sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

LARANJA MECÂNICA


NOTA: 5.
- Chega de falar. Ações mais falam mais alto. 

Acredito que muitos vão querer me crucificar, mas não acredito que Laranja mecânica seja uma obra genial. Na verdade, Kubrick tem alguns bons filmes e algumas obras realmente geniais, mas esse não é um dos seus melhores trabalhos. Especialmente, acredito que muito se falou desse filme por ser o que ele filmou logo após ao realmente genial 2001. Acabaram enaltecendo esse filme como se fosse outra obra de arte. E em nenhum momento eu senti isso.
Um dos principais motivos é por glorificar a violência. Muitos vão dizer que a intenção dele é justamente o oposto a isso, mas se isso realmente for verdade, se a intenção era realmente criticar a violência, eu sinto que ele falhou nesse sentido.
Para começar temos um dos personagens principais mais asquerosos da história do cinema: Alex (Malcolm McDowell). Ele é sádico, espancador, estuprador e ladrão, líder de uma gangue que compartilha dos mesmos prazeres que ele. Como torcer por ele?
E o problema não é apenas o fato dele ser tudo isso, o problema é que não sabemos nada sobre ele além disso. Fora o fato que ele gosta de escutar Beethoven, e vai saber porquê ele gosta, não sabemos qualquer outra coisa sobre esse indivíduo.
Também não há qualquer desculpa para ele ser como é. Pode-se especular que a sociedade o deixou assim, que ele foi vítima de abusos ou qualquer outro motivo. Nada disso aparece no filme. Não há qualquer motivo para ele ser assim. Ele simplesmente é e pronto. Que eu deva aceitar isso num vilão de um filme, eu tento entender. Aceitar isso no protagonista, que ainda por cima é filmado como se fosse a única pessoa normal dessa sociedade deturpada de Kubrick, é uma coisa totalmente diferente.
A própria sociedade deixa de ser interessante rapidamente. É uma mistura de pop-art com figuras abstratas que parece ser o pior lugar do mundo para se viver no cinema. Tudo decadente e frio e feio. A única pessoa que me pareceu realmente interessante é o mendigo que diz que prefere morrer a morar naquele lugar horroroso. Essa parece ser a única pessoa sã em todo o filme.
Alex não é punido por seus atos. Não da forma como ele prejudicou as pessoas. Não há senso de ordem e justiça nesse futuro. Não há retaliação para os atos desse psicopata que termina o filme como herói (como ele pode ser um herói?). Ele aprendeu alguma coisa? Não acredito. Quando deve responder ao teste, suas respostas correspondem ao mesmo sádico que era no início do filme. Ele não mudou. Devo eu aceitar que ele é o melhor que posso ver num filme?
Os fãs que me desculpem (eu próprio sou um grande fã de alguns obras), mas não há o que celebrar em um filme como esse. Uma pena. Felizmente ele tem outros filmes que merecem ficar para sempre na história do cinema.

6 comentários:

  1. Não da para acreditar! Esse foi um dos melhores filmes. Nota 10

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    1. Muitos gostam.

      Eu que estou indo contra a corrente mesmo.
      rs

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  2. Ao meu ver nao tem mocinho, nem vilão, nem herói, apenas ele diretor quer retratar que a sociedade é hipócrita. . . O bandido vira policial, testes em seres humanos. Na vida real é bem assim. . .

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  3. Meu caro; percebo que sua crítica se baseia na falta de compreensão junto ao protagonista. Gostaria de esclarecer algumas coisas de acordo com o meu ponto de vista...

    Primeiro, a questão abordada durante todo o filme é : a violência é inerente ao homem? Portanto, não há a menor necessidade de especular os motivos para que Alex haja daquela maneira. Segundo, Alex é um garoto, e na sociedade criada por Anthony(autor do livro), aqueles acontecimentos são perfeitamente "normais". E terceiro, a grande sacada de Kubrick foi a de criar um personagem tão vívido, tão cheio de coragem e convicção, que mesmo sendo repugnante é capaz de nos cativar... Nos faz desconfiar da nossa ética, moral...

    Não acredito que seja uma obra genial, nem muito menos o seu melhor filme, mas sem dúvida alguma ele acertou em cheio na adaptação... E sim, é um dos filmes mais memoráveis, mais impactantes que tive a oportunidade de ver.

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    1. Boa tarde, Eder.

      Desculpe, mas não concordo. Tanto que já tinha previsto que alguém viesse falar isso e escrevi na resenha, só me admira que você tenha sido o primeiro tanto tempo depois.

      Não é que haja necessidade de especular qualquer coisa, mas fica difícil de aceitar qualquer coisa sem conhecer o personagem. O que se sabe sobre ele? Absolutamente nada. Não o acho vívido porque se trata de um personagem que só faz uma coisa. HAL 9000 tinha mais personalidade que ele. Ele não tem coragem, e sim é um covarde. E pra mim é só repugnante sem me fazer desconfiar de nada sobre mim ou mesmo cativar. Claro que essas sensações variam de pessoa para pessoa.

      Mas como sempre digo, é questão de gosto mesmo.

      Abraços.

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