terça-feira, 29 de novembro de 2011

HITCHCOCK TRUFFAUT 29: LIFEBOAT - UM BARCO E NOVE DESTINOS (1944)

Para ler o que já saiu de Hitchcock Truffaut, clique aqui.



NOTA: 8.
- Morrer juntos é ainda mais pessoal do que viver juntos.

Agora Hitchcock passa para um verdadeiro desafio. Saem tramas elaboradas e variados cenários para um filme todo passado dentro de um bote salva-vidas. Nove pessoas sobreviventes de um navio vítima de um  torpedo, logo na primeira cena, ficam dentro do bote tentando sobreviver até o resgate. Ele aproveita para testar uma teoria: analisando um filme psicológico, cerca de 80% era dedicado a planos fechados, o que era o que acontecia ao se filme dentro de um pequeno barco. A técnica usada seria uma espécie de precursora da TV.
Houve ainda um outro motivo para gravar o filme. O mundo ainda se encontrava em guerra, e havia duas forças presentes: democracia e nazismo. As democracias estavam em plena desordem enquanto os alemães, certos ou não, sabiam exatamente onde queriam chegar. A mensagem que ele queria passar é que as democracias deveriam se unir contra o inimigo comum.
Depois que o navio afunda, juntam-se os nove sobreviventes, sendo um deles um alemão que finge ser um mero marinheiro do submarino que lançou o torpedo e que depois vamos descobrir que é na verdade o capitão. Pela sua patente, ele acaba se mostrando o mais competente para liderar o barco em direção à Bermudas. Esse fato foi o que na época mais gerou críticas contra o filme, pois como poderia um nazista ser o melhor para liderar? Mas justamente essa ideia ia de encontro com o que ele queria passar. Aquele homem era o único que sabia o que fazer.
Como todos sabem, o diretor é famoso pelas pontas que faz em todos os seus filmes. Como descrevi anteriormente, começou pela necessidade de preencher espaço na tela e depois acabou virando uma gag da qual ele não conseguiu se livrar. Geralmente fazia isso como um transeunte, coisa que seria impossível num filme em alto mar. Para resolver esse problema, ele acabou imortalizando também uma dieta que estava fazendo e que o fez perder 50 quilos. Ele aparece em uma propaganda em um jornal como modelo de um produto para emagrecimento.
Não apenas pelo fato de se passar unicamente dentro de um barco, o próprio clima também difere este filme do resto de suas obras. Não tratamos de suspense aqui, mas sim de um drama como ele não havia feito antes. O barco acaba se tornando uma espécie de "microcosmos" do mundo naqueles tempos de guerra. Temos fascistas, comunistas e democratas e conflitos que acabam por resolver o destino de todo o barco. Era claramente uma propaganda à favor dos aliados e ele se orgulha disso. Se não tivesse feito nada, se recriminaria depois. Isso por si só já é de se elevar um pouco a obra. São grandes artistas que em tempos difíceis se levantam em prol da coisa certa. 

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