terça-feira, 21 de julho de 2009

ACROSS THE UNIVERSE


NOTA: 9.
Sabe quando alguém te diz algo tão óbvio que seu primeiro pensamento é “Como ninguém pensou nisso antes?” Esse é o pensamento que deve pairar sobre a cabeça de muita gente depois de assistir a esse filme, que se trata nada mais nada menos de um musical com músicas (só) dos Beatles.
O filme começa em Liverpool, local onde a banda se formou, nos anos 60, com Jude decidindo fazer uma viagem para os EUA. Apesar de não contar para sua mãe, ele quer, na verdade, conhecer seu pai, e na busca por ele conhece Max, com quem forma uma forte amizade e se muda com ele para NY. É lá onde Jude se apaixona pela irmã de Max, Lucy. Se juntam ainda ao grupo a senhoria e cantora Sadie, a perdida Prudence e o guitarrista que lembra Jimmy Hendrix conhecido com Jo-jo.
Quem não viveu nessa década não precisa de preocupar pois a diretora situa todo o cenário: Guerra do Vietnã, a morte de Luther King e por aí vai. Até mesmo uma viagem ao mundo lisérgico à bordo do Magic Bus do Dr. Robert. E o melhor é que a história do filme não é datada, ela poderia muito bem estar acontecendo hoje ou em qualquer outra década.
Isso não quer dizer que a diretora Julie Taymor (que era mais conhecida pela sua versão da Broadway de O Rei Leão) se preocupe em contar uma história complexa com longos diálogos. Pelo contrário, quase tudo acontece para que haja uma música dos Beatles. Algumas vezes com o arranjo familiar e outras totalmente alterado. Julie se aproveita disso para criar um filme com cenas impressionantes. Prudence, por exemplo, é dramaticamente descartável, mas protagoniza duas delas: Primeiro ela dá um tom totalmente triste (e tocante) a I Wanna Hold Your Hand (que na versão original é bem alegre) e depois com a música de seu próprio nome, Dear, Prudence. Além dessas cenas, a imagem de um garoto cantando em meio a um tiroteio escondido atrás de um carro em chamas enquanto canta Let It Be é inesquecível.
Outra grande escolha da diretora foi no ritmo do filme. O filme segue da mesma forma que a carreira da banda inglesa. A primeira parte ingênua com músicas (em sua maior parte) animadas e fáceis; na segunda parte, é a parte mais viagem, com o mergulho no mundo das drogas e o sucesso subindo a cabeça; se torna mais profundo, sério e engajado quando Max vai pra guerra até o fechamento do filme.
Para os fãs da banda isso tudo é um prato cheio. Reconhecer as fases da banda, os nomes das personagens nas músicas e grande nomes cantando as músicas (fora os atores, há a presença de Joe Cocker e Bono, por exemplo). Em um determinado momento, o filme perde seu ritmo. Em parte por causa da escolha de apresentarem as músicas integralmente. Nada que estrague o filme, principalmente contando com um final ao som de All You Need is Love no telhado (uma referência a uma apresentação que a banda fez em um telhado da Apple sem cobrar ingressos e fato que também foi usado em um episódio de Os Simpsons).

domingo, 19 de julho de 2009

HARRY POTTER E O ENIGMA DO PRÍNCIPE – HARRY POTTER AND THE HALF BLOOD PRINCE


NOTA: 9.
Eu achava que a série havia estagnado a partir do terceiro filme. Depois de um péssimo começo com Chris Columbus (pelo menos foram bem de bilheteria), a franquia teve um ótimo “recomeço” com (o bom diretor) Alfonso Cuarón, que entregou o melhor filme da série. Até agora. De volta ao comando da franquia depois de A Ordem da Fênix, David Yates mostra segurança e entrega o filme mais maduro. Fato que impressiona se pararmos para pensar que Yates tem sua carreira consolidada apenas na TV britânica.
Talvez por isso tenha ouvido alguns adolescentes reclamando que o filme é “paradão”, ou que não é tão bom quantos os outros. Eu o considero muito bem vindo. Yates mostra que não precisa de grandes batalhas de bruxos, jogos de Quadribol ou campeonato entre bruxos para superar os demais filmes da franquia, só contar uma boa história.
Não que nada disso esteja no filme, está tudo lá, é apenas uma outra parte do filme. Isso porque basicamente o filme conta duas histórias. Uma é tudo isso: Um jogo de quadribol, uma batalha de bruxos e romance (sim, os garotos estão crescendo e seus hormônios se incendiando). Inclusive um perturbado Malfoy, dessa vez muito mais interessante que o covarde dos anteriores.
A outra história é bem mais sombria. A presença de Voldemort é certa e mais constante, apesar dele só aparecer quando criança na forma de flashbacks. Potter se junta a Dumbledore para investigar aspectos do passado do vilão que possam mostrar uma forma de acabar com a presença do mago das trevas. Com isso, Potter se aproxima de um novo professor, Jim Broadbent, provavelmente o último grande ator britânico que faltava na franquia.
Com um bom começo e um ótimo final, HP me surpreendeu. Esse é com certeza o filme que mais gostei até agora. Só vamos esperar que a divisão do último livro tenha mais a ver com continuar contando uma boa história que apenas uma forma de ganhar mais dinheiro. O fim está se aproximando.

