quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

COSMOPOLIS


NOTA: 5.
- Você sabe das coisas. Eu acho que é isso que você faz. Eu acho que você adquire informação e a transforma em uma coisa horrível.

Este é o segundo filme que eu vejo que dedica boa parte do tempo dentro de uma limousine. O outro foi o estranho Holy motors e agora este filme de David Cronenberg. Apesar de ter gostado bastante do outro filme, realmente falhei em entender o que realmente aquele homem fazia para viver. Aqui eu também não entendo, mas o problema é que eles tentam me explicar e eu não consigo acreditar que nenhum deles realmente saiba do que está falando. E ainda pior, não fazem sequer os diálogos soarem interessantes.
O filme é estrelado por Robert Pattinson, que estamos mais acostumados a ver arrebatando corações de adolescente na saga Crepúsculo. Ele interpreta um personagem que é da nova geração de milionários que mal parecem ter atingido a fase adulta. Uma grande figura de Wall Street que neste dia que o acompanhamos está vendo sua fortuna de desfazer. Não que pareça preocupado com isso, seja porque provavelmente ainda terá o suficiente para se refazer ou porque está casado com uma mulher que apesar de não lhe dar afeto está disposta a lhe ajudar financeiramente. Ou ainda porque parece tão afastado de qualquer sentimento que perder todo esse dinheiro possa lhe fazer sentir algo. Para as fãs do ator, há várias cenas de sexo, apesar de ele demonstrar mais interesse no seu exame de próstata do que nas relações.
Assim como vários heróis do cinema, Eric Packer (Pattinson) resolve fazer uma jornada. Durante o dia mais crítico que pode haver, onde há confusão e violência por quase todas as ruas por onde passa (por conta do enterro de um rapper e revoltas anarquistas) ele resolve cruzar a cidade com um objetivo específico e pouco interessante: ir a uma barbearia para ter seu cabelo cortado. Não é um barbeiro especial nem nada do tipo, é um barbeiro comum, do tipo que ele poderia fazer ir ao seu escritório sem problema algum.
Ele passa tanto tempo dentro de sua enorme limousine que encontra tempo para diversos encontros: o médico que lhe aplica o exame de próstata e ainda outros exames com ajuda da tecnologia que o veículo tem, almoça e janta com sua esposa (ainda que seja um mistério como ele a encontra), sua amante interpretada por Juliette Binoche e tem uma conversa com teorias diversas com Vija (Samantha Morton). Ainda encontra tempo de pedir ao seu segurança que lhe aplique um choque com uma dessas armas tasers que despejam cem mil volts. Ele realmente parece desesperado para sentir alguma coisa.
A cena final envolve um tiroteio entre Pattinson e Paul Giamatti. Como eles se encontram é um grande mistério pra mim, o fato é que se encontram para terem uma conversa extremamente filosófica. Nesse ponto do filme, eu já imaginava que o melhor é não imaginar como as coisas acontecem, e simplesmente pensar que se trata de uma adaptação de um livro e que certas coisas acontecem porque devem colocar o filme em movimento, já que o carro em si não parece fazer isso.
Nem sempre eu consigo me envolver com os filmes de David Cronenberg. Claro que quando isso acontece é uma experiência única, mas infelizmente, como nesse caso, não acontece. Dificil é não falar que mesmo assim o diretor não perde a mão e consegue mostrar seu talento. Principalmente se considerarmos o espaço apertado de um carro em que faz a maior parte de suas cenas. Ele faz a gente manter o interesse no filme mesmo quando os atores e a história não parecem fazer o mesmo.

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