sábado, 30 de janeiro de 2010

BRONSON


NOTA: 8,5.
Como você se sentiria acordando num quarto sem janela? Eu tenho que comer, evacuar e dormir em uma quarto por 23 horas por dia. Que ser humano merece isso? Eu não fiz nada para merecer isso.

Como se pode ler no cartaz, o filme foi rotulado como um Laranja Mecânica do novo século. Claro que se trata de um exagero e o filme não fez estardalhaço como o filme de Kubrik fez, mas Bronson é sim um filme instigante cujos personagens se assemelham de certa forma. Nos dois casos, não há nada que indique motivos para o comportamento violento que eles tem. Bronson, nascido Michael Peterson, não é maltratado pelos pais, não sofreu abusos e não vem de uma família miserável. É uma casa bem comum, na verdade. Simplesmente é da sua natureza ser assim. Como ele mesmo diz, ele não culpa os pais ou sua infância por nada que aconteceu na sua vida.
Peterson (Tom Hardy) adotou o nome do ator Charles Bronson quando era novo e se impressionou com o filme Desejo de matar. Não se engane. A história do filme é real. Charles Bronson realmente é o pseudônimo do prisioneiro mais famoso do Reino Unido e provavelmente o mais violento. Seu "hobby" na cadeia é sequestrar um funcionário para negociar um resgate. Resgate que se resume a uma luta corporal contra os guardas da prisão que além de maior número usam cacetetes. Há até mesmo um ritual onde se se besunta de óleo para ficar brilhando. Ele faz porque simplesmente gosta, ainda que nunca acabe bem para ele. De uma sentença de 7 anos, ao final do filme somos informado que ele está 34 anos na prisão.
Por que ele faz isso? Não sei e se o personagem sabe não diz. Não sei se o prisioneiro real alguma vez falou do porquê de seu comportamento. Se há um motivo real para agir como age. Mas isso não interessa ao filme. A história se resume a uma hora e meia de raiva e brutalidade. Depois de uma luta ele vocifera: "Eu faço mágica aqui." Essa é a sua visão. Talvez se tivesse nascido em outra era teria dado um ótimo gladiador nas arenas.
E Tom Hardy faz um belo espetáculo na frente das câmeras. Ele traz uma presença animalesca que se destaca no filme. Fisicamente, ele impressiona com o que faz em cena. Pulando de mesas, entrando em combates contra uma dezena de guardas e por aí vai. É bem provável que tenha se machucado durante as filmagens, mas é essa veracidade que faz com que o filme ganhe ainda mais em emoção.
O grande acerto do diretor é não buscar motivos para o comportamento. Diferente de outros diretores que preferem "humanizar" seus "vilões", ele assume que as pessoas são porque simplesmente são. Bronson gosta de lutar. Azar das pessoas que trabalham na prisão. Se louco é quem faz as mesmas coisas esperando resultados diferentes, Bronson é a mais sã das pessoas, pois todos seus atos são feitos esperando os mesmos resultados.

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