sexta-feira, 4 de janeiro de 2013

MÁFIA NO DIVÃ - ANALYZE THIS


NOTA: 8.
- Qual é a minha meta aqui? Te transformar num mafioso feliz e bem ajustado?

Quando eu penso em um mafioso, não o imagino chorando sentado na frente de uma televisão por causa de um comercial sentimental. Por isso que Paul Vitti (Robert De Niro), um chefe de uma família de Nova York, se encontra em uma posição muito complicada em sua vida. Seus rivais, e talvez até mesmo seus aliados, não podem saber que ele está vulnerável. Se alguém descobrir, ele provavelmente vai se transformar num homem morto.
É por isso que Vitti bate à porta de Ben Sobel (Billy Crystal), um psiquiatra que basicamente só cuida de casos conjugais. "Você me conhece?", pergunta Vitti. "Sim", diz Sobel. "Não, não me conhece", responde Vitti. Este primeiro encontro define a relação entre os dois pela maior parte do filme. Sobel não pretende ajudar Vitti, já que se trata de um bandido, mas se não fizer pode ser apenas mais um na lista das pessoas que ele matou. E Vitti geralmente consegue o que quer. Conforme ele diz, só costuma ouvir "não" quando alguém lhe implora para não morrer.
Uma história cômica com esse teor, depende muito do seu elenco, e aqui os dois funcionam perfeitamente. De Niro brinca com habilidade da sua imagem de anos construída fazendo mafiosos em filme de Copolla, Scorcese entre outros, para fazer Vitti, um homem cujo elogios não se podem ser negados (com perdão do trocadilho) pelo psiquiatra de Crystal, que não parece ser muito competente mas que eventualmente vai acabar dizendo a coisa certa. 
O mais importante é a riqueza que os dois trazem a seus papéis. Fossem atores normais, talvez não fôssemos dar muita atençao à eles, mas o que acontece é que tomam dimensões além do que esperamos, e acabamos nos importando com eles. Talvez não muito, mas o suficiente para o filme se tornar mais interessante. Considerando que se trata de uma comédia e não um drama, talvez nos importemos tanto quanto devemos nos importar e continuar rindo.
Tratar Vitti não é uma tarefa das mais fáceis. Ele tem que ter cuidado porque se Vitti sentir que está ficando efeminado mandará matá-lo, é sequestrado no meio da noite quando está tentando se casar e até mesmo é atirado num tanque com tubarões quando diz a coisa errada. Para manter sua integridade física (a moral parece ter se perdido antes mesmo de ter conhecido Vitti), ele deve tentar curar o mafioso em horários estranhos e esperar que seu capanga Jelly o sequestre em qualquer momento de qualquer lugar para resolver uma emergência.
A grande graça do filme é a subversão dos filmes sobre a máfia. Eu nunca esperaria o "poderoso chefão" indo se consultar porque está com stress ou deprimido. Talvez o filme pudesse se perder por fazer tudo muito exagerado, mas ele mantém sua comédia na estranha relação entre os dois homens de mundo opostos. É uma boa comédia que nos apresenta mais do que possamos esperar. E um ótimo trabalho de um elenco bem escolhido.

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