No dia 13 de Novembro de 2009, fiz as primeiras postagens com os filmes Apenas Uma Vez, Speed Racer e O Amor Não Tem Regras. Um ano depois e em mais de 100 postagens desde então, o blog foi crescendo e tomando a forma que tem agora. Mudanças tanto nos textos quanto nas próprias postagens.
Então para comemorar, vamos falar um pouco da evolução do cinema. Um pequeno resumo do início, claro.
É de conhecimento de muitos (praticamente todos que gostam de cinema) que o cinema foi "inventado" pelos irmãos Lumière, na França. Bem. Na verdade eles foram os primeiros a realizar uma exibição de cinema no mundo. O cinema iria existir mesmo sem eles. Relatos mostram que Edison já havia feito um aparelho semelhante, só não o lançou porque não conseguia sincronizar o som com a imagem. Assim como em outros lugares do mundo também já tinham desenvolvimentos semelhantes.
A primeira exibição se deu em 28 de dezembro de 1895 com a exibição de 10 filmes curtos. Entre os filmes estava A Chegada do Trem na Estação de Ciotat, que, consta uma "lenda", fez com que várias pessoas saissem correndo com medo de serem atropeladas.
Se é verdade ou não não tem como ter certeza. De qualquer forma, o invento do cinematógrafo, como era chamado, despertou o interesse de muita gente. Incluindo Georges Méliès. Outra história conta que Méliès tentou comprar um cinematógrafo e os Lumière se recusaram. "É uma invenção sem futuro" eles teriam dito. Por mais que a frase tenha se tornado célebre, é difícil de acreditar nela. Os irmãos viajavam pela Europa divulgando o invento e como bons negociantes, era mais fácil pensarem no lucro do produto que negar sua venda. Prefiro acreditar que eles tinham algo em mente além disso.
De qualquer forma, os irmãos se limitavam a rodar mini documentários. Eram na verdade registros do cotidiano. A tendência se espalhou e o próprio Edison lançou alguns de seus filmes. Alguns feitos anteriormente a exibição de dezembro, incluindo o primeiro beijo do cinema.
Méliès conseguiu sua câmera e foi além. O máximo de dramaturgia que existia no cinema, era a filmagem de peças de teatro. Claro que não funcionavam já que não havia diálogos. Porém, ele começou a desenvolver histórias que eram próprias para o cinema. Foi quem inventou o cinema de ficção. E ficção mesmo. Graças a uma falha da câmera, ele conseguiu fazer as primeiras trucagens do cinema, sobrepondo uma filmagem a outra. Além disso, seus efeitos especiais também contavam com cenários elaborados e animações. Seu filme mais célebre foi A Viagem Para a Lua.
Apesar de haver evolução, essa ainda era tímida. Vendo o filme, se observa que não havia uma edição propriamente dita. A câmera ficava parada enquanto a cena se desenrolava. Um plano aberto que começa e termina a cena da mesma forma. Mas além dos efeitos, continha elementos interessantes. Os cientistas estavam mais para magos que outra coisa e a nave era uma bala a ser disparada em direção a lua. Os efeitos que faziam os alienígenas sumirem são impressionantes. E um dos primeiros erros de continuidade: a "nave" é disparada em direção a lua e logo depois a vemos já na lua, e somente depois vemos o pouso da mesma.
Infelizmente, ele morreu pobre e grande parte seus filmes se perderam. As películas da época continham prata, e quem as adquiria, queimava os filmes para obter o metal. Por sorte, uma parte continua intacta e disponível para quem quiser assistir. Boa parte se encontra no Youtube.
A próxima evolução aconteceu com Edwin S. Porter. Alguns anos depois de Méliès, ele evolui um pouco o cinema que o francês usava. Porter começa a usar a movimentação de câmera e o posicionamento dela. Ao invés da câmera frontal, ele começa a usar outros ângulos, dando mais dinâmica. Na fuga dos bandidos em O Grande Roubo do Trem por exemplo, a câmera se move para acompanhar a fuga. Inovações ainda discretas, mas que já começam a melhorar a forma de fazer filmes.
Quem realmente deu a cara do cinema foi o também norte americano D. W. Griffith. Não foi ele que inventou grandes maneiras de se fazer filme, mas ele foi o primeiro que entendeu o que o cinema podia realmente se tornar. Entendendo isso, ele juntou todas as criações que haviam e as incorporou nos filmes de maneira única. Alguns dizem que ele criou algumas coisas mas é tudo muito controverso. O que é certo é que ele foi o primeiro a utilizar a montagem paralela (dois eventos simultaneamente em dois lugares distintos) de modo a criar suspense na cena. Graças a ele também foram incorporados o plano detalhe para destacar algum elemento, o ponto de vista de um personagem, regras de continuidade entre outras coisas. Seu maior feito, foi o O Nascimento de Uma Nação. Depois de assistir um filme de longa duração, ele resolveu realizar o seu próprio, considerado por muitos como o primeiro longa (considerando que foi o primeiro a ser feito com as regras cinematográficas conhecidas até hoje, ao contrário de seus antecessores). Chega a ser irônico pensar que Griffith pulou de uma duração de pouco mais de 10 minutos para um longa de 3 horas, mas tudo bem. Chaplin o definiu como "Pai de todos nós".
Muitos vão dizer que Griffith era racista e que isso transparecia em seus filmes, mas não estou analisando caráter e sim sua importância cinematográfica. A acusação de racismo o perseguiu por toda a vida, tanto que mesmo realizando bons filmes, nunca mais conseguiu sucesso de público. Mesmo após sua morte ele ainda sofreu com isso. O prêmio do sindicato de diretores da américa substituiu o nome D. W. Griffith Award, dado pela excelência de um diretor para DGA Lifetime Achievement Award por causa disso. Uma curiosidade: uma parte de O Nascimento de uma Nação é usada no filme Forrest Gump. Quando Forrest conta sobre um antepassado seu, aparece uma cena da Ku Klux Kan, essa parte foi retirada do filme de Griffith e anexada digitalmente ao longa com Tom Hanks.
Espero que tenham apreciado o pequeno resumo dos primórdios do cinema. Quem sabe não posto mais numa próxima "Postagem Especial"?
Poxa que legal sua iniciativa.
ResponderExcluirÉ graças a pessoas como voce que eu não desisto do potencial dos brasileiros.
Muito bom esse tópico!!! Bem instrutivo.
ResponderExcluirParabéns pela iniciativa de falar a respeito da história do cinema. Visto que você aprecia essa história, acho que vai gostar bastante de saber, se é que já não sabe, sobre uma produção não comercial que atingiu, em apenas um ano, mais de 9 milhões de espectadores no ano de 1914. Trata-se do Fotodrama da Criação, um ousado empreendimento educacional muito avançado para a época, e milhões o viram gratuitamente. Vale a pena conferir.
ResponderExcluirParabéns pelo Blog.
Não conheço.
ExcluirVou ter que procurar.
Valeu.