NOTA: 9,5.
“Ou você está conosco ou está contra nós. E se estiver contra nós, não vamos poder deixar você ir. Porque não poderemos confiar em você.” Gigante
Um dos melhores filme sobre criminosos. Não tem o charme de um O Poderoso Chefão, mas talvez seja justamente por isso que é tão contundente. São criminosos italianos matando uns aos outros. Sem remorsos. Como diria Corleone: “São apenas negócios.”
O filme mostra todos os tentáculos da organização criminosa conhecida como Camorra. Situados em Nápoles, provavelmente são maiores que a máfia porém menos conhecidos. Quer dizer, pelo menos eu nunca havia ouvido uma palavra sobre essa organização. No final somos informados de que eles movimentam 250 bilhões de Euros por ano. No final do filme, cartelas dizem que a organização investiu dinheiro até na reconstrução do World Trade Center. Preciso dizer mais sobre o poderio deles?
O filme ganhou o Grande Prêmio de Cannes e concorreu ao Globo de Ouro de melhor filme estrangeiro. Por que não concorreu ao Oscar eu não sei dizer. Talvez pelo fato do filme não ter um personagem principal que desperte empatia do público. Não há heróis e vilões nesse filme. Não há um único mocinho.
Se for esse o caso, o que eles consideram uma falha eu declaro como uma virtude. E uma das grandes. Não chegamos nem a conhecer os verdadeiros chefões dessa organização. O filme trata dos peões dela. Meros peões. Que vivem e morrem por pouco enquanto os líderes estão sentados em algum lugar em cima de 250 bilhões anuais.
O filme é baseado em um livro escrito por Roberto Saviano. Segundo uma pesquisa no Wikipedia, ele se infiltrou na organização criminosa. Viveu seu cotidiano e teve ajuda de informantes. Foi além, deu nome aos bois e agora vive sob vigilância constante. Esse é o preço da coragem dele. Acompanhamos a organização do tráfico de drogas, enterro ilegal de resíduos tóxicos e até mesmo o envolvimento na indústria da moda.
Garrone roda o filme de maneira quase documental. Nada de truques de câmera ou um belo visual. Vemos as coisas tais quais elas são. É um filme sórdido. Não há luxo e ostentação aqui. Não é bonito de ver, mas com certeza não passa longe das situações pelas as quais passa muita gente no Brasil. E nesse caso, se formos comparar com o nosso Cidade de Deus, saímos perdendo.
Não vou me alongar mais que isso. A história é complexa demais e os personagens são muitos. Muitos mesmo. Lembro que em Cidade de Deus, muitos personagens se transformavam em um para evitar problemas de compreensão e evitar o grande número de personagens. Gomorra dá aula de como uma adaptação dessas deve ser feita. Muitos personagens sim, mas todos com importância crucial no desenrolar do filme. No final você pode não lembrar o nome de todos, mas com certeza vai lembrar da história. Este filme pode não funcionar como espetáculo cinematográfico com um visual bonito, mas com certeza dá uma aula de história sobre o crime na Itália.
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