HERÓIS – PUSH


NOTA: 5.
Push é um filme de ação que procura sucesso fácil em fórmula batidas pela franquia X-men e o seriado da televisão Heroes. O que o leva para seu grande problema, é bem inferior aos aos casos citados.
O filme nos conta a aventura de Nick ( Chris Evans) e Cassie (Dakota Fanning). Ele é filho de um telecinético e herdou seus poderes. Quando era criança, seu pai morreu para que ele pudesse escapar de homens que os perseguem, liderados pelo Agente Henry (Djimon Hounsou). Antes de morrer seu pai diz: “Um dia uma menina lhe dará uma flor. Você deve ajudá-la.” Desde então ele foge para não ser encontrado, se escondendo em Hong Kong. Cassie é uma vidente que oferece, muitos anos depois, a flor para Nick.
Em comum ele têm a Divisão. Uma companhia que captura seres com poderes para testar uma fórmula que serve para deixá-los mais poderosos do que já são. Cassie quer encontrar a única mulher que escapou, e é isso que ela pede a Nick. Porque de alguma forma, a mãe dela previu isso muitos anos antes. Bem vago, não? Mas essa é a desculpa pra muita ação, tiroteios e combates telecinéticos.
Tirando isso, é um filme muito bem fotografado com atuações convincentes, mas seu roteiro preguiçoso estraga tudo. Em uma determinada hora, aparecem novos personagens cujo poderes são apenas anular os poderes de outras pessoas para manter a história seguindo. Mais preguiça de quem traduziu o título, já que não há um único herói no filme inteiro. Com isso fica aquele gostinho “não precisava ser feito”.

segunda-feira, 13 de julho de 2009

GRAN TORINO


NOTA: 9,5.
Alguns diretores, conforme envelhecem, vão perdendo as melhores qualidades que os tornaram conhecidos. Spielberg nunca mais lançou um filmaço como costumava fazer e parece se contentar em lançar filmes agradáveis e produzir blockbusters. Copolla não consegue passar perto dos sucessos de seus dois primeiros The Godfather ou mesmo, em menor escala, de um Drácula. Lucas não conseguiu, nem voltando ao universo de Star Wars, o que tinha alcançado com a primeira trilogia. E mesmo a dupla unida, novamente, para um novo Indiana Jones não conseguiu a vitalidade dos filmes anteriores. Felizmente isso não afeta todos os diretores e abençoado seja Clint Eastwood.
O filme começa com o enterro da mulher de Walt Kowalski (Eastwood), um veterano da guerra da Coréia que hoje tem orientais como vizinhos, e espalhados pelo bairro inteiro, e fica indignado com o que a juventude de hoje se tornou. Um dia ele expulsa de sua varanda, membros de uma gangue que pretendem pegar Thao, garoto introvertido que mora na casa ao lado. A atitude é interpretada como um ato de heroísmo pela vizinhança e, mesmo a contragosto, Kowalski se torna um herói na vizinhança.
Criando amizade com Thao e sua irmã, Sue, Kowalski vê a chance de se tornar, no final da sua vida, um exemplo que nunca foi para seus próprios filhos. Seja ajudando o garoto a conseguir emprego ou mesmo tentando livrar os dois dos perigos das gangues.
Se lendo essa resenha você pensa que estou falando de um Dirty Harry aposentado, está mais ou menos certo. Não consigo imaginar qualquer outro ator fazendo esse papel. Ele é mau, mal humorado e diz as coisas mais racistas com uma naturalidade que impressiona. O problema é que com seus atos de heroísmos, Kowalski não traz paz, ele traz guerra.
Eastwood mostra um retrato de uma juventude que cresce sem modelos para seguir. E tenta ele mesmo, mostrado no seu personagem, mostrar a diferença que um bom modelo pode fazer na vida de um jovem que ainda está tentando descobrir seu espaço no mundo. Mas quando a violência gera mais violência, como acabar com a guerra?
Eastwood não entrega apenas um filme com uma direção segura e irretocável. Em 2004 ele nos tinha presenteado com um ótimo personagem em Menina de ouro e aqui ele vai ainda além. Perfeito tanto na frente quanto atrás das câmeras. Nada mal para um homem de 79 anos de idade. Longa vida a Eastwood.
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