domingo, 18 de setembro de 2011

RANGO

NOTA: 9.
- Fiquem na escola, comam seus vegetais e queimem todos os livros que não sejam Shakespeare.

Hoje, filmes de animação parecem estar em crise de criatividade. Com exceção dos filmes da Pixar e da Dreamworks Animation, a maior parte dos filmes estão muito mais inclinados a nos decepcionar do que realmente agradar as platéias de adultos ou crianças. Sendo que alguns deles não agradam sequer crianças (o que diminui a probabilidade de agradar os adultos na maioria das vezes). Por isso é uma grata surpresa ver um filme que não seja dessas produtoras que seja realmente bom, não subestima a inteligência da sua platéia e pode agradar sim adultos e crianças.
Isso o faz parecer um filme estranho. Mas é importante frisar que não é um filme que parece estranho, ele é realmente estranho por opção. Ou para parecer menos pejorativo, excêntrico. Ao contrário de filmes como Meu malvado favorito e Megamente, que usam vilões adoráveis para fugir do lugar comum dos desenhos animados, este usa um lagarto não apenas estranho na aparência, mas também no seu modo de ser. Um personagem no mínimo inusitado em filmes desse tipo.
Isso não parece ser tão surpreendente assim se formos imaginar que o diretor Gore Verbinski (dos 3 primeiros filmes da franquia Piratas do Caribe) já tinha seguido a mesma linha com Johnny Depp para fazer do pirata afetado Jack Sparrow a figura central do seu filme. E é Depp que não faz o filme sair totalmente dos eixos quando o filme abandona a sua fórmula para seguir o velho estilo de animações com cenas de ação para agradar a garotada.
Depp é o lagarto sem nome e sem amigos que vive preso em um aquário onde só conta com sua imaginação para se divertitir sozinho. Usando um boneco sem cabeça e um brinquedo de peixe, ele monta um teatro onde é o herói. Para seu azar ou não, um acidente faz com que ele se separe de seus donos e fique perdido  no meio do deserto. Encontrando com outros bichos, ele começa a criar um personagem que é destemido e heróico, assim como fazia nas suas encenações. Para ele melhor assim, já que dessa vez tem uma platéia.
Um feliz acidente faz com que sua história pareça realmente verossímel para o resto das pessoas da cidade, que pedem para que ele seja o xerife do lugar. A cidade passa por uma grande crise pela falta de água, e caberá ao pequeno e estranho lagarto tentar resolver o problema de todos. A questão é se o personagem que ele criou pode ser o suficiente para ajudar as pessoas ou não.
O filme é uma grande homenagem aos filmes de faroeste, um gênero que eu gosto muito. Talvez por isso eu tenha gostado tanto dele. Ele segue os mesmos princípios básicos que acompanham as histórias clássicas do gênero: um homem novo e misterioso chega na cidade, enfrenta o valentão do local para depois ter sua coragem testada.
Seguindo o padrão das novas animações, Rango é também uma maravilha para os olhos. Apesar de apresentar personagens que podem parecer pouco vistosos para o público, ná há como negar que são todos maravilhosamente animados. Cada escama, cada detalhe dos olhos é um espetáculo à parte. Além do roteiro, a animação ajuda a imprimir personalidade a todos os personagens. Cada um deles tem suas características muito bem definidas e que podemos identificar só de olhar para eles.
Para minha surpresa, o filme foi lançado apenas na versão do 2D, indo também contra a corrente que se segue hoje em dia que praticamente obriga toda e qualquer animação a ser lançada na versão 3D. Como os que acompanham o blog devem saber, eu não sou muito fã dessa tecnologia que me obriga a assistir um filme de óculos. Então o que diria para fazerem é assistir esse filme com o bom e velho 2D (que não tem perda da qualidade de cor e de imagem) e curtir uma história inesperada e interessante.

Um comentário:

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