quinta-feira, 30 de junho de 2011

COMO ERA VERDE MEU VALE - HOW GREEN WAS MY VALLEY



NOTA: 8.
- Memória. Estranho como a mente pode esquecer o que se passou há pouco, e ainda assim guardar claramente na memória o que aconteceu anos atrás.

O ano de 1941 foi o do lançamento de Cidadão Kane, a obra-prima de Orson Welles que contava a história do milionário Kane claramente inspirado no barão dos jornais William Randolph Hearst, que ainda muito poderoso fez enorme pressão para que o filme não fosse lançado e depois que não fosse premiado. O filme escolhido para "abafar" Kane, foi este filme do mestre John Ford produzido pelo lendário Darryl F. Zanuck, ambos muito talentosos para fazer filmes mas que neste em particular ficaram muito aquém dos feitos que o filme de Welles conseguiu.
Uma coisa devo dizer a favor do filme, poucas vezes uma obra tão bonita que retrata a alma de uma pequena cidade cujo o povo é honesto e simples teve tanto espaço nas telas. Caráter e dignidade são características cada vez menos requisitadas nos filmes, mas aqui é tudo que precisamos para ficarmos vidrados com a história filmado num visual que, mesmo em preto e branco, é arrebatador.
A família que acompanhamos no filme são os Morgans, um clã de mineradores. Os acompanhamos através dos olhos de Huw, o caçula, o único jovem o suficiente para trabalhar mas que acompanha toda a saga da família. Também é ele quem narra o filme já adulto, lembrando com carinho dos tempos de sua infância até se tornar um homem. Dos seus bravos irmãos, sua mãe que amava a todos com todo o seu coração e de sua irmã que trocou uma vida rica por amor ao pastor da cidade que também servia de mentor intelectual de Huw.
Mesmo sendo um filme memorável e bonito, não é perfeito. Mesmo para época. Talvez fosse melhor terem escolhido O falcão maltês para melhor filme. Não consigo me identificar plenamente com as pessoas da cidade. Apesar de sempre acompanharmos o cotidiano deles, sempre fica um certo afastamento, uma distância. Mesmo momentos que poderiam evocar uma maior proximidade, e maior emoção, passam pela tela sem causar muito efeito. Como a cena em que Huw salva a mãe depois de caírem em um rio congelado, e mesmo o desabamento da mina parece mais uma forma de terminar o filme do que realmente ter uma cena de real dramaticidade e emoção.
Sua premiação pode ter a ver também com o tema, que sempre agradou a academia. É justo também dizer que esse não é o pior filme que já foi agraciado pela academia, apesar de não ter nada de especial ou memorável durante sua projeção. Ficou um pouco datado com o passar dos anos, mas ainda pode ser visto pelos saudosistas que estão sempre olhando para trás lembrando de como os bons e velhos tempos eram bons mesmo, mas será que eram realmente bons? Olhando para aquela época, fica a impressão de um filme que "roubou" pelo menos 5 Oscars de Cidadão Kane (este acabou levando somente por roteiro).

Um comentário:

  1. É preciso entender o coração do autor (Richard Llewellyn) e lançar a razão junto à emoção. Quem ler o livro e após assistir ao filme, terá um entendimento maior do porquê o Vale desbancou Kane. É compreensível e justo, à revelia de conspirações e teorias sobre o episódio da premiação do Oscar daquele ano.

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