segunda-feira, 7 de janeiro de 2013

SETE PSICOPATAS E UM SHIH TZU - SEVEN PSYCHOPATHS


NOTA: 9.
- Você é escritor e é irlandês. É um alcoólatra duplamente amaldiçoado.

Não é a primeira vez que um roteirista cria uma história a partir de um bloqueio criativo. Já tinha acontecido com Kauffman e acontece agora com o roteirista e diretor Martin McDonagh. Ele acerta em cheio no nome do filme. Não sei como essas pessoas acabaram se encontrando de alguma maneira, mas o mais importante é que todos tem seus lugares na mesma lista. E todos vão parar no roteiro que está sendo escrito pelo seu alter ego no filme.
O roteirista no filme é Marty (Colin Farrel), e o "está sendo escrito" quer dizer que ele tem o título e nada além disso. Ele sequer tem ideia de quem serão os sete psicopatas do título. Em boa parte do tempo o filme é uma comédia, em outras o diretor não economiza no banho de sangue. O mais divertido mesmo é observar que se trata de uns desses filmes que não disfarçam que é um filme. Algumas coisas acontecem de verdade, outras são frutos de imaginação, há ainda as histórias que acontecem dentro do filme e não posso esquecer das coisas que acontecem dentro do roteiro.
Quando Marty é chutado pra fora de casa por Maya (Abbie Cornish), sua namorada, ele vai morar com seu melhor amigo, Billy Bickle (Sam Rockwell com um personagem quem tem o mesmo sobrenome do personagem de De Niro em Taxi Driver), que está ansioso para ajudar seu amigo a fugir de sua crise criativa. Billy é ator mas não consegue muitos trabalhos por acabar agredindo os diretores e ganha a vida com Hans "sequestrando" (ele diz que pega emprestado) cachorros e depois devolvendo pelo dinheiro que seus donos oferecem como recompensa.
É Billy que para ajudar Marty escreve um anúncio convocando psicopatas para aparecerem na sua casa para contar suas histórias, o que acaba levando um serial killer de serial killers que não se separa de um coelho até a sua porta. Não sei o quão perigoso isso pode ser, mas aparentemente é mais perigoso ainda sequestrar o cão Shih Tzu de um perigoso mafioso da cidade. O psicopata Charlie (Woody Harrelson) é frio e impiedoso, e essa cachorro é a única coisa no filme inteiro que o faz demonstrar algum tipo de sentimento.
O elenco é todo afinado e dá conta do recado. Farrel segura bem como o protagonista do filme, Harrelson mescla com habilidade o lado sádico e o lado cômico e Rockwell vive sua loucura já conhecida. Cada psicopata tem sua maneira peculiar de ser que enriquece os personagens do filme. O mais especial deles, porém, é Walker. Apesar de se "auto-plagiar" em cena, ele é capaz de entregar cenas de alta carga emocional, ainda que algumas vezes não diga uma palavra sequer. E mesmo quando tem um diálogo que não parece prometer muita coisa, ele faz com que seja especial.
Em alguns momentos lembra filmes de Tarantino e em menor escala um Guy Ritchie, mas é um filme que mostra uma personalidade única que acaba o diferenciado dos demais. De alguma forma, o diretor McDonagh consegue juntar personagens tão diferentes e sem ligação de forma criativa, incomum e sem desperdiçar uma gota dos litros de sangue que jorram na tela. Um dos melhores entretenimentos que tive nos cinemas em um bom tempo.

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