segunda-feira, 17 de setembro de 2012

ED WOOD


NOTA: 9.
- É este. É por este filme que eu serei lembrado.

Para os que nunca ouviram falar do personagem título, Edward D. Wood Jr. era um diretor de cinema que conseguiu o título de pior diretor de todos os tempos. Título que Wood fez por merecer. Segundo observamos neste filme, parece que ele nunca filmou uma cena que não gostasse. Ele era tão apaixonado pela arte e pelo que estava fazendo, que não reparava nos erros grosseiros, atuações ruins ou coisas do gênero. E era justamente no conjunto dessas imperfeições, algumas vezes grotescas, que residia sua grandiosidade e que o tornou em uma lenda.
Conhecido por se vestir de mulher, ele estrelou Glen ou Glenda, onde interpretava o travesti cuja história é contada. Fazendo parceria com o ator Bela Lugosi, que em sua época de maior sucesso ficou imortalizado como Drácula mas que posteriormente ficou no ostracismo, fez seu filme mais famoso: Plano 9 do espaço sideral, filme onde Lugosi morreu durante as filmagens e foi substituído por um dublê que tapava o rosto com sua capa.
Com uma história dessas em mãos, seria fácil pensar que o filme foi feito para zombar do diretor, mas o que Tim Burton, que havia acabado de sair de seu segundo filme de Batman, fez, foi reverenciar esta grande figura. Não apenas isso, Burton celebrou também os filmes da época que exploravam um título interessante e usavam antigas celebridades e criavam filmes dos tipos mais estranhos que possamos imaginar e com resultados duvidosos.
Tim Burton parece ter um gosto por personagens deslocados dos lugares onde estão. Assim foi com Edward Mãos-de-Tesoura, Besouro-Suco, Sweeny Todd entre outros, incluindo até mesmo o Batman. Ed Wood (um Johnny Depp com um entusiasmo que não vemos mais hoje em dia) não é diferente nesse sentido. Seu gosto por roupas de mulher e a sua necessidade imensa de fazer filmes, faz com que ele seja estranho ao resto das pessoas. E ao mesmo tempo faz com que ele seja capaz de atrair os mais diferentes tipos, incluindo o próprio Bela Lugosi (em uma interpretação brilhante de Martin Landau).
Uma das coisas que mais me atraiu neste filme, é justamente a relação entre Lugosi e Wood. Wood parece tão cego para as coisas, que sequer parece perceber a atual realidade de Lugosi. O ator não é mais uma estrela, mas ainda assim Wood faz questão de tratá-lo como se fosse ainda. Ele o adora e acaba se tornando necessário para a vida do velho ator. E é interessante como Lugosi faz um dos melhores filmes de todos os tempos, e acaba fazendo alguns dos piores.
Não sei dizer o quanto esse filme é baseado em fatos e o quanto apenas serviu de inspiração para a criatividade dos roteiristas e do diretor. Seja como for, o filme nos brinda com ótimas cenas, tanto durante as gravações dos filmes de Wood, quanto em outros aspectos de sua vida. Há uma cena ótima onde Wood, travestido, encontra um Orson Welles em um bar e este o inspira a seguir sua visão. E que visão.

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