, foi muito bem feito, pois não consegui identificar uma cena que o tenha usado. Acho mesmo que as cenas foram filmadas à moda antiga. Todas as cenas de perseguição do filme parecem possíveis de serem realizadas no mundo real, e não apenas nas telas do cinema. Outra parte do filme funciona pelo talento de Ryan Gosling, que só sabe criar personagens realmente poderosos. Em um filme, ele até mesmo me fez acreditar que estava em uma relação com uma boneca inflável (daquelas sexuais). Ele é desses atores capazes de fazer qualquer coisa. A combinação faz deste um bom filme que vale a pena ser visto nos cinemas.

2 comentários:

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