segunda-feira, 14 de setembro de 2009

O CASAMENTO DE RACHEL


NOTA: 9.
“Faz nove meses que estou limpa.” Kym
Assim como o Há tanto tempo Que Te Amo, o novo filme de Jonathan Demme (O Silêncio dos Inocentes) conta a história de uma mulher que deve ficar com a irmã depois de passar por alguma dificuldade. Aqui, Kym volta para casa para o casamento de sua irmã.
Kym passou por várias clínicas de reabilitação. Ela é uma ex-viciada em drogas. Um dia que estava muito drogada acabou sendo responsável pela morte de seu irmão menor. Apesar do título, a história é centrada nela e em seus problemas em reencontrar com a família depois de passar mais de dez anos entrando e saindo de diversas clínicas.
Mais que acompanhar os preparativos do casamento, o filme mostra os conflitos dessa família disfuncional. Rachel acredita que seu pai gosta mais da irmã do que dela. Rachel que está preocupada com sua reabilitação e acaba virando parte das atenções para si mesmo e seus “12 Passos”. O pai é como todo o pai, procura conciliar as coisas sem parecer tomar parte. E por aí vai.
Demme dá ao filme um tom documental. A câmera tremida não serve apenas para exteriorizar a loucura da família (em especial de Kym), mas também para nos familiarizar com a situação. No jantar de ensaio, assim como nos preparativos do casamento até o casamento, a câmera faz lembrar nós mesmo em uma festa, quando vagamos pelo salão observando os acontecimentos. É assim que me senti assistindo o filme. Nem sempre vemos o que é mais interessante, e sim pequenas coisas que captam nossas atenções mesmo quando coisas (aparentemente) mais importantes estão acontecendo.
Os méritos de Demme são divididos com Jenny Lumet, que entrega logo em seu primeiro roteiro uma história contundente. Ela segura os porquês. As informações vem pingadas. Logo de cara, Walter, um interno assim como Kym, a pergunta se ela tem matado mais alguém em acidentes de carro. Numa loja a balconista a pergunta se ela não apareceu em Cops. A informação de que é o irmão dela que morreu só vem muito depois. E mais ainda para sabermos o que realmente aconteceu.
Depois de entregar O Silêncio dos Inocentes (Oscar de filme, direção, roteiro, ator e atriz) e Filadélfia no início dos anos 90, Demme estava devendo um bom filme. Agora não deve mais.

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