NOTA: 9.
"Eu tenho os mesmos genes que ela, então devo ser mesmo filho dela. Quando era menor, preferia imaginar meu pai dormindo com outra mulher." Henri
Famílias disfuncionais geram ótimo filmes. Em geral, os filmes acabam dando a preferência a um personagem da família que possa parecer mais interessante. Ás vezes é alguma notícia bomba que vai estourar naquela família. Aqui é uma família se reunindo pro natal. Não acredite que acontece de repente. O natal do filme demora a chegar. Não há um desenrolar de situações que vão explicar o que estão passando através de diálogos ou flashbacks. O filme desenvolve tudo sem pressa alguma.
O fato principal é que a matriarca da família está morrendo de um câncer no fígado e considera a possibilidade de fazer um transplante de medula para aumentar sua expectativa de vida. A família se reúne para as festas, e é daquelas famílias grandes, com filhos, tios e netos. Não há uma linha narrativa a ser seguida. O que acompanhamos são momentos entre os integrantes a família. Algumas vezes engraçados, outras trágico, reveladores e outros sérios.
O filme não foca na dor ou no drama. Esse é seu grande acerto. A própria "vítima" não age de forma tão dramática. Na verdade ela reage de uma forma bem estranha. Ela nem ao menos sabe se deseja fazer o transplante ou não. Enuqanto isso, seu marido faz todas as contas de expectativas de vida com transplante e sem.
Engraçado pensar que por não ter uma linha narrativa definida, o filme em vários momentos parece estar indo pra lugar nenhum. É um daqueles filmes que você nunca sabe quando vai acabar, mas daquela forma chata que faz o filme parecer ter vários finais. Não que eu considere isso uma coisa ruim. Na verdade dá um toque especial ao filme.
Não há ninguém que se destaque nas atuações também, mas todos estão ótimos em seus papéis. Para quem não está acostumado com filmes franceses, tem que se preparar para longos diálogos. Em algumas vezes ele parece se alongar um pouco demais em certas cenas, mas nada que estrague o filme. Pra mim fica a experiência de ter visto de novo Deneuve em um grande filme.
Un Conte de Noel. Ano: 2008. Duração: 157 minutos. Com: Catherine Deneuve, Mathieu Almaric, Jean-Paul Roussillon e Anne Consigny. Direção: Arnaud Desplechin; Roteiro: Arnaud Desplechin e Emmanuel Bourdieu; Música: Grégoire Hetzel; Fotografia: Eric Gautier; Edição: Laurence Briaud.
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